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GASTROENTERITES VIRAIS: ROTAVÍRUS, ASTROVÍRUS E NOROVÍRUS Anderson Wilbur Lopes Andrade ROTAVÍRUS Causa mais comum de gastroenterite na primeira infância. Família Reoviridae. Capsídeo icosaédrico, sem envelope. Genoma de RNA de fita dupla (dsRNA). RNA-polimenarese RNA-dependente. Constituído de três camadas protéicas. Dividido em grupos, subgrupos e sorotipos. Capsídeo resistente a condições ambientais e gastrointestinais ROTAVÍRUS Capsídeo (Core Viral): Proteína VP1 – polimerase viral Proteína VP2 – contida no core do viron Proteína VP3 – atividade de guanilil transferase Proteína VP4 - espícula do virion Proteína VP6 – capsídeo interno Proteína VP7 – glicoproteína ROTAVÍRUS Grupos sorológicos: A,B,C,D,E,F e G Rotavírus Tipo A – mais freqüente (distribuição mundial). Subgrupos (VP6): I, II, I e II, não I-não II Sorotipos/genótipos (VP7 e VP4): VP7 – sorotipo G (G1 a G14) VP4 – sorotipo P (P1 a P20) Ciclo Reprodutivo Retrovírus se ligam aos receptores β-adrenégicos na superfície da célula. Vírion penetra na célula- RNA-polimerase sintetiza mRNAs a partir do genoma viral. mRNA é traduzido – origina proteína estrutural e não estrutural As proteínas capisídicas se organizam e as cadeias positivas são sintetizadas completando o genoma viral Os novos vírus são liberados da célula por lise. Patogênese e Características Clínicas Transmissão via fecal-oral, pode ocorrer transmissão via respiratótia. Rotavírus replicam-se nas células epiteliais que revestem as vilosidades intestinais. O processo infeccioso instala-se em 24hrs, regressão de três a cinco dias. Um grande quantidade de vírus são liberados nas fezes; Rotavírus impede a absorção de água e perda de eletrólitos Diarréia aquosa. Patogênese e Características Clínicas Náuseas, vômitos, diarréia aquosa não sanguinolenta e febre. Liberação do vírus nas fezes começa a ocorrer antes do início dos sintomas de diarréia e podem continuar por dias após o término da diarréia; Infecção em lactentes e crianças é sintomáticas e em adultos é normalmente assintomáticas. A perda de líquidos e eletrólitos pode acarreta a desidratação. Não reposição eletrolítica Desidratação Grave e Morte. Epidemiologia No mundo ocorrem cerca de 125 milhões de episódios diarréicos por Rotavírus causando cerca de 600.000 a 870.000 óbitos por ano. No Brasil 10% das diarréias em crianças menores de três anos se associam aos rotavírus. Imunidade A imunidade requer a presença de anticorpos - IgA ao nível intestinal. Anticorpos adquirido de forma ativa ou passiva – vacina (Sabin), anticorpos do colostro e do leite materno (protege até os seis meses). Anticorpos diminuem a gravidade da doença e na ausência do mesmo a inoculação do vírus causa diarréia. As vacinas não protegem contra todos os sorotipos do rotavírus. Diagnóstico Laboratorial Pode ser feita por detecção direta de rotavírus nas fezes por microscopia eletrônica, presentes ao redor de 10¹¹ partículas virais/ gramas de fezes. Ensaio imunoenzimático – ELISA. Aglutinação do látex. Tratamento, Prevenção e Controle Não existe tratamento retroviral específico. A amamentação ao peito é uma das ações de melhor eficácia (confere imunidade). Tratamento de suporte – restabelecimento do equilíbrio eletrolítico (reidratação oral). Medidas Higiênicas – tratamento adequado de águas e lavagem das mãos. ASTROVÍRUS A gastroenterite causada por astrovírus é considerada moderada. Família Astroviridae. Capsídeo icosaédrico, sem envelope em forma de estrela. Genoma de RNA de fita simples positivo (+ssRNA). Human astrovírus (HAstV). RNA-polimenarese RNA-dependente. Possui três janelas de leitura (OBF – open Reading Frames) ASTROVÍRUS Janelas De Leitura (OBF – Open Reading Frames): ORF1a, ORF1B e a ORF2 ORF1a e 1b codificam proteínas não estruturais: Protease viral (ORF1a) RNA-Polmerase (ORF1b) ORF2 codifica uma proteína estrutural que é precursora das proteínas do capsídeo de vírus maduro. ASTROVÍRUS Sorotipos de HAstV 8 tipos (HAstV-1 a HAstV-8) O sorotipo 1 é o mais freqüente Genogrupos de HAstV Genogrupo A - HAstV-1 a 5 e HAstV-8 Genogrupo B – HAstV-6 a 7 Patogênese e Características Clínicas Transmissão via fecal-oral ou pelo contato com objetos e pessoas contaminadas. Patogênese não muito bem definida. Replicam-se nas células epiteliais que revestem as vilosidades intestinais. Período de incubação varia de 24 a 36hrs. Período de excreção do vírus é de três a cinco dias. Patogênese e Características Clínicas Compromete a função da microvilosidades instestinais impedindo a adequada absorção de água e nutrientes Causa diarréia sem vômitos. Acomete principalmente crianças até 7 anos, idosos e pessoas imunocomprometidas. Possuem menor probabilidade de causar doença em adultos. Os anticorpos são adquiridos durante a infância. Epidemiologia Mundo todo Principalmente em crianças <7 anos de idade. Epidemias devido a contaminação fecal de águas e frutos do mar Diagnóstico Laboratorial Pode ser feita por detecção direta de astrovírus nas fezes por microscopia eletrônica, presentes ao redor de 108 a 1010 partículas virais/gramas de fezes. Ensaio imunoenzimático - ELISA. Reação de transcrição reversa combinada com a reação em cadeia pela polimerase (RT-PCR). Tratamento, Prevenção e Controle Não se dispõe de qualquer tipo de vacina. Não há necessidade de um tratamento mais específico. Tratamento de suporte – reposição oral ou intravenosa de água ou outro fluido nutriente. Nos imunocomprometidos que não respondem à reposição de líquidos – injeção de imunoglobulinas. NOROVÍRUS (NORWALK) Os norovírus são a causa mais freqüente de surtos de gastroenterite não bacteriana. Família: Caliciviridae. Espécie: Norwalk Capsídeo protéico, icosaédrico, sem envelope. Genoma de RNA de fita simples positivo (+ssRNA). Possui três janelas de leitura (OBF – open Reading Frames). Dois genogrupos: Genogrupo I (GI) – Norwalk Genogrupo II (GII) –Toronto vírus. NOROVÍRUS Janelas De Leitura (OBF – Open Reading Frames): ORF1, ORF2 e a ORF3 ORF1 codifica proteína não estrutural: RNA-Polmerase dependenye de RNA ORF2 codifica proteína do capsídeo do vírus. ORF3 codifica uma proteína com 212 aminoácidos. Patogênese e Características Clínicas Transmissão via fecal-oral e possivelmente pelo ar. Ocorrem com freqüência em ambiente familiar e escolas. Compromete a função da borda em escova intestinal impedindo a adequada absorção de água e nutrientes. Replicam-se no citoplasma. Liberação das partículas virais ocorrem com a destruição celular. Patogênese e Características Clínicas Sintomas semelhantes aos do rotavírus: diarréia não sanguinolenta com náuseas e vômitos, dores abdominais e febre. De curta duração: de 24 a 48 horas. A diarréia é mais freqüente nos adultos, não é comum em crianças. A reposta máxima de anticorpos acontece na vida adulta. A imunidade é relativamente breve, menos de dois anos. Epidemiologia Distribuição no mundo todo. Representando dois terços de todas as doenças transmitidas por alimentos contaminados. >23 milhões de casos/ano nos E.U.A. No Brasil, as condições de higiene precárias da população em geral ocasionam a ocorrência destes surtos ao longo de todo o ano. A maioria das pessoas tem infecções a partir dos 4 anos de idade. Diagnóstico Laboratorial A identificação do norovírus por microscopia eletrônica é dificultada por razão da curta duração da excreção do vírus e por não está presente na maioria das fezes. Norwalk - Ensaio imunoenzimático(ELISA). Reação de transcrição reversa combinada com a reação em cadeia pela polimerase (RT-PCR) - determinação do ácido nucléico viral.. Tratamento, Prevenção e Controle Não se dispõe de qualquer tipo de vacina. Não existe indicação antiviral e não existem medidas preventivas além da lavagem apropriada das mãos. Tratamento de suporte – reposição oral ou intravenosa de água ou outro fluido nutriente. Obrigado!
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