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1 SEGURO DE RESPONSABILIDADE CIVIL 2 RESPONSANBILIDADE CIVIL 0 que é Direito? Como pretendemos tratar da aplicação do Direito no nosso dia-a-dia: parece-nos conveniente relembrarmos a conceito desse instituto. Podemos dizer que Direito a um conjunto de normas de comportamento que visam à harmonia e a paz social, ou, um conjunto de normas gerais a positivas destinadas a regulação da convivência em sociedade. No referido conceito estão inseridos dois grandes aspectos, um referente à fonte do Direito a outro atinente a sua finalidade, Quanto à fonte do Direito, sem dúvida podemos afirmar sê-lo o fato social juridicamente relevante. No que consiste isso? A vida nos oferece uma infinidade de fatos sociais, a vida, alias, é um fato social. 0 nascimento, a morte, a formação acadêmica, o casamento, um cumprimento realizado através de um aceno, um beijo ou um simples aperto de mão, são exemplos de fatos sociais. Entretanto, são objetos de interesse do Direito somente os fatos que mereçam regulamentação, que exijam disciplinamento, tudo em busca do seu fim maior, consistente na busca e na manutenção da harmonia e da paz social. Assim, enquanto o casamento se constitui num instituto jurídico de grande importância para a sociedade contemporânea, ante seu relevante papel familiar e social e, portanto, requer normatização jurídica, o simples aperto de mão há pouco referido, embora não deixe de ser um fato social e cultural, por certo não recomenda nem prescinde de regramento jurídico pare ser realizado. Logo, levando-se em conta que o Direito é produzido a partir de fatos sociais que lhe servem de fonte, e que a sua finalidade e a de procurar a garantia da paz social, podemos concluir que fato social juridicamente relevante é todo aquele fato cujo regramento se exige para propiciar equilíbrio, harmonia e paz à sociedade. Nesse sentido, são mostras inequívocas dessa busca pela paz social as promulgações de diversas leis, tais como a lei do Divorcio, o Código de Proteção e Defesa do Consumidor, o Estatuto da Criança e do Adolescente, assim como o Código Civil que em artigos específicos fundamenta a responsabilidade civil em sentido amplo. Resumo Histórico da Responsabilidade Civil No início da nossa civilização, a ocorrência de um dano gerava na vítima uma idéia de vingança para com o agressor, ou seja, a justiça era feita pelas próprias mãos. 3 Limitava-se a retribuição do mal pelo mal, como pregava a pena de talião, olho por olho, dente por dente. Esta prática, na realidade, apresentava resultados extremamente negativos, pois acarretava a produção de um outro dano, uma nova lesão, isto é, o dano suportado pelo seu agressor, após sua punição. Posteriormente, surge o período da composição a critério da vítima, ainda sem se discutir a culpa do agente causador do dano. Num estágio mais avançado, o Estado toma as rédeas, e proíbe a vítima de fazer justiça pelas próprias mãos, estabelecendo a obrigatoriedade da composição, a partir de uma indenização pecuniária. Durante esse período, cria-se uma espécie de tabela que estabelece o quantum equivalente a um membro amputado, à morte etc. No ano 572 da fundação de Roma, um tribuno do povo, chamado Lúcio Aquílio, propôs e obteve a aprovação e sanção de uma lei de ordem penal, que veio a ficar conhecida como Lei Aquília, que possuía dois objetivos: a. assegurar o castigo à pessoa que causasse um dano a outrem, obrigando-a a ressarcir os prejuízos dele decorrentes; b. punir o escravo que causasse algum dano ao cidadão, ou ao gado de outrem, fazendo-o reparar o mal causado. O Direito francês aperfeiçoou as idéias românicas e, a partir dele, foram estabelecidos certos princípios que exerceram sensível influência nos outros povos, tais como: a. direito à reparação, sempre que houvesse culpa, ainda que leve, separando- se a responsabilidade civil (perante a vítima) da responsabilidade penal (perante o Estado); b. a existência de uma culpa contratual (a das pessoas que descumprem as obrigações), e que não se liga nem a crime nem a delito, mas se origina da imperícia, negligência ou imprudência. Surge o Código de Napoleão, e com ele a distinção entre culpa delitual e contratual. A partir daí, a definição de que a responsabilidade civil se funda na culpa, propagou-se nas legislações de todo o mundo. Com o advento da Revolução Industrial, multiplicaram-se os danos, e surgiram novas teorias inclinadas sempre a oferecer maior proteção às vítimas. Conceito de Responsabilidade Civil A palavra "responsabilidade", segundo o vocabulário jurídico origina-se do vocábulo responsável, do verbo responder, do latim respondere, que tem o significado de responsabilizar-se, vir garantindo, assegurar, assumir o pagamento do que se obrigou, ou do ato que praticou. O termo "civil" refere-se ao cidadão, assim considerado nas suas relações com os demais membros da sociedade, das quais resultam direitos a exigir e obrigações a cumprir. 4 Diante da etimologia das duas palavras acima, bem como das tendências atuais a respeito da responsabilidade civil, vejamos uma conceituação para o assunto: "A responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar o dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por ele mesmo praticado, por pessoa por quem ela responde, por alguma coisa a ela pertencente ou de simples imposição legal." Portanto, verifica-se a existência de requisitos essenciais para a apuração da responsabilidade civil, como a ação ou omissão, a culpa ou dolo do agente causador do dano e o nexo de causalidade existente entre ato praticado e o prejuízo dele decorrente. A Responsabilidade Civil como categoria jurídica que é, tem por escopo a análise da obrigação de alguém reparar o dano que causou a outrem, com fundamento em normas de Direito Civil. Os alicerces jurídicos em que se sustenta a responsabilidade civil, para efeito de determinar a reparação do dano injustamente causado, são oriundos da velha máxima romana neminem laedere (não lesar a ninguém). O uso da expressão responsabilidade civil ganhou o mundo, não só porque a diferencia da responsabilidade criminal, mas também em razão de ser apurada no juízo cível. É, portanto, na esfera do Direito Civil, que se indaga, tramita, litiga e decide para que se exija a reparação civil, que vem a ser a sanção imposta ao agente ou responsável pelo dano. Introdução ao Seguro de Responsabilidade Civil O Seguro de Responsabilidade Civil Geral – RCG, difere e muito dos seguros tradicionais da área de danos, onde o objeto de cobertura, na maioria dos casos, é bastante simples ou quase óbvio. Isto acontece porque as situações que o RCG apresenta ao técnico-operador constituem-se, muitas vezes, num desafio. Quando falamos de um seguro de automóveis, pensamos imediatamente em colisão, em roubo ou incêndio de veículos. Todavia, quando a matéria é seguro RCG –Produtos (por exemplo) uma das diversas modalidades do RCG, deve-se pensar não só na possibilidade de danos corporais e materiaissofridos pelo consumidor do produto, como também em uma série de questões correlatas: -O que é o produto? -Qual a lei que determina a responsabilidade do distribuidor do produto? -Qual o prazo para reclamação do dano sofrido? -O produto exportado tem cobertura? -Houve erro de formulação/projeto? -O que é um produto defeituoso? Para dominar a técnica do seguro RCG não basta conhecer as bases de subscrição e precificação, pois elas se constituem numa referência. É essencial o estudo e o conhecimento de matérias periféricas, porque o seguro de RCG 5 abrange as mais diversas atividades do homem, não apresentando limites para o conhecimento. Intimamente ligado às ciências jurídicas, requer do operador o conhecimento de expressões técnicas e o domínio dos conceitos básicos das figuras de direito, que sustentam o seguro de RCG. Lembrando que a figura da reparação existe desde a mais remota história da civilização e sofreu diversos tratamentos, desde a lei de Talião (olho por olho, dente por dente; quem com ferro fere com ferro será ferido). Atualmente, a reparação tem o objetivo de restabelecer o status quo ante da vitima, mediante o ressarcimento pecuniário feito pelo causador do dano. Bases Legais para Caracterização da Responsabilidade Civil. A Lei 10.406, de 10/01/2002, vigente a partir de 11/01/2003, define, nos artigos 927, 186, 187, 188, 942 e 932 a responsabilidade civil dos cidadãos: Art. 927: "Aquele que, par ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo Único: Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade, normalmente desenvolvida pelo autor do dano, implicar; por sua natureza, risco para os direitos de outrem." Art. 186 – "Aquele que, par ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito." Art. 187 – "Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou pela boa-fé ou pelos bons costumes. Art. 188 - Não constituem atos ilícitos: I – os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legitimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. Art. 942 - "Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos a reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação. Parágrafo único:São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas designadas no art. 932." Art. 932 - "São também responsáveis pela reparação civil: 6 I – os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; II – o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; III- o empregador ou comitente, por seus empregados, cerviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; IV – os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia." O Código Civil trata de forma específica do Seguro de Responsabilidade Civil em seu artigo 787. Art. 787. No seguro de responsabilidade civil, o segurador garante o pagamento de perdas e danos devidos pelo segurado a terceiro. § 1º Tão logo saiba o segurado das consequências de ato seu, suscetível de lhe acarretar a responsabilidade incluída na garantia, comunicará o fato ao segurador. -Este parágrafo reforça a importância de o segurado efetuar o aviso de sinistro que, no caso, consistirá em comunicar a seguradora a ocorrência de qualquer evento do qual possa resultar a sua responsabilidade civil perante terceiro. § 2º É defeso ao segurado reconhecer sua responsabilidade ou confessar a ação, bem como transigir com o terceiro prejudicado, ou indenizá-lo diretamente, sem anuência expressa do segurador. -Este parágrafo deixa claro que é vedado ao segurado praticar determinados atos sem a anuência prévia e expressa da seguradora. Esses atos consistem em reconhecer sua responsabilidade (admitir sua culpa extrajudicialmente), confessar a ação (reconhecer a procedência do pedido formulado em ação judicial pelo terceiro em face do segurado), transigir com o terceiro ou indenizá-lo diretamente (fazer acordo judicial ou extrajudicial com o terceiro). § 3º Intentada a ação contra o segurado, dará este ciência da lide ao segurador. Desta forma se estabelece que, quando o terceiro ajuizar ação de responsabilidade civil contra o segurado, e este for citado para se defender, deverá dar conhecimento à seguradora da existência do processo judicial. 7 § 4º Subsistirá a responsabilidade do segurado perante o terceiro, se o segurador for insolvente. E por último, deixa claro que se a seguradora se tornar insolvente, caberá ao segurado pagar ao terceiro, com recursos próprios, a totalidade da indenização Dados Estatísticos Ramo Prêmio Direto (R$) Sinistro Direto (R$) 0351 - RESPONSABILIDADE CIVIL GERAL 348.613.013 125.467.237 Totais 348.613.013 125.467.237 Empresas selecionadas Todas Ramos selecionados 351 UF's selecionadas Todas Período de 200901 Período até 200909 Elementos Configuradores da Responsabilidade Civil Ação ou Omissão A ação ou omissão são representadas por atos do indivíduo, os quais refletem em um dano ou prejuízo causados a uma terceira pessoa. Na análise da conduta deste individuo, ou seja, na busca da identificação do ato/efeito, desponta a relação de causalidade ou nexo de causalidade. Portanto fazer algo contra alguém (ação) ou deixar de fazer (omissão) são situações que podem ser configuradas como de responsabilidade civil. A ação (ou omissão) tanto pode ser dolosa quanto culposa. 0 que distingue uma da outra é a intenção, do agente que pratica a ação (ou omissão), de prejudicar ou não a terceiros. Uma ação (ou omissão) que tem intenção deliberada de causar danos a outrem e dolosa. O dolo, por ser um ato consciente, que alguém induz, mantém ou confirma outrem em erro, é punido no campo do Direito Penal. Por isso, o Seguro de Responsabilidade Civil Geral não cobre os danos resultantes de atos dolosos. Dolo: é, portanto, a intenção deliberada de causar dano ou prejuízo a outrem. É crime. Na ação ou omissão culposa, o causador do dano age com negligência, imperícia ou imprudência. Não existe vontade dirigida à produção do dano. Obs. O seguro de RCG não cobre os danos resultantes de atos dolosos praticados pelo próprio segurado, até porque seria antijurídico o contrato de seguro que se filiasse a tal objeto de cobertura. Os atos dolosos praticados pelo segurado geram, evidentemente, responsabilidade civil para o mesmo, porém não encontramamparo nas coberturas concedidas por apólice de RCG. 8 ATO DOLOSO Um dos princípios típicos do contrato de seguro é o Princípio do Absenteísmo, segundo o qual o segurado, o beneficiário e representantes de ambos, devem se portar, em relação ao interesse segurado, como se seguro não houvesse. Isto significa que sua conduta deve ser no sentido de não querer, de não aumentar e de não provocar o risco. Os atos do segurado, do beneficiário ou de seus representantes, que decorrem de dolo direto (dolo puro) ou de dolo indireto (dolo eventual) irão gerar nulidade do contrato. -Dolo puro ou direto: o agente tem a intenção de alcançar o resultado danoso. Ex. Seguros de Pessoas, o beneficiário recomenda a terceiro na morte do segurado, com o propósito de receber o capital segurado por morte acidental. - Dolo eventual ou indireto: o agente não tem a intenção de alcançar o resultado danoso, mas este é mencionado e, apesar disso, a pessoa se porta de maneira indiferente, ou seja, assume o risco da produção desse resultado. EX. No seguro de Automóveis, quando o segurado, apenas com o objetivo de cortar caminho, decide seguir pela contramão e provoca uma colisão. Culpa Culpa é o desvio de uma norma de conduta. No campo do direito penal está a função de punir o causador voluntário do dano. No campo do direito civil está a função de reparar o dano causado à vitima, submetendo para tanto, o patrimônio do responsável pelos prejuízos. A culpa em determinadas situações previstas em leis especiais, é um elemento prescindível para configurar a responsabilidade civil, ou seja, a responsabilidade existe ou é presumida em detrimento da ação/omissão culposa de determinada pessoa. É o caso típico de Lei que regula a produção de energia nuclear, segundo a qual o produtor responde sempre em relação a danos causados a terceiros independentemente de culpa. A ação (ou omissão) culposa caracteriza-se pela ausência do desejo de prejudicar, embora provoque prejuízos. Por ser a culpa a violação de um dever preexistente, a inobservância de uma norma de conduta ou conduta negligente pode lesar o direito alheio. Assim sendo, a culpa, no campo do Direito Civil, obriga a reparação do dano e o prejuízo é coberto pelo Seguro de Responsabilidade Civil. A culpa decorre da prática ou ausência de ação caracterizadas por negligência, imprudência ou imperícia. 9 A negligência evidencia-se, usualmente, pela omissão. É a ação necessária que se deixou de praticar, como por exemplo, consertar uma marquise que está em mau estado de conservação. A imprudência é a ação que não deveria ser praticada, como, por exemplo, colocar objetos soltos no parapeito da janela de um apartamento; e A imperícia é a ação praticada sem a habilidade ou competência necessária para fazê-lo, como no caso de instalação elétrica realizada por quem não tem conhecimento de eletricidade. Dano A palavra dano advém do latim damnum no sentido de nocivo. É ação ou omissão ilícita com repercussão na esfera jurídica de outra pessoa. Quando discutimos de dano propriamente dito, devemos avaliá-lo tendo como base a diminuição patrimonial experimentada, de modo que a questão relativa ao dano prenda-se à da indenização, dando-se destaque, pois ao dano indenizável. Não pode haver responsabilidade sem a observância de um dano efetivo. O dano é, portanto, o elemento fundamental para a configuração do da responsabilidade civil. Não existe, no Direito Civil, repercussão do ato ilícito, se não houver a produção de um dano. 0 dano pode ser classificado como: Pessoal – quando se refere a lesão corpórea ou a doença sofrida por pessoa física (inclusive morte ou invalidez) em decorrência de ação ou omissão de outra pessoa. Toda ofensa causada à normalidade funcional do corpo humano, dos pontos de vista anatômico e/ou fisiológico, incluídas as doenças, a invalidez, temporária ou permanente, e a morte; não estão abrangidos por esta definição os danos morais, os danos estéticos, os danos mentais, e os danos materiais, embora, em geral, tais danos possam ocorrer em conjunto com os danos físicos à pessoa, ou em consequência destes. Material – quando se refere a dano físico a propriedade, a animais, deterioração do objetos tangíveis, destruição de substâncias etc., ou seja, qualquer dano físico à propriedade tangível. Toda alteração de um bem tangível ou corpóreo que reduza ou anule seu valor econômico, como, por exemplo, deterioração, estrago, inutilização, destruição, extravio, furto ou roubo do mesmo; não se enquadram neste conceito a redução ou a eliminação de disponibilidades financeiras já existentes, tais como dinheiro, créditos, e/ou valores mobiliários, que são consideradas "prejuízo financeiro"; a redução ou a eliminação da expectativa de lucros ou ganhos de dinheiro e/ou valores mobiliários também não se enquadra na definição de dano material, mas sim na de "perdas 10 financeiras". Imaterial – quando se refere a dano resultante da privação de um direito, da interrupção de uma atividade ou da perda de um benefício. Nos casos de interrupção de uma atividade, existem os danos de natureza pecuniária, como os lucros cessantes e/ou esperados. As apólices de RCG, regra geral, determinam que a cobertura para os danos imateriais somente se dê quando os mesmos forem DIRETAMENTE conseqüentes dos danos corporais e/ou materiais cobertos pelas mesmas. Dano Moral: lesão, praticada por outrem, ao patrimônio psíquico ou à dignidade da pessoa, ou, mais amplamente, aos direitos da personalidade, causando sofrimento psíquico, constrangimento, desconforto, e/ou humilhação, independente da ocorrência conjunta de danos materiais, corporais, ou estéticos; para as pessoas jurídicas, o dano moral está associado a ofensas ao seu nome ou à sua imagem, normalmente gerando perdas financeiras indiretas, não contabilizáveis, independente da ocorrência de outros danos; Relação de Causalidade – ( Nexo Causal). Nexo Causal é o quarto elemento que caracteriza a responsabilidade civil. E a relação de causalidade (nexo causal), ou seja, a relação de causa e efeito entre a ação ou omissão praticada pelo agente e o dano resultante. Através da relação de causalidade se identificam responsabilidades. Portanto entre o fato danoso e a ação ou omissão do individuo é necessária a existência de um nexo causal. Excludentes da Responsabilidade Civil Em alguns casos, quando o nexo causal é apurado, a responsabilidade do suposto causador do dano é extinta, cessando qualquer tipo de responsabilidade sobre ele. Essas situações poderão ser causadas por culpa da vitima ou de eventos decorrentes de caso fortuito ou de força maior, que representam os danos causados por atos da natureza, como terremoto, furacão etc., ou, também, os da natureza humana, como a morte por causas naturais. Se a vitima é culpada pelos danos que sofreu, a Justiça não responsabiliza outrem. Um supermercado não pode ser responsabilizado pelo acidente com uma 11 pessoa que, pela própria imprudência, cai e se machuca numa de suas lojas. Porém, é precisoque fique provado que a culpa foi exclusiva do consumidor e que o supermercado em nada contribuiu para que o prejuízo ocorresse. Se a vitima sofreu danos por causa de caso fortuito ou de forca major, a Justiça também não responsabiliza outrem. Um supermercado não poderá ser responsabilizado se houver vitimas por causa de um furacão repentino que derrubou todo o seu teto. Responsabilidade por Ato de Outrem A responsabilidade pela reparação de um dano pode decorrer de ato próprio ou de ato de uma pessoa que esteja sob sua responsabilidade. Ato Próprio Ocorre quando o dano é causado por ato do próprio responsável. Como exemplo, podemos citar o caso de um professor de natação que, por estar distraído (negligência), não promove socorro a um aluno (omissão), deixando-o morrer afogado. Ato de uma Pessoa que Esteja sob sua Responsabilidade Quando a ação ou omissão de uma pessoa que esteja sob a responsabilidade de outra provoca danos, a culpa pode ser caracterizada de duas maneiras: culpa in vigilando ou culpa in eligendo. A culpa in vigilando, decorre da falta de atenção do responsável pelo procedimento da pessoa que está sob sua responsabilidade, devendo, por essa razão, responder pelos prejuízos causados por ela. Exemplos A: Um filho menor de idade quebra a vidraça do vizinho. Nesse caso, o responsável pela reparação do dano é o pai. Assim, um pai é responsável civilmente pelos atos de filhos menores de idade que ocasionarem prejuízos a terceiros; portanto, cabe aos pais ou responsáveis a reparação dos danos causados. B: Um cão solto no quintal de uma casa morde o carteiro. Nesse caso, o responsável pela reparação é o chefe da família (dono do cão). Também com base na culpa in vigilando é que o dono de um animal responde civilmente pelos prejuízos que este provocar a terceiros. A culpa in eligendo advém da má escolha daquele a quem se confia a pratica de um ato, tarefa, cumprimento de uma obrigação. Nesse caso, encontra-se o empregador que admite, ou mantém a seu serviço, empregado não habilitado 12 legalmente ou sem as aptidões requeridas para a função. Exemplo: A- O dono de um restaurante responde civilmente pelos danos causados por imperícia do garçom que, inadvertidamente, deixa cair café quente em cima de um cliente, causando danos corporais no mesmo. B: Um acidente provocado por defeito nos dispositivos de segurança de um veículo acarreta responsabilidades civis para a montadora, uma vez que foi dela a escolha do fornecedor do referido equipamento. Assim, a culpa in eligendo pode decorrer não só da má escolha de um empregado, como também da má escolha de um fornecedor. Elementos caracterizadores do Seguro de Responsabilidade Civil Geral: 13 Teorias da Responsabilidade Civil Com base na análise da conduta do causador do dano, ou seja, no elemento culpa, surgiram as teorias: Teoria Subjetiva – implica a existência do elemento culpa, isto é, a vítima precisa provar que quem causou o dano é culpado e, ainda tem que justificar o valor pedido a titulo de indenização. Teoria Objetiva – não necessita da existência do elemento culpa, pois a culpa é presumida. Compete ao acusado provar que não causou o dano reclamado. TEORIA DA RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA OBJETIVA -Estrita necessidade do elemento culpa. -Investigação do nexo causal (causa /efeito). -Expressa no Código Civil. -Prescinde de existência do elemento culpa. -Filiada ao principio da causalidade. -Expressa em leis específicas São exemplos de áreas em que se aplica a teoria objetiva por jurisprudência e leis especiais: acidentes do trabalho, acidentes aeroviários e ferroviários, poluição ambiental e outras. Isso significa que, tanto o empregador quanto o transportador, aeroviário ou ferroviário, ou o agente causador da poluição ambiental (seja pessoa física ou jurídica) deverão responder pelos danos que causarem, independentemente da existência de culpa. No caso da responsabilidade objetiva, o prejudicado deve provar apenas o dano, a conduta do agente e o nexo causal entre a conduta e o dano. Não se questiona, assim, a culpa ou tido do causador do dano, pois, havendo prejuízo, ha obrigação de indenizar. São exemplos de responsabilidade objetiva encontrados em nosso Código Civil: o dono de um edifício ou de uma construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos cuja necessidade seja manifesta (art. 937 do Código Civil); aquele que habitar um prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido (art. 938 do Código Civil); e acidentes de trabalho, em estradas de ferro e com aeronaves (contemplados em leis específicas). 14 Nos casos dos exemplos acima, os causadores dos prejuízos deverão indenizar os prejudicados apenas pela ocorrência do dano sem questionar se foram culpados ou não por ele. Responsabilidade Civil Contratual e Extracontratual A Responsabilidade Civil Contratual é a existência de um vínculo jurídico de convenção entre as partes (contrato) antes mesmo de surgir a obrigação de indenização, por parte do inadimplente. Implica a existência de um contrato que caracterize o vinculo jurídico entre as partes. Não existe cobertura para a Responsabilidade Civil Contratual no Ramo RCG. Esse risco é alocado em ramo de seguro especifico chamado Garantia de Obrigações Contratuais. Exemplo: um empreiteiro não entrega a obra no prazo determinado no contrato de empreitada. Por este motivo, ficará o empreiteiro sujeito à indenização das perdas sofridas pelo contratante da obra (risco previsto no seguro de Garantia de Obrigações Contratuais). Na Responsabilidade Civil Extracontratual não existe qualquer vinculo jurídico entre o causador do dano e a vitima, até que uma ação ou omissão cause o dano, obrigando a reparação. Em outras palavras, quando o prejuízo é causado, a pessoa que causou o dano tem o dever de repará-lo. Assim, o Ramo de RCG, no Brasil, atua no campo da Responsabilidade Civil Extracontratual, no que se refere ao segurado e aos terceiros reclamantes. Na responsabilidade Civil Contratual, antes mesmo de surgir a obrigação de indenizar por parte do inadimplente, existe um contrato, um vínculo jurídico de convenção entre as partes envolvidas. Na Extracontratual não existe qualquer vínculo jurídico entre o causador do dano e a vitima, até que a ação ou omissão do causador do dano desperte o mecanismo reparatório obrigacional. Esta é a característica básica da Responsabilidade Civil Extracontratual = inexistência de vínculo entre as partes. O contrato de seguro RCG, no Brasil, atua basicamente no campo da responsabilidade civil extracontratual em relação ao Segurado e aos terceiros reclamantes. Exemplo: caldeira de indústria que explode, causando danos materiais e corporais aos vizinhos, ficando tal indústria sujeita à indenização das perdas sofridas pelos terceiros. Terceiros Para o Seguro de Responsabilidade Civil, o terceiro é um elemento de aparição incidental e que sofre o dano. Pode ser qualquer pessoa, desde que não seja o própriosegurado, seus ascendentes, seus descendentes, seu cônjuge, pessoas 15 que dependam economicamente ou que residam, ou que tenham sociedade econômica, ou emprego com o segurado. Com a exclusão dessas pessoas das coberturas das apólices de RCG, por não se enquadrarem na definição de terceiro, evita-se que o segurado seja tentado a agravar o risco, prejudicando o segurador. Evita-se, também, que o causador do dano se beneficie do ato ilícito que cometeu. Prescrição A prescrição é a perda de um direito ou obrigação não exigida dentro de determinado prazo, ou seja, é a perda do direito a ação judicial e acontece quando alguém que detém esse direito deixa de exercê-lo durante um determinado tempo previsto na lei. O tempo é o fator primordial da figura jurídica da prescrição. A prescrição atua como uma medida de segurança para a sociedade e suas relações, de forma que não se perpetuem, no tempo, certas pendências. A prescrição se interrompe pela citação pessoal feita ao devedor ou por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe no reconhecimento do direito pelo devedor, entre outras causas. A prescrição pode ser interrompida, começando a correr um novo prazo a partir da data da interrupção. No que diz respeito ao seguro, a interrupção se dá através de protesto judicial O prazo prescricional tem início, quando, pela primeira vez, o terceiro tem ciência do dano. A prescrição é interrompida quando é feita a citação da ação movida por quem sofreu o dano, em face de quem o causou ou por qualquer ato que não deixe dúvidas no reconhecimento, por parte do devedor, do direito reclamado. Dessa forma, nos casos de Seguros de Responsabilidade Civil, o Código Civil estabelece que o prazo prescricional começa a fluir a partir do momento em que o segurado é citado em ação, promovida pelo terceiro a quem prejudicou, ou a partir do momento em que o próprio segurado indeniza o terceiro com anuência do segurador. 0 reembolso é uma peculiaridade deste tipo de seguro. Assim, necessita da manifestação da pretensão do terceiro prejudicado. No quadro a seguir estão especificadas as condições e a fundamentação legal para efeito de prescrição: PRAZOS PRESCRICIONAIS AÇÕES TEMPO Ações pessoais de terceiros contra o segurado (PF ou PJ) 3 anos Ações do segurado contra o segurador ou do segurador contra o segurado (fato ocorrido no País) 1 ano Ações do segurado contra o segurador ou do segurador contra o segurado (fato ocorrido no Exterior) Ações do consumidor contra Segurado (Produtos/Serviço) - CDC 5 anos 16 Exemplos de destaques do Código Civil: Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os artigos 205 e 206. Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. Art. 206. Prescreve: § Em um ano: II – a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo: a- para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que e citado para responder a ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador; b- quanto aos demais seguros, da ciência do fator gerador da pretensão, § 3° Em três anos: V – a pretensão de reparação civil; IX – a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório. PRINCÍPIOS BÁSICOS DO SEGURO DE RC O princípio básico do seguro de Responsabilidade Civil é reembolsar o segurado pela soma que lhe foi exigida a título de responsabilidade civil. Desta forma, o patrimônio desfalcado com a indenização paga a terceiros será reintegrado. Consta do principio de reembolso que o segurado terá que indenizar o terceiro reclamante para, só então, ter assegurado o seu direito ao reembolso junto ao Segurador. Porém as seguradoras, na maioria dos casos, indenizam o terceiro reclamante diretamente ao invés de reembolsarem o segurado. Beneficiário Nas apólices de RCG, apenas o próprio segurado pode ser o beneficiário, pois, por ser um seguro patrimonial, não pode ser estipulado em favor de terceiros. O cunho contratual prevalece entre as partes contratantes, segurado e segurador, não cabendo ação direta da vitima contra o Segurador. 17 A pessoa ofendida, embora beneficiária indireta, não é parte legítima no contrato de seguro. Os Seguros de Responsabilidade Civil são considerados patrimoniais, porque seu objetivo é a proteção do patrimônio do segurado. Quando um segurado causa um dano a um terceiro, a lei o obriga a reparar esse dano com os seus próprios bens, sendo assim, o objetivo do Seguro de RCG é proteger o patrimônio, pois, ao reembolsar o segurado no valor do sinistro, a apólice restabelece o patrimônio do segurado no mesmo patamar em que estava antes do sinistro. Tipos de Apólices Na operação de seguro de RCG, existem dois tipos de apólices no Brasil. As apólices são classificadas como: Apólice a base de ocorrência (occurrence basis). Apólice a base de reclamação (claims made). Apólice a Base de ocorrência É o modelo padrão de apólice de RCG no Brasil. Na apólice a base de ocorrência, é imprescindível que o dano ocorra durante a vigência da apólice e que a reclamação pelo terceiro reclamante seja apresentada até o fim do prazo prescricional legal. 0 prazo prescricional começa a partir da data da ciência do dano. Apólice a Base de Reclamação Nessa apólice, o dano deve ocorrer durante a sua vigência e a reclamação ser também apresentada durante a sua vigência. A partir da primeira renovação, aplica-se a retroatividade de cobertura para as apólices anteriores, ou seja, se ocorre um sinistro no primeiro ano de vigência, essa ocorrência só pode ser reclamada durante essa vigência. Quando a apólice é renovada, aquela ocorrência da primeira apólice poderá ser reclamada ate o final da nova apólice, e assim por diante, desde que não haja interrupção de cobertura. Somente a partir da primeira renovação do seguro é que a retroatividade de cobertura é aplicada nas apólices de reclamações. 18 Este modelo é recomendável para os seguros de RC Produtos, Profissional e Riscos Ambientais. na primeira vigência, não é permitido ao segurado estipular retroatividade; a partir da primeira renovação e em todas as outras subseqüentes, desde que não haja interrupção de cobertura, será aplicada a retroatividade, sempre a partir da data de inicio de vigência da primeira apólice. Prazos complementares Os prazos complementares são automáticos, estão expressos na apólice e não existe cobrança de prêmio adicional. Exemplo: Um segurado não irá renovar sua apólice de RCG. A apólice que está por terminar, tem o seu fim de vigência em 30/10, um sinistro ocorrido durante a vigência pode ser reclamado até 1 ano após a data de 30/10 para ser reembolsado. No exemplo, o prazo complementar é iniciado após o término da vigência da apólice ou após o seu cancelamento. Prazo Suplementar Seo segurado desejar, pode dilatar o prazo automático, contratando o Prazo Suplementar desde que, para isso, pague um prêmio adicional. Nas apólices de reclamações, o prazo suplementar é adotado, independentemente do número de renovações, quando: a apólice de reclamações não é renovada na mesma seguradora, pois o segurador da nova apólice pode não aceitar o período de retroatividade da apólice vencida; o segurado decide não renovar o seguro. 19 Exemplo: Um segurado, que manteve suas apólices a base de reclamação por cinco anos, resolve encerrar suas atividades no país. Assim, para se proteger de qualquer reclamação feita contra ele por danos causados no período de retroatividade da apólice (cinco anos), ele contrata essa suplementação do prazo automático pelo período estabelecido entre o segurado e a seguradora. 0 prazo suplementar se inicia logo após o término do prazo complementar e pode ser concedido por um período de até 3 anos. Critérios para a Contratação de Apólices a Base de Reclamação As apólices deverão, necessariamente, conter cláusula garantindo ao segurado prazo complementar mínimo de um ano, contado a partir do termino de vigência da apólice ou de seu cancelamento, com vistas a amparar sinistros ocorridos na vigência da apólice e no período de retroatividade de cobertura. Obrigatória a inclusão, nas condições contratuais do seguro (quer se trate de apólice inicial, quer de renovação), de cláusula garantindo, ao segurado, o direito a obtenção de prazo suplementar. As seguradoras poderão cobrar prêmio adicional para o prazo suplementar. 0 direito do segurado a obtenção de prazo suplementar não e aplicável aos casos de cancelamento do seguro por determinação legal ou por falta de pagamento do prêmio ou, ainda, por ter sido atingido o limite agregado. Deverá ficar expressamente indicado, nas condições contratuais do seguro, que a concessão de prazo suplementar somente poderá prevalecer: I. se o seguro for renovado em outra sociedade seguradora e esta não admitir, na cobertura contratada, o período de retroatividade da apólice anterior; e II. se o segurado não renovar o seguro ou se o renovar sob a forma de apólice a base de ocorrências, seja na mesma sociedade seguradora ou em outra. Nas renovações sucessivas em uma mesma sociedade seguradora, é obrigatória a concessão do período de retroatividade da cobertura e do prazo complementar, bem como a previsão quanto à possibilidade de obtenção de prazo suplementar. Renovada a apólice à base de reclamações, em outra sociedade seguradora que não aquela da apólice vencida, a nova sociedade seguradora poderá, mediante cobrança de prêmio adicional e desde que não tenha havido solução de continuidade do seguro, admitir o período de retroatividade de cobertura considerado na apólice anterior. A apólice a base de reclamações deverá indicar, expressamente, em destaque, 20 além de sua vigência, o período de retroatividade de cobertura ou a data retroativa de cobertura. Estarão cobertos os sinistros ocorridos entre a data retroativa de cobertura e o termino de vigência da apólice, desde que reclamados durante seu periodo de vigência ou no prazo complementar previsto ou ainda, durante o prazo suplementar para a apresentação de reclamações, no caso de ter sido ele adotado. Deverá ser incluída cláusula, nas condições contratuais do seguro, estabelecendo qual dos critérios a seguir indicados serão adotado, na hipótese de aceitação, pela sociedade seguradora, de aumento do limite máximo de garantia da apólice, durante sua vigência ou mesmo na renovação: - o novo limite prevalecerá, integralmente, durante a vigência da apólice e a respectiva data retroativa, se houver, inclusive para as reclamações relativas a sinistros já ocorridos e que não sejam de conhecimento do segurado; -será determinado que o novo limite aplicar-se-á, apenas, a sinistros efetivamente ocorridos a partir da data de sua implementação, prevalecendo o limite anterior para os sinistros já ocorridos, sejam eles de conhecimento ou não do segurado. Não é permitida a utilização de apólices a base de reclamações para Seguros de Responsabilidade Civil, contratados por período inferior a 12 meses, salvo se, for para fins de unificação de vigência com outras apólices de seguro pertencentes ao segurado ou, ainda, para aquelas modalidades não sujeitas ao risco de latência prolongada ou sinistros tardios. Apólice a Base de Reclamação, com cláusula de notificações. Tipo especial de contrato celebrado com apólice à base de reclamações, que faculta, ao segurado, exclusivamente durante a vigência da apólice, a possibilidade de registrar, formalmente, junto à seguradora, fatos ou circunstâncias potencialmente danosos, cobertos pelo seguro, mas ainda não reclamados, vinculando a apólice então vigente a reclamações futuras que vierem a ser apresentadas por terceiros prejudicados (se o segurado não tiver registrado, na seguradora, o evento potencialmente danoso, e este vier a ser reclamado, no futuro, por terceiros prejudicados, será acionada a apólice que estiver em vigor por ocasião da apresentação da reclamação). Objeto do Seguro Uma apólice de RCG tem por objetivo cobrir o risco da responsabilidade civil do segurado perante terceiros. Nas Condições Gerais da apólice, define-se o que está sendo segurado, ou seja, o objeto do seguro. “0 presente seguro tem por objetivo reembolsar o segurado, ate o limite máximo da importância segurada (LMG), das quantias pelas quais vier a ser responsável civilmente, em sentença judicial transitada em julgado ou em acordo autorizado de modo expresso pela seguradora, relativas a reparações por danos involuntários, corporais e/ou materiais causados a terceiros, 21 ocorridos durante a vigência deste contrato e que decorram de riscos cobertos nele previstos”. Riscos Não Operados Os Seguros de Responsabilidade Civil decorrem de diferentes atividades humanas e da incidência de sistemas legais que progressivamente, pretendem disciplinar as conseqüências dessas atividades. Mas, por diversos motivos, alguns Seguros de Responsabilidade Civil não são operados pelo Ramo RCG, como por exemplo, os vinculados a circulação de veículos, salvo exceções. Portanto podemos citar alguns riscos de Responsabilidade Civil que não se enquadram nos Limites de atuação do ramo RCG, por estarem amparados em outros ramos de seguro, mais específicos: -proprietários de veículos – RCF-V; -transportador rodoviário – carga – RCTR-C; -transportador rodoviário – internacional – RCTV-I; -transportador aéreo – RETA; -transportador aéreo – carga RETA-C; -armador – carga RCA-C; -operador de usinas nucleares – riscos nucleares; -prestador de serviços, técnicos de prospecção e exploração de petróleo – riscos de petróleo; -prestador de serviços que envolvem danos a aeronaves – aeronáuticos; -construtor de imóveis financiados pelo SFH – habitacional; -promotor de provas desportivas com veículos motorizados RCF-V; -construtor naval – cascos. Riscos Excluídos As exclusões de riscos fazem parte das apólices de qualquer ramo e servem para delimitar a amplitude das coberturas concedidas. Para se adaptar a realidade do mercado, as seguradoras podem alteraressas exclusões (reduzindo ou ampliando), na medida em que isso se torne necessário. Citamos como riscos excluídos: a) danos decorrentes de atos de hostilidade ou de guerra, tumultos, greve, lockout, rebelião, insurreição, revolução, confisco, nacionalização, destruição au requisição, decorrentes de qualquer ato de autoridade de fato ou de direito, civil ou militar e, em geral, todo e qualquer ato ou conseqüência dessas ocorrências; b) danos decorrentes de atos praticados por qualquer pessoa, agindo por parte de, ou em ligação com qualquer organização cujas atividades visem a derrubar, pela 22 força, o governo ou instigar a sua queda, pela perturbação da ordem política e social do país, por meio de atos de terrorismo, guerra revolucionaria, subversão e guerrilhas, saque ou pilhagem; c) danos a bens em poder do segurado, para guarda ou custódia, transporte, uso ou manipulação ou execução de quaisquer trabalhos; d) responsabilidades assumidas pelo segurado, por contratos ou convenções, que não sejam decorrentes de obrigações civis legais; e) danos conseqüentes do inadimplemento de obrigações por força exclusiva de contratos elou convenções; f) danos resultantes de dolo ou culpa grave do segurado, bem como os decorrentes de atos por ele praticados em estado de insanidade mental, de alcoolismo ou sob efeito de substâncias tóxicas. Se o segurado for pessoa jurídica, esta exclusão aplica-se apenas aos atos praticados pelos sócios controladores da empresa segurada, seus diretores ou administradores; g) multas impostas ao segurado, bem como as despesas de qualquer natureza, relativas a ações ou processos criminais; h) radiações ionizantes ou quaisquer outras emanações ocorridas na produção, transporte, utilização ou neutralização de materiais físseis (nucleares) e seus resíduos; e quaisquer eventos decorrentes de energia nuclear, com fins pacíficos ou bélicos; i) qualquer perda, destruição, dano ou responsabilidade legal, direta ou indiretamente causados por, resultante de, ou para os quais tenha contribuído material de armas nucleares; j) danos causados pela ação paulatina de temperatura, umidade, infiltração vibração, bem como por poluição, contaminação e vazamento; I) perdas financeiras, inclusive lucros cessantes, não decorrentes de dano corporal e/ou dano material, sofridos pelo reclamante e cobertos pelo presente contrato; m) danos decorrentes da circulação de veículos terrestres fora dos locais de propriedade, alugados controlados pelo segurado e, ainda, os danos relacionados a existência, ao uso e a conservação de aeronaves e aeroportos; n) extravio, furto ou roubo; o) danos causados ao segurado, seus ascendentes, descendentes e cônjuge, bem como a quaisquer parentes que com ele residam ou dele dependam economicamente e, ainda, os causados aos sócios controladores da empresa segurada, seus diretores ou administradores; p) danos genéticos, bem como causados por asbestos, talcos asbestiforme, diethilstibestrol, dioxina, uréia. formaldeído, vacina para gripe suína, dispositivo intra-uterino (DIU), contraceptivo oral, fumo ou derivados, danos resultantes de hepatite B ou Sindrome de Deficiência Imunológica Adquirida (AIDS). 23 Obs.: Não caberá qualquer indenização por este seguro quando, entre o segurado e o terceiro reclamante, existir participação acionária ou por cota, até o nível de pessoas físicas que, isoladamente ou em conjunto, exerçam ou tenham possibilidade de exercer controle comum da empresa segurada e da empresa reclamante. O Seguro de RCG, salvo estipulação em contrário, não cobre também os seguintes danos: a) danos causados a empregados ou prepostos do segurado quando a serviço; b) danos a veículos sob guarda do segurado; c) danos causados pela circulação de veículos eventualmente a serviço do segurado; d) danos causados pelo manuseio, use ou por imperfeição de produtos fabricados, vendidos, negociados ou distribuídos pelo segurado, depois de entregues a terceiros, definitiva ou provisoriamente, e fora dos locais ocupados ou controlados pelo segurado; e) danos relacionados a prestação de serviços profissionais a terceiros, tais como serviço medico, odontológico, de enfermagem, advocacia, engenharia, arquitetura, auditoria, contabilidade, processamento de dados e similares; f) danos morais. Em hipótese nenhuma, estarão cobertas as indenizações a titulo de punição (punitive damage - punição por decorrência dos danos, por causa dos danos) ou a títuIo exemplar (exemplary damage)." “A cartilha da doutrina do "punitive damage" é simples e bastante eficaz. Segundo suas letras, o causador do injusto, dos danos materiais e especialmente morais, tem de ser efetivamente punido. A título de punição ou a título exemplar, a "exemplary damage", o fato é que o causador do dano não pode passar impune por sua conduta ilícita.” Das exclusões apresentadas, as abaixo informadas devem ser entendidas com mais detalhes: Danos a Bens de Terceiros sob a Responsabilidade do Segurado 0 segurado que tem a posse direta de bens de terceiros deve por lei, preservá-los como se fossem seus. A cobertura para esses riscos encontra-se nos seguros mais específicos, como de incêndio, de roubo etc, com cláusula beneficiária a favor do proprietário do bem. Essa exclusão faz com que o segurado assuma o risco do seu próprio negócio pois é função do seguro de RCG transferir para a seguradora riscos ligados ao 24 interesse do próprio segurado com terceiros, embora em algumas modalidades do seguro de RCG isso seja admitido, como nos casos de RC - Guarda de Veículos, RC - Guarda de Embarcações e RC - Armazéns Gerais. Responsabilidades Assumidas pelos Segurados “As responsabilidades assumidas pelo segurado por contratos ou convenções que não sejam decorrentes de obrigações civis legais.” 0 objetivo dessa exclusão é evitar que o segurador tenha que acatar alguma obrigação civil, além do ordenamento jurídico, assumida pelo segurado, uma vez que não pode previamente dimensioná-la. Exemplo: se um segurado garantir na propaganda, que se responsabilizara pelo pagamento em dobro por algum tipo de dano corporal que seu produto cause ao cliente, a seguradora só terá que reembolsar (caso haja cobertura) o valor do dano, enquanto o valor prometido em dobro tem que ser assumido pelo segurado. Inadimplemento de Obrigações Contratuais “Danos conseqüentes do inadimplemento de obrigações por força exclusiva de contrato e/ou convenções.” As apólices de RCG atuam, basicamente, na esfera da Responsabilidade Civil Extracontratual. As responsabilidades civis contratuais podem ser cobertas através do ramo Garantia de Obrigações Contratuais. Perdas Financeiras “Riscos provenientes de perdas financeiras, inclusive lucros cessantes, não decorrentes de dano corporal ou material, sofridos pelo reclamante e cobertos pelo presente contrato.” Esta exclusão tem por objetivo adequar a mensuração do risco, pelo segurador. Só existe cobertura para perdas financeiras e lucros cessantes quando esses riscos são diretamente decorrentes de danos corporais e/ou materiais cobertos pelo contrato de seguro. Exemplo: uma fábrica explode e danifica uma fábrica vizinha, que fica semproduzir por um mês. Aquele vizinho atingido teve um lucro cessante, decorrente da explosão da fábrica do segurado. Nesse caso, haverá cobertura, pois o lucro cessante foi conseqüência de um risco coberto (explosão). Limites de Responsabilidade São dois os limites de responsabilidade das seguradoras nos Seguros de 25 Responsabilidade Civil: Limite de responsabilidade por sinistro; e Limite agregado ou teto. Limite de Responsabilidade por Sinistro E o limite máximo de responsabilidade da seguradora por sinistro ou série de sinistros decorrentes de um mesmo evento, independentemente do número de reclamações. Esse limite é fixado em valor equivalente ao Limite Máximo de Garantia (LMG) constante da apólice. Limite Agregado ou Teto É o total máximo indenizável pela apólice durante a sua vigência. Determina-se, no agregado, quantas vezes o limite por sinistro poderá ser utilizado. Responsabilidade por Sinistro Agregado ou teto -É fixado em valor equivalente à importância segurada. -Representa o limite máximo de responsabilidade da Seguradora por sinistro ou série de sinistros decorrentes de um mesmo evento, e independe do número de reclamações. -É fixado em valor superior ao da Importância Segurada. -Representa o total máximo indenizável pelo contrato de seguro, ocorridos durante a sua vigência. Exemplo: Em uma apólice de RCG, temos a seguinte situação: LMG: R$ 100.000 Limite Agregado: 3 vezes (R$ 100.000 x 3 = R$ 300.000) Teto = R$ 300.000 1º sinistro: R$ 50.000,00 – Reembolso no valor de R$ 50.000,00 2º sinistro: R$ 150.000,00 – Reembolso no valor de R$ 100.000,00 3º sinistro: R$ 100.000,00 – Reembolso no valor de R$ 100.000,00 4º sinistro: R$ 200.000,00 – Reembolso no valor de R$ 50.000,00 Total R$500.000,00 R$ 300.000,00 Observe que, no segundo sinistro, o limite máximo indenizável foi o LMG e que, no quarto sinistro, foi reembolsado o saldo final do limite agregado, que nesta apólice era de R$ 300.000. Em qualquer situação, o Limite Máximo de Garantia sempre será o limite máximo indenizável por sinistro ou evento. 26 Reintegração do Limite Máximo de Garantia (LMG) Não existe reintegração automática do Limite Máximo de Garantia. Dessa forma, em caso de sinistro, nos Seguros de RCG, o valor do Limite Máximo de Garantia não voltará ao seu valor original de forma automática. No entanto, a reintegração do Limite Maximo de Garantia pode ser concedida, pelo segurador, após uma analise detalhada do risco e dos sinistros que geraram a necessidade da reintegração. Garantia de Reembolso O Seguro de RCG pode reconhecer a obrigação da seguradora de reembolsar o segurado de duas maneiras: a- através de sentença judicial, transitada em julgado. b- através de acordos extrajudiciais celebrados com o terceiro reclamante, com a anuência da seguradora. Em qualquer um dos casos, as Condições Gerais da apólice condicionam a apuração e a liquidação do sinistro à concordância do segurador, já que é ele quem arca com o montante dos prejuízos. Assim, evita-se que o segurado faça acordos, nem sempre justos ou adequados, para se livrar rapidamente da reclamação do terceiro. DISPOSIÇÕES TARIFÁRIAS As disposições tarifárias gerais abrangem definições relativas à proposta, aos questionários, as garantias, aos prazos, às modalidades de cobertura, aos critérios para taxação de riscos, as franquias e as participações do segurado nos prejuízos. Proposta e Questionário A proposta de seguro deve ser apresentada à Seguradora com a necessária antecedência em relação ao início da cobertura. Cabe lembrar, que este princípio, deve ser adotado, principalmente, quando o risco não dispuser de cobertura automática de resseguro, cabendo consulta prévia ao ressegurador. A proposta é encaminhada pelo interessado (ou seu representante) a seguradora, para que esta possa fazer uma avaliação criteriosa e, se necessária, uma inspeção do risco no local a ser segurado. 0 questionário a ser utilizado no Seguro de Responsabilidade Civil contem subsídios importantes para que a seguradora analise o risco a ser segurado e calcule o prêmio do seguro. Tendo em vista o valor destas informações, o questionário deve ser datado, assinado (pelo segurado ou corretor) e, obrigatoriamente, anexado a proposta. 27 Garantia - LMG O mercado brasileiro trabalha hoje, basicamente, com a Garantia Única. Isso significa que um único capital segurado abrange a reembolso por Danos Corporais e/ou materiais causados a terceiros. Exemplo: Seja um evento no qual o segurado no exercício de suas atividades, provoca o desabamento de uma construção civil a qual ao cair provoca danos corporais em uma pessoa. Observe então que os danos causados pelo segurado foram materiais (edificação) e corporais (pessoa atingida). Nesse caso, a importância segurada pagará os dois tipos de danos, independentemente dos valores individuais de cada um, obviamente limitados a própria importância segurada. A determinação do limite de garantia da apólice é matéria polêmica, tendo em vista a ausência de parâmetros. Isto se justifica porque, no Brasil e demais países, a responsabilidade civil, com raras exceções, é de natureza ilimitada, tendo em vista o objeto do possível dano, ser indeterminado. Prazo do Seguro As apólices, dos Seguros de RCG são normalmente emitidas pelo prazo de um ano, salvo algumas exceções. Para prazos inferiores a um ano, são utilizados os percentuais da Tabela de Prazo Curto e, para prazos superiores a um ano, os percentuais da Tabela de Prazo Longo. Pluralidade de Coberturas O seguro de RCG admite a contratação de várias modalidades, em uma única apólice, para um mesmo Segurado, com o objetivo de massificar e até mesmo facilitar as operações administrativas. Na contratação de várias modalidades, além de anexar, no contrato, os textos de coberturas, é necessário indicar, isoladamente, os respectivos limites de garantias, por modalidade, franquia, limite agregado, etc. Quando se esgotar a garantia de uma das modalidades, ela estará automaticamente cancelada (desde que não haja solicitação expressa para reintegração, e se houver a mesma será processada mediante uma reanálise do risco, e não de forma automática), sem influenciar, na cobertura das outras modalidades previstas na apólice. Critérios Adotados para o Cálculo dos Prêmios De modo geral, em quase todos os ramos de seguro, o prêmio e calculado através da multiplicação de uma taxa pelo valor segurado. No caso de RCG, o prêmio é calculado através de parâmetros (informações) diferenciados para cada risco de responsabilidade civil, já que, usualmente, não são aplicadas taxas. Esses parâmetros são definidos com base nas informações do questionário preenchido pelo segurado, entregue com a proposta. Essas informações, necessárias ao cálculo do prêmio de seguro, servem, também, para análise de 28 subscrição do risco junto à seguradora. Considerando as informações obtidas, aplicam-se, de acordo com o risco, algumasfórmulas para o cálculo de prêmio, sendo a mais comum a seguinte: PRÊMIO TARIFA = PRÊMIO BÁSICO x COEFICIENTE DE AGRAVAÇÃO A Tabela de Coeficiente de Agravação é determinada pela Tarifa do IRB na ordem crescente por garantia. Para determinação do prêmio básico, para cada modalidade, levam-se em conta vários parâmetros, conforme exemplificado abaixo: -Para RC - Operações e Produtos: Faturamento Anual. -Para RC – Clube: Número de sócios. -Para RC – Instalações e/ou Montagem: parte relativa a mão de obra. Exemplo: Para exemplificarmos um critério de cálculo de um risco de Responsabilidade Civil Geral, vamos simular a cotação de um Seguro de RC - Estabelecimentos Comerciais e/ou Industriais (RC Operações). A primeira informação que deve ser retirada do questionário é a atividade principal desenvolvida pelo proponente, que, no nosso exemplo, será uma Usina de Álcool. Com essa informação, consultamos a tabela de atividades, constante da tarifa do IRB, que nos indicará a Classe de Risco: Tabela de Classes de Risco CÓDIGO ESPECIFICAÇÃO CLASSE DE RISCO OPERAÇÕES PRODUTOS 01 Academia de ginástica, danças e lutas I - 02 Açougues, aviários, peixarias e abatedouros I II 03 Acrílicos, artigos de II II 04 Açúcar, Álcool (Usinas e Destilarias) II I 05 Aditivos para tintas e similares III II Portanto apuramos na Tabela de Classes de Risco, que para a atividade de Usina de Álcool, a classe de Risco para Operações é a II. No questionário iremos apurar qual é o faturamento anual do proponente, que para fins de exemplo, estamos fixando em R$ 45.000.000,00. Estamos também fixando o LMG em R$ 1.800.000,00. Portanto, consultamos agora a Tabela que irá nos indicar o Prêmio Básico. 29 FATURAMENTO ANUAL CLASSE I CLASSE II CLASSE III 9.000.000 58,70 88,10 117,40 13.500.000 65,90 98,90 131,80 18.000.000 71,80 107,70 143,60 22.500.000 76,70 115,00 153,40 27.000.000 81,60 122,40 163,20 31.500.000 86.50 129.70 173,00 36.000.000 90,80 136,10 181,60 40.500.000 94,60 142,00 189,20 45.000.000 97,90 146,90 195.80 Tabela de Prêmios Básicos (Valores em UT) Apuramos então, pela Tabela de Prêmios Básicos, o valor de 146,90. Em função do LMG, apuramos o coeficiente de agravação do Prêmio Básico: Tabela de Coeficientes de Agravação LMG (UT) COEFICIENTE 1.000.000 61,96 1.100.000 65,06 1.200.000 67,96 1.400.000 73,26 1.600.000 78,00 1.800.000 82,29 2.000.000 86,21 Obs.: UT, ou Unidade Tarifária, é a "moeda" utilizada pela Tarifa do IRB. Hoje em dia, 1 UT equivale a 1 dólar. Cálculo do Prêmio: Prêmio Tarifa = Prêmio Básico x Coeficiente de Agravação Prêmio Tarifa = R$ 146,90 x 82,29 Prêmio Tarifa = R$ 12.088,40 Essa metodologia de cálculo pode variar de acordo com a modalidade contratada. Desconto por Experiência Para os riscos, que apresentarem boa experiência, ao longo das sucessivas renovações anuais dos contratos de seguros de RCG, é admitida a concessão de descontos percentuais sobre os prêmios, conforme tabela abaixo: 30 Período de Cobertura Anterior S/P = ou SIP = ou S/P = ou S/P = ou S/P = ou (Anos Completos e Sucessivos) <10% <20% <30% <40% <50% 1 10 — — — — — 2 17 10 — — — — 3 23 17 10 — — — 4 28 23 17 10 — — 5 32 28 23 17 10 — 6 36 32 28 23 17 10 7 37 35 32 28 23 17 8 38 37 35 32 28 23 9 39 38 37 35 32 28 10 40 39 38 37 35 32 S/P = 0 TABELA DE DESCONTO (%) (S/P) — Relacão SINISTRO/PRÊMIO. Se o seguro for uma renovação, após calcularmos o prêmio tarifário (prêmio básico x coeficiente de agravação), verificamos qual a sinistralidade do risco (S/P) no período segurado (abrange os seguros anteriores do segurado) e aplicamos a desconto de experiência sobre o prêmio tarifário. Franquias A franquia, ou seja, o valor monetário, fixado em apólice, correspondente à parte do sinistro assumida pelo segurado, é aplicada nos Seguros de Responsabilidade Civil de acordo com a natureza do risco. Nesse ramo, as franquias são dedutíveis por sinistro, e aplicadas sobre os prejuízos apurados. Aplicam-se, inclusive, nos casos de perda total de bens materiais, uma vez que se trata de um seguro de responsabilidade, e não de bens. Podem ser utilizadas franquias facultativas em RCG para se obter descontos no premio tarifário. Exemplos Práticos: 1-LMG = R$ 30.000 Franquia = R$ 5.000 Prejuízo = R$ 40.000 Valor do reembolso R$ 40.000 - R$ 5.000 = R$ 35.000 (como o LMG e o valor máximo indenizável, neste caso, o valor do reembolso será igual a R$ 30.000) Valor do reembolso = R$ 30.000 2-LMG = R$ 500.000 Franquia = R$ 2.000 Prejuízo = R$ 27.000 Valor do reembolso = R$ 27.000 - R$ 2.000 = R$ 25.000 Valor do reembolso R$ 25.000 31 Participação do Segurado no Prejuízo – PSP (POS) O segurado participa, compulsoriamente, com um percentual da responsabilidade do risco (normalmente entre 5% a 20%) sobre os prejuízos apurados em cada sinistro. Geralmente, os limites monetários mínimos c/ou máximos são preestabelecidos na apólice de RCG. Exemplos Práticos: 1 - LMG = R$ 30.000,00 PSP = 15% Mínimo = R$ 500,00 Máximo = R$ 2.000,00 Prejuízo = R$ 15.000,00 Valor da PSP = R$ 15.000,00 x 15% = R$ 2.250,00 (como o valor máximo é igual a R$ 2.000,00 a PSP será de R$ 2.000,00). Valor do reembolso = R$ 15.000,00 - R$ 2.000,00 = R$ 13.000,00 2 – LMG =$ 500.000 e PSP = 10% Mínimo = R$ 1.000,00 e Máximo = R$ 4.000,00 Prejuízo = R$ 7.000,00 Valor da PSP = R$ 7.000,00 x 10% = R$700,00 (como o valor mínimo é igual a R$ 1.000,00, a PSP será de R$ 1.000,00). Valor do reembolso = R$ 7.000,00 - R$ 1.000,00 = R$ 6.000,00 Modalidades de Responsabilidade Civil. Para o Ramo de Responsabilidade Civil Geral encontramos um grande número de modalidades, com condições e cláusulas próprias, que as particularizam em razão de suas peculiaridades e propensões a riscos determinados. Podemos então citar as seguintes modalidades de seguro de RC, praticadas pelo mercado segurador: Relação de Modalidades do Seguro de Responsabilidade Civil: • Anúncios e Antenas. • Armazéns Gerais e Similares. • Auditórios. • Clubes, Agremiações e Associações Recreativas. • Condomínios, Proprietários e Locatários de Imóveis. 32 • Concessionárias ou não de Serviços de Produção e Distribuição de Gás. • Concessionárias ou não de Serviços de Produção e Distribuição de Eletricidade. • Concessionárias ou não de Serviços de Abastecimento de Água e/ou Saneamento Básico. • Concessionárias ou não de Pontes e/ou Rodovias. • Concessionárias ou não de Ferrovias. • Empregador. • Estabelecimentos Comerciais e/ou Industriais. • Estabelecimentos de Ensino. • Estabelecimentos de Hospedagem, Restaurantes, Bares e Similares. • Exposições e Feiras de Amostras. • Familiar. • Farmácias e Drogarias. • Guarda de Embarcações de Terceiros. • Guarda de Veículos de Terceiros. • Obras Civis e/ou Instalação e/ou Montagemde Equipamentos. • Operações de Carga e Descarga. • Operações de Vigilância. • Parques de Diversões, Zoológicos e Circos. • Prestações de Serviços em Locais de Terceiros. • Produtos no Exterior. • Produtos no Território Nacional. • Promoção de Eventos Artísticos, Esportivos. • Riscos Contingentes – Veículos Terrestres Motorizados. • Shopping Centers. 33 • Teleféricos e Similares. • Transporte de Passageiros em Embarcações. Comentaremos as seguintes modalidades: 1-RC – Estabelecimentos Comerciais e/ou Industriais Essa modalidade é mais conhecida no mercado brasileiro como RC – Operações e é o principal seguro para riscos comerciais e industriais do RCG. Para tanto, as coberturas oferecidas devem ser as mais abrangentes, visando dar cobertura a diversas atividades. Riscos Cobertos Considera-se risco coberto a responsabilidade civil do segurado decorrente de: • existência, uso e conservação dos imóveis especificados em contrato. Garantir a “existência, uso e conservação dos imóveis especificados em contrato”, englobando uma infinidade de situações, fatos, atos e ocorrências de responsabilidade, como: incêndios; explosões; quedas de objetos; demonstração de produtos em pontos de venda e/ou em locais de clientes; operações de vigilância; participação em feiras e exposições, desde que o evento não tenha sido promovido pelo segurado; e outras; • operações comerciais e/ou industriais do segurado, inclusive operações de carga e descarga em local de terceiros; • existência e conservação de painéis de propaganda, letreiros e anúncios pertencentes ao segurado; • eventos programados pelo segurado sem cobrança de ingressos, limitados aos seus empregados, familiares e pessoas comprovadamente convidadas; e • danos causados por mercadorias transportadas pelo segurado ou a seu mando, em local de terceiros ou em via pública, excluídos, todavia, os danos decorrentes de acidente com o veículo transportador. Riscos Excluídos Em RC – Estabelecimentos Comerciais e/ou Industriais, não estão cobertas reclamações decorrentes de: 34 • danos causados por construção, demolição, reconstrução ou alteração estrutural do imóvel, bem como qualquer tipo de obra, inclusive instalações e montagens, admitidos, porém, pequenos trabalhos de reparos destinados à manutenção do imóvel; • danos causados a/ou por embarcações de qualquer espécie; • competições e jogos de qualquer natureza, salvo convenção em contrário; e • instalações e montagens, bem como de qualquer prestação de serviço em locais ou recinto de propriedade de terceiros ou por estes controlados ou utilizados. Coberturas adicionais Temos as seguintes coberturas adicionais que podem ser aplicadas de acordo com a necessidade de cada segurado: – Circulação de equipamentos nas adjacências dos estabelecimentos; – Competição e jogos esportivos; – Objetos pessoais de empregados sob a guarda do segurado; – Danos causados por profissionais da área médica; e outras. – Poluição Súbita (é aqui admitida por se tratar de uma forma de poluição com características próprias). Para fins da cobertura de Poluição Súbita, os parâmetros adotados para limitar a cobertura desse risco são: – A ocorrência do sinistro deve acontecer durante a vigência da apólice e em data claramente identificada; – O término do sinistro não pode exceder 72 horas, contadas do início do fato gerador. Caso exceda esse prazo, é considerado evento contínuo e caracterizado como poluição gradual; e – O sinistro não pode ter se originado em depósitos, dutos e tubulações subterrâneas ou submersas e, consequentemente, expostos aos efeitos da corrosão ou qualquer outra causa externa. 2- RC – Empregador. 35 Tem por objetivo garantir o pagamento das indenizações devidas, pelo segurado aos seus empregados, em decorrência de danos corporais sofridos por eles durante o exercício de suas funções. Os danos materiais não estão cobertos. Garante a indenização correspondente à responsabilidade do segurado no evento, independentemente de pagamento pela Previdência Social e pelas prestações por acidente de trabalho previstas na Lei 8.213, de 24/07/91. O Seguro de RC – Empregador está totalmente dissociado das prestações previdenciárias relativas ao Seguro Obrigatório de Acidentes do Trabalho, do qual o empregado é beneficiário no caso de acidente. Portanto, o trabalhador, nesta situação, além de fazer jus aos benefícios da Previdência Social, tem direito à indenização do empregador sem que este benefício venha a complementar o outro. Riscos Cobertos Considera-se risco coberto a responsabilidade civil do segurado, relativa a danos corporais sofridos por seus empregados ou prepostos, quando a serviço do segurado ou durante o percurso de ida e volta do trabalho, sempre que a viagem for realizada por veículo contratado pelo segurado. Os danos corporais cobertos se restringem a danos que resultem em morte ou invalidez permanente do empregado, provenientes de acidente súbito e/ou inesperado que ocorra durante o exercício de suas funções ou durante o percurso de ida e de volta do trabalho (residência/trabalho ou trabalho/residência), desde que a viagem seja realizada por veículo contratado pelo segurado. Riscos Excluídos Em RC – Empregador, não estão cobertas, as reclamações decorrentes de: • Descumprimento de obrigações trabalhistas relativas à seguridade social, seguros de acidentes do trabalho, pagamento de salários e similares; • Danos resultantes de dolo ou culpa grave do segurado, de seus diretores, administradores e/ou sócios; • Danos relacionados à circulação de veículos licenciados, de propriedade do segurado, fora dos locais ocupados por ele; • Doença profissional, doença do trabalho ou similar (as doenças profissionais são de natureza gradual; portanto, não se enquadram na exigência do risco desta modalidade, cuja natureza é súbita); • Danos relacionados a radiações ionizantes ou energia nuclear, salvo convenção em contrário; e 36 • Ações de regresso contra o segurado, promovidas pela Previdência Social. OBS,: Não é permitida a contratação da cobertura de RC – Empregador de forma isolada. Ela deve ser complementar a outras, como, por exemplo, RC – Operações, RC – Obras Civis. 3- RC – Riscos Contingentes – Veículos Terrestres Motorizados Essa modalidade tem como objetivo proteger o segurado do risco de danos causados a terceiros por veículo que esteja eventualmente a seu serviço, mas que não seja de sua propriedade. É aplicada apenas para a proteção dos interesses do segurado, ou seja, o proprietário do veículo não pode se beneficiar desse seguro. Riscos Cobertos Considera-se risco coberto a responsabilidade civil do segurado decorrente de: • acidentes relacionados à circulação de veículos quando, comprovadamente, a serviço eventual do segurado, só se aplicando na proteção dos interesses deste e, em nenhuma hipótese, em benefício dos proprietários dos veículos em questão. Para que haja cobertura nesta modalidade, o veículo deve: • Estar a serviço eventual do
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