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Resenha Tinoco

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12 Angry Men (Título Original). Título no Brasil: 12 Homens e Uma Sentença.
Direção: Sidney Lumet. País: Estados Unidos da América, 1957. DVD (95 min.)
Resenhado por *
Gravado em um tribunal, 12 Homens e Uma Sentença conta a história de um jovem porto-riquenho que foi acusado de assassinar brutalmente o próprio pai. Quando ele vai a julgamento, o júri, que é composto por doze homens se reúne para decidir a sentença, levando em conta que o réu deve ser considerado inocente até que se prove o contrário. Onze dos jurados têm plena certeza de que ele é culpado, e votam pela condenação em menos de cinco minutos, preocupados com suas vidas pessoais e seus lazeres, mas um jurado os refuta e menciona a importância de investigar mais para que a sentença seja correta, pois é a vida de uma pessoa que está em jogo. Para isso ele terá que enfrentar diferentes interpretações dos fatos e a má vontade dos outros jurados, que só querem ir logo para suas casas. 
O filme tem início na sala de um tribunal, com o juiz enfatizando a importância e a responsabilidade dos jurados em proferirem uma sentença e que tal veredicto seria aceito apenas por unanimidade tanto para inocência ou acusação. A situação é complicada para o réu, que possui testemunhas oculares o condenando e a pena para tal delito é a morte. Cabe aos doze jurados a sentença, eles se reúnem em uma saleta com o intuito de atribuírem um parecer ao saírem de lá. Onze dos jurados votam imediatamente pela condenação do réu com exceção de Davis, o jurado nº 08 que os questiona sobre a imediata sentença e os faz refletir caso o réu fosse inocente o prejuízo que causariam o condenando injustamente pelo crime que não cometeu.
Os onze jurados convencidos da idéia de estarem corretos resolvem por ordem numérica reavaliar e comentar os motivos que os levaram a condenar o réu, podendo assim demonstrar a Davis que está equivocado em contrariá-los. O jurado número 01 avalia o caso e não demonstra segurança em sua decisão, pois não possuía uma análise concisa dos fatos sendo facilmente intimidado por Davis. O jurado número 02 relatou o testemunho de um senhor do tribunal que admitiu morar no apartamento do andar de baixo de onde ocorreu o crime e assegurou ter ouvido detalhes do ocorrido o que seria uma prova para condenação do jovem acusado. O jurado número 03 disse que seu álibi para a condenação foi o réu relatar ter ido ao cinema em tal horário e quando questionado não lembrar o nome do filme o qual foi assistir. O jurado número 04 faz seus comentários alegando não precisar da discussão, pois tudo se encaixava, a testemunha que afirmou morar em frente ao local onde aconteceu o crime e ter visto o exato momento em que o jovem matou seu pai. Davis o refuta, questionando o motivo de acreditar na mulher e não crer no réu o deixando em silêncio. O jurado número 05 passa sua vez demonstrando não possuir argumentos. O número 06 acha o testemunho de alguns moradores de perto do ocorrido satisfatório e Davis também o contesta afirmando que a briga entre pai e filho relato usado pelas testemunhas, não seria motivo para o jovem ter assassinado seu pai, porque brigas em sua vida eram freqüentes desde sua infância, desde criança sofria agressões por parte de seu pai. E assim sucede a discussão entre os jurados, o que por onze pessoas seria facilmente resolvido, Davis consegue fazê-los argumentar e levantar detalhadamente cada hipótese, cada fato e demonstrar a importância da discussão visto que estavam tratando sobre uma vida.
 A condenação do jovem garoto era injusta sendo reavaliada por Davis já que as provas eram incoerentes e faltava interrogação do advogado do réu perante as testemunhas que o condenavam, como por exemplo, o senhor o qual mora no andar de baixo do apartamento onde ocorreu o crime, o fato de possuir um problema físico na perna o impossibilitaria de chegar na janela no tempo relatado e ter a certeza de que era o jovem quem fugia do local do crime, como também a arma usada para matar o assassino, o jovem era conhecido por suas habilidades em manusear facas, tal objeto foi encontrado cravado no peito de seu pai, porém, como alguém tão habilidoso usaria uma faca especial de modo errado? Por quê o réu após ter matado seu pai fugiria e depois retornaria ao local do crime? Como alguém pode ter relatado ouvir gritos enquanto um trem passava? Eram relatos incompletos analisados pelos jurados, sobretudo Davis.
Em menos de uma hora o filme expressa a grande importância de dialogar, questionar, debater e refutar, tudo e à todos sobretudo em situações em que vidas de pessoas estão incluídas, o filme demonstra também a fragilidade da justiça e sua necessária imparcialidade, a sociedade composta por homens o qual cada um possui seus pontos de vista pessoais o que representa um emaranhado de preconceitos, opiniões e valores. A principal mensagem trazida pelo filme é que os princípios estão acima de preconceitos, de pessoalidade, do censo comum, as decisões devem ser pautadas na racionalidade.
Não é à toa que evoluímos por conta dos filósofos que nos ensinaram e mostraram que, aprendemos apenas quando questionamos, dessa maneira geramos dúvidas e buscamos soluções para problemas. Nada é resolvido sem antes possuir algum tipo de diálogo. 
Créditos para a fala do principal personagem do filme, em que ele pede uma informação precisa dada por uma testemunha de acusação do jovem garoto.
– Você está falando de uma questão de segundos! Ninguém pode ser tão preciso!
– Bem… Acredito que um depoimento que pode colocar um garoto numa cadeira elétrica deva ser preciso!
Mesmo sozinho, às vezes é necessária a coragem para lutar pela justiça mesmo que pareça improvável, fato que é comprovado no filme pelo personagem Davis, refutando à todos e discutindo todos os detalhes, até os mínimos quase imperceptíveis no caso, conseguiu assegurar o objetivo principal de sua função, conceder o que era mais justo na situação.
* ( curso de Licenciatura em Química, do IFAM/CMC)

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