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Parasitologia – Aula 6a Prof.ª Me. JULIANA CONTI VIANA Filo Nemathelminthes Família Ancylostomatidae Classificação e Morfologia Os helmintos da família Ancylostomatidae com interesse médico pertencem a duas subfamílias: - Ancylostominae – presença de apêndices quitinosos em forma de dentes na cápsula bucal. Gênero Ancylostoma, com diversa espécies. - Bunostominae – provida de placas ou lâminas quitinosas ao redor da abertura da cápsula bucal. Diversas espécies, inclusive Necator americanus. Necator americanus e Ancylostoma duodenale são as espécies mais importantes como agentes etiológicos da ancilostomíase humana. Ancylostoma duodenale Vermes com coloração esbranquiçada e , às vezes, rósea. Machos têm comprimento variável de 8 a 11 mm com cerca de 400 µm de largura. Corpo cilíndrico, com extremidade anterior afilada e possui uma ampla cápsula bucal, na qual se encontram em sua margem dois pares de dentes triangulares, além do outro par rudimentar, ao fundo. A extremidade posterior apresenta expansão da cutícula, que constitui a bolsa copuladora. As fêmeas atingem de 10 a 18 mm de comprimento e 600 µm de largura. A cápsula bucal é semelhante à dos machos e sua extremidade posterior é afilada. A vulva se abre no terço posterior do corpo e os ovos possuem forma elíptica, com 56 a 60 µm em seu maior eixo. Biologia Ancilostomídeos possuem ciclo monoxênico – hosp.: ser humano (sem hospedeiros intermediários). São geo-helmintos, isto é, possuem fases de seu desenvolvimento que devem, necessariamente, ser cumpridas no solo. Tal circunstância faz com que determinadas características do solo, além de outras variáveis ambientais, constituam fatores de importância crucial na biologia desses nematódeos. Ciclo Biológico Primeira Fase – de vida livre, desenvolve-se no solo e compreende etapas de desenvolvimento que incluem os ovos, liberados pelas fêmeas que vivem no tubo digestivo de seus hospedeiros e são eliminados juntamente com suas fezes. Esta fase inclui também as larvas originadas a partir dos ovos, denominadas larvas de primeiro, segundo e terceiro estágios (L1, L2 e L3). Ciclo Biológico Segunda Fase - obrigatoriamente parasitária, se inicia com as larvas L3, que são a forma infectante para os hospedeiros suscetíveis, e inclui dois outros estágios larvais (L4 e L5) e vermes adultos. Ciclo Biológico Os ovos de ancilostomídeos, ao serem eliminados com as fezes de seres humanos infectados, necessitam encontrar condições apropriadas para seu desenvolvimento no solo: Umidade elevada, boa oxigenação e temperatura variáveis entre 21 e 32º C estimulam o embrionamento e a formação da larva L1 no interior do ovo. Solos arenosos, sem excessiva compactação e sombreados também representam condições favoráveis. Ciclo Biológico No momento da postura, os ovos de ancilostomídeos são constituídos por célula-ovo única, que iniciará sua segmentação nas fezes no hospedeiro. Seu desenvolvimento somente será completado no meio externo, face à necessidade de altas concentrações de oxigênio, ausentes no microambiente intestinal. Após 18 a 24 horas no solo, em condições adequadas, forma-se a larva de primeiro estádio (L1) no interior dos ovos. Rapidamente, esta larva rabditóide (possui o esôfago diferenciado em 3 porções) eclode, ficando livre no solo. Passa a alimentar-se de bactérias e matéria orgânica em decomposição e , cerca de 3 a 4 dias mais tarde sofre muda e transforma-se em L2, que também possui esôfago rabditóide. Ciclo Biológico A L2 mantém a capacidade de alimentar-se e sofre modificações, especialmente em seu esôfago, que vai se tornando filiforme e alongado, adquirindo a forma filarióide (esôfago estreito e cilíndrico). Passados 4 a 5 dias, ocorre nova muda com a formação de uma outra cutícula por baixo da cutícula de L2 que em vez de ser eliminada, é retida, obliterando a cavidade bucal da nova larva – L3 – larva filarióide infectante (além de possuir um esôfago filarióide, é a forma capaz de infectar um novo hospedeiro). A L3 sobrevive consumindo reservas alimentares acumuladas dos outros estádios já que com o fechamento de sua boca pela cutícula, não consegue ingerir alimentos. A infecção pela L3 de Ancylostoma duodenale ocorre de forma ativa pela pele ou por sua ingestão juntamente com água ou alimentos contaminados. As L3 de Necator americanus somente são infectantes através da penetração cutânea. Após penetrar pela pele, as larvas de ancilostomídeos, pela circulação linfática ou sanguínea, atingem os alvéolos pulmonares, transferindo-se para o sistema respiratório após romper o endotélio dos vasos em que se encontram e do septo alveolar (parede comum a dois alvéolos). Nesse momento ocorre nova muda – liberação de larva L4 – libera no organismo antígenos que têm m importante papel na indução de resposta imunológica. Através dos bronquíolos e brônquios, atingem a faringe, esôfago, estômago e luz do intestino delgado. Durante a migração pelo intestino, ocorre a última muda, formando o quinto estádio larval – L5, que, após a maturação, origina os vermes adultos. No caso das larvas de Ancylostoma duodenale ingeridas, as mudas que até à formação das larvas L5 ocorrem no próprio tubo digestivo, sem ocorrer o ciclo pulmonar descrito anteriormente. Os vermes adultos têm por habitat o intestino delgado. Se reproduzem ali e seus ovos são eliminados junto com as fezes do hospedeiro. Tropismos que propiciam a infecção 1- Geotropismo negativo: tendência de se deslocarem para a superfície do solo, localizando-se nos pontos mais elevados, mesmo se enterradas a cerca de um metro de profundidade. 2- Termotropismo: atração para temperaturas mais elevadas, com consequente ativação de sistemas enzimáticos, facilitando a penetração pela pele de hospedeiros homeotérmicos, cujas temperaturas costumam ser mais elevadas do que as do solo. Tropismos que propiciam a infecção 3- Hidrotropismo: tendência das larvas de se localizarem nas partes mais úmidas do solo. Assim evitam dessecação que poderia ser fatal. 4- Tigmotropismo: tendência à adesão a partículas sólidas no solo ou mesmo à superfície cutânea de um hospedeiro potencial. Patogenia A morbidade decorrente de infecções por ancilostomídeos depende basicamente da quantidade de vermes. Mas outros fatores como espécie do ancilostomídeo e a ocorrência ou não de reações de hipersensibilidade no hospedeiro devem ser levados em consideração. Patogenia Ao penetrar através da pele: Larvas de ancilostomídeos podem causar dermatite, com prurido, edema, eritema e, posteriormente, erupção papulovesicular que persiste até 2 semanas. Estudos indicam que essas ocorrências sejam devido ao carreamento de bactérias pela larva que vive no solo. Patogenia Migração de larvas através dos pulmões: Pode resultar na ocorrência de hemorragias localizadas, com infiltração de leucócitos, destacando-se os eosinófilos. A intensidade das lesões depende da quantidade de larvas que estão migrando e da reposta do hospedeiro. Geralmente não são intensas, ao contrário do que acontece com Ascaris lumbricoides. Patogenia Quando há parasitismo intestinal: Aparecem as alterações mais significativas. Logo após a chegada dos vermes no tubo digestivo, em fase ainda aguda da infecção, podem surgir alterações gastrointestinais caracterizadas por dor epigástrica, modificações do apetite, náuseas, vômitos, flatulência e alterações do hábito intestinal, com ocorrência de diarreia e, às vezes, obstipação. ...tais manifestações são consequências da fixação dos ancilostomídeos à mucosa intestinal, com interiorização em sua capsula bucal de porção da mucosa, facilitando a retirada de sanguee fluidos pelo parasita. No entanto, as alterações mais importantes são de caráter crônico e dependem de processo de anemia microcítica e hipocrômica que, especialmente nas infecções determinadas por elevada carga parasitária, costuma estar presente. Assim, nos pacientes que desenvolvem anemia importante, consequente à perda sanguínea devido à parasitose, podem ocorrer, lassidão (fadiga, fraqueza), cefaleia, falta de ar, palpitações, taquicardia e, às vezes sopros cardíacos, edemas nos membros inferiores e anorexia. A anemia causada por esta parasitose depende da quantidade de ferro ingerida na alimentação, das reservas de ferro no organismo, da intensidade da infecção e da espécie de ancilostomídeo. Profilaxia Ações políticas voltadas para a melhoria das condições de vida da população Saneamento básico, principalmente no meio rural. Uso de calçado. Tratamento dos doentes. Plantio de espécies vegetais que produzem substâncias larvicidas (ex.: capim cidreira, menta e crisântemo) em áreas de endemismo. Filo Nemathelminthes Enterobius (Aula 6b) Filo Nemathelminthes Thrichuris thricura (Aula 6c)
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