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Silvio Lima IED 2 Sem. Direito T-DN Prof. Frederico C. D. Tomé UNIC SGA - Seção 2.2 - Norma jurídica: validade, eficácia, exigência e força SGA – SITUAÇÃO GERADORA DE APRENDIZAGEM Na Seção 2.1 entendemos o conceito de norma e abordamos, com especial atenção, as noções de norma jurídica, elencamos suas características elementares e tratamos dos principais critérios para suas classificações. Agora que já sabemos o que é uma norma jurídica e absorvemos as informações introdutórias, questões importantes nos serão apresentadas, pertinentes à validade das normas, seja temporal, seja espacial. Antes de começarmos, vamos recapitular nossa SGA. Você se recorda dela, correto? No início da unidade, expusemos o problema da epidemia de patologias (dengue, febre chikungunya e febre causada pelo zika vírus) transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, que, por sua vez, se reproduz e prolifera em águas paradas. Na tentativa de combate às patologias mencionadas, é apresentado, à Câmara de Vereadores do Município de Londrina-PR, projeto de lei que visa impor multa àqueles que mantiverem, em locais sob seu domínio, focos do mosquito Aedes aegypti. A partir de nossa SGA, pensemos na seguinte situação-problema (SP): o projeto de lei em comento segue todos os trâmites legais e é aprovado. Tem seu texto publicado no Diário Oficial, sem que haja qualquer menção ao momento a partir do qual a norma passará a vigorar. No dia seguinte à publicação no Diário Oficial, dada a gravidade da situação e em razão do aumento vertiginoso do número de casos confirmados e suspeitos das doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti, a administração pública municipal orienta que os agentes de saúde intensifiquem a fiscalização dos locais e, havendo focos do mosquito, procedam à aplicação da multa prevista. Nesse mesmo dia, ou seja, no dia seguinte à publicação da Lei no Diário Oficial, a casa de Maria é vistoriada pelos agentes de saúde e, lá, são encontrados diversos focos do mosquito Aedes aegypti. Em razão disso, ato contínuo, os agentes de saúde multam Maria, que, revoltada e alegando não ter condições de pagar o valor da multa, procura seu escritório para perguntar se algo pode ser feito, para que ela seja liberada daquele pagamento. SR’s – Situações da Realidade profissional Cumpre a você, advogado procurado por Maria, tomando por base a data da publicação da lei no Diário Oficial e a data da aplicação da multa (autuação), verificar se a aplicação da multa está correta ou não. O primeiro dado relevante é o fato de a lei ser omissa quanto à data de sua entrada em vigor. A lei não estabeleceu expressamente se haveria vacatio legis e qual sua duração. Nesses casos, deve-se aplicar a vacatio legis prevista no art. 1º da LINDB, que determina que a lei passará a vigorar 45 (quarenta e cinco) dias após sua publicação. No exemplo, Maria fora autuada e multada no dia seguinte à publicação da lei, quando esta ainda não se encontrava em vigor. Não era a norma vigente temporalmente. Ante a ausência de vigência da lei, Maria não poderia ser multada, estando incorreta a aplicação da referida multa, o que você, na condição de advogado, teria de informar a ela. Se a intenção do legislador, dada a gravidade e urgência imposta pela necessidade de combate ao mosquito Aedes aegypti, era de que a lei entrasse prontamente em vigor, deveria ter, expressamente, previsto que tal lei entraria em vigor na data da publicação. Se o tivesse feito, a aplicação de multa a Maria estaria correta. Silvio Lima IED 2 Sem. Direito T-DN Prof. Frederico C. D. Tomé UNIC Validade, Vigência e Eficácia da Norma Jurídica https://www.youtube.com/watch?v=OXa2gzslfPE Lei de Introdução - Aula 03 - Revogação da Lei - Art. 2º Decreto-lei 4657/42 https://www.youtube.com/watch?v=t7_uHDESHFs&feature=youtu.be Art. 112. O CONTRAN regulamentará os materiais e equipamentos que devam fazer parte do conjunto de primeiros socorros, de porte obrigatório para os veículos. (Revogado pela Lei nº 9.792, de 1999) Resolução CONTRAN nº 42 de 21/05/1998 Dispõe sobre os equipamentos e materiais de primeiros socorros de porte obrigatório nos veículos a que se refere o artigo 112 do Código de Trânsito Brasileiro. O Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, usando da competência que lhe confere o Art. 12 inciso I, da Lei 9.503 de 23 de setembro de 1997, que instituiu o Código de Trânsito Brasileiro - CTB, e conforme Decreto nº 2.327, de 23 de setembro de 1997, que dispõe sobre a coordenação do Sistema Nacional de Trânsito, resolve Art. 1º. Os materiais e equipamentos de primeiros socorros de porte obrigatório nos veículos são os seguintes: I - dois rolos de ataduras de crepe; II - um rolo pequeno de esparadrapo; III - dois pacotes de gaze; IV - uma bandagem de tecido de algodão do tipo bandagem triangular; V - dois pares de luvas de procedimento; VI - uma tesoura de ponta romba. Parágrafo único. Os materiais e equipamentos constantes deste artigo deverão ser acondicionados em um mesmo local e de fácil acesso. Art. 2º. Os materiais e equipamentos poderão ser adquiridos em qualquer estabelecimento comercial, sem padronização de marcas ou modelos. Parágrafo único. Nenhum produto perecível ou com prazo de validade deverá fazer parte deste quite materiais. Art. 3º. As montadoras, encarroçadoras, os importadores e fabricantes, ao comerciarem veículos automotores produzidos a partir de 1º de janeiro de 1999, serão obrigados a fornecer, no ato da comercialização do respectivo veículo, os materiais e equipamentos a que se refere o artigo 1º. Art. 4º. Esta Resolução entra em vigor a partir de 1º de janeiro de 1999. Obrigatoriedade de se ter kits de primeiros socorros nos veículos, instituída em 1997 (art. 112 do código de trânsito Brasileiro), regulamenta em 1998 pelo CONTRAN e revogada no ano seguinte. Silvio Lima IED 2 Sem. Direito T-DN Prof. Frederico C. D. Tomé UNIC SP’s – Situação problemas 2. Elenquem vantagens e desvantagens decorrentes de vigência tão breve da norma, se consideram que a norma teve eficácia ou não, não deixando de ressaltar que a edição de normas de forma irrefletidas pode onerar os obrigados de forma desnecessária. Essa resolução entrou em vigor em janeiro de 1999, e quem não portasse o kit seria multado. Os motoristas correram às compras, as lojas lucraram muito, as indústrias que fabricavam o kit "riram até o canto da boca": lucros garantidos! A defesa era a de melhorar o socorro às vítimas de acidentes, era uma causa "nobre", diziam os senhores que assinaram a resolução acima. Motoristas foram multados, pouco tempo passou, e as regras valeram mesmo de janeiro a abril de 1999, pois surgiu uma nova lei mudando tudo. Exercícios 2.2 Norma jurídica: validade, eficácia, exigência e força 1. A vigência da norma jurídica é um dos temas mais importantes do direito civil, que se relaciona com diversos outros campos do conhecimento jurídico. Dentre as alternativas abaixo, selecione a alternativa incorreta: a) Vigência e validade nem sempre são expressões sinônimas, já que há validade no plano fático também. b) A vigência da norma jurídica não é condicionada a um mínimo de eficácia (isto é, o fato real de ela ser efetivamente aplicada e observada). c) Uma norma jurídica que nunca e em parte alguma é aplicada e respeitada não será considerada como norma válida no plano fático (eficaz). d) A referência da norma ao espaço e ao tempo é o domínio da vigência espacial e temporal da norma. e) A norma permanente será válida até que outra posterior a modifique ou revogue. B) Resposta correta! Comentário: Para Hans Kelsen, referenciado por Maria Helena Diniz, para que anorma seja vigente, ela deve ser minimamente eficaz, sob pena de cair em desuso. 2. No caso de publicação para corrigir texto de lei publicado com incorreção: a) Não haverá novo prazo de vacatio legis depois da nova publicação, se ocorrer antes de a lei ter entrado em vigor. b) Tratando-se de lei já em vigor, as correções consideram-se lei nova. c) Não se considerarão lei nova as correções, tenha ou não já entrado em vigor o texto incorreto. Silvio Lima IED 2 Sem. Direito T-DN Prof. Frederico C. D. Tomé UNIC d) Deverá, necessariamente, ser estabelecido um prazo para sua nova entrada em vigor, mesmo que não se disciplinem as relações jurídicas estabelecidas antes da nova publicação. e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta. B) Resposta correta! Comentário: De acordo com o art. 1º, § 4º, da LINDB, as correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. 3. “Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência”. Esse enunciado é: a) verdadeiro e caracteriza ab-rogação legal. b) verdadeiro e caracteriza o princípio da irretroatividade legal. c) falso e caracteriza a vacância legal. d) falso e configura a derrogação legal. e) verdadeiro e configura a regra sobre repristinação legal. E) Resposta correta! Comentário: Repristinar é fazer com que a norma que fora revogada entre, novamente, em vigor, em razão da revogação daquela que, anteriormente a revogou. Não há repristinação automática, nos termos do art. 2º, § 3º, da LINDB. Mais exercícios 2.2 – Questões não passadas em sala. Norma jurídica: validade, eficácia, exigência e força Salvo disposição em contrário, o período de vacatio legis será de: Escolha uma: a. Um ano. b. Um mês. c. 90 dias. d. 45 dias. Correto Assinale a alternativa correta acerca da vacatio legis. Escolha uma: a. É aspecto relacionado, concomitantemente, à vigência e à eficácia da norma, já que torna a norma vigente e eficaz. b. É aspecto relacionado à validade fática da norma, pois, após a vacatio legis, a norma passa a existir no mundo dos fatos. c. Nenhuma das alternativas anteriores está correta. d. É aspecto relacionado à vigência da norma e consiste no ínterim compreendido entre sua publicação e a data em que se torna de cumprimento obrigatório. Correto e. É aspecto relacionado à eficácia da norma e determina quando a norma produz Silvio Lima IED 2 Sem. Direito T-DN Prof. Frederico C. D. Tomé UNIC Sobre a revogação, assinale a alternativa incorreta: Escolha uma: a. Lei posterior pode revogar a lei anterior. Correto b. A revogação de uma lei não devolve efeitos à lei anterior, por aquela revogada. c. A revogação pode se dar de maneira tácita ou expressa. d. Lei posterior sempre revoga a lei anterior. e. A revogação da norma pode ser total (ab-rogação) ou parcial (derrogação). (FCC – TRT-1ª Região – Magistratura do Trabalho – adaptada). “Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência”. Este enunciado é: Escolha uma: a. verdadeiro e caracteriza ab-rogação legal. b. falso e caracteriza a vacância legal. c. verdadeiro e caracteriza o princípio da irretroatividade legal. d. falso e configura a derrogação legal. e. verdadeiro e configura a regra sobre repristinação legal. Correto (ESPP – 2012 – TRT-9ª Região – Magistratura do Trabalho – adaptada) A vigência da norma jurídica é um dos temas mais importantes do direito civil, que se relaciona com diversos outros campos do conhecimento jurídico. Dentre as alternativas abaixo, selecione a alternativa incorreta: Escolha uma: a. Uma norma jurídica que nunca e em parte alguma é aplicada e respeitada não será considerada como norma válida no plano fático (eficaz). b. Vigência e validade nem sempre são expressões sinônimas, já que há validade no plano fático também. c. A norma permanente será válida até que outra posterior a modifique ou revogue. d. A vigência da norma jurídica não é condicionada a um mínimo de eficácia (isto é, o fato real de ela ser efetivamente aplicada e observada). Correto e. A referência da norma ao espaço e ao tempo é o domínio da vigência espacial e temporal da norma. (FCC - TJ/PE – Magistratura Estadual - adaptada) No caso de publicação para corrigir texto de lei publicado com incorreção: Escolha uma: a. nenhuma das alternativas anteriores está correta. b. tratando-se de lei já em vigor, as correções consideram-se lei nova. Correto Silvio Lima IED 2 Sem. Direito T-DN Prof. Frederico C. D. Tomé UNIC c. não se considerarão lei nova as correções, tenha ou não já entrado em vigor o texto incorreto. d. deverá, necessariamente, ser estabelecido um prazo para sua nova entrada em vigor, mesmo que não se disciplinem as relações jurídicas estabelecidas antes da nova publicação. e. não haverá novo prazo de vacatio legis depois da nova publicação, se ocorrer antes de a lei ter entrado em vigor.
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