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6ºAula Engenharia do Produto Caros(as) alunos(as) nessa aula, vamos conhecer a quinta grande área da Engenharia de Produção: a Engenharia do Produto, que vem se tornando cada vez mais importante para as indústrias devido ao aumento constante da competitividade e do desenvolvimento tecnológico. Boa aula! Objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, vocês serão capazes de: • Entender o que é o Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP) e a sua importância para as empresas na atualidade; • Conhecer um dos modelos de referência para o PDP, o de Rozenfeld et al. (2006), e como ele é aplicado nas empresas através de suas macrofases; • Identificar as fases do ciclo de vida que todos os produtos apresentam. Introdução à Engenharia de Produção 38 1 - Processos de desenvolvimentos de produtos 2 - Ciclo de Vida dos Produtos Seções de estudo 1 - Processos de desenvolvimentos de produtos A crescente competitividade do mercado é um dos grandes desafios enfrentados pelas empresas que buscam excelência no crescimento e prosperidade, gerando uma preocupação no que se refere à ampliação e diversificação do mix de produtos para que novos mercados possam ser conquistados, já que é por meio de produtos e serviços inovadores que essas empresas são capazes de se diferenciarem dos concorrentes e agregar valor para fidelizarem os seus clientes, mantendo- se competitivas e vivas neste atual mercado globalizado e dinâmico (FORCELLINI et al., 2014). Nesse contexto, percebe-se que a concorrência estimula as empresas a criarem mais do que simplesmente novos produtos para oferecerem a seus clientes, mas também a criarem soluções que agreguem valor esses produtos e ampliem, assim, seus mercados consumidores. Lipovetsky (1997) afirma que uma empresa “que não cria regularmente novos modelos, perde em força de penetração no mercado e enfraquece sua marca de qualidade numa sociedade em que a opinião dos consumidores é a de que, por natureza, o novo é superior ao antigo”. O lançamento de novos produtos não é uma ação rotineira, mas o resultado de esforços que devem buscar atender continuamente às mudanças nas necessidades dos clientes e na tecnologia, buscando agregar funcionalidades e torna-los mais atrativos, para, dessa forma, criar no cliente o desejo de substituir o modelo anterior do produto (TAINO, 2008). Esse esforço é conhecido para nós da Engenharia de Produção como o processo de desenvolvimento de produtos (PDP) e se trata de um processo que depende da cooperação entre a empresa e o mercado, tendo como principal função identificar as necessidades do mercado e transformá-lo em novos produtos que apresentem soluções para os problemas identificados. Segundo Smith; Morrow (1999) apud Romeiro Filho (2006), “o PDP é o processo que converte necessidades e requisitos dos clientes em informação para que um produto ou sistema técnico possa ser produzido”. Essa atividade, como compreendida nos dias de hoje, é relativamente recente, já que as formas de organização e trabalho para aplicação de metodologias e ferramentas de projeto dependem da interação de diferentes competências em equipes multidisciplinares, e são respostas das empresas às demandas cada vez mais sofisticadas por parte de usuários, que têm seu poder de barganha progressivamente consolidado, seja pelas novas condições de mercado, pela globalização de produtos e dos meios de produção ou por novas regras de legislação que buscam proteger os direitos dos consumidores diante da indústria (ROMEIRO FILHO, 2006). Nesse contexto, os métodos intuitivos e não estruturados de elaboração de projetos não são mais suficientes para atender à nova realidade do mercado, necessitando agora de novos e sofisticados procedimentos para desenvolvimento de produtos. Olson et al. (2001) afirma que o “Processo de Desenvolvimento de Produto é um processo multidisciplinar em essência, estando associado à cooperação entre Marketing, Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e Operações (Manufatura), especialmente no que tange ao grau de inovação dos produtos e aos momentos em que se dá tal integração”. Sendo assim, reforça-se que não é possível pensar em desenvolvimento de produto como processo isolado. De acordo com Freixo (2004), as atividades executadas no PDP dependem de diversos departamentos, de diversas pessoas com formações diferentes, com visões diferentes, de informações advindas de diversas áreas da organização, influenciando e sendo influenciado por outros processos de negócios da empresa (comerciais, administrativos etc.). Portanto, conclui-se para que o Processo de Desenvolvimento de Produtos ocorra satisfatoriamente, cumprindo seu papel de mantenedor da competitividade da empresa, ele deve ser executado de maneira integrada (ROMEIRO FILHO, 2006). A figura abaixo ilustra, de forma geral, algumas áreas de uma indústria que estão envolvidas no PDP e as fases que cada uma é responsável. Figura – áreas da empresa envolvidas com o PDP e principais etapas do processo. Verifi car aspectos de propriedade industrial Analizar tecnica funcional e Humnana estudar aspectos ergonômicos e formais Construir modelo e/ou mock-up Elaborar estratégia de lançamento Controlar a produção experimental Analizar aspectos sde engenharia e materiais Prever custo e prazos de fabricação Detalhar planos de fabricação Elaborar roteiro de produção Preparar especifi cações gerais Criar alternativas Escolher a melhor Desenvolver anteprojeto Rever especifi cações gerais selecionar materiais e processos Desenhar melhor alternativa construir protótipo Analizar viabilidade econômica e mercado Aprovar anteprojeto Autorizar produção experimental Defi nir o produto DIREÇÃO DA EMPRESA DESENHO INDUSTRIAL ENGENHARIA AN TE PR OJ ET O PR OJ ET O MARKETING Analizar o mercado Projetar embalagem Fonte: Romeiro Filho (2006). 1.1 - Modelos de referência Na Figura acima, vimos uma sequência de atividades 39 Fonte: ROZENFELD et al., 2006. utilizadas em um PDP, mas será que essa sequência de atividades é padrão? Como é feito para determinar as fases para um PDP? Para facilitar para as indústrias que desejam realizar um PDP, alguns modelos de referência são oferecidos por autores que têm como objeto de estudo especialmente o PDP e são oriundos de pesquisas realizadas nas áreas de Marketing, Engenharia de Produção e Design. Um Modelo de Referência de um PDP é um conjunto de fases e atividades genéricas que são utilizadas como guia para a criação de fases e atividades específicas para um determinado produto, em um determinado ramo industrial. A utilização desse modelo de referência garante às empresas eficiência e eficácia, já que permite otimização de resultados e minimização do tempo utilizado no processo, maximizando assim os ganhos obtidos (TAINO, 2008). Hoje, na literatura de Engenharia do Produto, existem diversos modelos que podem ser utilizados como referência para a definição do PDP. Um desses é o Modelo Unificado de Referência (MUR), elaborado por Rozenfeld et al e muito conceituado, principalmente, no meio acadêmico por se tratar de um modelo didático e prático, perfeito para o melhor entendimento de como funciona o PDP. O MUR é composto por três das chamadas “macrofases”, que são o Pré-desenvolvimento, o Desenvolvimento e o Pós- desenvolvimento, e que, por sua vez, são divididas em fases, atividades e tarefas necessárias para o desenvolvimento de produtos. Figura abaixo ilustra essas macrofases se dividem em fases. Figura – visão geral do modelo de referência de Rozenfeld et al. Introdução à Engenharia de Produção 40 SegundoKotler; Keller (2006) apud Reis (2007), ao dizer que um produto possui um ciclo de vida, devemos aceitar que os produtos têm vida limitada. As vendas dos produtos passam por estágios distintos. Cada um deles, com desafios, oportunidades e problemas diferentes para as empresas. Os lucros sobem e descem nos diferentes estágios do ciclo de vida do produto. Os produtos necessitam de diferentes estratégias de produção, financeira, marketing, compras e recursos humanos de acordo com cada estágio do seu ciclo de vida. O termo Ciclo de Vida aplica um conceito biológico a marcas, fabricantes e produtos, por apresentar fases como nascimento, crescimento, maturidade, declínio, e, por fim, a morte. Cada fase possui características específicas que serão detalhadas a baixo de acordo com a teoria proposta por Forcellini et al. (2014). • Etapa introdutória: caracteriza-se pelas elevadas despesas de promoção e pelo grande esforço por tornar a marca reconhecida pelo mercado. Nessa etapa, os preços costumam ser mais altos em razão da baixa produtividade e de custos tecnológicos de produção e as margens são apertadas em função do valor que o mercado se dispõe a pagar. Dessa forma, o lucro é negativo. • Etapa de Crescimento: ocorre a partir do momento em que a demanda pelo produto aumenta. A relação entre promoção e vendas melhora em função do aumento nas vendas. Nessa fase, a empresa recupera todos os investimentos e o lucro aumenta. • Etapa de Maturação: nesse estágio, a taxa de crescimento das vendas diminui e tende a se estabilizar, pois o consumidor já se acostumou ao produto e começa a pressionar por redução de preços. Além disso, já surgiram concorrentes que fazem com que a empresa divida o mercado que antes era só seu. Dessa forma, os lucros diminuem ou se estabilizam no final desse estágio em função do aumento da concorrência. • Etapa de Declínio: essa etapa marca o processo de desaparecimento do produto no mercado em função do declínio insustentável nas vendas. A velocidade com que isso ocorre depende de características do produto. Produtos que incorporam muita tecnologia tendem a decair mais rapidamente e normalmente são retirados do mercado pelo fabricante. A próxima Figura ilustra o ciclo de vida genérico de um produto e evidencia as fases citadas tendo como base as vendas. Já a Figura abaixo representa um ciclo de vida genérico de um produto quando pensamos baseado nos lucros que este representa para a empresa. Figura – Ciclo de vida de um produto tendo como enfoque as vendas. Fonte: Forcellini et al. (2014). A macrofase de pré-desenvolvimento aborda a fase de Planejamento Estratégico de Produtos (PEP) e tem início com análises das oportunidades do mercado por meio de pesquisas tecnológicas, informações quanto a que tipo de produto os concorrentes estão se dedicando (tendência do mercado) e que tipo de produto o consumidor realmente deseja e/ou necessita. Após realizadas essas pesquisas, traduz- se o resultado encontrado para o portfólio de produtos da empresa e o seu alinhamento com os objetivos estratégicos da organização (TAINO, 2008). Já a macrofase de desenvolvimento parte das informações obtidas pela macrofase anterior, ou seja, quando o produto inovador a ser desenvolvido já está definido. São realizadas as atividades de projeto, passando pelas fases de Projeto Informacional (PI), Projeto Conceitual (PC), Projeto Detalhado (PD), Preparação da Produção (PP) e Lançamento do Produto (LP). O objetivo do PI é estabelecer um conjunto de requisitos mensuráveis com valores-alvo e informações qualitativas adicionais que refletem como as necessidades dos clientes serão atendidas de uma forma ideal. Na fase de PC, as especificações-meta são agora transformadas na concepção do produto, que traduz de forma mais concreta as funcionalidades e características dele. Em seguida, a fase do PD engloba a concretização final do produto, em que são detalhadas as suas funcionalidades, características técnicas finais e as especificações detalhadas do produto como a sua lista de material ou sua estrutura. Na fase de PP, são concretizados os recursos de produção previstos nas fases anteriores e o principal resultado desta fase é um lote piloto do produto. Por fim, a macrofase de Desenvolvimento é finalizada com a fase LP, que viabiliza o produto comercialmente para os clientes (FORCELLINI et al., 2014). A última macrofase de pós-desenvolvimento compreende a retirada sistemática do produto do mercado e posterior avaliação de todo o ciclo de vida do produto. É a maior dentre as três devido, principalmente, à crescente inovação tecnológica atual, o que leva os produtos a ter um ciclo de vida curto, ou seja, existe uma maior quantidade de produtos lançados em um menor intervalo de tempo. Essa macrofase permite que, por fim, sejam obtidas informações que possibilitem melhorias e avanços tecnológicos em projetos de desenvolvimento futuros (TAINO, 2008). 2 - Ciclo de vida do produto Como visto no último na última macrofase do modelo de PDP de Rozenfeld et al. (2006), os produtos apresentam o chamado ciclo de vida e ao final deste ciclo ele deve ser descontinuado. Mas o que é ciclo de vida e como é determinada a sua duração? O conceito de ciclo de vida do produto surge diante da constante mudança do mercado, dos consumidores e dos concorrentes, o que exige uma estratégia de diferenciação constante das empresas que desejam garantir seu sucesso (REIS, 2007). Ou seja, todos os produtos, com o tempo, se tornam obsoletos e são substituídos por outros mais atuais que atendam à necessidade do cliente que também muda constantemente. 41 Figura – Ciclo de vida de um produto tendo como enfoque os lucros que ele traz para a empresa. Fonte: Reis (2007). Retomando a aula Parece que estamos indo bem. Então, para encerrar essa aula, vamos recordar: 1 - Processos de desenvolvimentos de produtos Nessa aula, conhecemos o que é o Processo de Desenvolvimento de Produtos e qual a sua importância para as empresas que desejam manterem-se competitivas no mercado. Esse processo acontece a partir da identificação de necessidades do mercado e da transformação dessas necessidades em novos produtos que apresentem soluções para os problemas identificados. 1.1 - Modelo de Desenvolvimento de Produtos Vimos que, para auxiliar as empresas nesse processo de PDP, existem diversos modelos de referência. Demos ênfase aqui no modelo proposto por Rozenfeld et al. (2006) por se tratar de um modelo prático e ao mesmo tempo acadêmico, por ser mais fácil de ser compreendido. Esse modelo apresenta três macrofases que se dividem em fases, tarefas e atividades que serão melhores detalhadas ao longo das disciplinas do curso. 2 - Ciclo de Vida dos Produtos Por fim, aprendemos que todo produto tem um ciclo de vida, ou seja, todos os produtos, com o tempo, tornam-se obsoletos e são substituídos por outros mais atuais que atendam a necessidade do cliente que também muda constantemente. As fases desse ciclo de vida são: nascimento, crescimento, maturidade, declínio e a morte. FORCELLINI, Fernando Antônio et al. Processo de Vale a pena Vale a pena ler Desenvolvimento de Produto: Aplicação Em um Projeto de P&D Dentro do Programa Aneel. In: Xxiv Seminario Nacional de Parques Tecnologicos e Incubadoras de Empresas, Belém, 2014. Disponível em: <http://www.anprotec.org. br/Relata/ArtigosCompletos/ID 100.pdf>. REIS, Fernanda Oliveira Alves dos. O Ciclo de Vida do Produto e as Estratégias de Mercado na Gestão de Marcas: Sandálias Havaianas – Um Estudo de Caso. 2007. 47 F. Tcc (Graduação) - Curso de Engenharia de ProduÇÃo, Ufjf, Juiz de Fora, 2007. Disponível em: <http://www.ufjf.br/ep/ files/2014/07/2007_1_Fernanda.pdf>. Romeiro Filho, Eduardo. 2006. Projetodo Produto - Apostila do Curso. Segundo semestre de 2006. 8ª Edição. Belo Horizonte: LIDEP/DEP/EE/UFMG, 2004. Disponível em: <http://www.dep.ufmg.br/wp-content/ uploads/2015/01/apostilaprodutoufmg.pdf>. TAINO, Miguel. A gestão de Portfólio no Processo de Desenvolvimento de Produtos: estudo de caso de uma indústria alimentícia. 2008. 53 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia de ProduÇÃo, Usp, São Carlos, 2008. Disponível em: <http://www.tcc.sc.usp.br/tce/disponiveis/18/180830/ tce-07062010-111215/?&lang=br>. Esse livro aborda o modelo de PDP do Rozenfeld et al. (2006) citado no texto. Será utilizado nas nossas disciplinas ao longo do curso. Caso alguém tenha se interessado e queira começar a estudar o assunto está tudo aqui. YOU TUBE - Processo de Desenvolvimento do Produto. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=C4DDj9z8W94> YOU TUBE - Processo de Desenvolvimento do Produto. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=DhzcamV2RMU> – YOU TUBE - Ciclo de Vida dos Produtos. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=MHAp8V_ oF2Y> Vale a pena assistir
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