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( 1 ) A política de comércio exterior no Brasil Caro (a) aluno (a), O objetivo desta unidade é entender o processo de glo- balização e abertura da Economia. Termos-chave: Globalização, Abertura Comercial. Esta unidade introduz o conceito de globalização e relata os principais acontecimentos que marcaram a histó- ria da abertura comercial. Será enfatizado o enfoque tradicio- nal das relações econômicas internacionais, apresentando a teoria das vantagens comparativas e conjeturas modernas de comércio internacional. Drª. Andresa Neto Francischini G es tã o in te rn ac io na l d e n eg óc io s 14 1.1 O Processo de globalização Há quem diga que a globalização teve início na era das navegações, outros dizem que ela foi percebida em meados do século XX. Alguns autores defendem que, com o término da Guerra Fria “estabeleceu-se um consenso em esfera pla- netária que a literatura definiu ora com os termos de globali- zação, ora de nova interdependência, ora de neoliberalismo”. Nesta época, parecia que o mundo uniformizava-se nos aspectos político, econômico, estratégico e ideológico e que o capitalismo iria prevalecer. Mesmo a China comunista moder- nizou-se desde a década de 1970, para a implantação de indús- trias multinacionais, e mostrou ao mundo que sua ideologia comunista conciliava-se com o investimento capitalista. Assim, parecia que não mais se poderia impedir a globalização. A p ol íti ca d e c om ér ci o ex te rio r n o Br as il 15 Mas, o que é Globalização? O termo Globalização ganhou interesse nos últimos anos por vários pesquisadores, acadêmicos de diversas áreas do conhecimento, pois intrigam-se como serão as estruturas do capitalismo nos próximos anos, no mercado mundial. Segundo Petri e Weber (2006) a palavra globalização é de origem anglo-saxônica, sendo sinônimo de mundializa- ção; palavra de origem francesa. Segundo os autores citados acima: Globalização pode ser definida como um pro- cesso histórico do capitalismo, sobretudo fi- nanceiro, que firmou-se ao final do século XX. No entanto, não se deve ignorar sua utilização ideológica, a qual é muitas vezes, instrumento justificador dos Estados. Segundo Baumann (1996), mesmo o caráter financei- ro sendo mais evidente na globalização, existem outros enfo- ques a serem considerados: comercial, produtivo, institucio- nal, financeiro e de governabilidade, que serão apresentados a seguir: • comercial: a competição deixou de ser dentro de cada país e começou a ocorrer em escala mundial. Demanda e oferta passaram a ter característica semelhantes, pos- sibilitando inclusive ganhos de escala, aprendizagem de técnicas produtivas, entre outros ganhos; • produtivo: atualmente, surgiram empresas que podem ser ditas transnacionais, cuja característica oli- gopolista permite que uma parcela da produção seja realizada em diversas partes do mundo; • institucional: há uma tendência a homogeneizar os sistemas de regulação das atividades econômicas, G es tã o in te rn ac io na l d e n eg óc io s 16 inclusive com propensão a uniformizar as relações entre os setores público e privado. Segundo Baumann (1996), as políticas comerciais do Japão e EUA são diferentes. No início a economia Japonesa era mais fechada, enquanto que os EUA teriam um maior libera- lismo comercial. Atualmente, segundo o autor citado, o Japão está tendendo a maior abertura, enquanto que os EUA caminham em sentido contrário, e que, em longo prazo, devem tornar-se semelhantes; • financeiro: o sistema financeiro é, sem dúvidas, o sis- tema com maior grau de internacionalização. Apresenta aumento do volume e/ou velocidade de circulação de recursos nas diversas economias mundiais. O lado posi- tivo desse processo é a superação de barreiras sobre a cir- culação de capitais internacionalmente, mas, por outro lado, expõe os países a riscos de movimentos especulati- vos, como a crise dos subprime nos EUA; e • governabilidade: com a globalização, os governos dos países podem perder parte de sua autoridade, no que diz respeito à condução de políticas fiscais, cambial, monetária, entre outros fatores. Um exemplo disso é que Saiba mais A Crise do subprime pode ser entendida como uma crise financeira, que teve início em 2006, motivada pela que- bra de instituições de crédito dos Estados Unidos, que concediam empréstimos hipotecários de alto risco. Esse fato levou vários bancos para uma situação de insolvên- cia (dificuldades financeiras) e atingiu fortemente as bol- sas de valores do mundo. Foi uma crise muito entendida como uma interrupção da cadeia de pagamentos da eco- nomia global - que tenderia a atingir generalizadamente todos os setores econômicos, sendo o início da crise eco- nômica de 2008. A p ol íti ca d e c om ér ci o ex te rio r n o Br as il 17 as empresas podem, para pagarem menores salários e ganharem vantagem competitiva, podem instalar-se em locais onde a mão de obra é mais barata. A dinâmica do mercado global pode neutralizar os instrumentos con- vencionais de política econômica dos governos. A respeito da questão da governabilidade, Carvalho e Silva (2007, p. 274), afirmam que “há quem diga que o merca- do tende a ser, cada vez mais, o grande soberano, em substi- tuição aos Estados nacionais”. 1.2 Economia global: investimentos diretos No conceito de economia global, estaria embutido uma crescente interligação entre as empresas localizadas em várias partes do mundo, isto é, as multinacionais se trans- formariam em transnacionais, o que diminuiria a autonomia dos governos na condução de suas políticas econômicas. Então qual é a diferença entre organizações multina- cionais e transnacionais? Multinacionais: são empresas que ainda estão sujeitas as regulamentações do país de origem, onde mantêm sua base. Transnacionais: são organizações com capital inteira- mente livre, sem identificação nacional. G es tã o in te rn ac io na l d e n eg óc io s 18 Material Complementar: CARVALHO, M. A. de; SILVA, C. R. L. da. Economia Internacional. 4 ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2007. É por intermédio do investimento de capital no exte- rior que as empresas ganham vantagem competitiva em esca- la mundial. Existem duas formas de investimento: direto ou portfólio. • Investimento em portfólio: envolve a compra de ações ou títulos, mas não implica em controle da empresa que recebeu o capital. • Investimento direto: é quando, através de uma subsidiária criada no exterior, o investimento é feito na aquisição da maior parte das ações de uma empresa, passando a exercer controle sobre a empresa estrangeira. Em suma, o investimento direto em empresas no exte- rior é uma das expressões mais marcantes do processo de globalização. Estudo divulgado pela Unctad em 2010 mostrou que, pela primeira vez, o Brasil entrou na lista dos 10 princi- pais destinos de investimentos diretos no mundo. O rela- tório mostrou ainda que os países emergentes receberam maior volume de investimentos estrangeiros do que as eco- nomias desenvolvidas. Em 2010, as economias emergentes da Ásia, América Latina, África e a Rússia foram destino de 595,3 bilhões de dólares, enquanto os países ricos rece- beram 526,6 bilhões. A p ol íti ca d e c om ér ci o ex te rio r n o Br as il 19 Investimento estrangeiro direto. Fonte: Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento. Na figura a seguir, pode-se notar, ano a ano, a evolução da entrada do investimento estrangeiro direto (IED). De 2005 até fim de 2011, cresceu nada menos que 269%. Investimento estrangeiro.Fonte: Banco Central, 2011. O investimento direto estrangeiro no Brasil tem cres- cido muito ao longo dos últimos anos, como pode ser visto na figura. O Brasil também realiza investimento direto no exte- rior, como pode ser visto na figura a seguir. Tanto no setor Investimento Estrangeiro Direto (em US$ bilhões) Ranking em 2010 País 2009 2010 1o EUA 153 228 2o China 95 106 3o Hong Kong, China 52 69 4o Bélgica 24 62 5o Brasil 26 48 6o Alemanha 38 46 7o Reino Unido 71 46 8o Rússia 36 41 9o Cingapura 15 39 10o França 34 34 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 15,1 18,8 34,6 45,1 25,9 48,5 66,7EM BILHÕES DE DÓLARES G es tã o in te rn ac io na l d e n eg óc io s 20 da indústria, quanto de serviços os investimentos brasileiros cresceram de 2008 para 2010. Investimento brasileiro no exterior. Fonte: Bacen, 2010. Mas, por que as empresas realizam investimentos diretos no exterior (IDE)? Segundo o teorema de Herckscher-Ohlin, diversos paí- ses adotam formas diferentes de fatores de produção e isto pode ser visto como vantagem competitiva para algumas empresas investidoras. Ou seja, um país pode ter mais capital para exportar em países que detenham maior dotação mão de obra, pressupondo imobilidade de fatores de produção entre esses países. A questão é que pode ocorrer deslocamento de fatores produtivos das áreas com menor remuneração (abundância do fator) para áreas onde a remuneração é maior (escassez de fator). Assim, um país que tenha escassez de capital ou outro tipo de recurso, pode optar por importa-lo, o que possibili- ta a produção local do bem capital-intensivo em substituição a importação (CARVALHO; SILVA, 2007). Portanto, um país 6,64,7 4,6 44,3 34,0 39,4 51,0 59,3 56,0 2008 2009 2010 Jan-Agosto Agricultura, pecuária e extrativa Indústria Serviços Investimento Brasileiro Direto no Exterior, segundo Setores Econômicos Participação % - 2008/2010 A p ol íti ca d e c om ér ci o ex te rio r n o Br as il 21 com menor disponibilidade de capital pode receber investi- mentos diretos de empresas transnacionais, tornando esse processo possível. Outra possibilidade para o país é, em vez de receber capital de uma empresa transnacional, tomar emprestado o capital estrangeiro para produzir internamente, ou seja, mon- tar sua própria indústria e produzir bens de capital intensivo. Segundo a teoria econômica, as empresas são movi- das pela expectativa de lucros, e isso move o capital pelo mundo. Assim, um país pode atrair investimento direto de uma empresa se oferecer vantagens como custo reduzido de produção, às empresas. Segundo Carvalho e Silva (2007), essas vantagens podem ser características naturais ou estruturais do país, mas podem ser criadas pelo pode público, como isenção fiscal, redução no custo de mão de obra, transporte, entre outros. Na sequência, serão apresentadas algumas dessas vantagens (CARVALHO; SILVA, 2007): • Matéria-prima: uma empresa transnacional pode resolver realizar investimento direto em outro país para reduzir seus custos de produção, no que diz res- peito aos custos matéria-prima. Países com abundân- cia de recursos naturais (petróleo, minerais, entre outros) e adequados fatores climáticos podem ser de grande interesse de investimento para empresas trans- nacionais, que planejam investir em na área agrícola, por exemplo. Tome Nota Segundo Carvalho e Silva (2007, p. 34) este teorema explica a diferença dos preços relativos das mercadorias entre as nações e o respectivo padrão de vantagens comparativas. G es tã o in te rn ac io na l d e n eg óc io s 22 • Mão de obra: empresas que querem reduzir seus custos de mão de obra podem realizar investimento direto em países cujos salários são menores, ou seja, onde os trabalhadores tenham baixa remuneração. A decisão de investimento pode ser tomada não somente pela redução de custo da mão de obra, mas também pela melhor produtividade da mesma. No entanto, a possibilidade de deslocamento deste tipo de investimento direto entre países pode enfraquecer os sindicatos e/ou políticas dos governos em defesa da classe trabalhadora. • Transporte: a localização da empresa será influen- ciada pelo custo do seu deslocamento. Se o custo da matéria-prima e/ou insumos for menor que o de trans- porte do produto, provavelmente a empresa irá ins- talar-se próxima ao mercado consumidor para que reduza seus custos de transporte. No entanto, em casos em que a matéria-prima tem custo mais rele- vante, a empresa tende a se instalar perto de seus insu- mos, como é o caso das indústrias de transformadores de aço e alumínio. • Políticas públicas: do mesmo modo que dentro de um país, de uma cidade ou de estado possa haver incentivos fiscais para que uma indústria nacional ins- tale-se em seu território, um país pode oferecer este tipo de isenção ou benefício fiscal, tributário, para atrair investimento direto de outros países em seu ter- ritório. Em razão das fortes barreiras oferecidas pelo Brasil às importações muitas transnacionais resolve- ram implantar suas subsidiárias aqui. A p ol íti ca d e c om ér ci o ex te rio r n o Br as il 23 1.3 Questões relevantes relacionadas ao Investimento Direto Exterior (IDE) Empresas que optam por realizar investimento no exterior podem sofrer com algumas dificuldades e ou proble- mas de adaptação, como: • Costumes, tradição e língua: a cultura do país hos- pedeiro pode ser, na maioria das vezes, diferente do país investidor, bem como a língua falada. Isto pode, a princípio, oferecer dificuldades na comunicação, entre outros entraves. • Custos de viagens: dependendo da distância do país que recebeu o investimento, o custo de transporte dos executivos, entre um país e outro pode ser alto. • Custos de comunicação. • Incertezas quanto ao poder público: o país pode alterar sua política comercial, colocando entraves à importação ou exportação. • Possibilidade de formação de monopólio. • Redução da soberania nacional: uma vez que o governo do país hospedeiro pode perder o poder em defesa dos interesses da classe trabalhadora. Alguns benefícios do investimento direto no exterior também podem ser citados, como: G es tã o in te rn ac io na l d e n eg óc io s 24 • Crescimento do PIB. • Emprego. • Renda. • Transferência de conhecimento e tecnologia: exter- nalidades positivas. • Novas técnicas de produção e administração. • Poupança: receita pública e salários. Os benefícios citados acima podem ser mais relevantes em economias em desenvolvimento, pois uma maior ativida- de econômica melhora níveis de emprego, aumento da renda e, com o tempo, uma melhora das técnicas produtivas podem ser percebidas. No entanto, mesmo com os aspectos positivos cita- dos, existem aspectos negativos relevantes do IDE tais como: preço de transferência e evasão fiscal. Preço de transferência: refere-se a maximizar do lucro total e não o lucro de cada subsidiária individualmente. Nas transações entre as partes da empresa localizadas em vários países, busca-se planejar o preço de venda de tal forma que este minimize o montante dos impostos e tarifas a serem pagas. Segundo Carvalho e Silva (2007), o comércio mundial é realizado por empresas coligadas e representam ¼ deste comércio, evidenciando que a evasão fiscal é um problema relevante para os governos e a forma de minimizá-lo é deter- minar a política fiscal do país. Segundo Carvalho e Silva (2007, p. 279): O cálculo do lucro de uma empresa transna- cional após o pagamento do imposto de ren- da depende das alíquotasdo imposto cobra- do nos países onde ela tem subsidiárias. Para minimizar o montante do imposto pago nas A p ol íti ca d e c om ér ci o ex te rio r n o Br as il 25 vendas de bens e serviços entre a matriz ou en- tre suas próprias filiais, a empresa pode super- faturar o preço de venda quando a exportação é realizada por uma subsidiária localizada em um país onde a alíquota do imposto é menor que no país de destino da mercadoria. Isso au- menta o lucro da filiar exportadora, onde o imposto de renda é menor, e diminui o da ex- portadora, onde o imposto é maior. O resulta- do para o conjunto da empresa é menor despe- sas tributária. A empresa subfatura o preço, em caso contrário. Um exemplo: Parte-se da hipótese que o imposto cobrado sobre o lucro no Brasil seja um quarto do cobrado na China. Assim, nas vendas de uma subsidiária no Brasil para a China, o gestor pode elevar artificialmente, o preço do produto para aumentar o lucro na subsidiária brasilei- ra onde o imposto é menor, mas reduz o lucro da matriz na China, onde o imposto é maior, portanto, este pro- cedimento resulta em menor tributação sobre a renda da empresa. Este procedimento pode ser visto no fluxo observado na da próxima tela. Evasão fiscal no comércio entre subsidiárias de uma empresa transnacional Fonte: adaptado de Carvalho e Silva (2007, p. 279). Imposto de Renda no País Preço Subsidiária Total de Imposto de RendaExporta- dor Importa- dor Exporta- dora Importa- dora Maior Menor Subfatu-rado Lucro diminui Lucro aumenta Diminui Menor Maior Subfatu-rado Lucro aumenta Lucro diminui Diminui G es tã o in te rn ac io na l d e n eg óc io s 26 Observando a tabela, nota-se que quando o objetivo de uma transnacional é minimizar o pagamento das tarifas de importação, basta subfaturar a exportação. Isso diminui o imposto de importação pelo governo, apresentando uma transferência de lucro da fornecedora para a importadora e o resultado da despesa tributária irá depender das alíquotas de imposto nos países envolvidos. Atualmente, os governos vêm tomando medidas para evitar a evasão fiscal, fazendo acordos com os países para que haja uma distribuição justa das receitas e, com isso, calcular o preço correto que deveria ser praticado pelas empresas. 1.4 Globalização financeira A globalização financeira ganha relevância por meio de eventos que seguiram à Segunda Guerra Mundial, como a redução às barreiras ao comércio sugeridas pelo GATT e ainda pelo colapso do sistema de Bretton Woods , momento em que as moedas de países relevantes para a economia pas- sassem a ser flutuantes, ou seja, o dólar norte-americano tor- nou-se referência para a paridade de moedas dos países que compunham o FMI. ACORDO GERAL SOBRE TARIFAS E COMÉR- CIO, CRIADO NA CONFERÊNCIA DE BRET- TON WOODS. Conferência realizada em 1944 que deu origem ao FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Bird (Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento) e foi possível criar o GATT (Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio). A p ol íti ca d e c om ér ci o ex te rio r n o Br as il 27 As principais causas da globalização financeira estão associadas ao crescimento do comércio maior que as taxas de produção, bem como aos avanços tecnológicos, telefonia e a desregulamentação financeira. Segundo Carvalho e Silva (2007, p. 297): O mercado de capitais evoluiu de forma a criar vários tipos de instituições e de ativos que fa- cilitam a transferência dos recursos dos agen- tes superavitários para os deficitários. Criou também sistemas de proteção contra riscos, como mercados futuros, swaps e derivativos. Embora esses instrumentos reduzam o risco para o aplicador ou agente financeiro, eles am- pliam o risco macroeconômico. 1.5 Questões referentes à abertura da economia no Brasil Deve-se notar que, para manter a economia com preços estáveis, aumento da renda e em pleno emprego, deve-se equi- librar as políticas monetária e fiscal. Em uma economia fecha- da, as políticas econômicas estão voltadas ao equilíbrio interno. No entanto, quando a economia é aberta, deve haver uma preocupação, além do equilíbrio in- terno, com o relacio- nado à balança de pagamentos, ou seja, que as entradas sejam iguais às saídas de divisas. Assim, a maneira como se conduz o processo de aber- tura da economia dependerá do modelo macroeconômico adotado pelo país. Esse processo de abertura será conduzi- do pela adoção de políticas econômicas em que cada país mostra-se, para o mercado internacional, sua capacidade de G es tã o in te rn ac io na l d e n eg óc io s 28 importação e/ ou exportação, bem como os riscos que oferece ao mercado mundial (risco-país). No Brasil, na década de 1960, com o regime militar, era incentiva a exportação, com benefícios fiscais e em virtude da desvalorização cambial. Eram pouco estimuladas importa- ções, pois os modelos econômicos existentes caracterizavam uma economia fechada. Com isso, pode-se dizer que o par- que industrial brasileiro ficou defasado e pouco se fez para adquirir tecnologia no setor em comparação com o mercado internacional (KRUGMAN; OBSTFELD, 2005). No entanto, a economia brasileira passou por um pro- cesso de abertura comercial sem igual no início da década de 1990. O aumento do PIB (Produto Interno Bruto) ocorreu por causa da eliminação de barreiras tarifárias e não tarifárias que impulsionaram as exportações e importações no país. Citando Kume et al (2000), a média tarifária passou de 67,8% em 1987 para 37% em 1990 e 10,4% em 1995. Segundo Soares et al (2001), a liberalização comercial no Brasil foi rápida e afetou quase todos os setores econômicos do país. Atualmente, o Brasil ocupa a 22ª posição entre os maio- res exportadores do mundo, segundo ranking divulgado pela OMC (Organização Mundial de Comércio). É a mesma posição obtida em 2010; participa ainda com 1,4% do comér- cio mundial, superado ainda pela Austrália, Índia, Espanha ou México. (Jornal O Estado de São Paulo – Economia & Negócios, 2012). RefeRências bibliogRáficas BAUMANN, R. (Org.). O Brasil e a economia global. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1996. A p ol íti ca d e c om ér ci o ex te rio r n o Br as il 29 CARVALHO, M. A. C.; SILVA, C. R. L. Economia internacio- nal. São Paulo: Editora Saraiva, 2007. KRUGMAN, P.; OBSTFELD, M. Economia Internacional: te- oria e política. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2005. KUME, H.; PIANI, G.; SOUZA, C.F. A política brasileira de importação no período 1987-98: descrição e avaliação. Rio de Janeiro: IPEA, 2000. PETRI, F. C.; WEBER, B. T. Os efeitos da globalização nos pro- cessos de integração dos blocos econômicos. Revista dos Alu- nos do Programa de Pós-Graduação em Integração Latino- -Americana – UFSM, v. 2, n.2, 2006. SOARES, S.; SERVO, L. M. S.; ARBACHE, J. S. O que (não) sa- bemos sobre a relação entre a abertura comercial e mercado de trabalho no Brasil. Rio de Janeiro: IPEA, 2001. Dicas De links •Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exte- rior – MDIC. Trata dos aspectos administrativos relacionados ao comércio exterior brasileiro. www.mdic.gov.br •MDIC. MDIC: 20 anos da SECEX e 200 anos de Comércio Exterior. Relata a história da Secretaria de Comércio Exterior. SECEX e do comércio exterior brasileiro após a abertura dos portos. w w w . m d i c . g o v . b r / / s i t i o / i n t e r n a / i n t e r n a . php?area=5&menu=3130. G es tã o in te rn ac io na l d e n eg óc io s 30 •O Estado de São Paulo: Caderno Economia & Negócios,12 de abril de 2012. http://economia.estadao.com.br/noticias/economa%20 nternaconal,crescimento-do-comercio--desabara-em-2012- -diz-omc,109052,0.htm. •UNCTAD. Conferência da ONU para o Comércio e Desen- volvimento. http://unctad.org/es/Paginas/Statistics.aspx