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Interação microrganismo-hospedeiro Cristina Viana Niero Classificação filogenética com os três domínios Microrganismos podem ser classificados em 3 domínios de acordo com suas características Diferenças básicas entre procariotos, eucariotos e vírus Capsídeo Ácido nucléico DNA/RNA Matriz Protéica Nucleocapsídeo Envelope Vírus de 0,2 a 2 µm 10 a 100 µm 0,02 a 0,3 µm Ácido Nucléico DNA/RNA Capsídeo Reservatórios de microrganismos Solo Água Ar Plantas Animais, insetos Humanos 1º. Contato com microrganismos ocorre durante o nascimento Microbiota normal Microbiota normal e hospedeiro Curiosidade: o ser humano apresenta 1013 células em seu corpo e cerca de 1014 bactérias associadas a ele (maioria residente no intestino grosso) Tortora, Funke and Case Exemplos de microrganismos da microbiota normal humana (www.anvisa.gov.br) EXEMPLOS DE TROPISMO TECIDUAL DE ALGUNS MICRORGANISMOS ASSOCIADOS AO HOMEM MICRORGANISMO TECIDO Streptococcus mutans Superfície do dente Streptococcus salivarius Superfície da língua Escherichia coli Intestino delgado Staphylococcus aureus Nasofaringe Staphylococcus epidermidis Pele Candida albicans Trato urogenital FATORES QUE ALTERAM A NATUREZA E No MICROBIOTA RESIDENTE - mudanças de temperatura, umidade, pH (ex. pele) - idade (crianças tem microbiota mais variada) - pacientes hospitalizados - tratamentos quimioterápicos - sistema imune debilitado - higiene pessoal Desvantagens da microbiota normal Potencialmente patogênica quando: • microrganismo atinge locais estéreis (ex. sangue) • sistema imune torna-se ineficaz (ex. imunodeprimido) Vantagens da microbiota normal Inibem a colonização por patógenos potencialmente patogênicos (antagonismo bacteriano) • competição de nutrientes Produzem vitaminas B e K (intestino) Estímulo antigênico que assegura o desenvolvimento do sistema imune Microrganismos e seres humanos Poucos são sempre patogênicos Muitos são potencialmente patogênicos Maioria nunca é patogênico Conceitos • Microrganismos potencialmente patogênicos • Microrganismos raramente patogênicos • Microrganismos estritamente patogênicos como considerar mo. oportunistas, potencialmente e estritamente patogênicos nos casos de: imunodepressão, cirúrgicos ?? RELAÇÃO ENTRE MICRORGANISMO E HOSPEDEIRO 1. MUTUALISMO benefício mútuo 2. COMENSALISMO E. coli - intestino um dos organismos é produção de vitaminas K, B beneficiado e o outro não é afetado ex. microbiota normal 3. PARASITISMO somente bactérias se beneficiam danos hospedeiro (Simbiose) Transmissão de microrganismos reservatório Solo 1. via direta (contato direto entre Água reservatório e hospedeiro) Ar ex. sífilis, tuberculose, Aids Plantas Animais, insetos 2. via indireta (transmitido via agente) Humanos ex. objeto cirúrgico, água contaminada, agulhas e seringas (Aids) hospedeiro BARREIRAS CONTRA A INFECÇÃO Pele Antimicrobianos locais Cílios Resposta imune do hospedeiro Fluxo secreções nas mucosas Microbiota residente Mucosa pH Estágios de interação microrganismo-hospedeiro Encontro físico entre hospedeiro e microrganismo Colonização do hospedeiro pelo mo. Entrada, invasão e disseminação do mo. Doença Colonização é a persistência de microrganismos em superfícies (pele, orofaringe, trato gastrointestinal, trato genitourinário) produtos sintéticos biofilmes A colonização por mo. pode ser classificada como comensalismo, ou seja, não causa danos. No entanto, este é o primeiro passo para desencadear infecção e doença. Encontro físico entre hospedeiro e microrganismo Colonização do hospedeiro pelo mo. Entrada, invasão e disseminação do mo. Doença O que é infecção e doença ???? Conceitos •Infecção: entrada e multiplicação de microrganismos •Doença: condição na qual a infecção por um microrganismo gera sinais e sintomas (danos ao hospedeiro) •Patogenicidade: habilidade de causar doença •Virulência: grau de patogenicidade •Fator de virulência: componente, produto ou estratégia bacteriana, que contribui para o estabelecimento de uma doença Fatores que influenciam e controlam a colonização Microrganismo Adaptação a variações do hospedeiro (co-existir com outros mo., resistência a substâncias do hospedeiro) Fatores de aderência às células do hospedeiro (proteínas de aderência, biofilmes) Motilidade Hospedeiro barreiras físicas e químicas (pele, muco e movimento ciliar, produção de lisozimas que degradam a parede bacteriana) Resposta imunológica Aderência • Para evitar remoção física e imunológica, o microrganismo deve aderir a: - superfícies celulares Ex. nos tratos respiratório, gastrointestinal e genitourinário - superfícies sólidas. Ex. dentes, válvulas cardíacas, próteses - outros microrganismos Aderência • Processo de interação específico ligante-receptor bactéria hospedeiro adesinas receptores Capacidade de ligar-se às células do hospedeiro Aderência bacteriana Adesinas são moléculas proteicas localizadas na superfície do mo. com capacidade de ligar-se especificamente às células e/ou tecidos do hospedeiro Ex. gonococo possui peptídeo nos pili bacterianos e ligam-se a receptores da célula induzindo a endocitose Aderência bacteriana ex. Escherichia coli enteropatogênica (EPEC) (intimina - adesina bacteriana presente na parede) 1. Por fatores ambientais Temperatura, Atmosfera de oxigênio, etc... 2. Por alterações genéticas Expressão varia em função do sítio do hospedeiro ou da presença no ambiente externo Pode haver expressão simultânea de múltiplas adesinas Regulação da expressão de adesinas Biofilmes são comunidades de mo. que aderem a superfícies vivas ou inanimadas Ex. placa bacteriana dentária, algas nas paredes de piscinas, fungos nas paredes de banheiros ... • Desenvolvimento Estrutural – Evento primário – adesão reversível – Adesão irreversível – Multiplicação e formação de exopolímeros – Adesão de outros mo. – Maturação do biofilme – Dispersão celular Água, cels bacterianas, polissacarídeos, proteínas ... Formação de biofilmes http://www.personal.psu.edu/faculty/j/e/jel5/biofilms/primer.html Staphylococcus sp aderido a superfície interna de cateter Alguns fatores que influenciam a formação de biofilme Fatores genotípicos genótipo do mo. expressão de genes que codificam para estrutura de superfície (adesinas) ... Fatores físico-químicos temperatura pH pressão demanda e disponibilidade de oxigênio A entrada do mo. se segue após Quebra de barreiras físicas(ex. perfuração de pele, cirurgias, queimaduras de pele) Inalação Alteração de ambiente (ex. pH do estômago) Alteração da microbiota residente facilitando a entrada de outros mo. (ex. quimioterapias, imunodepressão) Encontro físico entre hospedeiro e microrganismo Colonização do hospedeiro pelo mo. Entrada, invasão e disseminação do mo. Doença Invasão bacteriana Modo e grau variam entre diferentes espécies bacterianas Capacidade de penetrar células e/ou tecidos do hospedeiro Por que invadir ??? Certas bactérias só se multiplicam no interior de células eucarióticas ex. Rickettsia sp (intracelulares obrigatórias) Outras se multiplicam e espalham para células vizinhas para escapar das defesas do hospedeiro Ex. Shigella, Mycobacterium (intracelular facultativo) Esquema representativo de infecção de células epiteliais da parede intestinal causada por Shigella Invasinas são proteínas que ativam o maquinário do citoesqueleto celular promovendo a fagocitose do microrganismo. Mycobacterium impede a fusão entre fagossoma e lisossoma (“tryptophane aspartate-containing coat protein”) TACO Pieters, 2001 H37 H37 H37 H37 Após a entrada do mo. no hospedeiro há a necessidade de sobrevivência e multiplicação que caracteriza a infecção. A extensão e severidade da infecção depende de: - fatores do hospedeiro ex. sistema imune - fatores do mo. como por ex. fatores de virulência aderência às células (adesinas) formação de cápsula inibindo fagocitose liberação de enzimas e toxinas que danificam fagócitos inibição da fusão fagossoma-lisossoma multiplicação intracelular - número de mo. introduzidos no hospedeiro Bacillus anthracis Streptococcus pneumoniae (http://textbookofbacteriology.net/BSRP.html) Cápsula Envoltório extracelular de polissacarídeo Cápsula de polissacarídeo pode esconder as moléculas de LPS e peptideoglicano de bactérias impedindo a ativação da resposta inflamatória e conseqüentemente a fagocitose. - Outras funções: Proteção contra antibióticos Presença favorece doenças mais invasivas e persistentes FUNGO Infecção por C. neoformans Fezes de pombos Hospedeiro imunocomprometido SNC Fator de Virulência - (cápsula) Cápsula: matriz extracelular polissacarídica viscosa que serve para aderência e dificulta a fagocitose do microrganismo pelas células do sistema imune do hospedeiro. C. neoformans Tinta da china fosfolipídeos peptideoglicano lipídeo+LPS porina ac. micólico lipídeos LAM arabinogalactano (URL: http://www.uct.ac.za/depts/mmi/lsteyn/cellwall.html) Gram + Gram - micobactérias Permeabilidade Resistência a agentes físicos e químicos Algumas enzimas extracelulares bacterianas que contribuem no processo de virulência Enzima Patógeno Atividade Hialuronidase Clostridium sp degradação de ácido hialurônico (tecido) Colagenase Clostridium sp degradação da rede de colágeno Coagulase S. aureus coagulam o fibrinogênio do sangue em fibrina que protege a bactéria da fagocitose Estreptoquinase Estafiloquinase S. pyogenes S. aureus dissolvem os coágulos formados pelo organismo FUNGO Micotoxinas são produzidas pelos fungos e causam danos às células hospedeiras, são mutagênicas e carcinogênicas. Ex.: Aflatoxina: produzida por espécies do gênero Aspergillus, causam danos as células hepáticas. A produção desta toxina é induzida principalmente quando o fungo cresce sobre grãos (amendoim, feijão, milho, etc.) Milho com Aspergillus Como os vírus entram no corpo? Aerosols Injection Bite Sexual Contact Ingestion Nucleus 1. Aderência 2. Penetração 3. Desnudamento 4. Replicação 5. Montagem 6. Liberação Ciclo de replicação viral 1. Aderência 2. Penetração 3. Desnudamento 4. Replicação 5. Montagem 6. Liberação Mecanismos de patogenicidade viral evasão do sistema imune Anticorpos se ligam aos epitopos virais e impedem que os vírus penetrem nas células hospedeiras bloqueando sua replicação. Alguns vírus alteram a conformação das proteínas (epítopos) por mutações e recombinações no genoma e impedem reconhecimento dos anticorpos. ex: HIV, vírus da hepatite C… Nucleus linfócito-T citotóxico (CTL) As células hospedeiras infectadas com vírus expõem na sua superfície epítopos virais acoplados a receptores chamados MHC-1 (major histocompatibility complex-1). As células CTLs reconhecem estes receptores contendo epítopos virais e as destroem. Mecanismos de patogenicidade viral evasão do sistema imune Mas … alguns vírus, (citomegalovirus e Epstein-Barr), impedem a síntese da molécula de MHC-1 e desta forma deixam de expor seus epítopos para o reconhecimento das CTLs. Portas de saída Geralmente o mo. usa a mesma porta de entrada para saída e assim infectar outro hospedeiro. As principais portas de saída são: Trato respiratório Trato gastrointestinal Trato genitourinário Insetos, agulhas, sangue ... Um patógeno de sucesso deverá: • ser transportado para um hospedeiro • entrar no hospedeiro e evitar sua remoção • migrar para um sítio que permita seu crescimento (multiplicação) • evadir as defesas do hospedeiro e multiplicar-se nesse sítio preferencial • Eventualmente, transferir-se para novo hospedeiro e recomeçar o ciclo ** fatores de virulência específicos são requeridos em cada estágio** Patogenicidade • Processo multifatorial • Processo multidimensional eventos organizados no tempo e espaço Os processos de tratamento de esgotos, derrames de óleos, também utilizam as bactérias no processo de degradação dos resíduos orgânicos. Nas usinas de reciclagem de lixo, são utilizadas na produção de adubos. ação de bactérias e fungos Microrganismos e bem estar humano Diversity of soil mycobacterium isolates from three sites that degrade polycyclic aromatic hydrocarbons. Miller CD, Child R, Hughes JE, Benscai M, Der JP, Sims RC, Anderson AJ. J Appl Microbiol. 2007;102(6):1612-24. Use of Mycobacterium austroafricanum IFP 2012 in a MTBE-degrading bioreactor. Maciel H, Mathis H, Lopes Ferreira N, Lyew D, Guiot S, Monot F, Greer CW, Fayolle-Guichard F. J Mol Microbiol Biotechnol. 2008;15(2-3):190-8. MTBE= eter metilbutil terciário A indústria farmacêutica utiliza bactérias para a produção de antibióticos e vitaminas. A indústria química emprega as bactérias na produção de acetona, metanol, butanol e outros. Podem ser usadas na produção de alimentos (Streptococcus e Lactobacillus - na produção de iogurtes, queijos, leites fermentados e outros; Corynebacterium produz o ácido glutâmico ou glutamato monossódico, vendido comercialmente como aji-no- moto; Acetobacter transforma o vinho em vinagre). A moderna biotecnologia permitiu a modificação do material genético de algumas bactérias, fazendo com que elas passassem a produzir insulina para o tratamento da diabetes. A cirurgia plástica faz uso da toxina botulínica para atenuação de rugas. A toxina é produzida pelas bactérias da espécie Clostridium botulinum tem a capacidade de paralisar a musculatura, relaxando-a.
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