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Instituições de Direito Professor conteudista: Luís Fernando Xavier Soares de Mello Sumário Instituições de Direito Unidade I 1 TEORIA GERAL DO DIREITO ............................................................................................................................3 1.1 Conceito de Direito .................................................................................................................................3 1.2 Direito objetivo e subjetivo .................................................................................................................3 1.3 Origem e finalidade do Direito ..........................................................................................................4 1.4 Ramos do Direito .....................................................................................................................................5 1.5 Fontes do Direito .....................................................................................................................................6 1.6 Da lei .......................................................................................................................................................... 10 1.7 Emenda Constitucional .......................................................................................................................11 1.8 Lei Complementar e Lei Ordinária ................................................................................................. 12 1.9 Lei Delegada ........................................................................................................................................... 13 1.10 Medida Provisória .............................................................................................................................. 14 1.11 Decretos legislativos e resoluções ............................................................................................... 15 1.12 Vigência da lei ..................................................................................................................................... 16 2 DIREITO CONSTITUCIONAL .......................................................................................................................... 18 2.1 Conceito de Constituição .................................................................................................................. 19 2.2 Poder constituinte ............................................................................................................................... 19 2.3 Controle jurisdicional de constitucionalidade das leis ......................................................... 20 2.4 Espécies de Constituição ................................................................................................................... 21 2.5 Do Estado ................................................................................................................................................. 22 2.6 Formas e regimes de governo ......................................................................................................... 22 Unidade II 3 DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS ..................................................................... 27 Unidade III 4 DIREITO CIVIL .................................................................................................................................................... 41 4.1 Da validade dos atos jurídicos ........................................................................................................ 41 4.2. Responsabilidade civil e ato ilícito ............................................................................................... 45 4.2.1 Conceito e requisitos ............................................................................................................................. 45 4.2.2 Responsabilidade objetiva e subjetiva ........................................................................................... 46 4.2.3 Responsabilidade civil e penal ........................................................................................................... 46 4.2.4 Reparação do dano ................................................................................................................................ 46 4.3 Contratos ................................................................................................................................................. 53 4.3.1 Garantias contratuais ............................................................................................................................ 54 4.3.2 Confissão de dívida ................................................................................................................................ 55 4.3.3 Teoria da Imprevisão .............................................................................................................................. 55 5 DIREITO DO CONSUMIDOR ......................................................................................................................... 57 5.1 Conceito de consumidor ................................................................................................................... 57 5.2 Conceito de fornecedor ..................................................................................................................... 58 5.3 Política nacional de consumo ......................................................................................................... 59 5.4 Direitos básicos do consumidor ..................................................................................................... 62 5.5 Práticas comerciais .............................................................................................................................. 64 5.6 Da proteção contratual .......................................................................................................................71 Unidade IV 6 DIREITO DO TRABALHO ................................................................................................................................. 78 6.1 Princípios de Direito do Trabalho ................................................................................................... 78 6.2 Normas do Direito do Trabalho ...................................................................................................... 82 6.3 Conceito de empregado e empregador ....................................................................................... 84 6.4 Justa causa .............................................................................................................................................. 86 6.5 Direito Constitucional do Trabalho ............................................................................................... 89 7 DIREITO ADMINISTRATIVO ........................................................................................................................... 95 1 INSTITUIÇÕES DE DIREITO Re vi sã o: E lia ne - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 27 /1 2/ 20 10 / / 2ª R ev is ão : E la in e - Co rr eç ão : M ár ci o - 05 /0 1/ 10 Unidade I5 10 15 20 25 30 35 APRESENTAÇÃO O presente trabalho é destinado ao ensino a distância da disciplina Instituições de Direito, para os cursos de Administração da Universidade Paulista. Objetivos Gerais Proporcionar aos alunos conhecimentos indispensáveis sobre os vários institutos jurídicos do Direito Público e do Direito Privado, visando o Estado de Direito e o Cidadão, desenvolvendo o espírito de pesquisa. Percepção do Direito como parte do ambiente organizacional e, portanto, como fator de ameaças e oportunidade. Através das estratégias de trabalho e de avaliação, os alunos deverão tera oportunidade de desenvolver as seguintes competências: • Compreender que a organização está inserida dentro de uma sociedade com um conjunto de regras que devem ser respeitadas; • Identificar oportunidades com o conhecimento do ordenamento jurídico. As oportunidades aqui mencionadas devem sempre respeitar os aspectos éticos e legais; • Desenvolver senso crítico e capacidade de contextualização; • Trabalho em equipe; 2 Unidade I Re vi sã o: E lia ne - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 27 /1 2/ 20 10 / / 2ª R ev is ão : E la in e - Co rr eç ão : M ár ci o - 05 /0 1/ 10 • Comunicação e expressão; • Aptidão pessoal; • Capacidade de identificar, analisar e solucionar problemas. Objetivos específicos Entender a relação do Direito com a Administração na empresa e nas relações sociais; respeitando os preceitos éticos e legais, serão identificadas oportunidades para a organização com o conhecimento apreendido. Deve-se compreender que as organizações têm que se submeter a uma série de normas legais e saber como identificá-las quando necessário. Proporcionar condições para perceber a presença do Direito em todas as manifestações do homem na sociedade, principalmente na vida profissional do administrador. Considerações sobre a elaboração do trabalho Utilizou-se linguagem simples, evitando sempre que possível o emprego de termos técnicos. Dentro dos enfoques e do público-alvo, o trabalho não pretende, em hipótese alguma, encerrar qualquer discussão sobre os assuntos aqui abordados. Procurou-se, sempre que possível, apresentar as visões de renomados juristas e estudiosos. Entretanto, em certas oportunidades, o autor manifestou sua visão pessoal sem qualquer pretensão de excluir outras de autores mais abalizados. Espera-se que este livro-texto possa despertar o interesse pela disciplina apresentada e, para aqueles que quiserem 3 INSTITUIÇÕES DE DIREITO Re vi sã o: E lia ne - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 27 /1 2/ 20 10 / / 2ª R ev is ão : E la in e - Co rr eç ão : M ár ci o - 05 /0 1/ 10 se aprofundar na ciência do Direito, a bibliografia que deu sustentação a este trabalho poderá em muito contribuir. Luís Fernando Xavier Soares de Mello 1 TEORIA GERAL DO DIREITO 1.1 Conceito de Direito Muito se tem discutido sobre o conceito de Direito. Apesar de não ser pacífico o conceito, para o nosso estudo vamos tratar como um conjunto de normas coercitivas. Aliás, não é outro o entendimento de Correia e Sciascia apud Führer e Milaré (1996, p. 24): Na verdade, para adentrarmos ao estudo da filosofia jurídica, à qual pertence a questão, diremos que o Direito é um complexo de normas reguladoras da conduta humana, com força coativa. Seguindo mesma orientação, Gusmão (1978, p. 73): A nosso ver, a característica do direito é a coercibilidade, que consiste na possibilidade do emprego da força material para fazê-lo ser observado. Já THOMASIUS e KANT consideravam-na a nota específica do direito. Dentro dessa posição, IHERING chegou a definir o direito com o “conjunto de condições da vida social, asseguradas pelo poder do Estado, mediante a coerção externa”. Em nossa época, não só positivistas como também muitos que não podem ser assim rotulados, como, por exemplo, DEL VECCHIO, pensam caracterizar a coercibilidade o direito. 1.2 Direito objetivo e subjetivo Importante ressaltar que existem enfoques diferentes para conceituar o Direito. Para Führer e Milaré (1996, p. 24), as mais 4 Unidade I Re vi sã o: E lia ne - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 27 /1 2/ 20 10 / / 2ª R ev is ão : E la in e - Co rr eç ão : M ár ci o - 05 /0 1/ 10 importantes acepções da palavra Direito “são as traduzidas pelas expressões direito objetivo e direito subjetivo”. Direito objetivo é o conjunto de regras vigentes num determinado momento, para reger as relações humanas, impostas, coativamente, à obediência de todos. Os Códigos Penal, de Processo, Civil, etc., bem como qualquer uma de suas regras, são exemplos de direito objetivo. O direito subjetivo é faculdade ou prerrogativa do indivíduo de invocar a lei na defesa de seu interesse. Assim, ao direito subjetivo de uma pessoa corresponde sempre o dever de outra, que, se não o cumprir, poderá ser compelida a observá-lo através de medidas judiciais. 1.3 Origem e finalidade do Direito Admitindo-se que o homem é um ser social pela sua própria natureza e que em toda sociedade deve existir um conjunto de normas a serem respeitadas, chegamos à conclusão de que a origem do Direito é a origem do próprio homem. A expressão latina “ubi societa, ibi jus” sintetiza claramente esta ideia. Seguindo na mesma esteira, Gusmão (1978, pp. 49 e 50): Da natureza do agrupamento social depende a natureza do direito, que a reflete e a rege. Do tipo de sociedade depende a sua ordem jurídica, destinada a satisfazer as suas necessidades, dirimir possíveis conflitos de interesses, assegurar a sua continuidade, atingir as suas metas e garantir a paz social. Ubi societa, ibi jus: onde houver sociedade haverá direito, poderia ser assim adaptado o velho brocardo. Sobre o assunto, Führer e Milaré (1996, p. 23): O Direito nasceu junto com a civilização. Sua história é a história da própria vida. Por mais que mergulhemos 5 INSTITUIÇÕES DE DIREITO Re vi sã o: E lia ne - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 27 /1 2/ 20 10 / / 2ª R ev is ão : E la in e - Co rr eç ão : M ár ci o - 05 /0 1/ 10 no passado sempre vamos encontrar o Direito, ainda que em estágio rudimentar, a regular as relações humanas. É que os homens, obrigados ao convívio, labutando uns ao lado dos outros, carecem de certas regras de conduta, de um mínimo de ordem e direção. Daí a atualidade do velho apotegma: ubi homo, ibi jus (onde está o homem está o Direito). Essas regras de procedimento, disciplinadoras da vida em sociedade, recebem o nome de Direito. 1.4 Ramos do Direito Direito Natural Internacional Público Privado Positivo Nacional Público Constitucional Tributário Administrativo Financeiro Penal Processual Civil Penal Trabalhista Privado Civil Família Obrigações Contratos Comercial Defesa do Consumidor Contratos É importante mencionar que o quadro apresentado poderá sofrer críticas de alguns autores, uma vez que, ao se pretender fazer uma divisão, algumas situações podem ser muito claras para alguns e não tão claras para outros. Vê-se, por exemplo, que os estudiosos ora mencionam o Direito do Trabalho como ramo do Direito Público e ora como 6 Unidade I Re vi sã o: E lia ne - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 27 /1 2/ 20 10 / / 2ª R ev is ão : E la in e - Co rr eç ão : M ár ci o - 05 /0 1/ 10 ramo do Direito Privado. Cesarino Jr. dizia que o Direito do Trabalho não era nem público nem privado, mas Direito Social. Os críticos do mestre diziam que todo Direito é social. Outro ramo onde não existe unanimidade dos autores é o Direito Tributário que para alguns, como Pinho e Nascimento, é um ramo do Direito Financeiro. Para outros, como Denari (1991, p. 16), é um ramo autônomo do Direito Público: Filiamo-nos à terceira corrente doutrinária que só confere autonomia ao Direito Tributário. Continua o autor (1991, pp. 15 e 16): O direito tributário, ao revés,desponta como disciplina jurídica dotada de princípios e institutos que lhe conferem ampla autonomia. Dentre os princípios típicos podemos citar o princípio da legalidade, segundo o qual nenhum tributo pode ser instituído sem reserva legal, além do princípio da anualidade, ou da anterioridade da lei institucional. 1.5 Fontes do Direito Fontes do Direito Direta Lei Costume Indireta Doutrina Jurisprudência A ideia de estudar as fontes do Direito tem como objetivo compreender a origem das normas jurídicas. Martins (2007, p. 11): O estudo das fontes do Direito pode ter várias acepções, como sua origem, fundamento de validade das normas jurídicas e a própria exteriorização do Direito. 7 INSTITUIÇÕES DE DIREITO Re vi sã o: E lia ne - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 27 /1 2/ 20 10 / / 2ª R ev is ão : E la in e - Co rr eç ão : M ár ci o - 05 /0 1/ 10 Assim, a primeira fonte do Direito é o costume e acompanha o entendimento de Martins (2007, p. 16): Antecedeu o costume à lei, pois os povos não conheciam a escrita. O direito costumeiro era ligado à religião e as modificações eram feitas muito lentamente. A Lei das XII Tábuas é uma espécie de consolidação de usos e costumes do povo Lácio. Era esculpida na tábua, para conhecimento de todos, o que o poder do costume tinha revelado. Destaca-se a importância dos usos e costumes no Direito do Trabalho com uma fonte geradora de direito para os trabalhadores. Aliás, ensina Martins (2007, p. 18): O art. 8º da CLT permite que as autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais e contratuais, decidirão, conforme o caso, de acordo com os usos e costumes, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. Indica o art. 8º da CLT que os usos e costumes são fontes supletivas, na falta de disposições legais e contratuais sobre questões trabalhistas. A própria Lei de Introdução ao Código Civil recomenda, em seu artigo 4º: Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. (grifo nosso) Outra fonte do Direito é a lei, que no dizer de Führer e Milaré (1996, p. 39): 8 Unidade I Re vi sã o: E lia ne - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 27 /1 2/ 20 10 / / 2ª R ev is ão : E la in e - Co rr eç ão : M ár ci o - 05 /0 1/ 10 Consiste numa regra de conduta geral e obrigatória, emanada do poder competente, e provida de sanção. Seguindo a mesma orientação, Beviláqua, apud Rodrigues (1981, pp. 15 e16), diz: Lei é uma regra geral que, emanando de autoridade competente, é imposta, coativamente, à obediência de todos. Sem dúvida, a lei é uma fonte por excelência do Direito. A própria Constituição determina em seu artigo 5º, inciso II, que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da Lei”. A pergunta que se impõe: o que é Lei? A lei é um ato normativo que emana do Poder Legislativo. Com este conceito fica claro que somente os atos do Legislativo podem criar obrigações afastando, portanto, toda e qualquer possibilidade de decretos, regulamentos, circulares, instruções normativas entre outros atos do executivo de criar obrigações e nem poderia ser diferente, em face do dispositivo constitucional. A dúvida que poderia existir com relação a atos do Executivo de criar obrigações seria a Medida Provisória prevista no artigo 62 da Constituição Federal: Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. Da leitura do referido dispositivo constitucional, verifica-se que este ato normativo do Executivo tem força de lei, sendo seu regime jurídico de ato do Legislativo. Sabe-se que não interessa o nome das coisas, mas sim o 9 INSTITUIÇÕES DE DIREITO Re vi sã o: E lia ne - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 27 /1 2/ 20 10 / / 2ª R ev is ão : E la in e - Co rr eç ão : M ár ci o - 05 /0 1/ 10 regime jurídico ao qual estas coisas se subordinam. Logo, para este estudo deve-se entender o princípio da legalidade do seguinte modo: ninguém é obrigado a fazer alguma coisa senão em virtude da Lei que é ato normativo que emana do Poder Legislativo ou Medida Provisória que apesar de ser ato do Executivo tem força de Lei, nos termos da Constituição Federal. As fontes indiretas são a Doutrina e a Jurisprudência. A Doutrina é uma fonte indireta do Direito e, sinteticamente, pode-se dizer que é a teoria do Direito, reflete o pensamento dos estudiosos. Führer e Milaré (1996, pp. 34 e 35) discorrem: Doutrina: É o conjunto de investigações e reflexões teóricas e princípios metodicamente expostos, analisados e sustentados pelos autores, tratadistas, jurisconsultos, no estudo das leis. É fonte indireta do Direito. Continuam os autores: Com efeito, de grande valor o trabalho dos doutrinadores na elaboração do direito objetivo, já que, apontando as falhas, os inconvenientes e defeitos da lei vigente, acaba encaminhando o legislador para a feitura de lei mais perfeita. Concordando com este entendimento, Pinho e Nascimento (1999, p. 48) comentam: A doutrina – a lição dos doutos – é fonte secundária do Direito. A influência da doutrina faz-se sentir no período de formação do Direito e também no momento de sua aplicação nos casos concretos. 10 Unidade I Re vi sã o: E lia ne - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 27 /1 2/ 20 10 / / 2ª R ev is ão : E la in e - Co rr eç ão : M ár ci o - 05 /0 1/ 10 Outra fonte indireta do Direito é a Jurisprudência, que nada mais é do que o modo como o Poder Judiciário decide os conflitos de interesses existentes na sociedade. Seguindo a mesma orientação, Pinho e Nascimento (1999, p. 49) escrevem: A jurisprudência consiste no modo pelo qual os tribunais se orientam na solução das diferentes questões. Expressa-se por meio das sentenças e acórdãos proferidos nas demandas. Essas decisões, quando tomadas em determinado sentido, passam a ser invocadas como precedentes a serem seguidos. Não é outro o entendimento de Führer e Milaré (1996, p. 35): Jurisprudência: Prudência do Direito. São regras gerais que se extraem das reiterada decisões dos tribunais num mesmo sentido, numa mesma direção interpretativa. Sempre que uma questão é decidida reiteradamente no mesmo modo surge a jurisprudência. É uma fonte indireta do Direito. 1.6 Da lei Conforme já comentado, a lei é um ato normativo que emana do Poder Legislativo, com exceção feita à medida provisória, que é ato normativo do poder executivo e tem força de lei nos termos da Constituição Federal. O artigo 59 da Constituição da República do Brasil disciplina os seguintes atos que fazem parte do processo legislativo: 11 INSTITUIÇÕES DE DIREITO Re vi sã o: E lia ne - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 27 /1 2/ 20 10 / / 2ª R ev is ão : E la in e - Co rr eç ão : M ár ci o - 05 /0 1/ 10 Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: I – emendas à Constituição; II – leis complementares; III – leis ordinárias; IV – leis delegadas; V – medidas provisórias; VI – decretos legislativos; VII – resoluções. Alguns autores mencionam que existe hierarquia jurídicaentre essas normas, pretendendo dar maior importância para uma em relação às outras. Críticas podem ser feitas a este entendimento, uma vez que a Constituição Federal determina quais assuntos devem ser tratados por cada uma das normas mencionadas, não havendo o que se falar em hierarquia, mas sim em esferas de competência. 1.7 Emenda Constitucional As emendas constitucionais têm por finalidade modificar partes da constituição. Essa afirmação é comprovada nas palavras de Führer e Milaré (1996, p. 40): Emendas à Constituição: são leis constitucionais que modificam parcialmente a constituição. Existem regras que não podem ser modificadas do texto constitucional, as chamadas cláusulas pétreas. A modificação dessas regras desestruturaria o ordenamento jurídico. Os dispositivos que não podem ser objeto de emenda constitucional são aqueles contidos no parágrafo 4º do artigo 60, que assim dispõe: 12 Unidade I Re vi sã o: E lia ne - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 27 /1 2/ 20 10 / / 2ª R ev is ão : E la in e - Co rr eç ão : M ár ci o - 05 /0 1/ 10 § 4º – Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I – a forma federativa de Estado; II – o voto direto, secreto, universal e periódico; III – a separação dos Poderes; IV – os direitos e garantias individuais. Entre outros dispositivos a serem respeitados no momento de alterar a Constituição, merecem destaque os contidos nos parágrafos primeiro e segundo do artigo 60 da Constituição Federal, a seguir transcrito: § 1º – A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. § 2º – A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. 1.8 Lei Complementar e Lei Ordinária A Lei Complementar deverá ser utilizada como instrumento normativo todas as vezes que a Constituição assim determinar. Como exemplo, menciona-se o artigo 146 do referido diploma legal: Art. 146. Cabe à lei complementar: I – dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. (grifo nosso) 13 INSTITUIÇÕES DE DIREITO Re vi sã o: E lia ne - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 27 /1 2/ 20 10 / / 2ª R ev is ão : E la in e - Co rr eç ão : M ár ci o - 05 /0 1/ 10 Se a Constituição não reservar a matéria para a Lei Complementar, então o assunto poderá ser disciplinado por Lei Ordinária. É importante ressaltar que, frequentemente, no texto constitucional o constituinte, ao se referir à Lei Ordinária, a trata somente como Lei. Como exemplo, vale mencionar o Artigo 7º, inciso IV: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim. (grifo nosso) As Leis Complementares são aprovadas por maioria absoluta e as Leis Ordinárias, por maioria simples. 1.9 Lei Delegada A Lei Delegada decorre de uma solicitação do Presidente da República ao Congresso Nacional para elaboração de uma lei. Esta solicitação sofre diversas limitações, como se verifica do texto contido no artigo 68 da Constituição Federal: Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. § 1º – Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre: 14 Unidade I Re vi sã o: E lia ne - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 27 /1 2/ 20 10 / / 2ª R ev is ão : E la in e - Co rr eç ão : M ár ci o - 05 /0 1/ 10 I – organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; II – nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; III – planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos. § 2º – A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício. § 3º – Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará em votação única, vedada qualquer emenda. 1.10 Medida Provisória A Medida Provisória, como comentado, trata-se de ato do Poder Executivo que tem força de Lei. Nota-se que, apesar de muito mal utilizada pelos governantes, é ato normativo imprescindível para a administração do Estado. Afirma-se que é muito mal utilizada porque a Constituição somente autoriza sua edição nos casos de relevância e urgência e não é somente nesses casos que tem sido adotada. A Constituição prescreve no artigo 62 a possibilidade de criar as medidas provisórias e suas limitações: Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) 15 INSTITUIÇÕES DE DIREITO Re vi sã o: E lia ne - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 27 /1 2/ 20 10 / / 2ª R ev is ão : E la in e - Co rr eç ão : M ár ci o - 05 /0 1/ 10 I – relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) b) direito penal, processual penal e processual civil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) II – que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) III – reservada a lei complementar; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) 1.11 Decretos legislativos e resoluções Os decretos legislativos e as resoluções, no dizer de Führer e Milaré (1996, p. 46), “destinam-se a regular matéria de competência do Congresso, tendo caráter administrativo ou político”. Por esta razão não será objeto deste trabalho. 16 Unidade I Re vi sã o: E lia ne - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 27 /1 2/ 20 10 / / 2ª R ev is ão : E la in e - Co rr eç ão : M ár ci o - 05 /0 1/ 10 1.12 Vigência dalei A expressão “vigência da lei” traduz o momento em que a lei entra em vigor. Por óbvio, a lei somente poderá entrar em vigor após sua sanção, promulgação e publicação. Explicar-se-á a partir de quando passará a produzir seus efeitos no mundo jurídico. Diz a Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro: Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. § 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. O dispositivo legal que determina o prazo de quarenta e cinco dias após a sua publicação utiliza também a expressão “salvo disposição em contrário”. São muito frequentes casos em que o legislador determina de modo contrário; tanto isto é verdade que, ao indagar o cidadão comum sobre o momento no qual a lei passa a vigorar, existem grandes possibilidades de afirmar: na data de sua publicação. Tal fato ocorre porque é bastante comum a lei em seus últimos artigos mencionar: esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Dessa forma fica claro que se a lei silenciar terá sua validade no território nacional quarenta e cinco dias após a sua publicação, do contrário entrará em vigor no prazo fixado. Cumpre esclarecer que existem normas que somente poderão entrar em vigor no exercício financeiro seguinte ao de sua publicação ou após decorrido o prazo de noventa dias da data em que tenha sido publicada, como é o caso das leis tributárias, que nesse momento não são objeto de estudo. 17 INSTITUIÇÕES DE DIREITO Re vi sã o: E lia ne - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 27 /1 2/ 20 10 / / 2ª R ev is ão : E la in e - Co rr eç ão : M ár ci o - 05 /0 1/ 10 Não pode o legislador fixar prazo de vigência da lei em data anterior ao da publicação, uma vez que vigora entre nós o princípio da irretroatividade da lei, princípio este contido no artigo 5° da Magna Carta, no inciso XXXVI: XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; Tal regra comporta uma exceção que é aquela contida no mesmo artigo 5° da Constituição Federal, no inciso XL: XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; A lei deixará de produzir os seus efeitos no momento em que ela for revogada. O artigo 2° da Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro dispõe: Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. Da leitura do referido dispositivo legal verifica-se que existem dos tipos de revogação: a expressa e a tácita. O quadro apresentado por Führer e Milaré (1996, p. 49) é bastante elucidativo: Revogação Expressa – quando a lei nova declara revogada a lei anterior. Tácita a) quando a nova lei é incompatível com a anterior; b) quando a nova lei regula inteiramente a matéria tratada pela anterior. 18 Unidade I Re vi sã o: E lia ne - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 27 /1 2/ 20 10 / / 2ª R ev is ão : E la in e - Co rr eç ão : M ár ci o - 05 /0 1/ 10 No Direito brasileiro não existe a repristinação da lei. Vale dizer que, revogada, a lei revogadora não restaura o efeito da lei anterior. Assim dispõe a Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro, em seu artigo 2º, parágrafo terceiro: § 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. Por fim, nunca é demais lembrar que ninguém pode deixar de cumprir a lei por alegar o seu desconhecimento; a Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro, em seu artigo 3º, é absolutamente clara neste sentido: Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. Se assim não fosse, as normas jurídicas não teriam qualquer eficácia, o que tornaria impossível a vida em sociedade. 2 DIREITO CONSTITUCIONAL O Direito Constitucional é um ramo do Direito Público que vai se preocupar com o estudo das constituições. Colaborando com este entendimento, Palaia (2002, p. 36) afirma: O Direito Constitucional é um ramo do Direito Público que tem por objeto estudar de forma sistematizada os princípios e a norma fundamental da ordenação jurídica do país. A norma fundamental é a Constituição, Lei Magna do país, Lei Maior, lei das leis. É no Direito Constitucional que se estuda os direitos e garantias individuais, as formas e regimes de governo, a organização e os poderes do Estado. Esmein apud Bonavides (1993, p. 21), falando do conceito clássico, de inspiração liberal ensina: 19 INSTITUIÇÕES DE DIREITO Re vi sã o: E lia ne - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 27 /1 2/ 20 10 / / 2ª R ev is ão : E la in e - Co rr eç ão : M ár ci o - 05 /0 1/ 10 ...o Direito Constitucional tem basicamente por objeto determinar a forma de Estado, a forma de governo e o reconhecimento dos direitos individuais. 2.1 Conceito de Constituição Apesar de existirem diversos enfoques para conceituar a Constituição, o presente estudo seguirá a orientação de Führer e Milaré (1996, p. 56): Um conjunto de normas, escritas ou costumeiras que regem a organização política de um país. Acompanhando o raciocínio, quanto ao campo de estudo do Direito Constitucional, Dower (2005, pp. 21 e 22) apresenta o seguinte conceito de Constituição: A Constituição Federal é o código de leis máximas e fundamentais do país sobre as quais todas as outras devem amoldar-se. É o estatuto da nação que trata dos direitos da pessoa humana, tanto os individuais como os sociais, da organização do Estado, ou seja, da organização dos poderes executivo, legislativo e judiciário, da defesa do Estado e de suas instituições, da ordem social, da ordem econômica e financeira. É o conjunto de normas escritas, impostas pelo Poder Constituinte, as quais têm o poder de dar ao Estado o estatuto fundamental para uma organização básica, que declara os direitos civis, sociais, políticos e econômicos da população e define a sua organização administrativa. 2.2 Poder constituinte Poder Constituinte significa o poder de criar ou modificar uma Constituição. Chama-se poder constituinte originário 20 Unidade I Re vi sã o: E lia ne - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 27 /1 2/ 20 10 / / 2ª R ev is ão : E la in e - Co rr eç ão : M ár ci o - 05 /0 1/ 10 aquele que tem competência para criar uma Constituição, e derivado é o de modificar (emendar) parcialmente a Constituição. O poder constituinte originário, no dizer de Kelsen apud Bastos (1990, p. 26): se apóia na norma básica fundamental, que não é uma norma legal positiva (posta), mas uma norma pressuposta. Nota-se que o poder constituinte originário não sofre limitações de normas postas, diferentemente do poder constituinte derivado que sofre, entre outras limitações, as das chamadas cláusulas pétreas, contidas no artigo 60, § 4º, da Constituição Federal, a seguir transcrito: § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I – a forma federativa de Estado; II – o voto direto, secreto, universal e periódico; III – a separação dos Poderes; IV – os direitos e garantias individuais. 2.3 Controle jurisdicional de constitucionalidade das leis Sabendo-seque a Constituição é a lei maior de um país, por óbvio, todas as normas deverão estar em absoluta harmonia com seu texto. Havendo conflito entre uma norma e a Constituição, deverá o judiciário se manifestar. Resta saber quem poderá julgar uma norma inconstitucional. 21 INSTITUIÇÕES DE DIREITO Re vi sã o: E lia ne - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 27 /1 2/ 20 10 / / 2ª R ev is ão : E la in e - Co rr eç ão : M ár ci o - 05 /0 1/ 10 O controle de constitucionalidade das leis é concentrado quando apenas um tribunal decide se a norma é ou não constitucional. Quando qualquer tribunal pode decidir, dizemos que o controle é difuso. No Brasil, o controle de constitucionalidade das leis é misto, pois somente o Supremo Tribunal Federal pode decidir de modo principal em um processo sobre a constitucionalidade de uma norma. Já de modo incidental, ou seja, para um determinado caso concreto, qualquer juiz pode decidir sobre a constitucionalidade de uma norma. 2.4 Espécies de Constituição Os autores classificam as constituições quanto à forma, à mutabilidade e à origem. Quanto à forma, podem ser escritas ou costumeiras, segundo Temer (1991, pp. 28 e 29): São escritas aquelas cuja preceituação estruturadora do Estado vem documentada em um texto. Costumeiras são as que se fundamentam nos usos e nos costumes cristalizados pela passagem do tempo e obedecidos por aqueles aos quais se dirigem. Exemplo único, atualmente, é o da Constituição inglesa que, entretanto, se assenta em textos escritos, como a Carta, o Bill of Rights, o Petition of Rights e Act Of Hábeas Corpus. Continua o autor apresentando a classificação quanto à origem: É promulgada aquela que se origina, de Assembléia popular eleita para exercer a atividade constituinte. É outorgada aquela positiva por um indivíduo ou por um grupo que não recebeu, do povo, diretamente, o poder para exercer a função constituinte. 22 Unidade I Re vi sã o: E lia ne - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 27 /1 2/ 20 10 / / 2ª R ev is ão : E la in e - Co rr eç ão : M ár ci o - 05 /0 1/ 10 Ainda em Temer (1991, p. 29), quanto à mutabilidade discorre: É rígida aquela que demanda processo especial e qualificado para a sua modificação, da qual deriva a criação de norma constitucional. É flexível aquela inexigente do aludido processo especial, sendo aplicável procedimento legislativo comum para sua modificação. É semi-rígida a que existe para modificação de parte de seus dispositivos processo especial e mais difícil do que o comum e em outra parte, procedimento legislativo comum. 2.5 Do Estado O termo “estado” empregado para definir a sociedade politicamente organizada foi utilizado pela primeira vez por Maquiavel, em seu clássico livro O Príncipe. Führer e Milaré (1996, p. 59) conceituam o Estado como: A pessoa jurídica formada por uma sociedade que vive num determinado território e subordinada a uma autoridade soberana. Os autores, a seguir, mencionam os elementos básicos do Estado: povo, território e poder soberano. O Brasil é uma República Presidencialista, Federativa, sendo o poder tripartido em Executivo, Legislativo e Judiciário. Estes poderes devem ser harmônicos e independentes entre si. 2.6 Formas e regimes de governo Sendo o governo elemento essencial do Estado, o estudo de suas formas e seus regimes é de fundamental importância. 23 INSTITUIÇÕES DE DIREITO Re vi sã o: E lia ne - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 27 /1 2/ 20 10 / / 2ª R ev is ão : E la in e - Co rr eç ão : M ár ci o - 05 /0 1/ 10 Hoje pode-se falar que as formas de governo são monarquia e república, e o regime de governo pode ser parlamentarista ou presidencialista. Impossível imaginar o Direito sem estar vinculado à ideia de Estado democrático. Sendo assim, o estudo das formas e regimes de governo somente podem ser concebidos como: • República Presidencialista • República Parlamentarista • Monarquia Parlamentarista Dentro desta ideia, vamos compreender inicialmente a forma de governo. A Monarquia é a forma de governo na qual o Chefe de Estado é o Rei e caracteriza-se pela vitaliciedade e hereditariedade do cargo. Dallari (1991, p. 191) apresenta como característica da Monarquia a irresponsabilidade, do seguinte modo: Irresponsabilidade. O monarca não tem responsabilidade política, isto é, não deve explicações ao povo ou a qualquer órgão sobre os motivos pelos quais adotou certa orientação política. Já na República o Chefe de Estado é o Presidente, sendo o cargo temporário e eletivo. Diferente do comentário sobre a Monarquia, Dallari (1991, p. 193) apresenta a responsabilidade como característica da República: Responsabilidade. O chefe do Governo é politicamente responsável, o que quer dizer que ele deve prestar contas de sua orientação política, ou ao povo diretamente ou a um órgão de representação popular. 24 Unidade I Re vi sã o: E lia ne - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 27 /1 2/ 20 10 / / 2ª R ev is ão : E la in e - Co rr eç ão : M ár ci o - 05 /0 1/ 10 O quadro abaixo pode mostrar as vantagens e desvantagens das formas de governo mencionadas: Monarquia República O fato de o rei não ser eleito está acima de paixões políticas transitórias. O presidente precisa assumir compromisso com a população para ser eleito. O fato de o rei não ser eleito evita conflitos com o parlamento. O presidente eleito pela população dever estar em sintonia com o parlamento, que também representa a população. Os regimes de governo são Presidencialismo e Parlamentarismo. Uma matéria veiculada na Revista Veja, edição de 17 de março de 1993 (p. 40), apresenta o Parlamentarismo do seguinte modo: Parlamentarismo – O que é • Chefe de Estado e chefe de governo são funções exercidas por duas pessoas diferentes – o primeiro, o rei (nas monarquias) ou o presidente (nas repúblicas), e o segundo, o primeiro-ministro. • Poder Executivo trabalha em estreita associação com Poder Legislativo. • Chefe de governo (primeiro-ministro) é eleito pelo Parlamento. • Programa de governo tem de ser votado e aprovado pelo Parlamento. • Primeiro-ministro e restante do gabinete podem ser destituídos por moção de desconfiança aprovada pelo Parlamento. Em contrapartida, o Parlamento pode ser dissolvido pelo chefe de Estado. 25 INSTITUIÇÕES DE DIREITO Re vi sã o: E lia ne - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 27 /1 2/ 20 10 / / 2ª R ev is ão : E la in e - Co rr eç ão : M ár ci o - 05 /0 1/ 10 Adiante, apresenta os aspectos favoráveis e contrários à instituição deste regime de governo (p. 44): Argumentos pró Argumentos contra É mais flexível. Se um governo não está funcionando, é derrubado, sem que seja preciso esperar o fim do mandato. É instável. A facilidade em derrubar governos leva à descontinuidade administrativa. Oferece maiores garantias contra golpes. Se um governo vai mal, destitui-se o governo, não o regime. Quando se fazem presentes as condições para o golpe, não há sistema que segure. As ditaduras fascistas européias surgiram em regimes parlamentaristas. É mais harmonioso. Se o Executivo trabalha associado ao Legislativo, não há conflito entre os dois poderes. Promove a confusão dos poderes, ao misturar Executivo e Legislativo, que assim ficamsem condições de checar um ao outro. È mais colegiado. Portanto, menos personalista. Por isso mesmo, mais democrático e menos arbitrário. Tende ao elitismo, ao confinar a escolha do governo a um grupo de políticos. Deputados ficam mais responsáveis, pois são sócios do governo, e portanto têm seus destinos ligados a seu sucesso ou fracasso. Tende ao imobilismo, ao depender de consensos partidários ou decisões colegiadas. Ministros ficam mais responsáveis, pois são obrigados a prestar conta de seus atos ao Parlamento. É pouco familiar aos brasileiros. Sobre o presidencialismo, a mencionada revista (1993, p. 41) discorre do modo a seguir: PRESIDENCIALISMO – O que é • Chefe de Estado e chefe de governo são funções que se confundem numa só pessoa – o presidente da República. • Poder Executivo é nitidamente separado do Poder Legislativo. Pratica-se de forma rígida a doutrina da separação dos poderes. • Chefe de governo (o presidente, em uma de suas funções) é eleito diretamente pelo povo. • Programa de governo é de autoria e responsabilidade exclusiva do presidente. • Mandato do presidente é fixo, bem como o dos membros do Parlamento. Eles só se interrompem, ou 26 Unidade I Re vi sã o: E lia ne - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 27 /1 2/ 20 10 / / 2ª R ev is ão : E la in e - Co rr eç ão : M ár ci o - 05 /0 1/ 10 se renovam, na data predeterminada para as eleições seguintes, a não ser nos casos excepcionais e graves do impeachment, no que se refere ao presidente, e da cassação, no que se refere aos parlamentares. Apresentando os argumentos a favor e contrários à instituição deste sistema de governo (1993, p. 45) Argumentos pró Argumentos contra É mais democrático Reúne excessivos poderes nas mãos de um só homem. Oferece a garantia de que o Executivo será vigiado pelo Legislativo, uma vez que ambos os poderes são independentes. Apela às emoções fáceis e resvala para a demagogia ao apoiar-se numa concepção carismática da autoridade. É mais ágil, ao prescindir de consultas ou consensos partidários para as decisões. Tende às crises e aos impasses, ao propiciar freqüentes confrontos entre os poderes Executivo e Legislativo. É mais progressista, no Brasil, onde o Congresso historicamente tem-se revelado mais resistente do que o Executivo aos avanços sociais e econômicos. Se reflete o desejo do eleitorado num determinado momento, pode deixar de fazê-lo logo no momento seguinte, e no entanto tem-se de agüentar o presidente até o fim, uma vez que o mandato é fixo. É mais estável, ao estabelecer mandato fixo para o chefe de governo. A tradição brasileira de golpes, suicídio, renúncia e impeachment demonstrou que não funciona. É mais simples e de mais fácil compreensão pelos brasileiros, e mais de acordo com as tradições do país.
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