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DIREITO CIVIL (posse e propriedade)

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DIREITOS REAIS
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS DIREITOS REAIS
O direito real recebe este nome porque o termo “real” está veemente ligado à coisa. Assim, quando estudamos o direito real precisamos ter em mente a questão da posse e a questão da propriedade. 
Vale dizer que os elementos específicos dos direitos reais são:
Coisa 
Sujeito Ativo
Poder – Poder que o sujeito tem sobre à coisa.
Portanto, se tenho uma mesa sob meu poder tenho no mínimo a posse dela. Se eu a tiver comprado não tenho só a posse, mas também a propriedade.
CONCEITO
O direito real é o ramo do direito civil constituído por um plexo (conjunto) de princípios e normas que regulamenta a relação de poderes existente entre uma pessoa e uma coisa, como também as relações jurídicas decorrentes deste poder que, em ultima análise, disciplina a posse e o direito de propriedade.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO DIREITO REAL
São características dos direitos reais:
Oponibilidade Erga Omnis: Uma das principais características do direito real é a oponibilidade erga omnis. A oponibilidade erga omnis consiste em um atributo, uma característica do direito real que permite à seu titular se opor contra qualquer pessoa da sociedade que tente impedir ou restringir seu poder exercido sobre a coisa, objeto do seu direito. A sociedade tem uma obrigação de não fazer, um dever de abstenção em relação à coisa (objeto do direito real). Assim, se eu exerço a posse sobre a mesa e outra pessoa tentar impedir o exercício do meu direito real, me abre a possibilidade dessa oposição, como titular do direito real, podendo me opor a esta ação.
Quando se fala de propriedade e domínio é importante frisar que são expressões sinônimas. Em contrapartida, posse se distingue de propriedade/domínio.
Publicidade: O direito real deve ser público, devendo ser esse direito, assim como seu titular, conhecido pela sociedade, para que ela se afaste da coisa, não impedindo ou restringindo a possibilidade do titular de direito real exercer esse direito. Alias, a oponibilidade erga omnis somente existe por conta da publicidade, eis que é a partir dela que se da conhecimento à sociedade da existência do direito real, bem como quem é o seu titular.
Vale dizer que quando tratar-se de bem imóvel, a publicidade resulta do registro imobiliário. No Brasil, a propriedade de um bem imóvel depende do registro e é por conta deste registro que há a publicidade.
Em contrapartida, quando a coisa dizer respeito à bem móvel, a publicidade resulta do exercício possessório. Assim, a publicidade do direito real é alcançada através da posse, da apreensão de fato da coisa. Assim, o exercício possessório dá aparência de propriedade.
Sequela: A sequela faz resultar um direito que os romanos chamavam de ius persequendi. A sequela consiste na prerrogativa que tem o titular de direito real de buscar a coisa, objeto do seu direito, onde ela estiver, e reavê-la de quem injustamente à possuiu ou veio a detê-la. Na verdade, a sequela é uma consequência da aderência do direito real, ou seja, a partir de uma ficção jurídica, o direito real acaba aderindo à coisa, seu objeto e, possibilita a seu titular, mesmo que distante do bem, à manter a condição de titular do direito real.
Direito de preferência: O direito de preferencia também é uma característica, um atributo do direito real, sendo a prerrogativa que tem o seu titular de afastar da coisa, objeto de seu direito, direitos posteriormente constituídos. Ou seja, os credores de garantias reais possuem preferência na ordem de pagamento do devedor, afastando a dos demais credores, que só receberão após o pagamento do credor de garantia real. O credor de garantia real tem privilegio no pagamento em relação aos demais credores. 
Exemplo: Garantias reais – Existem duas espécies de garantias no direito material. Temos a garantia fidejussória, como contrato de fiança, em que a garantia é pessoal. É o crédito do fiador, que se torna garantidor de uma dívida, ou seja, se o devedor não pagar, a dívida recairá sobre o fiador. Temos também a figura das garantias reais em que, o patrimônio do devedor ou de terceiro é garantia de uma eventual divida. Nós temos como garantis reais, a partir do artigo 1419 do Código Civil, a hipoteca, o penhor, anticrese e a alienação fiduciária em garantia.
A hipoteca tem como objeto, via de regra, um bem imóvel. Exemplo: O individuo X faz um empréstimo de R$ 400.000,00 junto à Y e da como garantia da dívida um imóvel de sua propriedade. Posteriormente X empresta de W R$ 500.000,00 e da o mesmo imóvel como garantia hipotecária. Depois, X empresta do Z R$ 200.000,00 e emite à seu favor uma nota promissória no mesmo valor. Ainda nesta linha, X empresta do “T” R$ 100.000,00 e da como garantia uma confissão de dívida no mesmo valor. Por fim, X empresta do “V” R$ 50.000,00 e emite dois cheques no valor de R$ 25.000,00 à favor dele. W registra a hipoteca do imóvel primeiro que os demais, seguidos do sujeito Y. O sujeito X, na data do pagamento, não paga nenhum dos credores. Os credores entram em juízo e pedem a insolvência civil de X. Portanto, o patrimônio de X será colocado à disposição dos credores para pagamento de dívidas. É exatamente aqui que entra o direito de preferencia. Quem seria o primeiro credor à receber? Em primeiro paga-se os créditos tributários e trabalhistas. Em nosso exemplo não há dívida de natureza tributária tampouco trabalhista. Em segundo lugar tem preferencia no pagamento os credores titulares de garantias reais. Em nosso exemplo temos dois credores de garantias reais, o Y e o W, e não há nenhuma vedação em dar um único imóvel como garantia. Assim Y e W têm direito de preferencia em relação ao demais credores. Vale dizer que W prefere à Y porque registrou primeiro a hipoteca.
	Vale dizer que caso o X não pague a dívida, W não poderá ficar com o imóvel como forma de saldar a dívida, ainda que tiver clausula neste sentido, sendo nula, pois caracterizaria o pacto comissório que é proibido. Temos três hipóteses no caso de insolvência do X. Quando falarmos de praça falar-se-á em bem imóveis. 
Quando um bem, objeto de hipoteca é levado à praça, fala-se que o bem está sendo excutido (bem que se leva à praça para ser arrematado). Ou se fala que é uma coisa levada à excussão. 
Primeira hipótese: Na praça o imóvel é arrematado por R$ 400.000,00. Dessa forma este valor será carreado para o pagamento da dívida junto à W.
Segunda hipótese: O imóvel é arrematado na praça por R$ 500.000,00. Neste caso, o valor de R$ 400.000,00 será carreado para o pagamento da dívida junto à W e restante voltará para o patrimônio de X, que será utilizado para pagamento dos demais credores, no caso, por possuir direito de preferência, de Y.
Terceira hipótese: O imóvel é arrematado por R$ 200.000,00. Neste caso, o valor de R$ 200.000,00 será carreado para o pagamento da dívida junto à W, restando a metade da dívida, onde o W deverá buscar a diferença no patrimônio do X, como credor quirografário (credor comum – ultimo à receber na preferência de pagamento). Em nosso exemplo eram credores quirografários o “Z”, o “V” e o “T”, eis que suas dívidas estão inscritas em títulos de créditos.
Tipicidade: O direito real segue como regra a tipicidade, muito observada no direito penal. Só existe um delito, um crime, se tipificado na lei. Na mesma linha de pensamento segue o direito real. Somente será considerado direito real, uma figura, uma situação jurídica, se assim definido na ordem legal. No código civil são definidos os direitos reais no artigo 1.225 do código civil. 
Exemplo: O código civil de 1916 no artigo 674 definia a constituição de renda como sendo uma figura de direito real. O código civil de 2002 dos artigos 803 à 813 definem a constituição de renda como um contrato nominado típico. Assim, tem-se que a lei desnaturou da lei de constituição de renda a natureza de direito real, transformando-a em uma figura de direito contratual. Somente a lei pode tipificar uma figura como direito real ou retira-la e transforma-la em outra figuraque não direito real.
Quanto ao limite: O direito real se encontra sob o regime jurídico do numerus Clausus, pois é constituído por um rol taxativo de figuras legais, como um verdadeiro sistema fechado, como uma consequência da tipicidade, também característica do direito real. As partes envolvidas em um ato negocial ou mesmo apenas a vontade da parte não pode criar uma figura de direito real, eis que o direito real é típico, somente a lei tem o condão de criar a figura. 
No código civil são definidos os direitos reais no artigo 1.225 do código civil, a saber:
DIREITO CIVIL IV
Art. 1.225. São direitos reais:
I - a propriedade;
II - a superfície;
III - as servidões;
IV - o usufruto;
V - o uso;
VI - a habitação;
VII - o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII - o penhor;
IX - a hipoteca;
X - a anticrese.
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)
XII - a concessão de direito real de uso. (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)
Perpetuidade: O direito real é perpetuo, sendo passível de ser transmitido via sucessão. Quem perece é o seu titular, jamais o direito real, que não deixa de existir em razão das simples ação do tempo.
Exemplo: Se eu morrer e ninguém se opor à apanhar meu relógio, este passará à meus herdeiros que terão o direito de propriedade sobre o bem. Logo, o direito de propriedade é perpétuo, não perecendo com a simples ação do tempo. Todavia, se daqui a determinados anos sujeito apanhar meu relógio e ficar com a coisa tempo suficiente para figurar o usucapião, se tornará proprietário da coisa, eis que irá opor seu direito de usucapiente ao de propriedade dos herdeiros. 
Exclusividade: Para a doutrina mais clássica, o direito real somente comporta um só titular, não sendo possível que duas ou mais pessoas sejam simultaneamente titulares de uma mesma coisa, objeto de direito real, ganhando relevância em termos de discussão a hipótese do condomínio ou copropriedade, que para parte da doutrina é uma exceção à característica da exclusividade, enquanto que para outra, não há exceção, visto que na própria relação jurídica condominial, na própria copropriedade, a exclusividade se faz presente, não existindo esta característica somente no plano abstrato, no âmbito das frações ideais de cada condômino ou coproprietário.
Observação: O condomínio é um fenômeno jurídico em que duas ou mais pessoas são simultaneamente proprietárias de uma mesma coisa, tendo cada uma delas, a propriedade exclusiva do bem, podendo usa-lo com exclusividade e no plano abstrato, uma fração ideal, qualitativamente considerada.
Exemplo: X, Y e Z adquirem a propriedade de um veículo, tendo X uma fração ideal de 30 % do automóvel, Y uma fração ideal de 50 % e Z uma fração de 20 %. Essas frações ideais servem apenas para distribuir eventuais receitas que o veículo pode propiciar para os condomínios, atribuir eventuais despesas que este veiculo pode propiciar aos condomínios, visto que os sujeitos deverão estabelecer entre si de uma regra que permita o uso com exclusividade do veículo para cada um deles. Exemplo: Segunda e terça deverá ser usado por X etc.
	Por isso que para alguns o condomínio trata-se de uma exceção à regra de exclusividade, defendendo outros que não trata-se de exceção já que cada condômino possui uso exclusivo do direito real conforme regra pré-estabelecida por estes.
	Prevalece o entendimento no qual o direito real sempre será exclusivo.
Absolutez: Para a doutrina mais clássica, o direito real é absoluto, porque permite a seu titular fazer com a coisa, objeto de seu direito, aquilo que quiser, aliena-la, usa-la, goza-la, destruí-la, abandona-la etc., sem se importar com eventuais direitos de terceiros que possam sofrer interferências em razão da absolutez característica no direito real. Muitos doutrinadores criticam esta visão e afirmam que nas sociedades mais modernas, a absolutez do direito real sofre mitigações, atenuações, devendo ser relativizada, limitada, restrita, em vista do interesse público, do interesse privado, e em razão da própria vontade do titular de direito real.
A visão que tem-se atualmente é que o direito real é absoluto, mas dentro de certos limites, dentro de certa relativização. 
DIREITOS REAIS X DIREITOS OBRIGACIONAIS
PRINCIPAIS DIFERENÇAS
Quanto à preferência, sequela, perpetuidade e limite:
O direito real é perpetuo diversamente do que ocorre com o direito obrigacional que segue uma certa temporariedade. Há no direito real a sequela, não observada no direito obrigacional. Vigora no direito real o regime jurídico do numerus clausus, sendo ramo do direito limitado, enquanto que no direito obrigacional vigora o regime jurídico do numerus apercus, sendo portanto um regime jurídico ilimitado, não se restringindo as obrigações especialmente quanto aos contratos, as hipóteses indicadas no CC. Daí a possibilidade das partes criarem novas relações contratuais atípicas desde que respeitada a ordem legal. 
Nos direitos reais existe um rol taxativo que caracteriza este ramo do direito. No artigo 1225 do Código Civil estão elencadas as figuras de direitos reais típicas, não havendo possibilidade dos interessados criarem novas figuras dos direitos reais, o que difere do obrigacional, pois as partes não estão apenas restritas no disposto no código civil, pois as partes podem criar novas figuras contratuais, como por exemplo o leasing (criado na mescla do contrato de compra e venda com o contrato de locação)
O direito de preferência é um atributo do direito real sendo oponível erga ominis conforme indicada nas características anteriormente dispostas. Existe preferencia no direito obrigacional, mas diferentemente daquela existente no direito real, pois a preferência observada no plano obrigacional não é oponível erga ominis, ao contrario, ela é exercida em face de uma determinada pessoa ou em face de determinadas pessoas, exemplificando a preferencia no âmbito nacional:
Preferência determinada pela lei, artigo 27 da lei de locação de imóvel urbano (lei 8245/91).
Preferência determinada pela vontade das partes como clausula adjeta, ao contrato de compra e venda artigos 513 à 520 CC. Na locação de imóvel urbano o locatário deve ser notificado da venda que se pretende realizar. 
Por exemplo: Locação de imóvel urbano, prazo do contrato 30 meses, X é o locador, Y é o locatário, no vigésimo mês de vigência do contrato o X recebe uma proposta dado terceiro que oferece pelo imóvel 500 mil reais a vista. O X oferece o imóvel a Y, pois o Y prefere o W se no prazo de 30 dias da notificação o Y pagar os 500 mil reais a vista, veja que a preferencia do Y não é contra todos (não é oponível erga ominis como aquela do credor hipotecário). A preferencia do artigo 513 a 520 é uma preferencia dada pela lei – é voluntária na compra e venda, só vai existir se houver no contrato, porém a preferencia é obrigatória na locação, ainda que haja uma clausula afastando a preferencia, esta clausula será nula.
Exemplo: x é vendedor, y é comprador, objeto do contrato é imóvel, fica avençado no contrato a clausula de preferencia, com o seguinte teor: caso Y comprador pretenda vender o imóvel adquirido, no prazo de um ano a contar do registro de aquisição deverá oferece-lo a x vendedor que oferecendo o mesmo preço e as mesmas condições de pagamento preferirá a terceiros na aquisição. Logo depois de 8 meses que o Y comprou o imóvel, y resolve vender a W e o W oferece 800 mil reais a vista, o Y irá oferecer o imóvel a X, se o x pagar 800 mi reais a vista, o X prefere a W, esta preferencia também é em face a W, não é a preferencia do direito real igual do hipotecário que é uma preferencia oponível erga ominis. 
Quanto ao gozo:
No direito obrigacional, o sujeito ativo depende diretamente do sujeito passivo para gozar do objeto da obrigação, que nada mais é do que a prestação de dar, fazer ou não fazer alguma coisa, colocando este sujeito passivo entre o sujeito ativo e a prestação, exemplificando, X contrata Y para prestar-lhe umaobrigação de fazer, isto é, mediante o pagamento de certo preço, Y se compromete a pintar o quadro para X, veja que para que o X desfrute da obrigação mais precisamente do próprio objeto da prestação (quadro), ele depende do Y, se o Y não cumprir com a obrigação de fazer, não há possibilidade do sujeito ativo gozar da própria prestação. Então o sujeito passivo no direito obrigacional, ele fica exatamente intermediando se colocando entre o sujeito ativo e a própria prestação a ser cumprida. Já no direito real, isto não ocorre, o sujeito ativo goza diretamente da coisa, objeto do seu direito, sem a necessidade da presença do sujeito passivo, exemplo X se torna proprietário do quadro que lhe foi entregue por Y a partir deste momento, X exerce o poder sobre a coisa inflexível (imediato), podendo exercer a propriedade e/ou posse do bem independentemente da presença de qualquer pessoa. Tanto isto é verdade, que ele pode usar e gozar da coisa, aliena-la, abandona-la, destruí-la bastando a sua vontade 
Quanto ao sujeito
No direito obrigacional, necessariamente há dois sujeitos, o ativo e o passivo, determinado ou determinável, exemplo: contrato de compra e venda, X é o sujeito ativo – vendedor – e Y é o sujeito passivo – comprador – em relação ao preço, então Y como sujeito passivo, deve cumprir uma prestação de dar à favor de X – sujeito ativo, pagando-lhe ao preço, mediante a entrega da coisa. Já no direito real, há um único sujeito o ativo, embora parte da doutrina acabe divergindo desse ponto de vista, na medida em que em admitido um sujeito passivo universal, qual seja, a sociedade que tem um dever de abstenção, uma obrigação de não fazer em relação a coisa objeto de direito real. E desta divergência quanto ao sujeito passivo, nós temos três correntes - Quanto ao sujeito passivo no direito real:
Clássica (unitária): Sustenta os adeptos desta corrente, que o direito real realmente possui apenas um sujeito ativo, inexistindo sujeito passivo. Exemplo: X é proprietário de um carro, X é sujeito ativo, o carro é o objeto do direito real, e há um terceiro elemento que é o poder que o sujeito ativo exerce sobre a coisa. Nesta corrente não há necessidade do sujeito passivo. 
Pessoal (Personalista): Para os adeptos desta teoria, tanto um direito obrigacional como um direito real, apresentam dois sujeitos, o ativo e o passivo, pois entre o sujeito ativo e a coisa objeto de seu direito, há uma relação de poder, mas há uma relação jurídica entre o sujeito ativo e a sociedade, que é o sujeito passivo universal. Sujeito passivo que não pode impedir, ou restringir, o poder exercido pelo sujeito ativo sobre a coisa, tendo o dever de abstenção, uma prestação de NÃO fazer alguma coisa. Para os adeptos desta teoria, até o direito real, como direito obrigacional, possui uma relação entre os sujeitos, pois eles procuram demonstrar que o direito real é também uma relação obrigacional, então por exemplo: X é proprietário de um veículo, a relação jurídica que ele estabelece é com a sociedade, ninguém da sociedade poderá tocar neste veículo, impedindo ou restringindo a propriedade do sujeito ativo, por isso que quando você deixa o carro na rua, ninguém pode tocar, pois é direito real, se alguém tocar é furto.
Eclética ou mista: Para os adeptos desta teoria, o direito real apresenta dois aspectos: o interno, e o externo, quanto ao interno o direito real apresenta os seguintes elementos, sujeito ativo: titular do direito real, coisa objeto direito real e poder inflexível imediato exercido pelo sujeito ativo sobre a coisa. Aspecto externo: Os elementos internos anteriormente descritos mais o sujeito passivo universal + sociedade. Veja, a teoria mista aceita duas teorias anteriores e divide, coloca o aspecto interno e externo, o professor entende que parece mais com a realidade, pois se não fosse isso não haveria relação jurídica envolvendo o direito real. 
Quanto ao objeto
Objeto do direito obrigacional diz respeito a uma conduta que deve ser desenvolvida a favor do sujeito ativo conduta esta que consiste em uma prestação de dar, fazer ou não fazer alguma coisa. 
Já no direito real, o objeto diz respeito a uma coisa corpórea, embora parte da doutrina e jurisprudência também inclua os bens incorpóreos. Quem melhor define na doutrina o que é bem corpóreo e incorpóreo é o professor Bonfredo Teles (professor de filosofia), para este professor, as coisas corpóreas, as coisas corpóreas dizem a respeito a bens que tem existência concreta material e que podem ser percebidas pelos sentidos do homem, uma casa, um carro, uma mesa, já os bens incorpóreos são aqueles que não têm uma existência concreta material, mas sim abstrata, não podendo ser percebidos pelos sentidos humanos, são bens que tem uma importância impar no direito, sendo objeto do próprio direito. E o professor Teles dizem que o bem incorpóreo é na verdade um direito e quando objeto passa ser o direito como objeto do próprio direito, e ele da como exemplo os direitos autorais como bens incorpóreos que são objeto da propriedade intelectual, ou se preferirem do direito de propriedade intelectual. 
Segundo o CC o objeto do direito real possa ser uma coisa corpórea ou incorpórea, quando você tem a propriedade de um carro, o carro é uma coisa corpórea. Existe um capito no CC em que o objeto do direito real é exatamente o direito real de outra pessoa. Artigo 1369 CC a 1418 CC, como objeto, vamos usar o usufruto, artigos 1390 a 1411 CC. 
Exemplo: X, adquiri a propriedade de um imóvel, e posteriormente transfere o uso e gozo do imóvel para Y, de forma vitalícia, o que nos temos aqui é o chamado usufruto. O individuo X é titular da nua propriedade, e o individuo Y é titular do uso e gozo do imóvel e é denominado usufrutuário, no artigo 1228 CAPUT, há 4 direitos que integram a propriedade, para alguns são chamados de poderes: Direito de uso, de gozo, disposição, de sequela, esses direitos podem se concentrar nas mãos de uma só pessoa e aí é chamado de direito de propriedade plena. Como também estes direitos podem não se concentrar nas mãos de uma só pessoa, podem parte deles ficar nas mãos de um titular, e parte deles nas mãos de outro, por conta de uma relação jurídica estabelecida de natureza obrigacional ou real, assim se afirma que a propriedade neste caso é restrita. Na verdade aqui, o x fez com Y uma doação com reserva da nua propriedade ( do poder de disposição) ele cedeu dois poderes ao Y, o uso e gozo de um imóvel, então o Y até que ele tenha vida, ele terá como objeto do seu direito real, o uso e gozo, aqui a doutrina tenta explicar o objeto corpóreo (algo que sabemos que existe, mas efetivamente nos não podemos tocar, ninguém toca mas pode se tornar objeto de direito real).
Quanto à ação:
No direito obrigacional, a ação é sempre do sujeito ativo, contra o sujeito passivo e não contra terceiros. 
Exemplo: “X” comprador paga à “Y” devedor, a importância de R$ 30.000,00 pela aquisição de um veículo, devendo “Y” cumprir a prestação de dar coisa certa junto à “X”, entregando-lhe o automóvel. Caso “Y” não venha fazê-lo, “x” deverá mover sua ação em face de “Y”, somente dele, e não contra sua mulher, marido, pai, mãe, irmãos, amigos. A ação de “X” não é erga omnis, não é contra todos, não é em face da sociedade, é contra especificamente contra “Y”, sujeito passivo.
Já no direito real a ação do sujeito ativo é oponível erga omnis, é contra a sociedade, é contra todos, é em face de toda e qualquer pessoa que ente impedir ou restringir o exercício do direito real por parte de seu titular.
No exemplo colocado, digamos que “Y” tenha entregado o veículo à “X”. “X como proprietário do bem pode promover a sua ação contra "Z”, “W”, “T” etc., contra toda e qualquer pessoa que tente impedir ou restringir o seu direito real de proprietário sobre o veículo.
Destarte, no direito real, a ação do sujeito ativo é contra todos, é erga omnis, enquanto que no direito obrigacional a ação do sujeito ativo é contra o sujeito passivo.
Quanto ao usucapião e a posse:
O usucapião não é observadona seara do direito obrigacional, sendo um fenômeno jurídico atinente exclusivamente ao direito real. 
O usucapião é o modo originário, para alguns autores derivado, de aquisição da propriedade e de outras espécies de direito real, por meio do exercício prolongado da posse e quando necessário, com preenchimento ou cumprimento de determinados requisitos legais indicados na ordem jurídica. 
	A jurisprudência e a doutrina, na sua maioria, consideram a posse como sendo um direito real. A parte minoritária da doutrina e jurisprudência consideram a posse como direito pessoal. Há ainda, uma terceira visão que afirma ser a posse um direito especial. Por ora, ficaremos com a ideia de que a posse é um fenômeno típico do direito real, não sendo este fenômeno aplicado ao ramo obrigacional.
POSSE – ART. 1196 À 1224 DO CÓDIGO CIVIL
ORIGEM HISTÓRICA
Iremos citar três autores que são considerados como os mais importantes pela doutrina em matéria de posse.
SEGUNDO SALEILLES
Saleilles é um autor francês que estudou à posse através do DGB alemão. Em que pese ser francês, este estudou a posse com olhos no direito alemão. 
Saleilles à respeito da origem da posse, com base no direito romano, dispõe que a posse é anterior à propriedade. Para ele, a posse surge da ocupação de porções de terra por grupos de pessoas denominados gens ou clã (família). Esse clã de família, cronologicamente, precede à cidade de Roma. Assim, antes de surgir o Estado romano, vários grupos de pessoas reunidas ocupavam porções de terras. Esses grupos de pessoas constituíram uma família sob a liderança do pater familiais, que é o líder do clã, o líder religioso, o administrador, é a autoridade judicial, tendo inclusive poder de vida e morte sobre os demais membros do grupo e o poder político. Então, este era um líder dentro do grupo que concentrava todos os poderes em mão.
A família era conhecida em seu sentido amplo, ou seja, a família era composta por todos os membros compostos consanguineamente, afetivamente, ou por afinidade.
Pela reunião das famílias, que tinham a necessidade de um poder central, formaram-se o Estado romano, sob a liderança de uma monarquia. Assim, a posse, que era uma ocupação de fato de porções de terra, é regulamentada pelo Estado romano como propriedade. 
É exatamente por isso que Saleilles dispõe que primeiro surge a posse, para que posteriormente surja a ideia de propriedade. 
NIEBUR – SAVIGNY
Niebur e Savigny afirmam que a posse surge no período clássico do direito romano, compreendido entre o século II A.C e o século III D.C e que, em razão das conquistas do Estado romano, varias terras anexadas foram concedidas à cidadãos romanos à título precário, não existindo, a princípio, meios judiciais de defesa das terras concedidas, exatamente em razão do caráter precário do título, não podendo os romanos, nesta hipótese, proteger a terra à ser concedida por meio da reinvidicatios, pois não eram proprietários. Os pretores, buscando uma solução, criaram a ação ad interdicta, ou possessio ad interdicta, e desta forma, surgindo as ações possessórias, surgiu também o direito de possuir.
Então, o Niebur e o Savigny e todos os outros que seguem esta visão entendem que primeiro surgiu a propriedade em Roma, para que posteriormente surgisse a posse. 
Esta é a visão história de origem da posse mais aceita.
SEGUNDO JHERING
Para Jhering, a posse surge depois da propriedade, resultando de um incidente preliminar na ação reivindicatória (reinvidicatio) do direito romano. A posse, portanto, em um primeiro momento, era uma questão prejudicial que tinha de ser resolvida na ação reivindicatória para que se pudesse julgar o domínio/propriedade à favor do autor ou do réu da demanda. Com o passar do tempo, o incidente preliminar possessório foi ganhando status de um verdadeiro direito autônomo, passando a ser protegido como tal por ação própria, as possessórias, estando nesses fatos a origem da posse.
Assim, para Jhering, a posse resulta de um incidente preliminar na ação reivindicatória, primeiro a propriedade e depois a posse.
Exemplo: Sujeito recebeu de Roma terra para explorar à título precário, ou seja, não possui o título de dono, recebendo apenas o domínio útil por determinado período. Assim, se outro sujeito torna-se dono desta terra, por certo haverá discussão, devendo o dono entrar com a reivindicatória. Ao entrar com a ação, o pretor (juiz), deverá verificar quem ocupa (posse) de fato à coisa, determinando que esta permaneça na terra, para que posteriormente seja julgado quem é o dono de fato.
ELEMENTOS CONSTITUVOS DA POSSE E CONCEITO
TEORIA SUBJETIVA DE SAVIGNY
A posse resulta de dois elementos, corpus + animus domini ou animus rem sib habend. O corpus consiste na apreensão físico material de uma coisa. Já o animus domini consiste na intenção que tem uma pessoa de ter uma coisa como sua ou na qualidade de proprietário.
Para Savigny, a posse tem 2 elementos: Corpus + Animus domini.
A posse é a soma dos dois elementos, sendo que a sua teoria formou grande parte dos códigos europeus.
Corpus: É a apreensão física material de uma coisa, aquilo que é passível de apreender tem corpus. Para ter corpus físico tem que ter contato físico quando bem móvel, ou, fincar o pé quando imóvel.
Todavia, para ter a posse não basta o corpus, tem que ter animus domini.
Animus domini: é o elemento subjetivo, psicológico, intencional volitivo, dando sentindo a nomenclatura de teoria subjetiva. Ter a coisa como sua ou na qualidade de proprietário, existindo o animus sic habendi, que é a intenção de ter a coisa para si.
Se a pessoa tiver apenas o corpus, portanto ausente o animus domini, o sujeito não será possuidor, mas apenas detentor.
Todo sujeito que tem uma apreensão material sem a intenção de ser dono tem a detenção - Apreentio Naturatio.
Para Savigny, posse é um direito que deve ser protegido pela ordem legal. Já a detenção não é direito, não recebendo proteção do ordenamento jurídico, justamente por ser uma simples apreensão natural.
Desta guisa, o locatário, comodatário, usufrutuário e o depositário seriam meros detentores e não possuidores, pois, apesar de terem a coisa, não tem a intenção de serem donos, pois se assim desejassem não assinariam um contrato.
Ainda, um ladrão ou um invasor acabam sendo possuidores. Mesmo caracterizando ato ilícito, existe posse por estar presente os elementos do corpus e animus domini.
Em resumo, para Savigny, posse é a possibilidade da apreensão físico material de uma coisa com a intenção da posse, de tê-la como sua, ou, na qualidade de proprietário, defendendo contra o ataque de terceiros.
Tendo somente o Animus Domini sem o contato físico, tem-se um nada jurídico, exatamente por não ter um contato físico.
CONCEITO DE POSSE
A posse consiste na possibilidade que tem uma pessoa de apreender físico materialmente uma coisa com a intenção de tê-la como sua, ou na qualidade de proprietário.
Detenção: Apreensão natural de uma coisa - presença do corpus e ausência do animus domini.
TEORIA OBJETIVA DE JHERING
A posse apresenta dois elementos: o corpus, que é a exteriorização do domínio e o animus, que é a vontade de proceder como proprietário. 
Para Jhering, a posse e a detenção apresentam os mesmos elementos constitutivos, isto é, corpus e animus, cabendo à lei indicar hipóteses de detenção e excluir as de posse.
Para Jhering, a detenção consiste em uma posse degradada.
Ao elaborar a sua teoria, Jhering vislumbra na posse 2 elementos: corpus e o animus, que não se confunde com o animus domini.
O corpus é a exteriorização ao domínio, que tem o mesmo sentindo de proprietário de uma coisa.
Para que se tenha a aparência, é necessário um elemento subjetivo, o animus, que significa vontade de proceder como proprietário, de agir como dono de uma coisa, de ter o mesmo comportamento que teria o proprietário de um bem, uma coisa.
Animus é dar a coisa o destino econômico que daria o seu proprietário, sendo esse destino econômico o uso normal de uma coisa, que é dada pelo verdadeirodono de um bem.
O Animus se encontra implícito ao corpus, ou seja, está dentro do corpus.
Apenas um dos elementos é visível, o corpus, sendo que o Animus está dentro.
Para ter aparência de proprietário, ele precisa se comportar com proprietário, dando a coisa o uso normal que o proprietário daria.
Ao contrario de Savigny, para Jhering o comodatário, usufrutuário, mutuário e o depositário são possuidores e não meros detentores.
Posse é a exteriorização do domínio.
Corpus está para o animus assim como a palavra está para o pensamento. Você não fala sem pensar, e da mesma forma, não se tem corpus se não tiver animus e a aparência de propriedade está para o comportamento de proprietário.
Para Jhering, tanto a posse quanto a detenção, apresentam os mesmos elementos constitutivos, o corpus e o animus, mas, a posse e a detenção são fenômenos jurídicos diversos, cabendo à lei apontar na ordem legal as hipóteses de detenção e excluir as de posse. A posse é a regra, a detenção é a exceção. A lei apresenta um elemento normativo objetivo chamado de causa detentionis, que degrada a posse em detenção. 
Dispõe Jhering que: “A detenção é uma posse degradada”.
São cinco as hipóteses de detenção do código civil brasileiro, vejamos:
Art. 1198: Em que o elemento objetivo normativo causa detentionis é a subordinação.
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.
	Para a teoria objetiva de Jhering, aplicada no Brasil, todo proprietário é necessariamente possuidor, mas nem todo possuidor é necessariamente proprietário. 
A posse baseada na propriedade se chama “ius possidendi”, pois tem como causa um título de proprietário.
De forma diversa, se tem o “ius possessionis”, que tem como causa da posse um fato, como p. ex., alguém que acha um livro e apanha, passando a ser possuidor, ou, quando uma pessoa pega um livro emprestado, sendo o empréstimo o fato gerador da posse.
Exemplo: O caseiro de um sítio. Este encontra-se cumprindo ordens do proprietário/possuidor, ou apenas possuidor do sítio.
Exemplo: X é proprietário de um Sitio e, portanto, possuidor, exercendo a posse com base no ius possidendi. X coloca neste sítio Y como caseiro, assim, X é possuidor e Y é detentor, eis que cumpre ordens determinadas por X, havendo portanto subordinação. 
Outro exemplo: W exerce a posse ius possesionis. Há dez anos atrás W passou pelo local e observou o sitio abandonado, invadiu o sitio e passou a ocupa-lo. Posteriormente, W nomeia como caseiro Y, assim, W é possuidor e Y é detentor, eis que cumpre ordens determinadas por W.
Primeira parte do artigo 1.208 do código civil: O elemento normativo objetivo causa detentionis é a mera permissão ou tolerância. 
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
	Existem situações no dia a dia em que a pessoa, o individuo, apreende de fato uma coisa de forma momentânea, ocasional. Esta forma de apreensão momentânea, ocasional, resulta de uma mera permissão ou tolerância do proprietário e/ou possuidor da coisa apreendida. 
Obs: A distinção entre a permissão e a tolerância é que a primeira é por escrito e a segundo é, normalmente, verbal.
Exemplo¹: Poltrona de um cinema. Quando o sujeito ingressa no cinema, esta este pagando para assistir o filme e não para sentar na poltrona. O objetivo do contrato firmado não é sentar na poltrona e sim, pagar para assistir o filme, se quiser, sentado na poltrona. Tanto assim o é porque o produto oferecido é o filme. Durante o período em que o sujeito está sentado na poltrona, esta este usando o bem de forma momentânea, ocasional, ou seja, esta mera permissão ou tolerância do dono da poltrona faz com que o sujeito que se senta no cinema seja detentor.
Exemplo²: Taxi. O sujeito paga a corrida e não a ocupação do automóvel. Assim o sujeito que ocupa o automóvel tem a tolerância do proprietário do veículo para se sentar. Assim, o passageiro é detentor.
Exemplo³: O sujeito vai ao restaurante para jantar ou almoçar e este paga pela comida, todavia, usa momentaneamente os pratos, talheres em geral, copos etc. Assim, o cliente de um restaurante é detentor, na medida em que o proprietário destes bem tolera o uso pelos clientes.
Outro exemplo: Existem dois imóveis, sendo que o morador de um imóvel começa a passar pelo imóvel do outro para alcançar via público. Aquele que deixa passar pelo seu imóvel o faz essa permissão por escrito (mera permissão) ou por gestos (tolerância). Assim, aquele que passa pelo sito vizinho é mero detentor. 
Explicação do exemplo acima: Dois imóveis vizinhos, um imóvel X e um imóvel Y, o proprietário do imóvel X é o X1 e o proprietário do imóvel Y é o Y1. Três situações são possíveis. 
Y1 por escrito permite que X1 passe pelo seu imóvel para alcançar a via pública. Assim, X1 é mero detentor e a hipótese é de mera permissão, por força do artigo 1.208 do código civil, primeira parte.
Y1 observando X1 acena positivamente com a cabeça e permite que X1 passe pelo seu imóvel para alcançar a via pública. Assim, X1 é detentor e a hipótese é de tolerância, conforme artigo 1.208 do código civil, primeira parte.
À contra gosto de Y1, X1 passa pelo seu imóvel para alcançar a via pública. Assim, X1 é possuidor e não detentor, por força do que determina o artigo 1.196 do código civil.
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
	São poderes inerentes à propriedade (art. 1228 do CC):
Direito ou poder de uso: É o poder de retirar da coisa os serviços que ela pode oferecer.
Direito ao poder de gozo: É o direito de fruição da coisa. É o poder que permite a pessoa retirar da coisa os frutos utilidades que ela pode oferecer.
Direito ao poder de disposição: É o poder de alienação da coisa.
Direito ao poder de sequela: É o poder que tem o titular de perseguir a coisa.
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
Previsto no artigo 1.208, segunda parte do código civil: O elemento objetivo normativo, causa detentionis, que degrada a posse em detenção é a violência ou clandestinidade enquanto não cessada.
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
	Para entender o que é posse violenta, posse clandestina e posse precária, é necessário fazer uma análise acerca do art. 1200 do código civil, vejamos.
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
	Interpretando o aludido artigo, à contrario sensu, podemos dizer que a posse será injusta quando for violenta, quando for clandestina e quando for precária, devendo ser analisado caso a caso.
Posse injusta resultante da violência: A posse violenta se subdivide em duas espécies, a saber:
Violência Física: É aquela chamada pelos romanos de vis absoluta. Quando se fala em violência física, importante ressaltar que pode sofre-la o próprio titular da propriedade e/ou posse da coisa, como também a própria coisa, objeto do direito real. 
Exemplos: Individuo X invade a fazenda de Y e a coronhadas e ponta pés, obriga Y a deixar o imóvel, passando o X à apreender a fazenda. X é possuidor injusto, visto que apreendeu a coisa de forma violenta (física).
Exemplo²: X derruba a porteira com um trator, sendo que Y, assustado, vai embora do local e, X arromba a porta da casa, passando a apreender a fazenda. X exerce uma posse injusta, violenta, em que a violênciafísica é feita na coisa.
Violência Moral: É aquela violência psicológica, chamada pelos romanos de vis compulsiva. É a posse obtida por meio de uma violência moral/psicológica, uma ameaça. O individuo apreende uma coisa ameaçando, coagindo moralmente ou psicologicamente, o seu proprietário e/ou possuidor.
Exemplo: O individuo X, que quer apreender a fazenda, aponta uma arma para o Y e diz a este que se este não sair da fazenda irá mata-lo. Assim X ingressa à fazenda e passa a apreendê-la. X será o possuidor injusto e a posse será resultante de uma violência moral ou psicológica.
Exemplo²: X liga para o Y e diz que este tem o prazo de 24 horas para deixar a fazenda, à fim de que possa apreende-la, pois se assim Y não fizer, terá sua filha morta. Note-se a ameaça feita por X. X será o possuidor injusto e a posse será resultante de uma violência moral ou psicológica.
Posse injusta resultante da clandestinidade: A posse clandestina é aquela que resulta de uma apreensão sorrateira, oculta, não pública, que não permite que o proprietário e o possuidor da coisa apreendida saiba da apreensão, sendo feita esta apreensão sem o conhecimento do proprietário e/ou possuidor da coisa. Portanto, a apreensão clandestina é feita de forma que o proprietário e/ou possuidor da coisa não conheça a apreensão feita, que sequer tenha a possibilidade de conhecer.
Exemplo: X1 é proprietário de imóvel X e este viaja para a Europa. Após um mês de sua viagem, Y invade o imóvel X, abrindo a porta deste imóvel com o auxílio de um chaveiro, passando a ocupá-lo. Os vizinhos em torno do imóvel X conhecem o fato da invasão, mas não tem a possibilidade de comunicar a X1, uma vez que este não disse para onde ia viajar. Apesar dos vizinhos conhecerem a apreensão, X1 não conhece e, até que ele não tenha conhecimento do fato, a apreensão de Y é clandestina. Caso X1 retorne seis meses após a invasão é que a apreensão de Y deixará de ser clandestina, pois o X1 tomará conhecimento desta.
Exemplo²: X1 está a 30 dias viajando e Y invade o imóvel X, nas mesmas condições anteriormente descritas. Ocorre que o X1 deixou um primo, que ora será denominado como X2, para cuidar do imóvel e comunica-lo à respeito. O X2 toma conhecimento da invasão feita por Y 20 dias após a invasão. Neste momento em que o X2 toma conhecimento a posse deixa de ser clandestina, visto que neste momento X2 pode comunicar o X1 do fato, tendo X1, proprietário/possuidor, a possibilidade de conhecer a invasão. 
Posse precária: Posse precária é aquela que resulta de uma apreensão calcada em uma conduta abusiva, tanto de direito como de confiança, portanto, posse precária é a apreensão que resulta de um abuso de direito, de um abuso de confiança.
Exemplo: X e Y firmam um contrato de comodato pelo prazo de 24 meses, que tem como objeto o empréstimo à título gratuito de um bem imóvel. X é o comodante e Y é comodatário. Durante os 24 meses de vigência do contrato a posse de Y é justa, não apresentando nenhuma espécie de vício. Exaurido o prazo contratual, a obrigação de Y é restituir a coisa emprestada à X. Se Y não efetua a restituição e continua apreender o imóvel, a posse de Y passará a ser precária, injusta, resultante de um abuso de direito, de um abuso de confiança.
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
O artigo 1.208 do CC, segunda parte, trata da detenção à partir de uma apreensão violenta ou clandestina, não se referindo o dispositivo à apreensão precária. Em conclusão, a posse precária não gera detenção. O que pode gerar detenção é somente a apreensão violenta ou clandestina. 
	Assim, tem-se que se uma pessoa apreender um bem de forma violenta ou clandestina, enquanto não cessada esta violência ou clandestinidade, esta pessoa é detentora e não possuidora, transformando-se em possuidora se cessada a violência ou a clandestinidade, mantida esta pessoa na titularidade da apreensão. 
Exemplo de violência: Individuo X, juntamente com os seus capangas, invadem a fazenda Y e de forma violenta obrigam W, possuidor da coisa, a deixar o imóvel, passando o X a apreendê-lo. A referida invasão ocorre no dia 17/03/2014 mantendo-se X na apreensão de forma violenta até o dia 30/06/2014. Posteriormente, X passa a exercer uma apreensão tranquila, sem o uso da violência. Assim, do dia 17/03 ao dia 30/06 X é detentor do imóvel, sendo que após 30/06 X passa a ser possuidor do imóvel. A posse do X passa a ser injusta em relação ao W, que sofreu fato de violência e, justa com relação a sociedade, que não sofreu o ato de violência e que vê em X a aparência de proprietário e portanto, de possuidor.
Obs.: A posse deve ser considerada injusta a determinadas pessoas e justa em relação a outras, se relativizando neste caso. 
Exemplo de clandestinidade: Individuo X, aproveitando a circunstancia da viagem de W, invade e ocupa o imóvel Y, sem qualquer prática de violência, ocupa o imóvel de maneira sorrateira, oculta, portanto clandestina. W viajou para a Europa no dia 17/03/2014 com previsão de retornar no dia 31/05/2014. A ocupação do imóvel Y por parte de X ocorrerá no dia 30/03. Retornando como deverá retornar W no dia 31/05, a apreensão de X compreendida entre 30/03 e 31/05 será de detenção, ainda que os vizinhos conheçam a apreensão de X. Retornando Y na data indicada, a apreensão de X transforma-se de detenção em posse, por força do artigo 1208, segunda parte, do CC, passando X a ser possuidor injusto em relação a X e possuidor justo em relação a sociedade, porque a apreensão de X somente é sorrateira em relação à W, que tem interesse jurídico na posse do imóvel Y. Em relação a sociedade não há que se falar em apreensão sorrateira, a sociedade alias, vê X como tendo aparência de proprietário do imóvel Y e portanto, de possuidor. Em conclusão, X em um primeiro momento é detentor e posteriormente é possuidor clandestino. 
A parte geral do código civil fundamenta esta detenção e a causa detentionis é a natureza da coisa apreendida: Existem coisas no mundo jurídico que pela sua própria natureza, se apreendidas, não geram posse e sim detenção, como é o caso das coisas que se encontram fora do comercio. Bens que se encontram fora do comercio, quando apreendidos, geram detenção e não posse, visto que estas espécies de bens tem características que são próprias, tais como:
São bens inalienáveis
São bens imprescritíveis
São bens impenhoráveis
São bens que não podem ser gravados de ônus real, como hipoteca, penhor etc.
O artigo 522, III do código civil de 1916 tratava sobre este assunto. Atualmente, em que pese não haja um artigo especifico que trate sobre este assunto é certo que toda parte geral do código o fundamenta.
Vale dizer que três são as razões que fazem com que uma coisa se encontre fora do comercio. 
A primeira razão é a própria natureza da coisa. Há bens que integram o mundo físico, mas que são inapropriáveis pelo homem, não gerando qualquer interesse para o mundo jurídico. São chamados de bens inesgotáveis, inexauríveis, tais como, o sol, a lua, o ar atmosférico, o oceano atlântico etc. Se fosse possível o homem apreender a lua, por exemplo, jamais este seria possuidor, pois esta está fora do comercio, sendo, portanto, mero detentor. 
A segunda razão que coloca um bem fora do comercio é a própria vontade do titular da coisa. O melhor exemplo para explicar isto é os bens gravados com clausula de inalienabilidade jurídica. O artigo 1911 do código civil aponta os requisitos para que um bem seja gravado com esta clausula de inalienabilidade, vejamos.
É preciso que a coisa seja transferida a outro a título gratuito. 
Que conste expressamente no título de transferência gratuito a cláusula de inalienabilidade jurídica
Que haja uma justificativa jurídica plausível para a existência da cláusula de inalienabilidade jurídica. Exemplo: X transfere a Y, seu filho, por meio de um contrato de doação, um bem imóvelda sua propriedade, mas o grava com a cláusula de inalienabilidade jurídica em razão de Y ser pródigo, mas não declarado por sentença de interdição. A clausula referida é vitalícia, podendo Y usar e gozar do imóvel sem, no entanto, poder aliena-lo até que ele tenha vida.
Diante desta segunda razão indaga-se o imóvel gravado com clausula de inalienabilidade está fora do comercio? A resposta seria depende da doutrina à ser seguida, eis que há duas correntes doutrinarias e jurisprudenciais que tem posicionamentos antagônicos (opostos). 
Uma parte da doutrina e jurisprudência entende que os efeitos da cláusula de inalienabilidade jurídica somente dizem respeito ao beneficiário, ao adquirente do bem. Segundo esta corrente, portanto, o adquirente é mero detentor do imóvel, porque estaria apreendendo uma coisa fora do comercio, mas se qualquer pessoa da sociedade passa-se a apreender este imóvel, este indivíduo seria possuidor, pois os efeitos da cláusula não alcançam a sociedade, inclusive, adeptos à esta corrente entende que o imóvel gravado com esta cláusula de inalienabilidade pode ser objeto de usucapião, exatamente pelo fato de que os efeitos da cláusula só dizem respeito ao adquirente e não à terceiros (corrente adotada pelo professor).
Para outra parte da doutrina e jurisprudência, os efeitos da cláusula de inalienabilidade alcançam o adquirente e terceiros, isto é, a própria sociedade e, portanto, apreendido este imóvel, por qualquer pessoa, faz com que o titular da apreensão seja detentor e não possuidor, porque estaria apreendendo bem fora do comercio, inclusive esta segunda parte da doutrina e jurisprudência entende que bens gravados com clausula de inalienabilidade não podem ser objetos de usucapião, exatamente pelo fato de não ser objeto de posse (corrente majoritária).
A terceira razão que retira uma coisa do comercio é a determinação normativa, a determinação legal, a lei. O melhor exemplo para elucidar este caso são os bens que integram o patrimônio público. Se apreendida uma coisa que integra o patrimônio público, o titular da apreensão será mero detentor e não possuidor. Isto, sendo um bem público de uso comum do povo, de uso especial da administração como também os bens dominicais, seja qual for o bem público, se apreendido por uma pessoa, não se gera posse, gera-se apenas detenção. Exemplo: Se o MST invadir um prédio público, eles não serão possuidores, apenas detentores.
Previsto no artigo 1.224 do código civil (corresponde ao art. 522 de 1916): É considerado detentor aquele que, tendo conhecimento do esbulho possessório*, tenta recuperar a coisa perdida, mas não consegue porque é violentamente repelido ou porque não tenta recupera-la. Assim, a causa detentionis neste caso é a inercia do titular da posse, como também a violência contra ele empregado.
*Apreensão de uma coisa por um terceiro que não é possuidor, apreensão esta que priva completamente o titular da propriedade e/ou posse de exercê-la.
Exemplo: X invade imóvel de propriedade de Y e obriga a deixa-lo, passando a apreendê-lo. X neste caso pratica um esbulho possessório. Assim, se o Y tenta recuperar a posse do imóvel e é violentamente repelido, Y é detentor. Ou ainda, se o Y, tomando conhecimento da invasão de X e se abstém da retomada da coisa é mero detentor.
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.
TEORIAS SOCIAIS
	Enxergam o instituto sob uma perspectiva social. Antônio Hernandez Gil é um dos principais expoentes da teoria.
	Para Tonho, a posse é um fenômeno social antes de ser jurídico, sendo que o caráter social precede o caráter jurídico.
	A posse é o ato mais primário do ser humano, onde até uma criança prática atos de posse.
	Ele estabelece duas coordenadas: necessidade de subsistência e a necessidade do trabalho.
	A posse é essencial ao homem, sob essas vertentes, pois possibilita que as duas necessidades sejam satisfeitas.
	Corrobora a sua tese com base nas sociedades primárias, que já tinham a posse antes mesmo de terem um sistema jurídico.
	Temos também o posicionamento de Perozzi, que afirma a posse como fenômeno social, onde o individuo apreende as coisas que não tem dono.
	O homem só apreende as coisas que não sofre a apreensão de ninguém, devendo essas pessoas, em relação a essa coisa, terem um dever de abstenção.
Exemplo para Perozi: se eu estou apreendendo uma mesa, significa que ninguém a apreendeu, pois o homem só pode apreender as coisas livres (lado positivo).
	Significa que a sociedade não pode apreender as coisas que já estão apreendidas (lado negativo).
	Por fim, temos Saleilles, que analisa o BGB de 1898.
	Para o autor a posse tem um caráter econômico. Só há posse quando uma pessoa apreende uma coisa, e, ao apreende-la, a torna útil economicamente.
	Caso não dê utilidade econômica, não será posse, e sim detenção. É a sociedade que da a definição econômica das coisas.
Ex: Apreendeu uma fazenda é posse. Apreendeu uma caixa de fosforo vazia, que não tem importância econômica, é detenção.
NATUREZA E FUNDAMENTO JURÍDICO DA POSSE
Natureza: Três correntes doutrinárias apontam a natureza jurídica da posse:
A primeira corrente doutrinária afirma que a posse é um fato. Normalmente quem faz esta informação são os adeptos das teorias sociológicas, que afirmam que antes da posse ser um fenômeno jurídico, é na verdade a posse um fenômeno social, é um fato, independentemente da consequência jurídica. São autores adeptos desta teoria: Antônio Hernandez Gil; Perozzi. 
Exemplo: Uma criança para se alimentar exerce a posse sob a mamadeira.
A segunda corrente doutrinária afirma que a posse é um fato na sua origem e um direito na sua consequência. Dentre vários autores, são adeptos desta teoria: Savigny. 
Savigny entende que natureza da posse é hibrida, sendo fato na origem e direito na consequência, chegando a comparar a posse a um contrato. Quando concretizamos um contrato, este em si, é um fato, que vai gerar um direito de crédito. Assim, se assino um contrato de compra e vendo e vendo ao sujeito um carro, gero um direito de crédito para mim no sentido de receber o preço e para o sujeito um direito no sentido de receber o automóvel. Para Savigny o direito só vai existir em virtude de um fato gerador. Desta forma, para ter posse é preciso apreender uma coisa (estar diante de um fato) com a intenção de ser dono (proteção do fato com o direito de possuir).
A terceira corrente doutrinária afirma que a posse é um direito, sendo um dos adeptos a esta teoria: JHERING. 
Jhering afirma que o direito subjetivo é o interesse juridicamente protegido, esta é a premissa maior. Depois, Jhering afirma que a posse é um interesse juridicamente protegido pelo estado, esta é a premissa menor. Assim, conclui Jhering que, logo, a posse é um direito subjetivo. Embora Jhering afirme que o direito é um direito, em nenhum momento em sua teoria simplificada nega a posse ser um fato. Jhering apenas dispõe que a posse é um fato e um direito simultâneo, visto que somente existe o direito de possuir quando está se exercendo o fato de possuir. Diferentemente de Savigny, Jhering vê o fato e o direito da posse caminharem juntos, de mãos dadas, inexistindo como cogita o Savigny, primeiro a posse como fato e depois a posse como direito.
Exemplo: Sou possuidor desta mesa porque agora, de fato, estou apreendendo esta mesa. Se o fato mudar e não mais apreender a mesa, não existirá o direito para mim.
Fundamento Jurídico da Posse: O fundamento jurídico de um fenômeno diz respeito a sua razão de existência no mundo jurídico, o porque da sua existência. Dois doutrinadores debatem este tema, Savigny e Jhering.
Para o Savigny, o fundamento jurídico da posse é pessoal. Se protege a pessoa do possuidor para que se alcance a paz, segurança e estabilidade social. Concluindo Savigny e vários dos seus seguidores que, a posse consiste em um direito pessoal.
Para o Jhering,a posse é um direito real, por ser um instituto de proteção, de socorro à propriedade. Há que se proteger a coisa, objeto da posse, da propriedade e, indiretamente, a pessoa do possuidor, alcançando-se com a proteção da coisa a paz, a segurança e a estabilidade social. Daí conclui Jhering ser a posse um direito real. Este é o entendimento da maioria dos Tribunais brasileiros e da doutrina. 
Existe ainda uma terceira corrente que dispõe que a posse não é um direito pessoal, como também não é um direito real. A posse é um direito especial, sui generis, conforme dispõe Clovis Bevilaquia e José Carlos Moreira Alves. Clovis dispõe que a posse não integra a categoria de direito real, mas tem a posição de direito real, ou seja, Bevilaquia nem cogita ser a posse um direito pessoal, indo direta para a análise da posse ser ou não um direito real. Para ele, a posse seria como a sombra de uma pessoa, sendo a pessoa um direito real e a sombra a posse. Moreira Alves, por sua vez, dispõe que para que um fenômeno integre uma categoria jurídica, faça parte de um dogma jurídico, deve necessariamente ter as características do dogma. A posse, diz Moreira Alves, em determinadas situações, não tem todas as características exigidas pelo direito real, por exemplo, falta à posse em determinadas situações a oponibilidade erga omnis, o que retira da posse o seu caráter de direito real. Exemplo: X firma com Y um contrato de locação, pelo prazo de 30 meses. X é o locador, Y é o locatário. Então, Y paga um valor por mês para usar o imóvel. X é o possuidor indireto do imóvel e Y é o possuidor direto, conforme artigo 1.197 do código civil. Digamos que o W tente invadir e ocupar o imóvel, tanto X quanto Y podem se opor a isto, movendo ação de reintegração de posse. Pensemos que no vigésimo mês do contrato X invadi o imóvel de Y, contra o X o Y pode mover ação possessória, mas contra o Y o X não pode mover ação possessória. Assim, a posse do X não é oponível erga omnis.
CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
Nós podemos classificar a posse de diversas formas, sendo alguns critérios:
O desdobramento possessório: O desdobramento possessório, também denominado como graduação possessória, ou ainda, verticalização possessória. O dispositivo que trata deste fenômeno é o artigo 1197 do código civil.
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
	O desdobramento possessório é o fenômeno jurídico em que duas ou mais pessoas exercem a posse de uma coisa em graus diferentes, em patamares diversos, em razão de uma relação jurídica pessoal ou real, existindo posses paralelas, definidas como posse direta e indireta.
	O fenômeno do desdobramento possessório não era conhecido pelos romanos, mas sim pela legislação germânica, que influenciada pela teoria objetiva de JHERING, disciplinou a matéria no BGB, 1989. No CCB de 1916, a matéria estava no artigo 486, e no atual CCB/2002, no artigo 1197.
	A posse direta de uma pessoa não anula a posse indireta de outra e, vice e versa.
	Logo, há possibilidade da coexistência de posses paralelas incidentes sob uma mesma coisa.
Exemplo: Contrato de locação. Neste contrato o locatário tem a posse direta e o locador tem a posse indireta da coisa. 
	Assim, ambos os possuidores, podem defender a posse da coisa contra terceiros.
	Existe também o chamado desdobramento possessório sucessivo. Neste, existem posses paralelas, determinadas pela constituição de uma relação jurídica pessoal ou real, existindo ou um possuidor direto ou dois ou mais possuidores indiretos, sendo possível a coexistência destas posses paralelas sem que a posse de um, anule a posse do outro. Exemplo: X, locador, Y locatário e W sublocatário. W é o possuidor direto, Y e X são possuidores indiretos.
A composse: O dispositivo deste fenômeno está previsto no artigo 1.199 do código civil.
Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.
	A composse, também chamada de compossessão, é o fenômeno jurídico em que, duas ou mais pessoas, no mesmo grau, no mesmo patamar, exercem a posse simultânea de uma mesma coisa, não podendo o co-possuidor, ao exercer sua posse, excluir a dos demais co-possuidores.
 A composse, também é chamada de exercício horizontal da posse e este fenômeno era conhecido pelos romanos como pelo direito germânico, italiano etc.
Se no desdobramento possessório tem-se posses verticais, exercidas em graus diferentes, na composse, as posses são exercidas por duas ou mais pessoas no mesmo grau.
Exemplo: X, Y e Z são co-possuidores de um imóvel. Tanto X, quanto Y, quanto Z podem exercer a posse do imóvel como um todo, sem que se exclua a possibilidade do exercício possessório dos demais.
	Em verdade, existem duas espécies de composse, a saber:
A composse pró diviso: A composse pro diviso é aquela em que a coisa objeto da posse comum é divisível de fato, mas indivisível de direito. 
Ex.: W por meio de um contrato de cessão possessória transfere a posse de um terreno para os copossuidores X, Y e Z pelo preço de quinhentos mil reais, sendo a dimensão do terreno de mil metros quadrados. Ocorre que X constrói na parte frontal do terreno utilizando a área de quatrocentos metros quadrados. Y por sua vez utiliza a parte mediana do terreno e constrói a sua casa utilizando trezentos metros quadrado, e Z utiliza os fundos do terreno utilizando uma área de duzentos e cinquenta metros. Todas as casas construídas têm saídas independentes uma das outras. 
De fato, cada copossuidor ocupa uma área predeterminada, de fato eles têm a posse exclusiva em suas casas respectivamente ocupadas. Em termos de direito, a situação muda, casa possuidor tem 100 por cento do imóvel. Os três adquiriram a posse de W e cada um tem cem por cento de direito sobre o terreno. Isso é uma composse por diviso em que a posse é divisível de fato, mas indivisível de direito. Não é condomínio, pois este se dá em propriedade.
A composse pró indiviso: Na composse pro indiviso, a coisa objeto da posse comum é indivisível de fato, e indivisível de direito. Ex. A Piscina de um prédio é a típica situação de composse pro indiviso, porque o indivíduo ao usá-la, não usa sozinho. É uma coisa que pertence a todos, sem que um exclua possibilidade de outro usar. Ex.: W aliena a posse de um cavalo por meio de um contrato para X, Y e podem utilizar o cavalo como um todo, mas não podem dividi-lo. E indiviso tanto de fato como de direito. A utilização o cavalo será pactuada entre os três. Farão o acordo para determinar de que forma cada um deles usará o cavalo, e os demais serão compensados financeiramente.
A posse justa e injusta: A posse injusta é a posse adquirida de forma violenta, clandestina precária, ou ainda tomada sem autorização. A posse justa, ao contrário, será justa quando ela for adquirida sem violência, sem clandestinidade, sem precariedade ou quando for adquirida com autorização. O art.1200 do CC define as hipóteses em que a posse é injusta (violenta, clandestina ou precária). A contrário sensu, concluímos que quando a posse não for violenta, clandestina ou precária, será posse justa. Marcos Vinicius Gonçalves diz que a posse também é injusta quando for tomada sem autorização, ainda que ela seja violenta, clandestina ou precária. 
Ex.: X ingressa em um imóvel que pertence a Y, sendo que Y não se encontrava no local no momento da ocupação e tinha deixado o imóvel sem cerrar a porta e o portão de entrada. Y retorna e não toma nenhuma providência. X ocupou a imóvel na frente do Y, não sendo clandestinidade, sorrateira. A posse é injusta, pois tomou o imóvel sem autorização de Y. Configura-se o esbulho possessório. Essa classificação é objetiva.
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
X invade o imóvel Y de forma violenta, utilizadoarma de fogo, passa a apreendê-lo. X é o esbulhador e Y é o esbulhado. X mantém- se na coisa de maneira violenta por 6 messes, porque mantém a apreensão sob a mira de uma arma fogo impossibilitando que Y retome a coisa por força própria. Após seis meses X baixa as armas e passa a exercer a posse tranquila, mas não violenta. 
No primeiro momento caracteriza detenção por força do art.1208, segunda parte, pois X apreendeu a coisa de maneira violenta. A partir dos seis meses X passa a se possuidor injusto em relação a Y que sofreu o ato de violência, mas passa a ser possuidor justo perante a sociedade, que não sofreu a violência. Há uma relativização da posse. Esse vício objetivo não se altera mesmo que a posse seja transferida. W invade e ocupa o imóvel e esbulha a propriedade de X. X pode obter reintegração de posse em face de W, pois o juiz observará a posse relativizando a posse. Com fulcro no arts. 1203 e 1211 do CC e 924 e 507 parágrafo único do CPC. Parece estranho um ato ilícito ter respaldo jurídico.
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.
Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras por modo vicioso.
A presunção é iuris tantum. 
A posse de boa fé e a posse de má fé: A posse de boa fé ocorre quando o titular da apreensão desconhece um vicio objetivo que está presente na sua apreensão, vicio este que impede ou obsta o exercício possessório. Por sua vez, a posse de má fé é aquela em que o individuo tem conhecimento do vício objetivo que está presente na apreensão.
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.
	Analisando o artigo em comento, dois aspectos jurídicos devem ser ressaltados. 
O primeiro aspecto diz respeito ao justo título e o segundo aspecto diz respeito a presunção do exercício da posse de boa fé para aquele que a exerce, com justo título.
	Esta presunção é relativa, que é chamada de juris tantum, portanto, é uma presunção que admite prova em sentido contrário.
Exemplo: Individuo exerce a posse de um imóvel baseado em um contrato de compromisso de compra e venda, a sua posse presume-se ser de boa fé, até prova em contrário. Quem deve produzir a prova é aquele que contesta a posse.
	A mesma situação ocorrerá se o individuo exercer a posse com base na união estável.
Exemplo: X e Y convivem na forma de união estável há 10 anos. Todos os bens adquiridos durante este convívio pertencem em comum aos conviventes, X e Y, que são proprietários e/ou somente possuidores. Até prova em contrário, a posse destes bens por X ou Y, ou por ambos, é de boa fé, porque a posse é calcada em um justo título, que é a união estável entre X e Y.
	Quando se fala de justo título, deve-se pensar em uma causa eficiente que sustente a posse. Um fato no qual se presuma a posse de boa fé.
Justo título para presunção de posse de boa fé, indicada no artigo 1.201 do código civil, diz respeito a uma visão lata, onde deve haver um fato que demonstre a presunção da boa fé.
Obs: Há também o justo título indicado no artigo 1.242 do CC, para efeito de usucapião ordinário, que é o contrato escrito, registrado ou não. A visão da doutrina para o justo título indicado para o usucapião ordinário é uma visão mais restrita que tem em vista um contrato, registrado ou não. 
	Assim, toda vez que o possuidor tiver como base para o exercício de sua posse um justo título, na acepção lata do termo, presume-se que esta prova é de boa fé, sendo esta presunção juris tantum, até que aquele que conteste a posse prove o contrário, até que se prova a malícia, a má fé do possuidor.
	A boa fé e má fé parte de uma análise subjetiva, sendo o critério utilizado para analisa-los um critério subjetivo.
	Diferentemente da posse justa ou injusta, a posse de boa fé ou má fé pode ser transformada, conforme artigo 1.202 do CC.
Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.
	A posse de boa fé, transforma-se em posse de má fé, no instante em que as circunstancias do caso façam crer a transformação da posse de boa e má fé. Então, o possuidor que até então exercia a posse de boa fé, declara em uma carta ter conhecimento de um vício que macula sua posse. Assim, o sujeito que até então exercia um posse de boa fé, faz uma declaração de próprio punho, de própria vez, indicando que teve conhecimento de que sua posse fora adquirida por alguém de má fé, de forma injusta.
	Neste caso, a posse será transformada, neste momento, de boa fé para de má fé. Há situações, todavia, que não se faz presente a declaração citada no exemplo acima, bem como situações em que não se consegue comprovar concretamente a transformação da posse de boa fé em má fé. Neste caso, deve-se partir de critérios que a própria doutrina e jurisprudência determinaram como marco de transformação da posse de boa fé em má fé, a partir de um processo possessório instaurado.
	Em verdade, temos três correntes que dispõe sobre os aludidos critérios.
A posse de boa fé se transforma em posse de má fé, no momento que a petição inicial possessória é protocolizada – No Brasil, esta é uma corrente minoritária.
A posse de boa fé se transforma em posse de má fé, no instante em que ocorre a citação no processo possessório – Esta é uma corrente Italiana, que atualmente, passou a ser a majoritária no Brasil.
Em que pese a teoria acima elencada, é certo que somente a decisão final do processo irá dispor acerca da posse.
Exemplo: Indivíduo X ocupa um imóvel de Y no ano de 1997, de forma violenta. Cessando a violência, um ano após à invasão e ocupação. Em 2003, falece o indivíduo X e a posse do imóvel, via sucessão, é transferida ao seu único filho X1, o qual desconhece, ignora a violência praticada por seu pai. Em 2005, o indivíduo Y, mais precisamente em 10 de março, protocoliza a petição inicial de reintegração da posse em face de X1, sendo o réu citado em 10 de agosto do mesmo ano, o qual apresenta a sua contestação no dia 20 de agosto. Em 30 de março de 2014 há decisão final a respeito da demanda, ocorrendo coisa julgada material. Colocada esta questão, vamos analisar a sentença de duas formas:
A sentença é favorável à Y e a sentença lhe devolve a posse. A posse de boa fé de X1 será transformada em posse de má fé no dia 10 de agosto de 2005, ou seja, os efeitos da decisão de 2014 vão retroagir a data da citação de 2005.
A sentença é desfavorável à Y, não sendo-lhe deferida a reintegração possessória. A posse de X1, neste caso, continuará sendo de boa fé, não havendo transformação em má fé. 
Todavia, se o X1 faz uma declaração expressa, por exemplo, no Facebook, em janeiro de 2004, informando ter conhecimento acerca da posse injusta de X, a posse será transformada em má fé no momento do reconhecimento de X1 do ato de violência de seu pai.
Não havendo evidencias desta natureza, é o processo em curso e as fases procedimentais acima elencadas que serão determinantes para a transformação da posse de boa fé em má fé, dependendo da decisão final, retroagindo os efeitos da sentença à data da citação do réu.
A posse de boa fé se transforma em posse de má fé, no instante em que a contestação é apresentada no processo possessório – No Brasil, esta é uma corrente minoritária. 
A posse injusta de boa fé, a posse injusta de má fé, a posse justa de boa fé, a posse justa de má fé: Trata-se da posse do ponto de vista objetivo/subjetivo.
Posse justa de boa fé: Há posse justa de boa fé quando o titular da apreensão ignora, desconhece, qualquer vício objetivo existente na posse, como também a própria posse, não padecendo esta de qualquer espécie de vício objetivo,de mácula. 
Exemplo: X, legítimo proprietário/possuidor de um imóvel o transfere à Y, por meio de um contrato de cessão possessória. A posse de Y será justa e de boa fé, eis que não há nenhum vício praticado entre as partes. 
Posse injusta de boa fé: A posse é injusta e de boa fé quando o titular da apreensão ignora, desconhece, qualquer vício objetivo que macula a posse da coisa adquirida. 
Exemplo: X, em 1997, invade e ocupa o imóvel de Y de forma violenta, cessando a violência após um ano de exercício. Falecendo X em 2003, seu único filho X1 passa a exercer a posse do imóvel, desconhecendo, ignorando a violência empregada por X, seu pai. X1 será possuidor injusto, mas de boa fé.
Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários. – A posse é transmitida via sucessão do decujus para o sucessor, sem que haja mudança de caráter na posse. Ou seja, se o decujus exercia uma posse injusta, o sucessor também vai exercê-la. Ao contrário, se o decujus exercia uma posse justa, o sucessor também vai exercê-la.
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres. – As mesmas características são mantidas. Assim, se a posse do decujus for injusta, a do seu sucessor também será.
Posse injusta de má fé: A posse é injusta e de má fé quando o titular da apreensão conhece, não ignora, o vício objetivo que macula a posse por ele adquirida, por ele exercida.
Exemplo: X, em 1997, invade e ocupa o imóvel de Y de forma violenta, cessando a violência após um ano de exercício. Falecendo X em 2003, seu único filho X1 passa a exercer a posse do imóvel, conhecendo, não ignorando a violência empregada por X, seu pai. X1 será possuidor injusto e de má fé.
Posse justa de má fé: A posse é justa mas de má fé quando o titular da apreensão de uma coisa, conhece, não ignora, eventual vício objetivo, que macula sua posse, mas que ele a exerce sem vícios objetivos. 
Exemplo: X invade de forma violenta um imóvel e passa a exercer a posse. Após três meses, da apreensão, quando cessada a violência , X exerce uma posse injusta de má fé em face de Y, mas exerce uma posse de justa de má fé em relação a sociedade (justa eis que quem sofreu o vício da posse foi o Y e não a sociedade, mas de má fé, por que é em relação a todos).
AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE
O artigo 1.204 do código civil de que forma ocorre a aquisição da posse no Brasil.
Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
	Adquire-se a posse no Brasil, segundo o código civil, a partir do momento que uma pessoa passa a exercer de fato, algum dos poderes ou direitos que constituem a propriedade.
	Estes poderes ou direitos que constituem a propriedade se encontram no caput do artigo 1.228 do código civil.
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
Poder ou direito de uso
Poder ou direito de gozo
Poder ou direito de disposição
Poder ou direito de sequela
Exemplo: O locatário é possuidor, eis que exerce o poder de uso que integra a propriedade do locador. Tanto é assim que, o comportamento do locatário em relação ao imóvel o confunde frente a sociedade em relação ao dono.
	Toda vez que uma pessoa de fato, passar a ter a imagem, a aparência de dono, de proprietário de um bem, adquire a posse deste.
Exemplo: Apanho um Tablet de um colega de sala. Deste caso pelo fato de exercer o poder ou direito de uso, tenho a posse. Se eu utilizar este tablete na faculdade, terei o gozo deste bem, a fruição, sendo possuidor.
	Adquirir a posse é passar a ter a imagem, a aparência de proprietário, que até então a pessoa não tinha.
	Algumas situações são apontadas pela doutrina e a jurisprudência, para efeitos didáticos, em que se tem a aquisição da posse.
MEIOS DE AQUISIÇÃO DA POSSE
A primeira coisa que a doutrina e jurisprudência fala é que admite-se como meios de aquisição da posse, todos os meios utilizados para a aquisição da propriedade. O fundamento é que, se a posse é aparência da propriedade, logo, os meios utilizados para aquisição da propriedade serão os mesmos da posse. 
Meios de aquisição da posse: Vamos dividir os meios em:
Meios originários de aquisição da posse: Como meios originários nós temos:
A apreensão material de uma coisa: Na natureza, existem coisas que estão fora do comércio e que não podem ser apreendidas pelo homem, e que por conta disso não interessam para o mundo jurídico. É o caso da Lua, do Sol, do Oceano Atlântico. 
De outra monta, as coisas que se encontram no comercio são juridicamente denominadas de: 
Res derelictae:. A res derelictae consiste em uma coisa que se encontra na natureza abandonada ou perdida, que já foi objeto da posse e/ou propriedade de alguém, como o relógio caído no solo, uma corrente de ouro no fundo de uma piscina, um cavalo abandonado em uma estrada. 
Quando uma pessoa apreende uma res derelictae, passa esta pessoa a ser possuidora do bem, sendo a aquisição originária da posse, sendo que a posse da coisa não foi transmitida por alguém. 
Res nullius: É uma coisa que, até então, não foi objeto da posse e/ou propriedade de alguém, como o caso de um peixe em um rio público, de uma fruta em uma arvore virgem etc.
Quando uma pessoa apreende uma res nullius, passa a ser possuidor da coisa, ocorrendo uma aquisição da posse originária, sem que tenha havido transmissibilidade da posse do bem de uma pessoa à outra.
O exercício original de um direito (o qual não é transmitido): Na verdade, a pessoa passa a ser possuidora do direito pelo fato de começar a exercê-lo, passando a ter a aparência de proprietário.
Exemplo: Duas propriedades vizinhas, uma denominada X e outra Y, sendo que X1 é proprietário de X e Y1 é proprietário de Y. X1 começa passar por Y sem permissão, sem tolerância de Y1, utilizando parte do imóvel para alcançar mais facilmente a via pública. Veja-se, X1 e Y1 não firmaram nenhum acordo para o primeiro passar pelo imóvel Y. X1 simplesmente começou a passar pelo imóvel Y, passando a adquirir o direito de posse do imóvel Y, de servidão predial. 
Meios derivados de aquisição da posse: Na aquisição derivada, há a transmissão do direito de possuir, de um possuidor para o outro, aplicando-se para aquisição derivada da posse, todos os meios possíveis aplicados para a aquisição derivada da propriedade.
São meios derivados de aquisição da posse:
Transmissão material da posse: A primeira forma de aquisição derivada da posse ocorre por meio da transmissão material, em que a entrega efetiva de uma coisa, entrega real, por parte de um possuidor para o outro. Portanto, na transmissão material há uma transferência efetiva, real da posse, saindo a coisa da mão de um possuidor, e passando a outro.
Exemplo: X transmite a posse de um automóvel para Y, entregando-lhe o veículo.
Transmissão simbólica da Posse: Nesta hipótese não há entrega real, efetiva, da coisa, mas uma forma fictícia de entregá-la. 
Exemplo: X transfere a Y a posse de um apartamento, entregando-lhe as chaves do imóvel. 
Outro exemplo: A transmissão simbólica do imóvel por meio contratual.
Aquisição derivada da posse pelo consenso: Na transmissão consensual da posse, o possuidor não deixa de apreender a coisa, mas há uma inversão na sua intenção de possuir. Esta terceira forma de aquisição derivada da posse é por meio do consenso, e este se subdivide em duas:
Traditio brevi manu: O possuidor deixa de possuir a coisa, em nome alheio e passa a possui-la, em nome próprio, sem deixar de apreender a coisa possuída.
Exemplo: X, locador e Y, locatário de um imóvel. O prazo contratual é de 30 meses, sendo que no vigésimo mês do contrato, Y compra o imóvel de X. Então, Y passa a possuir o imóvel em nome próprio, e não mais em

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