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mera conduta (só conduta), o fato típico é formado apenas pela conduta e pela tipicidade (não temos resultado e, consequentemen- te, não precisamos da ligação entre conduta e resultado). Exercício 22. (FCC – 2013 – TJ/PE – Titular de Serviços de Notas e de Registros) São ele- mentos objetivos da relação de tipicidade: a) A conduta, o resultado e a relação de causalidade. b) A antijuridicidade e a culpabilidade. c) As circunstâncias do fato. d) O dolo e a culpa. e) A imputabilidade e o juízo de reprovação. 9. Conduta e Resultado – Principais Teorias A respeito da conduta, duas são as principais teorias que a explicam. A teoria causalista ou naturalística (Liszt Beling) entende a conduta como comportamento humano voluntário que produz uma modificação no mundo ex- terior. Para esta teoria, o dolo e a culpa estão na culpabilidade. Não há elemento intelectivo dentro da conduta. O crime, aqui, tem duas par- tes: uma objetiva e uma subjetiva, e o dolo e a culpa estão nesta parte subjetiva, ou seja, na culpabilidade. A teoria finalista (Welzel) entende a conduta como comportamento humano, voluntário e consciente, dirigido a uma determinada finalidade. O dolo e a culpa deslocam-se da culpabilidade para dentro do tipo. A conduta aqui é voluntária, ou seja, dolosa ou culposa, e é, por isso, que se diz que o dolo e a culpa vêm para dentro da conduta. A respeito do resultado, temos uma primeira teoria, a jurídica ou normativa: resultado é a lesão ou exposição a risco do bem jurídico protegido pelo direito penal. Todos os crimes têm resultado jurídico ou normativo. Direito Penal 29 A outra teoria, a naturalística, explica o resultado material ou naturalístico: é a efetiva modificação do mundo exterior. Há crimes sem resultado naturalístico. Exercício 23. (PC-MG – 2011 – Delegado de Polícia) De acordo com a teoria finalista, a ação é o comportamento humano voluntário, dirigido à atividade final lícita ou ilícita. 10. Nexo Causal Em face de uma conduta praticada pelo agente, produz-se um resultado. Se o resultado é derivado da conduta, temos o nexo causal. No art. 13 do Código Penal, temos a seguinte norma: o resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Con- sidera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Adota-se, na segunda parte deste dispositivo, a teoria da equivalência dos antecedentes causais, ou teoria da conditio sine qua non. Para esta teoria, causa é todo fato humano sem o qual o resultado não teria ocorrido como ocorreu. A teoria da conditio sine qua non é muito rigorosa e, por isso, ela sofre alguns limites. O limite encontra-se também na lei: “§ 1º A superveniência de causa relativamente independente exclui a impu- tação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.” Temos neste dispositivo concausas que por si só produzem o resultado, e o agente responde apenas pela tentativa. Todavia, cuidado com o caso da infecção hospitalar: esta não produz o resul- tado por si só. É previsível que um hospital seja foco de infecções. É previsível que, indo para o hospital, a vítima seja atingida por uma infecção hospitalar. Neste caso, o agente responde por homicídio consumado. Exercício 24. (FGV – OAB 2013.1) João, com intenção de matar, efetua vários disparos de arma de fogo contra Antônio, seu desafeto. Ferido, Antônio é internado em um hospital, no qual vem a falecer, não em razão dos ferimentos, mas queimado em um incêndio que destrói a enfermaria em que se encontrava. Direito Penal30 Assinale a alternativa que indica o crime pelo qual João será responsabilizado. a) Homicídio consumado. b) Homicídio tentado. c) Lesão corporal. d) Lesão corporal seguida de morte. 11. Imputação Objetiva Fato típico é composto por conduta, resultado, nexo causal e tipicidade. A conduta possui principalmente duas teorias: causalismo e finalismo. O resultado vem explicado pela teoria normativa e naturalística. Sobre o nexo causal, adota-se a teoria da equivalência dos antecedentes causais. A teoria da equivalência dos antecedentes é rigorosa; permite o regresso ao infinito. O adultério foi revogado em 2005 pela Lei nº 11.106. Se fosse aplicada a equi- valência dos antecedentes, no caso do adultério, chegaria a punir o lenhador que cortou a árvore cuja madeira foi feita a cama em que o casal cometeu o adultério. Por isso, esse rigor deve ser limitado. O primeiro limitador é o § 1º do art. 13, nas causas supervenientes relativa- mente independentes, que por si só produzem o resultado. Havia necessidade de criar critérios objetivos de imputação. Se esses critérios objetivos não estiverem presentes, não se chegará à análise do dolo. O Código Penal manda punir, pois é causa. Por isso, há outro freio, porque, por vezes, o dolo somente é insuficiente. Teoria da Imputação Objetiva – Requisitos: 1. criação ou incremento de um risco não permitido para o objeto da ação. Cria-se um risco proibido ou aumenta-se esse risco proibido. Se o risco for diminuído, não poderá o agente ser punido; 2. o risco se realiza no resultado concreto; 3. o resultado se encontra dentro do alcance do tipo. No caso do avião, há um exemplo claro do resultado fora do tipo. Se permitisse a punição de quem entregou a passagem, poderia punir também a pessoa que chama o bombeiro por estar o prédio pegando fogo e esse bombeiro vem a falecer. Hipóteses de exclusão da imputação objetiva: – risco permitido; – risco tolerado; Direito Penal 31 – diminuição do risco; – resultado jurídico encontra-se fora do âmbito de proteção da norma. 12. Dolo A teoria que explica o nexo de causalidade é a teoria da equivalência dos ante- cedentes. Um dos limitadores dessa teoria é o § 1º do art. 13. Outro limitador é a teoria da imputação objetiva. O terceiro limitador é a imputação subjetiva, o que está dentro da cabeça do réu. Teorias do dolo: a) teoria da representação: exige apenas a previsão do resultado; b) teoria da vontade: exige tanto a previsão quanto a vontade de produzir o resultado; c) teoria do consentimento: há dolo quando o agente quer ou assume o risco de produzir o resultado. Dolo não é só consciência, é também vontade. A teoria da representação confunde o dolo com a culpa consciente. No Brasil, adota-se a teoria da vontade complementada com a teoria do con- sentimento. Código Penal, art. 18, I: Diz-se o crime doloso: – quando o agente quis o resultado (teoria da vontade); – quando o agente assumiu o risco de produzi-lo (teoria do consentimento). Dolo direto: – dolo direto de primeiro grau: o fim é diretamente pretendido pelo agente; – dolo direto de segundo grau: o resultado é obtido como consequência necessária à produção do fim. Dolo de consequências necessárias: Ex.: matador de aluguel vai explodir o avião para matar um alvo. Uma das dez pessoas é o alvo, então, o matador coloca uma bomba no avião. Em relação ao alvo, cometeu o agente dolo direto de primeiro grau. Em relação às demais pessoas, cometeu dolo direto de segundo grau. Diferente do dolo eventual em que o agente não quer o resultado, no dolo direto de segundo grau, ele quer a morte das outras pessoas, porque precisa ex- plodir o avião e matar seu alvo. Direito Penal32 Dolo indireto: – dolo alternativo: o agente deseja, com igual intensidade, a produção de um ou de outro resultado; – dolo eventual: o agente não quer o resultado, mas o prevê e o aceita como possível, assumindo o risco que ele ocorra. 13. Culpa No art. 18, adotam-se duas teorias: teoria da vontade e teoria do consentimento. No dolo direto de primeiro grau, o fim é diretamente desejado pelo agente. No dolo direto de segundo grau, de consequências