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Meteorologia Física I Prof. Renato Ramos da Silva Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Constituição da Atmosfera - Parte 01 http://oco.jpl.nasa.gov/galleries/Videos/ Meteorologia Física I • 1. Introdução • 1.1 Constituição da atmosfera • 1.2 Natureza da radiação solar e terrestre • 1.3 Relevância para o clima e fenômenos meteorológicos • 1.4 Relevância para sensoriamento remoto • 1.5 Balanço radiativo global Análise do Espectro de absorção da radiação mostra que ocorrem bandas de absorção em várias bandas em função dos gases presentes. Faremos inicialmente uma revisão sobre os vários gases e partículas que compõem a atmosfera terrestre. Constituição da Atmosfera – Parte 1 (Baseado no livro Wallace & Hobbs – Capítulo 5) Inicialmente, os estudo da Química tiveram a preocupação em determinar e estudar os principais gases da atmosfera da Terra. Mais recentemente, conforme a poluição do ar aumentou, muita atenção passou a ser dada também na identificação das fontes, propriedades e efeitos dos compostos químicos que existem naturalmente, mas também aqueles provindos da poluição atmosférica. Química da Atmosfera A deposição ácida, que tornou-se um problema a partir dos anos 1970 mostraram que os componentes químicos emitidos na atmosfera podem ser transportadas para grandes distâncias e sofrer significantes transformações. A identificação em 1985 da diminuição do ozônio na estratosfera da Antártida levou a outros estudos para melhorar o entendimento da química da estratosfera. • 5.1 Composição da Troposfera • Os gregos consideravam o ar como sendo um dos quatro “elementos" (os outros eram a terra, o fogo e a água). Leonardo da Vinci, e posteriormente Mayow, sugeriu que ar é uma mistura constituída por um componente que promove combustão e vida (“air-fire") e o outro que não ("mau-air"). • “air fire" foi isolado por Scheele em 1773 e de forma independente por Priestley em 1774. Este componente foi nomeado oxigênio [do grego oxus (ácido) e genan (a gerar)] por Lavoisier. • Oxigênio ocupa 20,946% por volume de ar seco. • "mau-air" (agora chamado nitrogênio) ocupa 78,084%. Os outros dois gases mais abundantes no ar são argônio (0,934%) e dióxido de carbono (0,03%). Juntos estes quatro gases são responsáveis por 99,99% do volume de ar. Tempo de residência e variação espacial dos compostos químicos da atmosfera. • Se a concentração média global de um constituinte na atmosfera não varia significativamente para um período de tempo, a taxa em que o constituinte é injetado (e/ou produzido) na atmosfera deve ser igual a taxa em que ele é removido da atmosfera. • Nestas condições de equilíbrio, podemos definir o tempo de residência (ou tempo de vida) como: • τ = M/F (5.1) • onde M é a quantidade do constituinte na atmosfera (kg) e F é a taxa de sua remoção (em kg/s) da atmosfera. • Podemos fazer uma analogia com um tanque cheio de água e que esteja derramando a partir do topo devido a um bombeamento em baixo a uma taxa F. Portanto a taxa de remoção de água do tanque é F. Se assumirmos que a água que entra em baixo do tanque desloca a água acima empurrando para cima sem misturas, o tempo desprendido por cada pequeno elemento de água que entra em baixo antes de ele ser derramado em cima é M/F, onde M é o volume do tanque em analogia com 5.1. Fig. 5.1 Escalas de variabilidade espaciais e temporais para alguns constituintes atmosféricos. A escala temporal é representada pelo tempo de residência. Tempo de residência e variação espacial dos compostos químicos da atmosfera. 5.2 – Fontes, Transportes, e Sumidouros • 5.2.1 Fontes • As principais fontes naturais de gases na troposfera são os biogênicos, a partir de superfícies sólidas, dos oceanos, e da formações in situ. A) Fontes Biogênicas • O Oxigênio presente na atmosfera terrestre foi liberado por atividades biológicas que surgiram 3.8 bilhões de anos atrás, e a Terra ainda é bastante influenciada pela biota. De grande importância é a reação fotossintética, que remove carbono da atmosfera e armazena em matéria orgânica e expele oxigênio para a atmosfera. • Aproximadamente 80% do Metano (CH4) no ar provém do decaimento de materiais orgânicos, animais ruminantes, arroz irrigado, cupins, e pântanos. • Processos biológicos (geralmente mediados por micróbios) convertem N2 em NH3 (pela urina animal e solos), N2O (pela respiração das bactérias nos solos), e NO. • Regiões dos oceanos com alto conteúdo orgânico e produtividade biológica (regiões de subsidência, águas costeiras, etc) são grandes fontes de CS2 e COS. Fitoplâncton são as principais fontes de DMS (dimetil sulfeto), (CH3SSCH3). DMS é oxidado para SO2 e então em aerossóis de sulfato. http://oceancolor.gsfc.nasa.gov/SeaWiFS/ http://oceancolor.gsfc.nasa.gov/cms/ Fig. 5.2 Distribuição global de fogo detectado a partir de satélites em Setembro de 2000. (ESA) A Figura 5.2 mostra a distribuição global do número de incêndios para Setembro de 2000. Setembro é o principal mês de queima de biomassa na América do Sul e sul da África. Muitos incêndios são originados a partir de raios, mas a grande maioria é devido ao desmatamento da floresta (e.g. Amazônia, África, Ásia). http://www.cptec.inpe.br/noticias/noticia/125904 Go Amazon (Manaus) • Ozônio é produzido na troposfera por reações fotoquímicas envolvendo oxidação por OH de CO, CH4, e NMHC na presença de NOx. Como todos estes precursores estão presentes na fumaça da combustão de biomassa ocorre elevadas concentrações de O3 que é dispersado na atmosfera. • Fumaça provinda de queima de biomassa pode ser dispersada sobre grandes distâncias na atmosfera. Por exemplo, o vento pode ajudar a dispersar a fumaça a partir da África sobre o Oceano Atlântico e até a Austrália (Fig. 5.3). Fig. 5.3 - Medidas de satélite do ozônio troposférico para Setembro e Outubro de 1979-1989. O valor alto de ozônio da coluna sobre a região tropical e sul da África são devido à fumaça de queima de biomassa. b) Superfícies sólidas Vulcões são a principal fonte de gases atmosféricos a partir da superfície sólida da Terra. Em adição à poeira e outras partículas, vulcões emitem H2O, CO2, SO2, H2S, COS, HCl, HF, HBr, CH4, CH3Cl, H2, CO e metais pesados (e.g. Mercúrio). Emissões violentas para erupções vulcânicas podem ejetar partículas e gases na estratosfera, onde os constituintes possuem longos tempos de residência e são dispersos por todo o globo. Rochas são a principal fonte de He, Ar, e Radônio (Rn) na atmosfera. Hélio é produzido pelo decaimento radiativo de uranio-238 e tório-232. Hélio não se acumula na atmosfera significativamente porque é muito leve e escapa para a exosfera. Argônio acumula-se a partir do decaimento radiativo de potássio-40 em rochas, Radonio- 222 é um decaimento a partir de uranio em rochas; ele possui uma meia-vida de apenas 3.8 dias. Rochas carboníferas, como pedra calcária (e.g. CaCO3), contém aproximadamente 20 mil vezes mais carbono do que a atmosfera (Tab. 2.3), mas a maior parte é sequestrada. Estas rochas e os sedimentos marinhos são envolvidos em longos períodos do ciclo com o CO2 atmosférico. c) Oceanos Os oceanos são um dos grandes reservatórios de gases solúveis em água (Tab. 2.3). Assim, Os oceanos poder servir como um sumidouro ou fonte para os gases solúveis. Os oceanos são uma fonte atmosférica para muitos gases produzido por atividade biológica, particularmente os gases que contém enxofre. d) In situ Formações in situ, que referem-se á formação de espécies químicas por reações químicas na atmosfera, é a principal fonte de vários gases atmosféricos.A maior parte destas reações ocorre a partir da fotólise. Estas reações químicas in situ podem ser classificadas como homogêneas ou heterogêneas. Uma reação homogênea é aquela em que todos os reagentes estão na mesma fase. Por exemplo: NO2 (g) + O3 (g) ---> NO3(g) + O2 (g) que é a principal fonte de NO3 na atmosfera em uma reação homogênea (gás). Uma reação heterogênea envolve reagentes em duas ou mais fases. A mistura de aerossóis inorgânicos (e.g. acido sulfúrico H2SO4) ou ácido nítrico (HNO3) com compostos orgânicos (e.g. aldeídos) é uma reação heterogênea que aumenta apreciavelmente a taxa de crescimento de aerossol. e) Fontes antropogênicas A emissão de gases antropogênicos tem aumentado significativamente nos últimos anos. 5.2.2 Transporte Na camada limite planetária a atmosfera interage diretamente com a superfície da Terra através de misturas turbulentas. Consequentemente, durante o dia sobre a superfície, os componentes químicos são geralmente misturados até uma altura de ~ 1-2 km na camada limite. No período da noite a mistura turbulenta é menor, pois a profundidade da camada limite é de apenas alguns metros. Alguns componentes podem ir além da altura da camada limite e chegar á atmosfera livre. e.g. isosuperficies de “cloud water”, RRS. • Em latitudes médias onde os ventos são de oeste e possuem velocidades entre 10- 30 m/s, um componente químico injetado na atmosfera (e.g. vulcão), poderá ficar confinado em um cinturão de latitude por todo o globo por algumas semanas. • No hemisfério norte os componentes químicos são bastante afetados por emissões de queima de combustíveis fósseis, enquanto que no hemisfério sul os componentes químicos são mais afetados por emissões dos oceanos e de queima de biomassa. • Em geral ocorre um confinamento entre a troposfera e a estratosfera. Movimentos verticais ascendentes ocorrem mais nos trópicos enquanto os descendentes ocorrem mais nas latitudes mais altas. • Dados de satélite permitem observar alguns dos principais tipos de transportes atmosféricos de gases e partículas. Por exemplo, podem ser observadas, plumas de partículas no nordeste dos EUA e Ásia, plumas de areia do deserto do Saara, e plumas de queima de biomassa. Pinatubo, 1991 5.2.3 Sumidouros • Sumidouros incluem transformações em outras espécies químicas e gas-para-partícula, que envolve processos físicos e químicos. • Outro processo importante de remoção é a deposição que pode ser seca ou úmida. Deposição úmida envolve a remoção por nuvens e precipitação. Deposição seca, a transferência direta do ar para a superfície. Deposição seca é um processo bastante lento, mas é contínuo e não episódico. • Os oceanos são o sumidouro para vários gases. O fluxo de algum gás para o oceano depende da saturação do oceano em relação a este gás. Se o oceano está supersaturado o fluxo é do oceano para a atmosfera (e.g. o fluxo global estimado de DMS do oceano para a atmosfera é ~ 25 Tg de enxofre por ano). CPTEC INPE - http://meioambiente.cptec.inpe.br/ Sites interessantes http://www.arm.gov/campaigns http://oco.jpl.nasa.gov/ http://oco.jpl.nasa.gov/galleries/Videos/ http://www.jpl.nasa.gov/education/index.cfm?page=419 http://planetquest.jpl.nasa.gov/video/51 Poeira do Deserto do Saara transportado para a Amazônia https://www.youtube.com/watch?v=ygulQJoIe2Y&list=PLiuUQ9asub3RHqKdK_XZSZ8I_981UPhvX&index=3 Aerosois - http://www.uv.es/pedrose/aerogui/
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