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Atos cirúrgicos fundamentais BTC – Aula 01 Renan Cabral Mota – Medicina 2010.1 - UFPB 1 Definição: Consistem em 3 manobras (movimentos) presentes em todos os procedimentos cirúrgicos: diérese, hemostasia e síntese. Intervenção cirúrgica: É um conjunto de atos ou gestos, manuais ou instrumentais, realizados pelo cirurgião, de forma asséptica e menos traumática possível, em um procedimento cruento, com finalidade diagnóstica, terapêutica ou estética. DIÉRESE Definição: Tentativa de criar passagem entre os tecidos. Toda diérese afasta tecidos, para se dar acesso para o ato operatório Pode ser de vários tipos: Incisão, Secção, Divulção, Punção, Dilatação e Serração. • Incisão: Diérese com instrumentos cortantes ou com bordas cortantes produzindo uma separação tecidual linear, uniforme e homogênea. Ondas podem produzir incisões. (Ex: uso do bisturi) • Secção: Consiste no isolamento ou dissecção de uma estrutura anatômica, separada parcial ou totalmente. (Ex: veia safena para ponte de safena, desobstrução vascular) • Divulção: Não utiliza instrumentos cortantes, e sim rombos e semi-rombos, para o afastamento tecidual por camadas. (Ex: tesouras) • Punção: Trata-se de uma diérese na qual existe um instrumento puntiforme que penetra os tecidos ou camadas a fim de atingir uma cavidade, uma luz ou uma estrutura anatômica podendo injetar ou aspirar líquidos ou gases. Possui finalidade diagnóstica, terapêutica e estética. • Dilatação: Diérese na qual se realiza o aumento de uma determinada estrutura anatômica pré-existente ou neoformada através da ruptura de fibras musculares ou tecidos fibróticos. ( Ex: Esfíncter anal, uretra, colédoco, papila, esôfago ou fístula neoformada ) • Serração: Específica para o tecido ósseo. Porém não é a única, pois o tecido ósseo também pode sofrer punção ou secção. Atos cirúrgicos fundamentais BTC – Aula 01 Renan Cabral Mota – Medicina 2010.1 - UFPB 2 Características para uma boa diérese: - Extensão adequada - Bordas precisas - Respeitar os planos teciduais - Evitar lesões neurológicas e vasculares - Acompanhar as linhas de tensão HEMOSTASIA Definição: Ato cirúrgico fundamental que visa coibir ou evitar a perda sanguínea ou dos elementos figurados do sangue pelo tecidos. Profilática ou terapêutica baseada na parede vascular e na anatomia. I. Hemostasia temporária: Não há lesão da parede vascular. • Pinçamento: Utiliza pinças hemostáticas atraumáticas. Entre os dentes, a estrutura não danifica a parede vascular, o cirurgião pode, ainda, utilizar os próprios dedos. • Compressão: Realizada pela força física, colabando as paredes vasculares. (Ex: Utilizar gazes para comprimir feridas) • Garroteamento: Geralmente utilizada em membros, com força física centrípeta, realizando colabamentoda parede vascular. (Ex: Colocar elástico para achar veia ou usar esfigmomanômetro para evitar hemorragia) • Oclusão endovascular: usa um cateter com um balão para obstruir o vaso. • Parada circulatória por hipotermia: Utiliza-se solução rica em potássio para parar o coração. • Ação farmacológica vasopressora: Utiliza-se anestésico com vasopressor para diminuir o sangramento. (Ex: bupivacaína com adrenalina) Atos cirúrgicos fundamentais BTC – Aula 01 Renan Cabral Mota – Medicina 2010.1 - UFPB 3 II. Hemostasia definitiva: Geralmente há lesão da parede do vaso. • Ligadura: Realizada utilizando-se um fio cirúrgico, faz-se nós que colabam as paredes vasculares. • Sutura: Semelhante a ligadura, mas é necessária a presença de agulha. A ligadura é mais específica, pois o vaso encontra-se isolado. Por outro lado, a sutura abrange uma área maior de tecido. • Cauterização: Utiliza eletricidade, comprimento de onda e agentes químicos (CO2). • Obturação: Utilizada em tecido ósseo. O osso só atinge hemostasia por obturação. Coloca-se cera cirúrgica para obstruir as trabéculas da região esponjosa. Outro exemplo seria na colecistectomia, pois, devido a remoção da vesícula, há grande sangramento, então se utiliza uma rede de fibrina sintética que cria trombos nos capilares. SÍNTESE Definição: Ato cirúrgico fundamental que visa restabelecer a integridade tecidual orgânica através da coaptação de tecidos, camadas ou mesmo estruturas anatômicas, facilitando o processo de cicatrização. - Instrumental: Pinças, porta-agulhas, dispositivos mecânicos. - Material: Fios absorvíveis e inabsorvíveis, grampos e telas. FIOS CIRÚRGICOS I. Absorvíveis: Utilizados em região com pouca tensão. • Categute simples e cromado: 7 e 20 dias, respectivamente. • Ácido poliglicólico (Dexon): Absorvido por hidrólise em 60 a 90 dias. Atos cirúrgicos fundamentais BTC – Aula 01 Renan Cabral Mota – Medicina 2010.1 - UFPB 4 • Ácido poligalático (Vicryl): Absorvido por hidrolise em 60 dias. • Polidioxanona (PDS, Maxon): Absorvido em 90 dias. Obs: Podem ser mono ou multifilamentares. II. Inabsorvíveis: Utilizados em derme e aponeuroses musculares, sofrerão grande tensão, os fios podem ser expulsos ou formar granuloma. • Seda: Causa reação local intensa. Não é indicado o uso em regiões superficiais. • Algodão: Causa reação local intensa. Pouco utilizado, exceto em hemostasia definitiva de grandes vasos, pois aqui não provoca granuloma. • Poliéster (Mersilene/Surgilene): Causa pouca reação inflamatória local. Sendo multifilamentar, deve-se evitar seu uso em locais infectados. • Nylon: Causa baixa reação inflamatória, porém, quando utilizado em regiões superficiais, forma granuloma. Utilizado nos tecidos submetidos a grandes tensões. • Polipropileno (Prolene): Comparado ao Nylon, é mais resistente e provoca maior extrusão.