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Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro e seus Princípios

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Material transcrito e atualizado por Roberta Nienkoetter
 1 
 
CURSO REGULAR PGE/PGM 
DIREITO CIVIL 
 
SUMÁRIO 
 
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB......................................................................2 
Princípios Norteadores do Direito Civil...................................................................................................35 
Pessoas Naturais......................................................................................................................................40 
Direitos da Personalidade.......................................................................................................................62 
Bens.......................................................................................................................................................109 
Domicílio................................................................................................................................................127 
Pessoa Jurídica.......................................................................................................................................135 
Fato Jurídico. Negócio Jurídico..............................................................................................................154 
Prescrição e Decadência........................................................................................................................201 
Direito das Obrigações..........................................................................................................................215 
Contratos...............................................................................................................................................286 
Direito das Coisas..................................................................................................................................341 
Direitos de Vizinhança...........................................................................................................................445 
Direitos Reais de Garantia.....................................................................................................................462 
Condomínio...........................................................................................................................................467 
Responsabilidade Civil...........................................................................................................................490 
Direito das Famílias...............................................................................................................................541 
Direito das Sucessões...........................................................................................................................663 
 
 
 
 
 
 Material transcrito e atualizado por Roberta Nienkoetter
 2 
 
 
1. LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO (LINDB) 
 
A LINDB foi incorporada em nosso ordenamento jurídico brasileiro através do Decreto-Lei n° 
4.657/42, e tem por finalidade, em seus 19 artigos, trabalhar com as normas introdutórias. No 
entanto, recentemente, em abril de 2018, essa Lei sofreu alteração legislativa e passou a prever, a 
partir de seu Art. 20, novas normas, especificadamente sobre segurança jurídica na administração. 
Os dispositivos acrescentados não versam sobre questões introdutórias tratadas na Lei de 
Introdução, mas, por terem sido incluídas no ordenamento jurídico, devem ser estudadas/analisadas 
nesta oportunidade. Trata-se de questões mais profundamente trabalhadas no campo do direito 
administrativo. Além disso, esses dispositivos em nada interferem no conteúdo da LINDB que estão 
previstos nos artigos 1º ao 19. 
A LINDB, muito embora se fale em uma Lei de Introdução, entrou no ordenamento jurídico 
através de um Decreto-Lei, que possui status de lei ordinária. Sua incorporação ao ordenamento 
jurídico brasileiro foi influenciada pelo ordenamento jurídico Francês, notadamente, pelo Código 
Napoleônico, onde já havia previsão, em 1804, de uma Lei de Introdução às Normas Gerais. 
Em 1942 a LINDB foi inserida ao ordenamento pátrio com o nome de “Lei de Introdução ao 
Código Civil”. Não obstante, no ano de 2010, a Lei n° 12.376/2010 promoveu uma alteração formal 
no que tange à sua nomenclatura: não houve alteração de seu conteúdo, mas passou a denominar-
se de “Lei de Introdução as Normas do Direito Brasileiro”. 
Em verdade, a Lei de Introdução nunca referiu-se com exclusividade ao direito civil, bem 
como não faz parte dessa disciplina. As normas da LINDB também incidem sobre as demais leis. 
Assim, elas são conhecidas como: normas de sobredireito; leis das leis; normas das normas; normas 
de apoio; lex legum. 
Desse forma, extrai-se que a LINDB é aplicável a todo o ordenamento jurídico, incidente, por 
exemplo, sobre o direito administrativo, processo civil, processo penal, direito penal, direito 
tributário, direito previdenciário, direito do trabalho e processo do trabalho. 
Ato contínuo, tem-se que as leis de introdução estabelecem regras gerais, sem, contudo, 
excluir peculiaridades/especificidades de cada ramo do direito, como, naquilo que for regulado de 
forma diferente na legislação específica. Ex.: A analogia, os costumes e os princípios gerais do direito 
 
 
 
 Material transcrito e atualizado por Roberta Nienkoetter
 3 
 
aos casos omissos (art. 4º) aplica-se a todo o ordenamento jurídico, exceto ao direito penal e ao 
direito tributário, que contêm normas específicas a esse respeito. 
No direito penal, admite-se a analogia somente in bonam partem. O Código Tributário 
Nacional, admite a analogia como critério de hermenêutica, com a ressalva de que não poderá 
resultar na exigência de tributo não previsto em lei (art. 108, § 1º). 
Além disso, a LINDB ainda dispõe sobre o início e o fim de uma norma, regras interpretativas, 
sobre eficácia normativa, vigor das normas, integração normativa, e, ainda, questões de direito 
internacional e segurança jurídica. 
Indaga-se: Como pode uma Lei de 1942 ser nominada de Lei de Introdução ao Código Civil, 
se o próprio Código Civil revogado é anterior, de 1916? 
Assim ocorre, porque a LINDB nunca foi uma Lei de Introdução, bem como não era novidade 
do nosso ordenamento jurídico. A LINDB é assim chamada porque suas características se 
encontravam em outros ordenamentos. A partir dessa noção e sob a influência do direito Francês, 
nasceu a ideia de Lei de Introdução para o Brasil, vejamos: 
 
• Projeto de Teixeira de Freitas em 1858, com a consolidação das leis civis e um título 
preliminar. 
• Projeto de Código Civil de Coelho Rodrigues em 1890, com a redação de uma lei preliminar. 
• Projeto ao Código Civil, de Clóvis Bevilaqua, em 1916 e as disposições gerais tornaram-se 
uma lei de introdução. 
 
Conceito de LINDB: “É um conjunto de regras e princípios que visam regular aspectos 
referentes à interpretação, aplicação, vigência, revogação, direito transitório e direito internacional 
privado.” 
Para Carlos Roberto Gonçalves: “Trata-se de legislação anexa ao Código Civil, mas autônoma, 
dele não fazendo parte. Embora se destine a facilitar a sua aplicação, tem caráter universal, 
aplicando-se a todos os ramos do direito.” 
Segundo Wilson de Souza Campos Batalha: “Trata-se de um conjunto de normas sobre 
normas.” 
 
 
 
 Materialtranscrito e atualizado por Roberta Nienkoetter
 4 
 
A LINDB é um código de normas totalmente autônomo. 
 
Cobrado em prova: 
CESPE: A LINDB é considerada uma lex legum, ou seja, uma norma de sobredireito → Verdadeiro 
CESPE: “Em 2010 houve uma alteração meramente formal da nomenclatura da LINDB” → 
Verdadeiro, pois não houve alteração do seu conteúdo. 
 
A LINDB trata dos seguintes assuntos: 
• Vigência das leis sob o aspecto temporal (início e tempo de obrigatoriedade); 
• Vigência das leis sob o aspecto espacial (territorialidade); 
• Garantia da eficácia da ordem jurídica (não se admite a ignorância de lei vigente/ não se pode 
alegar que não conhece o direito); 
• Critérios de interpretação das normas (hermenêutica); 
• Fontes e integração das normas (quando houver lacunas na lei); 
• Direito intertemporal; 
• Direito internacional (competência judiciária brasileira, prova de fatos ocorridos no 
estrangeiro, eficácia de tratados e convenções assinadas pelo Brasil, execução de 
sentença proferida no exterior, atos praticados pelas autoridades consulares brasileiras no 
exterior, etc.); 
• Questões relacionadas a segurança jurídica da Administração Pública, tanto no campo das 
decisões judiciais (relacionados à atos administrativos), como no campo da controladoria 
(decisões proferidas pelos Tribunais de Contas), e também na seara do direito administrativo 
em si, através de decisões tomados pelos gestores e administradores no desempenho de 
suas funções. 
 Os dispositivos inseridos no código trazem aspectos de interpretação da tomada de decisões 
dos gestores; aspectos sobre invalidades dos atos administrativos; interpretação feita pelos 
gestores em relação a determinada norma, considerando o tempo em que ela foi decidida; 
uma ponderação, uma prognose dos impactos que uma referida decisão pode causar, o que 
 
 
 
 Material transcrito e atualizado por Roberta Nienkoetter
 5 
 
nos leva ao conhecimento da chamada “análise econômica do direito”. 
 
OBS: Para melhor compreensão e entendimento acerca de LINDB, a mesma deve ser 
estudada de maneira conjunta com a Lei Complementar 95/98. 
 
2.VIGÊNCIA 
Trata-se do momento em que uma lei está em seu “período de vida”. Toda lei nasce (por um 
processo legislativo), vive (tem vigência, aplicabilidade, obrigatoriedade, continuidade) e morre 
(pelo fenômeno chamado de revogação). Perceba-se que, quando fala-se em vigência, trata-se do 
momento em que a lei tem observância, momento em que ela deve ser aplicada. Por exemplo, o 
Código Civil de 2002 tem vigência, bem como o Código de Processo Civil. 
Dois grandes princípios se destacam quando falamos acerca do tema vigência, são eles: 
a) Princípio da obrigatoriedade: É o momento em que a lei tem aplicabilidade e ninguém 
pode alegar o desconhecimento dessa norma. Uma vez em vigor, a lei torna-se obrigatória para 
todos os seus destinatários (art. 3° da LINDB). Tal princípio visa garantir a estabilidade e a 
eficácia do sistema jurídico que ficaria comprometido se fosse admitida a alegação de 
desconhecimento de lei em vigor. 
O princípio da obrigatoriedade não é absoluto: o erro de direito (que seria a alegação de 
desconhecimento da lei) só pode ser invocado, todavia, em raríssimas ocasiões e quando não 
houver o objetivo de furtar-se o agente ao cumprimento da lei. 
b) Princípio da continuidade: Em regra, a lei tem aplicabilidade contínua até que outra lei a 
modifique ou a revogue. No ordenamento jurídico brasileiro somente lei revoga lei, não podendo 
um costume negativo revogar uma lei. Veda-se, portanto, o chamado desuetudo, ou seja, não se 
admite o costume negativo revogando uma norma. 
 
 
 
 
 
 
 Material transcrito e atualizado por Roberta Nienkoetter
 6 
 
Cobrado em prova: 
CESPE: A proibição de desconhecimento da lei imposta pela LINDB é absoluta → Incorreta 
CESPE: Consoante a LINDB, há uma presunção absoluta de que todos conhecem as leis brasileiras 
→ Incorreta 
 
Em resumo, podemos afirmar que uma lei tem vigência, quando ela tem obrigatoriedade e 
continuidade. 
Conforme já explanado, a lei, quando é criada, nasce através de um processo legislativo e a 
sua criação se dará de acordo com os critérios constitucionais previstos nos artigos 59 ao 69 da 
Constituição Federal. 
O processo legislativo se dará: a) Iniciativa: de acordo com as regras constitucionais, uma vez 
que a CF confere legitimação a várias pessoas e órgãos para a apresentação de projetos de lei ao 
Poder Legislativo; b) Deliberação Parlamentar: apresentado o projeto são realizados estudos, 
debates, redações, correções, emendas e votação do projeto; c) Deliberação Executiva: Chefe do 
Poder Executivo participa com sanção ou veto; d) Promulgação: decorre da sanção; promulgar 
significa declarar a existência de uma lei, inovando-se a ordem jurídica. Diz-se que “a lei nasce com 
a promulgação”; e) Publicação: serve para dar eficácia a norma. É o ato de divulgação da existência 
da nova lei em órgão oficial; torna-se conhecida de todos (presunção). A finalidade da publicação é 
garantir (ao menos potencialmente) que uma lei seja conhecida por todos os que estarão sujeitos a 
seu comando. É uma condição de vigência e de eficácia da lei. É a fase que encerra o processo 
legislativo. 
Promulgou = existência 
Publicou = vigência 
 
3. VALIDADE DA NORMA 
Tem seu aspecto constitucional. Versa sobre a qualidade da norma que contém observância 
das condições formais (aspecto legislativo de criação); materiais (conteúdo da norma) e de sua 
 
 
 
 Material transcrito e atualizado por Roberta Nienkoetter
 7 
 
produção (devido processo legislativo), com consequente integração no sistema jurídico da 
sociedade. Há falar também em validade constitucional. 
 
4. VIGÊNCIA 
É o momento em que a lei tem obrigatoriedade e continuidade. Trata-se do período em que 
a lei está sendo aplicada/observada. Em outras palavras, deriva da expressão latina vigentia (estar 
em voga, vigorar), que significa a qualidade de vigente, o tempo durante o qual uma coisa vige 
ou vigora. É a qualidade da norma no que diz respeito ao seu tempo de validade. 
 É o período de vida da lei, que vai do momento em que ela entra em vigor (passa a ter 
força vinculante; início da obrigatoriedade) até o momento em que é revogada ou em que 
se esgota o prazo prescrito para sua duração (lei temporária). 
Celeuma: Vigência x Vigor: o vigor é a força da lei, da norma. Vigor e vigência, embora muito 
utilizadas como sinônimos, devemos observar que, em essência, são coisas distintas. 
Exemplo 1: O CPC/73 não possui mais vigência - o CPC/15 passou a ter aplicabilidade 
imediata aos processos pendentes e futuros. O novo CPC dispõe que o CPC/73 está integralmente 
revogado, bem como, o novo modelo não possui previsão de procedimento sumário. Isso quer dizer 
que não teremos novas ações que comecem a tramitar no procedimento sumário. No entanto, o 
novo CPC menciona que continuará ser aplicado o CPC/73, aos processos que estejam em 
andamento até a prolação da sentença sobre o rito sumário. Veja-se que o CPC/73 não possui mais 
vigência, mas continua em vigor. Ocorre o que chamamos de “ultratividade da norma”. 
Exemplo 2: Art. 2.038 do CC. Fica proibida a constituição de enfiteusese subenfiteuses, 
subordinando-se as existentes, até sua extinção, às disposições do Código Civil anterior (mesmo já 
revogado o CC anterior continua produzindo efeito - ultratividade). 
 
5. EFICÁCIA 
 É a qualidade da norma que está em vigor no tocante à possibilidade de produção de 
efeitos concretos, seja porque foram cumpridas as condições exigidas para tal (eficácia jurídica 
ou técnica), seja porque estão presentes as condições fáticas exigíveis para sua observância, 
espontânea ou imposta ou, ainda, para a satisfação dos objetivos visados (eficácia social ou 
 
 
 
 Material transcrito e atualizado por Roberta Nienkoetter
 8 
 
efetividade). 
Pergunta: Todas as normas em vigência possuem eficácia? 
Há normas que foram editadas regularmente, mas ainda não foram regulamentadas. Já 
outras exigem que o Estado crie um órgão que viabilize sua execução. Assim, em tese, uma 
lei pode ser válida, possuir vigência (já está vigorando), pois está apta a produzir efeitos. No 
entanto, na prática, ela ainda não tem eficácia, não produzindo efeitos concretos, pois depende 
da prática de atos pelo Estado, os quais ainda não foram praticados. 
 
6. REGRAS DA LINDB 
O artigo 1º da LINDB, diz: “Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 
45 (quarenta e cinco) dias depois de oficialmente publicada”. O período de 45 dias, trata-se de um 
período chamado de “vacatio legis”, quando a lei passa a ter vigência, ela possui obrigatoriedade e 
continuidade. No campo da obrigatoriedade, se traduz no conhecimento da norma, para que assim, 
as pessoas se adaptem a essa nova lei. 
Via de regra, na omissão de uma lei nova, o período de vacatio legis será de 45 dias. Todavia, 
cumpre ressaltar, que este prazo de 45 dias não é absoluto, tendo em vista que ele serve para 
divulgação da lei, ou seja, quanto mais complexa a lei nova, maior será esse período. Diante disso, 
exceto nos casos de omissão (que será aplicada a regra do prazo de 45 dias), toda lei irá dispor sobre 
o seu período de vacatio. 
A antiga Lei de Introdução (LICC- Lei de Introdução ao Código Civil) previa um período de 
vigência progressivo, ou seja, a lei nova entrava em vigência por meio de prazos distintos, por 
exemplo, para a União, havia um prazo, para os Estados havia outro prazo, e assim, sucessivamente. 
Hoje, de acordo com a nossa atual LINDB, adota-se o prazo único de vigência, que é a chamada 
vigência ou obrigatoriedade simultânea, ou seja, a lei entra em vigor na mesma data, em todo o 
país, sendo simultânea a sua obrigatoriedade. 
Importante mencionar, que não há qualquer impedimento acerca do uso de prazo 
progressivo (inclusive, existem leis que entram no ordenamento através de prazos progressivos), 
mas o ordenamento jurídico optou por seguir o critério do prazo simultâneo. 
 
 
 
 
 Material transcrito e atualizado por Roberta Nienkoetter
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Cobrado em prova: 
MPE-MS: Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias 
depois de oficialmente promulgada → Incorreta, trata-se de publicação. 
CESPE: Não havendo disposição em contrário, o início da vigência de uma lei coincidirá com a data 
da sua publicação → Incorreta, coincidirá com a data de 45 dias depois da publicação (art. 1º da 
LINDB). 
CESPE: O direito pátrio tem como regra a aplicação da lei nova aos casos futuros, continuando a 
norma revogada a reger os casos pendentes → Incorreta, a lei nova quando entra no 
ordenamento jurídico, passa a ter aplicabilidade imediata e geral, tanto nos casos dependentes 
como nos casos futuros. Ex.: CPC/15 foi publicado em março de 2016, teve o período de vacatio 
legis de 1 (um) ano, passando a ter vigência em 18 de março de 2016. Este código se deparou com 
processos em andamento, processos novos e processos extintos, em relação a este último, não há 
dúvidas, de que a ele não se aplica, mas no que diz respeito aos processos em andamento e 
futuros houve a aplicação direta e imediata do novo diploma. 
 
- Questões importantes: 
• O prazo de 45 (quarenta e cinco) dias não se aplica aos atos normativos secundários (atos 
administrativos) que decorrem do direito administrativo. Esses atos normativos secundários 
são chamados de poder regulamentar ou normativo e dizem respeito ao poder que o 
administrador tem editar algumas normas, desde que tenha uma lei autorizando esta edição. 
Ocorre que, quando o administrador elabora, por exemplo, uma portaria, um ato normativo, 
regimento, regulamento, decreto, dentre outros, esses atos não seguem o critério do artigo 
1º da LINDB. A regra para esses casos é que os atos administrativos passam a produzir 
efeitos na data da publicação, salvo se, no próprio ato normativo, houver um período de 
vacatio legis. 
 
 
 
 
 Material transcrito e atualizado por Roberta Nienkoetter
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• Observa Tércio Sampaio Ferraz que “o texto relaciona claramente vigência ao aspecto 
temporal da norma, a qual, no período (de vigência) tem vigor. Ora, o vigor de uma norma 
tem a ver com sua imperatividade, com sua força vinculante. Tanto que, embora a citada 
regra da Lei de Introdução determine o vigor da norma até sua revogação, existem 
importantes efeitos de uma norma revogada (e que, portanto, perdeu a vigência ou tempo 
de validade) que nos autorizam dizer que vigor e vigência designam qualidades distintas”. 
 
• Art. 1º, § 1º - Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, 
se inicia 3 (três) meses depois de oficialmente publicada. Isto é, se uma lei for editada no 
Brasil, para surtir efeitos no estrangeiro (em geral quando cuida de atribuição de ministros, 
embaixadores, cônsules, convenções de direito internacional, etc.) e esta lei for omissa 
quanto à data que entrará em vigor (a data de sua vigência efetiva), esta lei somente entrará 
em vigor 03 (três) meses após a sua publicação. 
 
• Uma lei pode ter sido publicada com algum erro substancial (possível divergência de 
aplicabilidade) o texto será corrigido e será recontado o prazo do art. 1º. O art. 1º, § 3º da 
LINDB estabelece que “se antes de entrar em vigor (entende-se por vigência) ocorrer nova 
publicação desta lei, destinada à correção de seu texto, o prazo deste artigo e dos parágrafos 
anteriores começará a correr da nova publicação”. Há na doutrina diversos posicionamentos. 
Há quem fale que a correção de todo o texto legal será recontado. Outros sustentam que, 
passa a recontar somente o dispositivo alterado. 
 
• De outra sorte, as correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova, pois o art. 1º, 
§ 4º estabelece esta regra. Assim, sujeita-se, naturalmente, aos prazos das demais leis (novo 
processo legislativo, pois se trata de lei nova). 
 
Cobrado em prova: 
CESPE: Quando a republicação de lei que ainda não entrou em vigor ocorrer tão somente para 
 
 
 
 Material transcrito e atualizado por Roberta Nienkoetter
 11 
 
correção de falhas de grafia constantes de seu texto, o prazo da vacatio legis não sofrerá 
interrupção e deverá ser contado da data da primeira publicação → Incorreta, o prazo deve serrecontado. 
CESPE: Correções de texto de lei já em vigor não se consideram lei nova → Incorreta. 
CESPE: As correções de texto, de qualquer natureza, ocorridas após a publicação da lei, não 
interferem no termo a quo de sua vigência, na medida em que não se consideram lei nova por 
não alterar seu conteúdo → Incorreta, interferirá no termo inicial da vigência, pois o período de 
vacatio começará a contar novamente. 
 
- Como ocorre a contagem do prazo de vacatio legis? 
A contagem do prazo de vacatio legis consta da Lei Complementar 95/98 e conta-se: 
incluindo-se o dia do começo (ou seja, o dia da publicação da Lei) e também do último dia do 
prazo (que é o dia do seu vencimento). Assim, a lei entrará em vigor no dia subsequente a sua 
consumação integral, pouco importando se é dia útil ou não. 
Tal regra está prevista no art. 8º, § 1º da Lei Complementar no 95/98, texto modificado 
pela L.C. nº 107/01 e regulamentada pelo Decreto nº 4.176/02, que dispõe sobre a elaboração, 
a redação, a alteração e a consolidação das leis, conforme determina o parágrafo único do 
art. 59 da Constituição Federal. 
- Até quando a lei terá vigor? 
A regra é de que a lei não tem um prazo certo para vigorar: ela permanece em vigor 
enquanto não for modificada ou revogada por outra (eficácia contínua – princípio da 
continuidade). 
No entanto, não se destinando à vigência temporária - uma lei terá vigor até que outra 
a modifique ou a revogue -. É o que dispõe o artigo 2º, caput da LINDB. Lei temporária é a que 
nasce com termo prefixado de duração ou com um objetivo a ser cumprido. A lei já nasce com um 
prazo para perder sua vigência. 
 
7. REVOGAÇÃO 
 
 
 
 Material transcrito e atualizado por Roberta Nienkoetter
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Significa revocatio, revocare - anular, invalidar, desfazer, desvigorar. Significa tornar sem 
efeito uma lei ou qualquer outra norma jurídica. É a supressão da força obrigatória da lei, retirando 
sua eficácia. 
Em outras palavras, revogação significa retirar uma norma do ordenamento jurídico por outra 
norma que entre em seu lugar (que a modifique ou a revogue). Assim, vê-se, portanto, que temos 
uma amplitude de variações em relação ao termo revogar. 
Neste contexto, o artigo 2º parágrafo 1º, da LINDB dispõe que a lei posterior revoga a anterior 
nos seguintes casos: 
1) quando expressamente assim o declare (revogação expressa); 
2) quando seja com ela incompatível (revogação tácita); 
3) quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior (revogação tácita). 
 
7.1. Formas de revogação 
a) Total (ab-rogação) – quando a lei nova regula inteiramente a matéria da lei anterior 
ou quando existe incompatibilidade (explícita ou implícita) entre as leis. A norma anterior perde 
sua eficácia na totalidade. 
b) Parcial (derrogação) – quando torna sem efeito apenas uma parte da lei ou norma, 
permanecendo em vigor todos os dispositivos que não foram modificados. Ex.: O CPC/15 derrogou 
alguns dispositivos do Código Civil/2002, por exemplo, o art. 227 do CC. 
 c) Expressa (ou por via direta) – quando a lei nova taxativamente declara revogada a 
lei anterior ou aponta os dispositivos que pretende suprimir (art. 2º, § 1º, LINDB). O art. 9º da LC 
98/95, com a redação da LC 107/01, estabelece que “a cláusula de revogação deverá enumerar, 
expressamente, as leis ou disposições legais revogadas”. 
A regra é, quando houver revogação, que ela seja expressa ou por via direta. 
d) Tácita (indireta ou via oblíqua) – quando a lei posterior é incompatível com a anterior e 
não há disposição expressa no texto novo indicando a lei que foi revogada. Diz o art. 2º § 1º, da 
LINDB, que ocorre a revogação tácita quando “seja com ela incompatível ou quando regule 
inteiramente a matéria que tratava a lei anterior”. Geralmente, o legislador utiliza, no final das 
leis, a seguinte expressão genérica: “revogam-se as disposições em contrário”. 
 
➔ Informações importantes acerca do estudo das revogações: 
 
 
 
 Material transcrito e atualizado por Roberta Nienkoetter
 13 
 
✓ É possível a ultratividade ou pós-atividade da norma que, nada mais é, do que a possibilidade 
de produção de efeitos por uma lei revogada; 
✓ No direito brasileiro não existe a possibilidade de retirar o efeito de uma lei em razão de um 
costume – é a chamada supremacia da lei sobre os costumes. É a inadmissibilidade do 
desuetudo – uma espécie de costume negativo ou desuso. Em todo caso, podemos utilizar o 
instituto do costume como método de integração para fins de julgamento. 
 Ademais, o desuso não pode ser utilizado como causa de atipia, ou seja, retirada de vigência 
de uma norma. 
 Nesse sentido, veja-se o julgado abaixo: 
 
 STJ: “A eventual tolerância ou a indiferença na repressão criminal, bem assim o pretenso 
desuso não se apresentam, em nosso sistema jurídico-penal, como causa de atipia 
(Precedentes). II - A norma incriminadora não pode ser neutralizada ou se considerada 
revogada em decorrência de, v.g., desvirtuada atuação policial (art. 2º, caput da LICC). 
Recurso conhecido e provido. (REsp 146.360/PR, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA 
TURMA, julgado em 19.10.1999, DJ 08.11.1999 p. 85)”. 
 
Cobrado em prova: 
CESPE: O sistema jurídico brasileiro admite que, devido ao desuso, uma lei possa deixar de ser 
aplicada → Incorreta 
CESPE: Para ser aplicada, a norma deverá estar vigente e, por isso, uma vez que ela seja revogada, 
não será permitida a sua ultratividade → Incorreta. 
 
8. REPRISTINAÇÃO 
A repristinação está ligada ao instituto da vigência e significa restaurar a atividade de uma 
determinada lei, ou seja, é o restabelecimento da eficácia de uma lei anteriormente revogada. 
Diz o art. 2º § 3º da LINDB: “Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura 
por ter a lei revogadora perdido a vigência”. 
 
 
 
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Para melhor compreensão, trata-se de típico exemplo de repristinação: A Lei “A” entrou no 
ordenamento jurídico através de um processo legislativo. Posteriormente, veio a Lei “B” e revogou 
a Lei “A”. Em sequência, com o advento da Lei “C”, esta revoga a Lei “B”. A repristinação seria 
“ressuscitar” a Lei “A” porque a Lei “B” foi revogada. 
No Brasil é possível a aplicação da repristinação, mas não de forma automática. 
Importante: Repristinação e efeito repristinatório são institutos diversos. O efeito 
repristinatório é estudado no campo do direito constitucional, mais especificadamente em controle 
concentrado de constitucionalidade. Ex.: Lei “A” foi revogada pela Lei “B”. Posteriormente, o STF 
declara a inconstitucionalidade da Lei “B”, restaurando-se os efeitos da norma revogada, já que a 
norma revogadora será considerada como nunca tivesse existido. É o que preleciona o artigo 27, da 
lei 9.868/99. A decisão de inconstitucionalidade, é declaratória e possui efeitos retroativos, “ex 
tunc”, se concretizando com a chamada modulação dos efeitos da decisão. 
 
9. NORMAS GERAIS E ESPECIAIS 
Previsto no art. 2º, § 2° do CPC, entende-se por norma especial aquela que possui um 
conteúdo especializado dentro de um ramo do direito (por exemplo, Lei de Alimentos, Código de 
Defesa do Consumidor). Já a normageral, aborda o conteúdo de um ramo do direito de maneira 
geral. 
A norma geral não revoga a especial e a norma especial não revoga a geral - essas 
normas caminharão conjuntamente. A norma especial pode revogar a geral quando dispuser sobre 
esta revogação de forma explícita ou implícita, momento em que regula a mesma matéria que 
a geral, modificando o seu conteúdo. 
Quando a lei especial regula determinada matéria, que também está prevista num 
Código, contendo outras disposições a mais que não se encontram no Código e que não 
contradizem o novo direito, ambas continuarão em vigor, coexistindo. 
 
Cobrado em prova: 
CESPE: A Lei n.º XX/XXXX, composta por quinze artigos, elaborada pelo Congresso Nacional, foi 
sancionada, promulgada e publicada. A respeito dessa situação, assinale a opção correta, de 
 
 
 
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acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. a) Se algum dos artigos da lei 
sofrer alteração antes de ela entrar em vigor, será contado um novo período de vacância para o 
dispositivo alterado; b) Caso essa lei tenha revogado dispositivo da legislação anterior, 
automaticamente ocorrerá o efeito repristinatório se nela não houver disposição em contrário; c) 
A lei irá revogar a legislação anterior caso estabeleça disposições gerais sobre assunto tratado 
nessa legislação.;d) Não havendo referência ao período de vacância, a nova lei entra em vigor 
imediatamente, sendo eventuais correções em seu texto consideradas nova lei; e) Não havendo 
referência ao período de vacância, a lei entrará em vigor, em todo o território nacional, três meses 
após sua publicação. 
FCC: Antes da vigência da Lei nº 13.146/2005, eram considerados absolutamente incapazes 
aqueles que não podiam exprimir a vontade, ainda que por causa transitória. Com a vigência da 
Lei nº 13.146/2015, passaram a ser considerados absolutamente incapazes apenas os menores de 
dezesseis anos. Esta mesma lei tratou como relativamente incapazes aqueles que, por causa 
transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade. A Lei nº 13.146/2015 tem 
aplicação: a) imediata, porém não atingindo as pessoas que já não podiam exprimir a vontade 
quando do início da vigência da referida norma, as quais continuam a ser consideradas 
absolutamente incapazes, em razão da proteção ao direito adquirido; b) ultrativa, atingindo 
apenas as pessoas que passaram a não poder exprimir a vontade, por causa transitória ou 
permanente, depois do início da vigência da referida norma; c) imediata, atingindo todas as 
pessoas que, no início da vigência da referida norma, não podiam exprimir a vontade, por causa 
transitória ou permanente, as quais passaram a ser consideradas relativamente incapazes; d) 
imediata, porém não atingindo as pessoas que já não podiam exprimir a vontade, por causa 
transitória ou permanente, quando do início da vigência da referida norma, as quais continuam a 
ser consideradas absolutamente incapazes, em razão da vedação ao efeito retroativo; e) imediata 
quanto às pessoas que, no início da vigência da referida norma, não podiam exprimir a vontade 
em razão de causa transitória, e ultrativa em relação às pessoas que não o podiam fazer por causa 
permanente, em razão da proteção ao ato jurídico perfeito. 
 
 
 
 
 
 
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Indaga-se: É possível a lei nova atingir os fatos passados? 
Via de regra, não, visto que a lei nova, quando entra no ordenamento jurídico, possui efeitos 
jurídicos dali para frente. Bem como, a LINDB confere proteção ao ato jurídico perfeito, ao direito 
adquirido e a coisa julgada. 
 
10. MÉTODOS DE INTEGRAÇÃO DA NORMA 
Dispõe o art. 4º da LINDB: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a 
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”. O juiz não pode deixar de decidir uma 
questão alegando que não existe norma regulamentadora para aquele caso em concreto. Trata-se 
do princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional. 
O fenômeno da subsunção se perfaz no encaixe perfeito da norma ao caso concreto. 
Contudo, quando não há uma lei específica para o caso concreto, o juiz deverá se valer da analogia, 
dos costumes e dos princípios gerias do direito (nesta ordem, respectivamente). Tal regra não é 
absoluta, mas de acordo com a LINDB, tem-se a interpretação de que deve se concretizar nesta 
ordem. 
 
1) ANALOGIA: É a aplicação de norma ou conjunto de normas aproximadas a um caso. A 
analogia pode ser classifica como analogia legal e analogia jurídica. 
 
• Analogia legal: Segundo os ensinamentos de Limongi França, é exatamente a aplicação de 
uma lei a aquele caso em específico. 
Por exemplo, o artigo 157 do CC, estabelece sobre um dos defeitos do negócio jurídico que 
é a lesão, onde a pessoa assume uma obrigação excessivamente onerosa por qualquer 
necessidade ou inexperiência. Já o art. 156 do CC, tutela a disposição sobre o estado de 
perigo, onde o sujeito assume uma obrigação desproporcional por necessidade de 
salvamento. No entanto, no parágrafo 2º do art. 157 do CC, assegura que caso a parte 
contrária tenha tido vantagem com a lesão, e ofereça suplemento suficiente para minimizar 
a desproporção, o negócio jurídico será conservado. Tal regra, a priori, não se aplica ao 
instituto do estado de perigo, mas poderá ser aplicado por analogia. 
 
 
 
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• Analogia jurídica: É utilizar-se de princípios, conceitos, preceitos consagrados pela doutrina 
e pela jurisprudência a um caso em específico. Cumpre mencionar que para alguns 
doutrinadores, a analogia jurídica se constitui na aplicação dos princípios gerais do direito. 
 
OBS.: Analogia e interpretação extensiva são institutos distintos. Em suma, a interpretação 
extensiva visa adequar o que o legislador realmente pretendia com aquela norma, ou seja, a norma 
diz menos do que deveria. Ex.: Art. 12 do CC, em caso de violação aos direitos da personalidade do 
de cujus, o cônjuge torna-se lesado de forma indireta (dano por ricochete), e tem legitimidade para 
postular em juízo. Em face desta regra, deve-se aplicar uma interpretação extensiva para, assim, 
garantir ao companheiro o mesmo direito previsto ao cônjuge. 
 
2) COSTUMES: Se faz necessária a observância de 3 (três) requisitos para se aplicar o 
costume, são eles: 
 
Comportamento reiterado + conteúdo lícito + relevância jurídica 
 
Em caso de violação de um costume, se pratica abuso de direito. Tal afirmação se extrai do 
contido no artigo 187 do Código Civil: “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao 
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé 
ou pelos bons costumes”. Ex.: Súmula 370 do STJ: “Caracteriza dano moral a apresentação 
antecipada de cheque pré-datado” → Gera violação ao costume e, consequentemente, abuso do 
direito. 
 
- Classificações dos costumes: 
 
• Contra legem: É aquele costume contrário a lei. 
• Praeter legem: É o costume que é considerado como métodos de interpretação. É aquele 
que deve ser aplicado quando se tem: comportamento reiterado + conteúdo lícito + 
relevância jurídica.Material transcrito e atualizado por Roberta Nienkoetter
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• Secundum legem: É aquele costume que não se trata de métodos de integração. É o costume 
praticado de acordo com a autorização da lei. Ex.: Art. 445, § 2º “Tratando-se de venda de 
animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial ou, 
na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não 
houver regras disciplinando a matéria”. 
• Costume judiciário (jurisprudência consolidada): hoje se vive a era dos precedentes 
obrigatórios (a observância é obrigatória, mas não a sua aplicação, salvo no que diz respeito 
à Súmula Vinculante). O precedentes são as decisões já consolidadas em sede de tribunais 
superiores. Tal observância consta do artigo 927 do CPC. 
 
 Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: 
 I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; 
 II - os enunciados de súmula vinculante; 
 III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas 
repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; 
 IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do 
Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; 
 V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. 
 
Por fim, importante ponderar que o juiz deve fundamentar sua decisão de maneira plena, 
robusta e completa, com o fim de aplicar, mencionar, ou não aplicar o precedente. Todavia, cumpre 
ao magistrado realizar a técnica da menção em relação aos precedentes, a qual relaciona-se ao 
chamado “distinguishing” - faz-se o encaixe do caso em julgamento com algum dos precedentes 
proferidos pelos Tribunais. 
 
3) PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO: Segundo sustenta Miguel Reale, os princípios constituem 
verdadeiros pilares fundantes do ordenamento jurídico. O artigo 8º do CPC, trabalha com a ideia de 
que os princípios devem ser compulsoriamente observados (inclui-se também, os princípios do 
direito civil moderno, que será estudado mais adiante). 
 
OBS.: Importante ainda, fazermos observação quanto a equidade, que trata-se do senso 
justo, de tomada de decisão correta, de justiça, de decisão razoável, de decisão efetiva e adequada. 
 
 
 
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Há quem defenda que o uso da equidade pode afastar até aplicação do ordenamento jurídico. 
Todavia, a equidade não é meio de integração das normas jurídicas. O artigo 140, parágrafo único 
do CPC, sustenta: “O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do 
ordenamento jurídico. Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei”. 
Percebe-se, que há um ponderação reflexiva com relação a este fenômeno, pois podemos 
ter o “julgamento por equidade” e “julgamento com equidade”. 
 
• Julgamento por equidade: é a aplicação da técnica de equidade em si, que, por sua vez, será 
aplicada quando houver autorização legislativa. Há quem diga que o julgamento por 
equidade é autorizada pela LINDB quando ocorre a autorização de método de integração da 
norma, através dos princípios gerais do direito. 
 
• Julgamento com equidade: evidencia-se um senso de justiça, de melhor decisão. Neste 
norte, temos que toda decisão deve ser proferida/elaborada com equidade. 
 
Cobrado em prova: 
CESPE: Utiliza a analogia o juiz que estende a companheiro(a) a legitimidade para ser curador 
conferida a cônjuge da pessoa ausente → Incorreta, trata-se de interpretação extensiva 
CESPE: Por um critério analógico, é possível inferir que é lícita a compra e venda entre 
companheiros de bens que estejam excluídos da comunhão → Incorreta, trata-se de interpretação 
extensiva. 
 
11. CONFLITO DE NORMAS NO TEMPO 
Quando uma norma é modificada por outra e já se haviam formado relações jurídicas 
na vigência da lei anterior, podem surgir conflitos. O direito intertemporal soluciona o caso, 
aplicando dois critérios: as disposições transitórias e o princípio da irretroatividade das leis. 
 
1) DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS (direito intertemporal): A lei, para evitar eventuais e 
 
 
 
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futuros conflitos, em seu próprio corpo, geralmente ao final, pode estabelecer regras 
temporárias, destinadas a dirimir conflitos entre a nova lei e a antiga, conciliando a nova lei com 
as relações já definidas pela norma anterior. 
Por exemplo: Art. 2.038 do CC. Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses, 
subordinando-se as existentes, até sua extinção, às disposições do Código Civil anterior (mesmo já 
revogado o CC anterior, continua produzindo efeito - ultratividade). 
 
2) IRRETROATIVIDADE DAS LEIS: Retroagir quer dizer atividade para trás, ou seja, 
produção de efeitos em situações passadas. Juridicamente, podemos dizer que uma norma 
retroage quando ela vigora, não somente a partir de sua publicação, mas, ainda, regula certas 
situações jurídicas que vêm do passado. Na verdade, quando ocorre a criação de uma lei, será para 
afetar os fatos futuros, a partir de sua vigência. 
Assim, tem-se que a regra no ordenamento jurídico brasileiro é a irretroatividade das leis, ou 
seja, estas não se aplicam às situações constituídas anteriormente. Trata-se de um princípio que 
visa dar estabilidade e segurança ao ordenamento jurídico preservando situações já consolidadas 
sob a lei antiga, em que o interesse particular deve prevalecer. Todavia, essas regras não são 
absolutas, elas podem sofrer mitigações no âmbito do direito penal, por exemplo. 
Observa-se, por fim, o art. 5º, inciso XXXVI da Constituição Federal que determina: “A lei 
não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. Nesta mesma 
linha, temos o disposto no art. 6º da LINDB que prevê: “A lei em vigor terá efeito imediato e 
geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada”. Em outras 
palavras, a lei nova tem eficácia imediata e geral, ou seja, atinge os fatos pendentes e futuros 
que se realizarem sob sua vigência, não abrangendo os fatos passados. Isso se sustenta por 
aplicação a regra do “tempus regit actum” - a lei do tempo do ato é a lei que vai reger aquele ato. 
Exemplo: Estava em vigência o CPC/73. Com o advento do CPC/15, que teve período de 
vacatio legis de 1 ano, - publicado em 17/03/15 -, esse período de vacatio legis perdurou até o dia 
17/03/16. Ocorre que, em 15/03/16, o juiz publicou a sentença e, em 18/03/16, foi publicada no 
Diário de Justiça. Eventual recurso dessa decisão será regido por qual lei? O recurso será regido pelo 
CPC/2015, pois a sentença foi publicada no dia 18/03/16, sob a vigência do novo código. 
11.1. Conceitos importantes acerca do assunto: 
 
 
 
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1) Ato Jurídico Perfeito: É o ato que já está consumado, de acordo com a norma vigente no 
tempo em que se efetuou, com todas as formalidades exigidas pela lei. Por isso o ato 
não pode ser alterado pela existência de lei posterior. 
 
2) Direito Adquirido:É o direito que já se incorporou ao patrimônio e à personalidade de 
seu titular, podendo ser exercido a qualquer momento. Para ser considerado “direito 
adquirido” são necessários dois requisitos: a) existência de um fato; b) existência de uma 
norma que faça do fato originar-se direito. Enquanto não estiverem presentes estes 
elementos, não há direito adquirido, mas “expectativa de direito”. 
 
3) Coisa Julgada: É a decisão judicial da qual não cabe mais recurso (transitou em julgado). 
Assim, uma lei nova não pode alterar aquilo que já foi apreciado em definitivo pelo 
Poder Judiciário. 
 
Pergunta: Há uma proteção absoluta de que a lei nova não irá atingir o ato jurídico perfeito, o 
direito adquirido e a coisa julgada? 
R: Não há uma proteção absoluta, pois se caminha para um ordenamento jurídico adequado a 
dignidade da pessoa humana, podendo ser exteriorizada a partir de 2 (dois) fundamentos: 
 
 Enunciado 109 da Jornada de Direito Civil: “A restrição da coisa julgada, oriunda de 
demandas reputadas improcedentes por insuficiência de provas, não deve prevalecer 
para inibir a busca da identidade genética pelo investigando”. Ex.: Típico caso de 
investigação de paternidade, que em alguns casos, as decisões poderão ser revistas. 
 
 Art. 2035, parágrafo único do CC: “Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar 
preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a 
função social da propriedade e dos contratos”. Ex.: Convenção realizada âmbito no CC/16, 
poderá ser revista para se adequar ao que modernamente temos no nosso Código Civil 
vigente. 
 
 
 
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12. INTERPRETAÇÃO DAS LEIS 
A LINDB trabalha com a interpretação das normas de maneira bem mais superficial do que 
os critérios de hermenêutica colacionadas no direito constitucional. 
Desse modo, entende-se por hermenêutica, como uma teoria científica da arte de 
interpretar e descobrir o sentido da norma jurídica, é fixar o seu alcance. Exegese, por sua vez, é 
a aplicação prática das regras de hermenêutica. 
Quando falamos em aplicação da norma no âmbito da LINDB, nos deparamos com 2 (duas) 
situações diferentes: os métodos de integração da norma - analogia, costumes e princípios gerias 
do direito, com ponderação relacionada a equidade -, e interpretação da norma. 
Métodos de integração da norma é distinto de interpretação da norma. 
Na interpretação, observa-se a verdadeira essência da norma jurídica, ou seja, o que 
verdadeiramente se pretende alcançar, é a chamada mens legis – real intenção da lei. 
Dessa forma, a interpretação da lei se revela no momento em que há ambiguidades no texto 
legal, má redação, imperfeição ou falta de técnica, que são solucionadas por meio da intervenção 
do intérprete para alcançar o verdadeiro sentido que o legislador pretendeu. 
Há vários métodos e critérios de interpretação. Todavia, destaca-se algumas dessas formas: 
a) Quanto às Fontes 
A interpretação pode ser: 
 - Autêntica: pelo próprio legislador por meio de outro ato normativo; 
 - Doutrinária: pelos estudiosos; e 
 - Jurisprudencial: pelos Tribunais. 
b) Quantos aos Meios 
A interpretação pode ser: 
- Gramatical: observa-se regras de linguística, sentido filológico; 
-Lógica: também chamada de racional, é a interpretação na qual a lei é examinada no seu 
conjunto; 
- Ontológica: busca-se a essência da lei, sua razão de ser, a ratio legis - razão da lei; 
 
 
 
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- Histórica: observância das circunstâncias que provocaram a expedição da lei; 
- Sistemática: comparativo da lei atual de acordo com as demais normas que inspiram aquele 
ramo, ou seja, leva em consideração todo o ordenamento jurídico que se relaciona com 
determinado ramo do direito em específico. 
Quando se pretende interpretar uma norma relacionada a alimentos, por exemplo, analisa-
se todo o ordenamento jurídico privado; 
- Sociológica ou teleológica: adapta o sentido ou a finalidade da norma às novas 
exigências sociais. 
Importante ponderar, o contido na Súmula 364 do STJ: “O conceito de impenhorabilidade de 
bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas”. 
Em linhas gerais, caso não haja o pagamento de uma dívida, o devedor responde com seu 
patrimônio pelas dívidas que lhes foram contraídas. Acerca do assunto, a Lei n° 8.009/1990 
estabelece a impenhorabilidade do bem de família do devedor. 
Surgiu-se então, a discussão acerca da possível penhora de bens da pessoa solteira, 
separada, divorciada ou viúva - bem de família da pessoa sozinha é denominado single. 
A questão seguiu até o Superior Tribunal de Justiça (STJ), e após uma análise pormenorizada 
e integral da Lei n° 8.009/1990, foi editada a Súmula 364. Chegando-se a conclusão, de que a 
verdadeira intenção da lei não é proteger tão somente à família, mas sim, a dignidade da pessoa 
humana (pautada no mínimo existencial). 
O STJ utilizou-se da interpretação teleológica para edição da Súmula 364. 
c) Quanto aos Resultados 
 A interpretação pode ser: 
- Declarativa: a letra da lei corresponde exatamente ao pensamento do legislador, não 
havendo necessidade de interpretação; 
- Extensiva: o legislador disse menos do que pretendia, sendo necessário ampliação da 
aplicação da lei. A exemplo, das normas previstas ao cônjuge que se aplicam ao companheiro; ou 
 - Restritiva: o legislador disse mais do que pretendia, sendo necessário restringir a sua 
aplicação. 
 
 
 
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A interpretação não se restringe tão somente na interpretação da lei, isso porque, alguns 
negócios jurídicos necessitam ser interpretados. 
 Importante: O dispositivo legal que assegura a interpretação das normas, encontra-se 
previsto no artigo 5º da LINDB, que diz: “Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a 
que ela se dirige e às exigências do bem comum”. 
Vale mencionar, que um estudo mais aprofundado desse conteúdo, é analisado no campo 
do direito constitucional; na legislação esparsa ou outros ramos do direito mais específicos. Mas em 
especial, no direito civil, a interpretação da norma é bastante utilizada no que diz respeito aos bons 
costumes através da função social. 
DICA: As interpretações sistemáticas e teleológicas são as mais cobradas em provas. 
DICA: Interpretação extensiva não se confunde com analogia. 
 
13. ANTINOMIAS 
Ocorrerá antinomia, quando houver aparente conflito entre as normas. 
Em outras palavras, é a presença de duas ou mais normas conflitantes, sem que a lei 
afirme qual delas deva ser aplicada a um caso concreto; há uma incompatibilidade de 
conteúdos das normas. 
Há falar, inclusive, em “lacunas de conflito” ou “lacunas de colisão”. 
Frente as noções introdutórias do direito, há quem sustente, que o ordenamento jurídico 
deva ser perfeito, ou seja, não se admite antinomias. Por essa razão, dentro de um mesmo 
ordenamento jurídico, não poderá haver normas conflitantes. 
Todavia, quando houver esses conflitos, serão meramente aparentes. 
O estudo das antinomias podem ser divididos em 2 (duas) espécies,vejamos: 
 
 a) Antinomia real: Ocorre quando duas leis são exatamente conflitantes entre si. 
 Esta ocorre quando não existe no ordenamento jurídico um critério normativo para 
solucionar o conflito. Aplicando-se uma norma, viola-se outra, e vice-versa. 
 
 
 
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 Somente será eliminado este tipo de antinomia com a edição de uma nova norma 
elucidando e solucionando o caso (Solução do Poder Legislativo) ou adoção do princípio máximo de 
justiça (Solução do Poder Judiciário – artigo 8º CPC). 
 Diz o artigo 8º: “Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às 
exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e 
observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência”. 
 O princípio máximo de justiça se encontra presente no dispositivo acima, a qual sustenta 
que toda decisão judicial que tenha conteúdo decisório relevante, seja uma decisão interlocutória, 
seja uma sentença monocrática ou unipessoal, ou um acórdão, ela deve ser proferida com senso 
máximo de justiça, o qual possui intrínseca relação com o julgamento com equidade. 
 
 b) Antinomia aparente: Ocorre quando os critérios para a solução estiverem nas normas 
integrantes do próprio ordenamento jurídico. Nesta hipótese o conflito é apenas aparente, 
sendo aplicada apenas uma das normas. 
 Exemplificando: A Lei de Alimentos é de 1968, que prevê o prazo de 1 (um) a 60 (sessenta) 
dias da prisão civil do devedor de alimentos. Por outro lado, o Código de Processo Civil menciona o 
prazo de 1 (um) a 3 (três) meses da prisão civil do devedor de alimentos. 
 Nessa situação, qual lei será aplicada? Há um conflito meramente aparente, que poderá ser 
solucionado através dos seguintes critérios. 
 
13.1 Critérios para eliminar o conflito de uma antinomia aparente 
 
• Hierárquico (também chamado de lex superior derogat legi inferior): É o primeiro a ser 
aplicado, baseado na superioridade de uma fonte de produção jurídica sobre outra. 
Em outras palavras, uma lei hierarquicamente superior tem preferência em relação à uma 
lei inferior. 
Ex.: norma constitucional possui hierarquia em face de uma norma infraconstitucional. 
 
• Especialidade (também chamada de lex specialis derogat legi generali): O segundo critério 
leva em consideração a amplitude das normas. Ou seja, se o legislador tratou um 
 
 
 
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determinado assunto com mais cuidado e rigor, ele deve prevalecer sobre o outro que foi 
tratado de forma geral. Portanto, norma especial deve prevalecer em relação à uma norma 
geral. 
 
• Cronológico (também chamado de lex posterior derogat legi priori): É baseado no momento 
em que a norma jurídica entra em vigor, restringindo-se somente ao conflito de 
normas pertencentes ao mesmo escalão. Dessa forma, utiliza-se o critério cronológico 
quando uma lei mais recente tem preferência em relação à uma lei anterior. 
O critério cronológico será utilizado sempre que o conflito não puder ser solucionado pelos 
critérios hierárquico e da especialidade. 
 
 
Os critérios de eliminação dos conflitos, devem ser aplicados, necessariamente, na seguinte 
ordem: 1º critério hierárquico - possui preferência sobre os demais -, 2º critério da especialidade, 
- possui preferência sobre o cronológico -, 3º critério cronológico - é residual. 
Ademais, quando houver duas normas de mesmo status, por exemplo, duas normas 
especiais, somente o critério cronológico poderá solucionar o conflito. Situações como essas, são 
chamadas de antinomia de 1º grau. 
 
13.2 Classificação das antinomias 
 
a) Primeiro grau: O conflito envolve apenas um dos referidos critérios; ou seja, para a 
solução aplica-se apenas um dos critérios. 
Casos: o conflito entre uma norma anterior e outra posterior, aplica-se o critério 
cronológico; para o caso de conflito entre uma norma geral e outra especial, usa-se o critério da 
especialidade. 
 
b) Segundo grau: o conflito envolve mais de um dos critérios. 
Casos: concorrendo os critérios hierárquico e cronológico, prevalece o hierárquico; - 
concorrendo o critério hierárquico e o de especialidade, prevalece o hierárquico -, concorrendo 
os critérios de especialidade e cronológico, prevalece o da especialidade. 
 
 
 
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OBS.: Não há uma regra geral para a solução dos conflitos. No entanto, deverão ser 
compulsoriamente observados a luz do princípio máximo da justiça, na medida em que, toda 
decisão judicial será pautada no livre convencimento motivado do magistrado. 
Ressalta-se que o Código de Processo Civil não menciona a expressão “livre convencimento 
motivado”. Alguns doutrinadores, a exemplo de Fredie Didier, discute a questão da retirada da 
expressão “livremente”, pois, em verdade, o magistrado possui o convencimento motivado ou 
convencimento controlado. 
Por outro lado, outros dirão, que por mais que o CPC não utilize a expressão “livre 
convencimento motivado”, o juiz não deixa de ser livre e sempre haverá uma motivação. 
 
14. VIGÊNCIA DA LEI NO ESPAÇO 
Quanto a vigência da lei no espaço, significa dizer, que dentro do nosso território, aplicamos 
às nossas leis. 
O Estado politicamente organizado tem soberania sobre o seu território e sobre seus 
habitantes. Decorre disso que toda lei, em princípio, tem seu campo de aplicação limitado 
no espaço pelas fronteiras do Estado que a promulgou. 
O critério a ser utilizado para aplicação das leis no espaço é o critério territorial. 
O Brasil adotou a Teoria da Territorialidade, mas de forma moderada, também 
chamada de Territorialidade Temperada ou Mitigada. Pois, excepcionalmente, nos deparamos 
com leis ou decisões estrangeiras que podem ser reconhecidas e aplicadas no Brasil. 
Dessa forma, para que haja a aplicação de leis e sentenças estrangeiras no ordenamento 
jurídico pátrio, se faz necessário a observância de algumas regras, são elas: 
• Não se aplicam leis, sentenças ou atos estrangeiros no Brasil quando ofenderem a soberania 
nacional, a ordem pública e os bons costumes. 
• Não se cumprirá sentença estrangeira no Brasil sem o devido exequatur (“cumpra-se”), que 
é a permissão dada pelo Superior Tribunal de Justiça, por meio de homologação, para que esta 
decisão produza seus efeitos. 
 
 
 
 
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Além disso, consta no artigo 15 da LINDB. 
 
 Art. 15 Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os 
 seguintes requisitos: a) haver sido proferida por juiz competente; b) terem sido os partes 
 citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia; c) ter passado em julgado e estar 
 revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi proferida; d) 
 estar traduzida por intérprete autorizado (Resolução n° 9 do STJ); e) ter sido homologada 
 pelo Supremo TribunalFederal (leia-se Superior Tribunal de Justiça). 
 
 
Importante: Anteriormente, a homologação de sentença estrangeira era realizada pelo STF, 
todavia, com o advento da Emenda Constitucional 45/2004, competência passou a ser do STJ. 
Em verdade, o artigo 15 da LINDB não foi adequalizado ao nosso sistema atual, isso porque 
a Constituição Federal e o Código de Processo Civil trazem disposições diversas, veja-se: 
 
 Art. 105 da CF. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
 I - processar e julgar, originariamente: 
 i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas 
 rogatórias; 
 
 Art. 961 do CPC. A decisão estrangeira somente terá eficácia no Brasil após a homologação 
 de sentença estrangeira ou a concessão do exequatur às cartas rogatórias, salvo disposição 
 em sentido contrário de lei ou tratado. 
 
Dentro das atribuições do STJ, o presidente possui competência para homologar as decisões 
estrangeiras. Caso não haja concordância do Procurador Geral da República, transfere-se a 
competência para o Conselho Especial (órgão máximo do STJ). Havendo concordância, a sentença 
estrangeira homologada constitui título executivo judicial. 
A sentença estrangeira poderá ser executada perante a Justiça Federal, de primeira instância 
– art. 109, inciso X da CF. 
Quanto aos títulos executivos extrajudiciais estrangeiros não precisam ser homologados 
para serem executados no Brasil. 
 
Cobrado em prova: 
 
 
 
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FCC - Sobre a Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, NÃO é requisito essencial para a 
sentença proferida no estrangeiro ser executada no Brasil: a) a homologação pelo Supremo 
Tribunal Federal; b) a tradução por intérprete autorizado; c) o trânsito em julgado para as partes; 
d) a citação regular das partes ou verificação legal da ocorrência da revelia; e) a prolação por juiz 
competente. 
 
Por fim, importante mencionar, que o Código de Processo Civil possui um capítulo específico 
acerca da Cooperação Internacional, subdivididos no estudo da homologação de sentenças 
estrangeiras, do auxílio direto e das cartas rogatórias – artigo 26 e seguintes do CPC. 
Importante: O STJ não homologa decisões estrangeiras que violam a competência exclusiva 
brasileira – art. 23 do CPC. 
 
 Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: 
 I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; 
 II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e 
 ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de 
 nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; 
 III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de 
 bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha 
 domicílio fora do território nacional. 
 
 
Detalhe: É possível que no julgamento de um processo no Brasil seja aplicada a legislação 
estrangeira? 
R: Sim. Essas normas encontram-se inseridas a partir do art. 7º da LINDB. 
Por exemplo, sempre que o morto for estrangeiro, e os seus bens estiverem situados no 
Brasil, o processo de inventário deve tramitar no Brasil. Ainda que o juiz brasileiro, tenha que aplicar 
o direito material alienígena do “de cujus”. Ressalvada a hipótese do cônjuge e os herdeiros serem 
brasileiros, pois, neste caso, aplica-se a lei brasileira sempre que for mais benéfica – em virtude da 
primazia da família brasileira. 
Importante: Atualmente, não possui prazo para requerimento de homologação de divórcios 
ocorridos no estrangeiro. 
 
OBS.: Leitura obrigatória dos artigos 7º ao 19 da LINDB. 
 
 
 
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15. OBSERVAÇÕES QUANTO A LEI nº 13.655, DE ABRIL DE 2018 
 
Inclui no Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei de Introdução às Normas do 
Direito Brasileiro), disposições sobre segurança jurídica e eficiência na criação e na aplicação do 
direito público. 
Os acréscimos realizados na LINDB, foram alvo de elogios e críticas. Muito possivelmente, 
em provas de concurso serão cobrados em um primeiro momento, a letra da lei. Todavia, não 
podemos descartar a cobrança em provas subjetivas. 
Os artigos inseridos pela Lei – art. 20 ao 31 da LINDB -, são muito aplicados no campo do 
direito público, precisamente, no direito administrativo. 
Cabe mencionar, que não houve alterações no conteúdo de LINDB, mas sim, algumas 
inclusões, como já mencionado, de conteúdos relacionados ao direito administrativo. Esses novos 
dispositivos possuem vigência imediata – data da publicação da lei -, salvo o artigo 29, pois na data 
da publicação, tinha previsão de vacatio legis de 180 dias. 
 
15.1 Critérios de segurança jurídica na administração pública 
 Esses critérios, tem por finalidade dar mais segurança aos gestores (muitas vezes 
vulneráveis), nas tomadas de decisões e nas interpretações no âmbito da administração. 
 
1. Clareza normativa 
 
No campo clareza normativa, tivemos: 
 
a) Estímulo à edição de orientações; 
 
b) Consulta Pública. 
 
 
 
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Essas normas encontram-se inseridas nos artigos 29 e 30, vejamos: 
 
 Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por autoridade 
 administrativa, salvo os de mera organização interna, poderá ser precedida de consulta 
 pública para manifestação de interessados, preferencialmente por meio eletrônico, a qual 
 será considerada na decisão. 
 § 1º A convocação conterá a minuta do ato normativo e fixará o prazo e demais condições 
 da consulta pública, observadas as normas legais e regulamentares específicas, se houver. 
 
Veja-se que, o art. 29, trata-se de um dispositivo de precaução, de prevenção acerca de 
problemas futuros, relacionadas as tomadas de decisões. 
 
 Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na 
 aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e 
 respostas a consultas. 
 
 
2. Responsabilização do agente público por interpretação 
 
a) Parâmetro de contextualização (art. 22); 
b) Dolo ou Erro Grosseiro. 
 
Essa responsabilização do agente encontra-se respaldo nos artigos 22 e 28. 
 
 Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os 
 obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu 
 cargo, sem prejuízo dos direitos dos administrados. 
 § 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, 
 processo ou norma administrativa, serão consideradas as circunstâncias práticas que 
 houverem imposto, limitado ou condicionado a ação do agente. 
 § 2º Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração 
 cometida, os danos que dela provierem para a administração pública, as circunstâncias 
 agravantes ou atenuantes e os antecedentes do agente. 
 § 3º As sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na dosimetria das demais 
 sanções de mesma natureza e relativas ao mesmo fato. 
 
 Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas 
 em caso dedolo ou erro grosseiro. 
 
 
 
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Extrai-se da análise dos dispositivos, que nas decisões dos administradores/gestores, 
eventual invalidade do ato ou verificação de regularidade, ocorrerá anos depois. Isso porque, a Lei 
de Introdução não levará em consideração a verificação do ato no dia de hoje, mas sim, para aquilo 
que aconteceu à época passada, ou seja, no momento em que efetivamente ocorreu a decisão. 
Alguns estudiosos criticam o contido no art. 28, alegando, para tanto, que estariam 
amenizando a responsabilidade civil do agente público, no campo da responsabilidade civil do 
estado. 
No entanto, essa crítica não deve prevalecer, pois, sabemos, que a responsabilidade civil do 
Estado é objetiva. Além disso, o Estado tem a possibilidade de ingressar com ação regressiva em 
face do agente público, quando o mesmo age com culpa – responsabilidade civil subjetiva. 
O disposto no artigo 28, trata, especificadamente, da responsabilidade pela tomada de 
decisões por interpretação – podendo ocorrer por dolo, erro grosseiro e fraude. 
 
3. Invalidade do Ato Administrativo 
 
a) Princípio da motivação concreta 
 
Encontra-se previsão nos artigos 20 e 21. Esses dispositivos estabelecem uma análise 
econômica do direito. Ou seja, o sujeito que está invalidando o ato, seja na esfera administrativa, na 
controladoria ou na esfera judicial, deve ser feita uma prognose de análise das consequências que 
poderão advir daquele ato. 
Em outras palavras, consiste na aplicação de técnicas de economia para observar os impactos 
que a decisão trará. 
 
 Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em 
 valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da 
 decisão. 
 Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida 
 imposta ou da invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, 
 inclusive em face das possíveis alternativas. 
 
 
 
 
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 Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a 
 invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de 
 modo expresso suas consequências jurídicas e administrativas. 
 Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, 
 indicar as condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime 
 e sem prejuízo aos interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos atingidos 
 ônus ou perdas que, em função das peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos. 
 
b) Invalidade referencial 
 
Sobre a invalidade referencial, encontram-se previsão legal no artigo 24 da LINDB. Ou seja, a 
possível invalidade de um ato administrativo, deve ter como referência o momento que aconteceu 
e as peculiaridades da tomada de decisão no momento que ocorreu. 
 
 Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade 
 de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver 
 completado levará em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, com base 
 em mudança posterior de orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente 
 constituídas. 
 Parágrafo único. Consideram-se orientações gerais as interpretações e especificações 
 contidas em atos públicos de caráter geral ou em jurisprudência judicial ou administrativa 
 majoritária, e ainda as adotadas por prática administrativa reiterada e de amplo 
 conhecimento público. 
 
c) Irregularidades sem pronúncia de nulidade 
 
As irregularidades sem pronúncia de nulidade, encontram-se previstas no artigo 21 da LINDB 
(comentários a respeito deste artigo – vide item “a”). 
 
d) Regime de Transição 
 
Esse regime se revela na observância de transição entre uma postura e outra, relacionada a 
tomada de decisões no campo do direito público. Esse regime possui aplicação nos artigos 21 e 23. 
Dispõe o art. 23. 
 
 Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação 
 ou orientação nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou 
 novo condicionamento de direito, deverá prever regime de transição quando indispensável 
 
 
 
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 para que o novo dever ou condicionamento de direito seja cumprido de modo 
 proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais. 
 
 
e) Administração Consensual ou Dialógica 
 
Encontram-se previstas nos artigos 26 e 27 da LINDB, vejamos: 
 
 Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na 
 aplicação do direito público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade 
 administrativa poderá, após oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após realização 
 de consulta pública, e presentes razões de relevante interesse geral, celebrar compromisso 
 com os interessados, observada a legislação aplicável, o qual só produzirá efeitos a partir 
 de sua publicação oficial. 
 
 Art. 27. A decisão do processo, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, poderá 
 impor compensação por benefícios indevidos ou prejuízos anormais ou injustos resultantes 
 do processo ou da conduta dos envolvidos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PRINCÍPIOS NORTEADORES DO DIREITO CIVIL 
 
Quando falamos em princípios norteadores do Direito Civil, fala-se em Direito Civil 
constitucionalizado – Direito Civil contemporâneo, moderno -, isso porque, o nosso sistema possui 
uma preocupação muito grande com a dignidade da pessoa humana. 
O princípio da dignidade da pessoa humana no ordenamento jurídico brasileiro, deve ser 
aplicado e observado em todos os aspectos do sistema civilista. 
O anterior Código Civil (1.916), era um sistema extremamente preocupado com questões 
patrimoniais. Haviam figuras específicas neste código, por exemplo: a) o homem que tomava as 
decisões nas relações familiares (o homem fixava domicílio conjugal; ele que autoriza a esposa a 
trabalhar; o salário da esposa era regido pelo homem, bem como, poderia ser retido por ele; o 
homem detinha o pátrio poder sob os filhos); b) o testador nas relações sucessórias poderiam dispor 
livremente e da forma que quisesse os seus bens; c) os contratantes poderiam contratar da forma 
que melhor lhe convier; d) os proprietários poderiam utilizar a propriedade da maneira que 
pretendia. 
Com o passar do tempo, mais especificadamente na Alemanha, nas décadas de 40 e 50 
vigorava naquele período as mazelas praticadas pelo nazismo. Em um momento pós guerra, houve 
uma preocupação muito grande em reconstruir a imagem do Estado e a preocupação com a 
dignidade da pessoa humana, pois o direito é, e foi criado, para as pessoas. 
Na década de 70, o Brasil vivia à época da ditadura militar. Neste mesmo período, iniciou-se 
a elaboração do projeto do Código Civil de 2002, ou seja, nosso atual sistema foi pensado, redigido 
e elaborado

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