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3ª PEÇA CONTESTAÇÃO

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1 ª VARA CÍVEL DA COMARCA 
DE BELO HORIZONTE - MG 
 
 
 
 
 
Processo n.º (...) 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONDOMÍNIO DO EDIFICIO CLÓVIS BELIVÁQUA, estabelecido à (...), na cidade de 
(...), Estado (...), inscrito no CNPJ sob o nº (...), representado pela síndica, a Sra. 
Renata Vasconcelos (...), já qualificado nos autos em epígrafe, por seu advogado (...), 
OAB/MG (...), procuração anexa, com escritório estabelecido na (...), Cidade de (...), 
Estado (...), (local onde receberá as intimações), vem, respeitosamente, perante V. 
Exa., apresentar 
 
 
CONTESTAÇÃO 
 
Ao pedido inicial, ajuizado pelo Sr.CLEBER, previamente qualificado nos autos, 
mediante os seguintes termos: 
 
 
 
 
1– Das alegações do autor 
Argumenta o autor, em síntese, que, no dia XX/XX/XXXX, caminhava pela calçada da 
rua (...), na cidade de Belo Horizonte, quando, repentinamente, foi atingido na cabeça 
por um objeto cilíndrico, lançado da janela do apartamento 201 do Condomínio do 
Edifício Clóvis Beliváqua. 
Aduz, ainda, que, em decorrência do impacto ocasionado pelo objeto cilíndrico e 
denso, o autor teria desmaiado imediatamente sendo socorrido pelos socorristas do 
SAMU que passavam próximo ao local do acidente naquele momento e o levaram para 
o Hospital João XXIII, onde foi internado e submetido a cirurgia para cessar a 
hemorragia interna sofrida; permanecendo hospitalizado no local por 30 (trinta) dias. 
Após a alta hospitalar, tendo trabalhado por um período de 15 (quinze) dias, sentiu-se 
mal e voltou ao Hospital João XXIII onde foi constatada a necessidade da realização 
de nova cirurgia para retirada de uma gaze cirúrgica deixada no seu crânio quando da 
primeira cirurgia; permanecendo no hospital sob cuidados médicos pelo período de mais 
30 (trinta) dias. 
O autor alega que sendo motorista de aplicativo esta é a sua única fonte de renda e 
de sobrevivência, e, quando de sua primeira internação, que durou 30 (trinta) dias, 
sofreu prejuízo de R$15.000,00 (quinze mil reais), estando afastado do seu trabalho. 
Acrescenta o autor, ademais, que, durante o período da segunda internação, que 
durou mais 30 (trinta) dias, suportou prejuízo cessante no importe de mais 
R$15.000,00 (quinze mil reais). 
Ante o exposto, o autor requer a reparação pelos danos sofridos, alegando que a 
integralidade destes é consequência da queda do objeto cilíndrico do condomínio, na 
cifra de R$30.000,00 (trinta mil reais), a título de lucros cessantes, e, ainda, 30 (trinta) 
salários mínimos a título de danos morais, pela suposta violação de sua integridade 
física. 
2 – Da preliminar de ilegitimidade passiva 
 
Antes de proceder à escorreita impugnação aos argumentos meritórios da presente 
demanda, cumpre-nos suscitar, preliminarmente, a incapacidade do réu para figurar 
no polo passivo da ação. 
Isso porque, o ato ilícito sob o qual se funda a demanda é a queda de um objeto 
cilíndrico denso de um dos apartamentos deste condomínio ora administrado pelo réu, 
objeto que, por infortúnio, teria atingido a cabeça do autor, razão pela qual este 
pretende obter, contra o réu, reparação civil por tal ato ilícito. 
Todavia, o direito de pleitear tal reparação, como sabido, deve ser exercido contra o 
habitante do prédio - ou parte dele - do qual caia ou seja lançada coisa em lugar 
indevido, e não contra o proprietário deste, ou, sequer, contra o condomínio que 
administre o referido prédio. 
A percepção é expressada no Código Civil: 
 
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica 
obrigado a repará-lo. 
 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, 
nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo 
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
 Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente 
das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido”. 
Dessa forma, vê-se prejudicada a presente demanda quanto ao réu, em razão de 
ilegitimidade passiva conforme se alude, 
Art. 337, XI/CPC: 
“ Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: 
 - ausência de legitimidade ou de interesse processual”; 
 
razão pela qual o réu, de antemão, em cumprimento ao art. 339 do CPC: 
“Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação 
jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas 
processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação”, 
 
pleiteia sua substituição do polo passivo da lide por: 
 
 
 
“FULANO DE TAL, portador da C.I nº (...), CPF nº (...) nascido no dia XX/XX/XXXX, 
na cidade de Belo Horizonte/MG, residente e domiciliado na (...), nº. (...), Bairro (...), 
apartamento nº. 201, CEP (...), Email, em Belo Horizonte/MG, o qual, conforme cópia 
documental em anexo, é o legítimo possuidor do apartamento do qual caiu ou foi 
lançado o objeto cilíndrico e denso que teria atingido o autor e lhe causado danos 
materiais e morais. 
 
3 – Do mérito 
 
Alude à cerca do princípio da eventualidade, conforme reza o (art. 335, caput), caso 
não seja acolhida a preliminar de ilegitimidade passiva acima, o réu passa à 
impugnação do mérito da demanda e à exposição das razões de fato e de direito com 
que impugna os pedidos pretendidos pelo autor. 
 
3.1 – Da impugnação ao pedido de indenização material por lucro 
cessante 
 
Como relatado, argumentou o requerente que, após a alta da internação da primeira 
cirurgia, retomou sua função como motorista. Contudo, como narrou, vinte dias após 
seu retorno às atividades laborais, sentindo-se mal, voltou ao hospital, onde, então, 
foi constatada a necessidade de realização de uma segunda cirurgia, em decorrência 
de uma infecção no crânio causada por uma gaze cirúrgica deixada no seu corpo por 
ocasião da primeira cirurgia. 
Requereu, em virtude do lucro cessante do primeiro período em que ficou internado 
(cuja internação se deu em razão da queda do objeto cilíndrico denso), R$15.000,00 
(quinze mil reais), e, pelo segundo período de internação o acréscimo na quantia no 
valor de mais R$15.000,00 (quinze mil reais), a títulos de danos materiais. 
Contudo, cumpre-nos anotar que não incumbe ao réu ressarcir o autor pelo prejuízo 
sofrido pelo réu quando da segunda internação, porquanto essa segunda internação 
foi necessária, tão somente, em virtude de erro médico hospitalar cometido no primeiro 
período em que o autor ficou internado. 
Logo, incumbiria ao autor pretender do estabelecimento hospitalar que o atendeu a 
reparação por tal ato ilícito, e não do réu, o qual não concorreu de maneira dolosa, 
culposa ou sequer objetiva pelo agravamento dos danos sofridos pelo autor, não 
havendo falar, pois, em nexo causal do ilícito quanto ao réu, mas sim quanto ao médico 
que o operou, respondendo, este, objetivamente pelo dano que causou. 
Nesse sentido entende-se: 
“INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS E MATERIAIS. ERRO MÉDICO (...) 
ESQUECIMENTO DE COMPRESSA DE GAZE (...) RESPONSABILIDADE 
OBJETIVA. NEXO CAUSAL (...) Os conflitos entre hospital e paciente devem ser 
examinados sob a égide da responsabilidade civil objetiva, sendo que para o 
reconhecimento do dever de indenizar do hospital é necessário verificar a existência 
do dano e do nexo causal entre o procedimento realizado pelos médicos e o dano 
sofrido pelo paciente, independente da demonstração de culpa do hospital”. 
3.2 – Da impugnação aos valores de dano material 
 
Ademais, sem prejuízo do acolhimento da impugnação acima, o réu também impugna 
todos os valores pretendidos pelo autor a título de danos materiais. É que, em que 
pese as alegações do autor, não restou comprovado que este, nos períodos em que 
ficou internado, sofreu prejuízo na impossibilidadede cumprir com seu trabalho no 
importe de R$30.000,00. 
Assim, inexistindo nos autos prova do lucro cessante oriundo do dano sofrido, 
demonstra-se inviável a concessão do exorbitante montante de R$30.000,00, 
originalmente pretendido pelo autor a título de reparação material, sob pena de 
enriquecimento ilícito. 
3.3 – Da impugnação ao dano moral 
 
Por fim, também sem prejuízo da impugnação ao pedido de dano material, bem como 
da impugnação ao valor deste, convém, na ocasião, impugnar, igualmente, o dano 
moral supostamente sofrido pelo autor. 
 
3.4 – Da impugnação ao valor do dano moral 
 
Caso este juízo acolha a pretensão de dano moral do autor, impõe-se a minoração do 
valor do referido dano para 20% (diminuição de trinta salários mínimos para dez 
salários mínimos), porque pleiteado originalmente em quantum excessivamente 
oneroso, distante da realidade, o que produziria enriquecimento ilícito, vedado no 
direito brasileiro. 
Nessa ótica é o magistério de Fábio Ulhoa Coelho: 
“(...) Enriquecimento sem causa é a vantagem patrimonial auferida por um sujeito de 
direito sem fundamento jurídico (...) A coibição do enriquecimento sem causa não é 
uma questão moral. Ao contrário, ela deve ser feita com vistas à adequada distribuição 
de riquezas e recursos em sociedade (...) (COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito 
civil, volume 2: obrigações: responsabilidade civil – 5. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2012, 
versão digital, pp. 497/498) ”. 
5 – Dos pedidos 
Ante o exposto, requer: 
1- Preliminarmente, o reconhecimento de ausência de legitimidade passiva, com a 
conseguinte substituição do polo passivo por Fulano de Tal, qualificação supra, e 
declaração da extinção do processo quanto ao réu Condomínio do Edifício Clóvis 
Beliváqua; 
2- No mérito, o julgamento improcedente do pedido, quanto ao pagamento de dano 
material e dano moral, porquanto não comprovados, condenando o autor ao 
pagamento das custas processuais e honorários advocatícios sucumbenciais, ou, 
sucessivamente: 
3- Caso não seja indeferido o dano material, requer seja apurado apenas com base 
no lucro cessante por 15 (quinze) dias e inatividade do autor, e não com base em 30 
(trinta) dias, requerendo, também, a minoração do dano material, correspondente à 
média ponderada entre o valor mínimo e máximo da remuneração mensal exposta 
pelo autor, persistindo no indeferimento do dano moral; 
 
Protesta por todos os meios de direito admitidos para comprovar os fatos alegados, 
especialmente prova documental, testemunhal e depoimento pessoal das partes. 
 
Atribui-se à causa o valor R$ XXX, para fins de alçada, nos moldes do art. 292, III do 
CPC/2015. 
 
Pretende o autor participar de eventual audiência de conciliação/mediação porventura 
designada por V. Exa. 
 
Nestes termos, pede deferimento. 
 
Belo Horizonte, xx/xx/xxxx. 
ADVOGADO 
OAB/MG (...)

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