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Teste de Papanicolau, também conhecido como Citologia Oncótica, Citologia Exfoliativa, Preventivo, Pap Test. • As células são colhidas na região do orifício externo do colo e canal endocervical, colocadas em uma lamina transparente de vidro, corada e levadas a exame microscópio, que irá distinguir células normais de malignas e as que apresentem alterações indicativas de lesões pré-cancerosas. •As lesões malignas ou pré-malignas do colo do útero somente poderão ser detectadas se o esfregaço cervico-vaginal conter células representativas do ectocérvice e do endocérvice preservadas em numero suficiente para diagnostico. Quando Realizar o Exame •Toda a mulher que têm ou já teve atividade sexual deve submeter-se a exame preventivo. •A periodicidade preconizada para a realização desse exame é, inicialmente, 1 exame por ano. •No caso de 2 exames normais seguidos (com intervalo de 1 ano entre eles), o exame deverá ser feito a cada 3 anos. •Em caso de exames com resultados alterados a mulher deve seguir as orientações fornecidas pelo médico que a acompanha. Coleta em grávidas: •Pode ser feita em qualquer período da gestação, preferencialmente até o 7º mês. •A coleta deve ser feita com a espátula de Ayre. • Não usar escova de coleta endocervical. Coleta em Virgens: •Deve ser realizada exclusivamente por profissional médico. O Formulário •A importância do preenchimento do formulário de requisição de citologia é fundamental, bem como da identificação do exame. •Falhas na identificação podem acarretar troca de exames, comprometendo o trabalho. Identificação da Lâmina •È obrigatório o uso de lamina com extremidade fosca para facilitar a identificação, que deve ser feita com lápis preto. •Não usar caneta hidrográfica, esferográfica e etc, estas tintas dissolvem durante o processo de coloração das lâminas. •Na parte fosca anotar o numero de registro da mulher, e as inicias de seu nome. Condições Ideais Para Uma Amostra de Qualidade •Não estar menstruada. Preferencialmente, aguardar o 5º dia após a termino da menstruação. •A presença de pequeno sangramento de origem não menstrual, não é impeditivo para a coleta, principalmente nas mulheres na pós-menopausa. •Não usar creme vaginal nem submeter-se a exames intravaginais (ultra- sonografia) por 2 dias antes do exame. • Não manter relações sexuais 2 dias antes do exame. •Não realizar ducha vaginal no dia do exame somente lavar por fora. • Não usar cremes ou pomadas 2 dias antes do exame. • É impossível realizar analise de amostra que contenha grande quantidade de sangue ou esteja contaminada por creme vaginal, vaselina e outros. Iniciando a coleta a) A Vulva – se há lesões esbranquiçadas ou hipercrômicas, nódulo verrugas e/ou feridas. b) A Vagina – o aspecto, a existência de lesões pólipos verrugas e corrimentos. •A vagina e a vulva também desenvolvem câncer, e uma forma eficiente de diagnosticá-lo precocemente é verificar a existência de lesões suspeitas. a) Escolha o espéculo mais adequado. b) Introduza o espéculo, procedendo da seguinte forma: • Não lubrifique o especulo com qualquer tipo de óleo, glicerina, creme ou vaselina. • No caso de pessoas idosas com vaginas extremamente ressecadas, recomenda-se molhar o especulo com soro fisiológico ou solução salina. Introduza o espéculo, em posição vertical e ligeiramente inclinado. Iniciada a introdução faça uma rotação de 90º, deixando-o em posição transversa, de modo que a fenda da abertura do espéculo fique na posição horizontal. FIXAÇÃO A FIXAÇÃO DEVE SER PROCEDIDA IMEDIATAMENTE APÓS A COLETA, SEM NENHUMA ESPERA. VISA CONSERVAR O MATERIAL COLHIDO, MANTENDO AS CARACTERÍSTICAS ORIGINAIS DAS CÉLULAS, PRESERVANDO-AS DO DESSECAMENTO (MÁ-FIXAÇÃO) QUE IMPOSSIBILITARÁ A LEITURA DO EXAME. HÁ 03 FORMAS DE PROCEDER A FIXAÇÃO: A) FIXAÇÃO a SECO: “SPRAY” (polietilenoglicol) Verificar a validade e aplicá-lo a uma distância de 20 cm da lâmina IMEDIATAMENTE APÓS A COLETA (este procedimento não pode demorar mais que 40 segundos) e depois de aplicar o fixador deixar a lâmina na posição horizontal até o fixador secar por completo. B) FIXAÇÃO ÚMIDA: ÁLCOOL 95 % - colocar a lâmina no frasco com álcool 95% imediatamente após a coleta (fixador de melhor resultado). Não retirar a lâmina do álcool. Enviar o frasco com álcool, com a lâmina dentro para o laboratório para ser corado e analisado. C) FIXAÇÃO MISTA (úmida e seca): colocar a lâmina no frasco com álcool 95% imediatamente após a coleta, deixando-a neste líquido por no mínimo 30 minutos. Após isto, retirá-la do álcool e deixá-la secar ao ar. Após estar completamente seca, colocá-la em um recipiente adequado para transporte ao laboratório. •1º Fase de Hidratação: álcool 70%, álcool 50%, água Coloração Nuclear: Hematoxilína de Harris – por 5 a 10 min. “Água ácida” – (HCL 0,2%) , (dois mergulhos) tira o excesso, Água Corrente - 5 minutos •2º Fase de Desidratação: álcool 50%, álcool 70%, álcool 95% Corante Diferenciador de citoplasma- Orange G - e álcool 95 Coloração de Citoplasma: EA 36 (Eosina alcoólica) •3º Fase de Diafanização: álcool 95%, álcool 95% álcool absoluto,álcool absoluto Xilol, Xilol •4º Fase de Fixação Lâmina e Lamínula fixada com “goma”. Montagem do protocolo de coloração para o exame de Papanicolaou Técnica de Coloração de Papanicolaou 1. Lavar as lâminas em água corrente – 5 a 15 minutos; 2. Corar na Hematoxilina de Harris – 3 a 5 minutos; 3. Lavarem água corrente – 5 a 10 minutos; 4. Diferenciar no ácido acético a 10% e colocar por 1 minuto em banho maria; 5. Lavar em água corrente – 10 a 15 minutos; 6. Lavar no álcool absoluto a 90% - 3 a 5 minutos; 7. Corar no Orange G – 3 a 5 minutos; 8. Lavar em duas trocas de álcool – 2 imersões; 9. Corar no E.A-36 – 3 a 5 minutos; 10. Lavar em duas trocas de álcool – 2 imersões; 11. Fazer 3 trocas de xilol – 3 imersões. 12. 1º xilol – 5 minuto, 2º xilol e 3º xilol – o tempo necessário para a montagem da lâmina. COMENTÁRIOS SOBRE os RESULTADOS A amostra colhida, ao ser examinada no laboratório, será classificada em: Amostra insatisfatória Amostra satisfatória Uma amostra será considerada insatisfatória quando há: Ausência de identificação na lâmina ou na requisição; Lâmina quebrada ou com material mal fixado; Células escamosas bem preservadas cobrindo menos de 10% de superfície da lâmina; Obscurecimento por sangue, inflamação, áreas espessas, má fixação, dessecamento etc., que impeçam a interpretação, de mais de 75% das células epiteliais. Nestes casos não é possível se dar algum diagnóstico e por isso o exame deve ser repetido. Possíveis colos encontrados Estudo de Caso Data da Consulta: 13/08/1992 Identificação: R.P.D., 38 anos, mulher, negra, casada, de prendas domésticas, natural da Bahia. Queixa principal: Sem queixas. História da doença atual: Assintomática. Veio à consulta por orientação da visitadora sanitária de sua comunidade para fazer exame preventivo ginecológico. Refere ser a primeira vez que fará consulta com esta finalidade. Antecedentes pessoais: Menarca aos 11 anos. Data da última menstruação: 30/07/1992. Ciclos menstruais regulares (4/28). Início da atividade sexual aos 16 anos. Gesta VI para III (três partos normais e três abortos provocados). Primeiro parto aos 18 anos. Fez uso de anticoncepcional oral durante 6 anos. Viroses próprias da infância. Fez "queimação deverruga nas partes baixas" há 2 anos e tratamento para "mancha no pulmão" há 15 anos e ficou curada. Nega ser diabética e hipertensa. Antecedentes familiares: Mãe viva, diabética. Pai vivo, hipertenso. Dois irmãos vivos e saudáveis. Hábitos de vida: Nega tabagismo. Etilista ocasional. Condições de alimentação e moradia regulares. Exame físico: Paciente em bom estado geral. Pressão arterial: 130 x 80 mmHg Pulso radial: 80 bpm Freqüência respiratória: 16 ipm Temperatura axilar: 36,5°C Peso: 54 Kg Altura: 1,66m Cabeça e pescoço: Prótese dentária na arcada superior. Ausência de lesões da mucosa bucal. Exame do fundo de olho normal bilateralmente. Ausência de linfonodos palpáveis. Tórax: Tórax simétrico. Mamas volumosas, normais à inspeção e à palpação. Linfonodos axilares e supraclaviculares impalpáveis. O exame dos aparelhos cardiovascular e respiratório não mostra anormalidades. Abdômen plano, flácido, simétrico, indolor à palpação superficial e profunda. Ausência de massas palpáveis. Fígado e baço impalpáveis. Membros: Ausência de edemas. Exame neurológico: sem anormalidades. Exame ginecológico: Vulva normal. Ruptura incompleta de períneo. Cistocele de primeiro grau. Conteúdo vaginal de pequeno volume, fluido, esbranquiçado, sem odor característico. Colo uterino central com mácula rubra e orifício externo em fenda transversa. Foi realizada coleta tríplice (fundo-de- saco vaginal, ectocérvice e endocérvice). Teste de Schiller: iodo-claro central. Toque vaginal: vagina ampla; colo de volume e consistência normais. Fundos-de-saco livres e elásticos. Corpo em posição intermediária, com volume, forma, consistência, mobilidade e sensibilidade normais. Anexos palpáveis, de tamanho, consistência e sensibilidade normais. Toque retal: Mucosa retal sem anormalidade. Paramétrios livres. Ausência de massas palpáveis. Qual a hipótese diagnóstica? Ectopia da mucosa endocervical. A paciente foi orientada no sentido de retornar em trinta dias para tomar conhecimento do resultado do exame citológico. Em vista do resultado do exame citológico, a paciente foi informada sobre a necessidade de ser encaminhada a um serviço mais bem aparelhado do que o posto de saúde, para que pudesse ser submetida a exame colposcópico e à biópsia dirigida do colo do útero. Na semana seguinte, R.P.D. foi atendida pelo seu novo médico, Dr. Carlos. A paciente encontrava-se tensa porque uma vizinha que tinha câncer fora atendida pelo mesmo Dr. Carlos, quatro meses antes. Observe o diálogo que se estabeleceu entre a paciente e o médico: Dr. Carlos: Bom dia, dona Rita. Como está a senhora? D. Rita: Nervosa, doutor. Dr. Carlos: Nunca fez exame ginecológico, dona Rita? D. Rita: Não é por isso não, doutor. É que eu fiz o exame preventivo do câncer lá no posto e o doutor de lá me mandou para o senhor, dizendo que eu precisava fazer mais exames. O que está acontecendo? Eu estou com câncer como a minha vizinha? Dr. Carlos: E se estiver, o que vai fazer? D. Rita: Não sei, doutor, me tratar, Não é? Dr. Carlos: lsso mesmo, dona Rita. Só que nós estamos adiantando a conversa. Por que não fazemos os exames e depois voltamos a conversar, tendo em mãos os resultados? D. Rita: Está bem, doutor. É mais certo, não ? R.P.D. foi submetida ao exame colposcópico, que mostrou pontilhado e macromosaico, e relevo com aumento significativo do lábio anterior do colo, que se mostrou iodo-negativo, sendo realizada a biópsia desta área. Se não houvesse possibilidade de realização da colposcopia, a biópsia poderia ser orientada pela área iodo-claro revelada pelo teste de Schiller: biópsias múltiplas, de preferência uma em cada quadrante do colo, na zona de transição entre a área iodo-clara e a área da mucosa normal. O teste de Schiller consiste na impregnação do epitélio cérvico-vaginal normal pela solução de lugol, que, devido ao teor alto de glicogênio encontrado em suas células, cora-se de castanho-escuro (iodo-positivo). As lesões displásicas ou malignas, pelas suas células pobres em glicogênio, não se coram (iodo-negativo). Uma semana depois de submetida à colposcopia, R.P.D. é novamente atendida pelo Dr.Carlos. Observe o novo diálogo que ocorreu entre eles: D. Rita: Bom-dia, doutor. O resultado do exame chegou? Dr. Carlos: Chegou, dona Rita. Mostrou que a senhora vai ter que se tratar. D. Rita: Então deu câncer, doutor... Dr. Carlos: Deu, dona Rita, mas no início, e a senhora vai ficar curada com o tratamento. D. Rita: Para que é que eu fui fazer aquele preventivo? Eu estava bem, sem sentir nada, quieta no meu canto... Dr. Carlos: Sinal de que a doença não se alastrou. Foi ótimo que a visitadora sanitária tenha orientado a senhora para fazer o exame. O câncer do útero pode ser evitado. Se todas as mulheres soubessem disso, fariam sempre o seu preventivo. A sua experiência pode ser um exemplo para as suas amigas do bairro. D. Rita: E agora, doutor, o que nós vamos fazer? Dr. Carlos: Agora, dona Rita, vamos retirar o colo do útero para que ele seja totalmente examinado. Aspecto microscópico do carcinoma escamocelular in situ do colo uterino de R.P.D.(HE X4OO). Nota- se a substituição da mucosa cervical por células escamosas atípicas; a membrana basal está íntegra. Foi então realizada a conização do colo uterino. A conização é um procedimento cirúrgico que pode ser utilizado como terapêutica definitiva para o carcinoma in situ do colo uterino. A peça deve ser estudada através da realização de cortes escalonados do cone, que devem resultar em não menos de 60 lâminas a serem examinadas. Este exame tem a finalidade de verificar se a lesão foi totalmente retirada e se existe ou não invasão além da membrana basal do epitélio. Considerações terapêuticas As modalidades terapêuticas aplicáveis ao carcinoma invasor do colo do útero dependem do estadiamento do tumor e da idade, da vida sexual e das condições clínicas da paciente. De maneira geral, cirurgia é indicada nos casos iniciais, e a radioterapia, nos demais. Em ambos os procedimentos, a relação médico-paciente deve permitir a abordagem das limitações que advirão do tratamento: a cirurgia e a radioterapia levam à perda da capacidade reprodutiva; a radioterapia dificulta também a atividade sexual, em decorrência da estenose vaginal que provoca. O tratamento indicado para o caso de R.P.D. é o cirúrgico e, dependendo do serviço que a realizará, pode consistir em uma histerectomia total com retirada parcial dos paramétrios e do terço superior da vagina, ou na retirada total do útero, dos anexos e do terço superior vaginal, bem como esvaziamento linfático pélvico. A cirurgia foi realizada, tendo transcorrido sem anormalidades. O exame anátomopatológico da peça cirúrgica não mostrou lesão residual. D. Rita foi reencaminhada ao posto de saúde, com relatório médico e orientação para ficar sob controle clínico e citológico periódico. O posto de saúde deverá manter o serviço especializado informado sobre a evolução da paciente. De volta ao posto de saúde, D. Rita contatou a visitadora sanitária, colocando-se à disposição para participar de atividades educativas na comunidade. Sem dúvida alguma, ela foi motivada pela conduta humana e profissional do Dr. Carlos. Deve-se notar a maneira adequada pela qual ele orientou o caso, permitindo uma boa relação médico-paciente. Hoje, D. Rita sabe que o exame preventivo tem importância não só para detectar o câncer do colo do útero em fase curável, mas, principalmente, para detectar lesõespré-malignas, cujo controle permite evitar o desenvolvimento do tumor.
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