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Caso concreto nº: 4 DATA: 30/08/2014 Disciplina: Filosofia Geral e Jurídica. Professora: Sandra Guimarães. Aluno: Pedro Leonardo Souza Alves. Matrícula: 201307039049. Turma: 2001. Turno: Vespertino. Sala: E-202. Caso Concreto 1 Pierre Lévy comenta os protestos no Brasil: ‘Uma consciência surgiu. Seus frutos virão a longo prazo’ Filósofo francês, uma das maiores autoridades do mundo nos estudos da cibercultura, fala sobre mobilização em redes sociais (André Miranda. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/cultura/pierre-levy-comenta-os-protestos-no- brasil-uma-consciencia-surgiu-seus-frutos-virao-longo-prazo- 8809714#ixzz2XPu8pvQO>. Acesso em: 26 jun. 2013.) RIO - A resposta ao pedido de entrevista é direta: “O único jeito é via Twitter”, disse o filósofo francês Pierre Lévy, uma das maiores autoridades do mundo nos estudos da cibercultura. E assim foi feito. Lévy conversou com O GLOBO na tarde de segunda, via Twitter, sobre os protestos que vêm ocorrendo no Brasil nas últimas semanas e que surgiram das redes sociais Nos últimos anos, muitos protestos emergiram da internet para as ruas. Como o senhor os compararia com manifestações do passado, como Maio de 1968? Há uma nova geração de pessoas bem educadas, trabalhadores com conhecimento, usando a internet e que querem suas vozes ouvidas. A identificação com 68 está no fenômeno geracional e na revolução cultural. A diferença é que não são as mesmas ideologias. Mas qual é a nova ideologia? No Brasil, críticos falam da dificuldade em identificar uma ideologia única nas ruas. Uma comunicação sem fronteiras, não controlada pela mídia. Uma identidade em rede. Mais inteligência coletiva e transparência. Outro aspecto dessa nova ideologia é o “desenvolvimento humano”: educação, saúde, direitos humanos etc. E qual seria a solução? Como os governos devem lidar com os protestos? Lutar com mais força contra a corrupção, ser mais transparente, investir mais em saúde, educação e infraestrutura. Porém, a “solução” não está apenas nas mãos dos governos. Há uma mudança cultural e social “autônoma” em jogo. No Brasil, um dos problemas é que não há líderes para dialogar. Qual seria a melhor forma de se comunicar com movimentos sem lideranças? A falta de líderes é um sinal de uma nova maneira de coordenar, em rede. Talvez nós não necessitemos de um líder. Você não deve esperar resultados diretos e imediatos a partir dos protestos. Nem mudanças políticas importantes. O que é importante é uma nova consciência, um choque cultural que terá efeitos a longo prazo na sociedade brasileira. E as instituições? Elas não são mais necessárias? É possível ter democracia sem instituições? É claro que precisamos de instituições. A democracia é uma instituição. Mas talvez uma nova Constituição seja uma coisa boa. Porém, sua discussão deve ser ainda mais importante do que o resultado. A revolta brasileira está acima de qualquer evento emocional, social e cultural. É o experimento de uma nova forma de comunicação. Então, o senhor vê os protestos como o início de um tipo de revolução? Sim, é claro. Ultrapassou-se uma espécie de limite. Uma consciência surgiu. Mas seus frutos virão a longo prazo. O que separa a democracia nas comunicações da anarquia? Pode-se desconfiar do que é publicado na mídia, mas o que aparece nas redes sociais é ainda menos confiável. Você não confia na mídia em geral, você confia em pessoas ou em instituições organizadas. Comunicação autônoma significa que sou eu que decido em quem confiar, e ninguém mais. Eu consigo distinguir a honestidade da manipulação, a opacidade da transparência. Esse é o ponto da nova comunicação na mídia social. O senhor teme que os governos tentem controlar as redes sociais por causa de protestos como os que ocorrem no Brasil e na Turquia? Eu não temo nada. É normal que qualquer força social e política tente tirar vantagem da mídia social. Mas é impossível “controlar” a mídia social como se faz com a mídia tradicional. Você só pode “tentar” influenciar tendências de opiniões. E o risco de regimes ou ideias totalitaristas ganharem força por conta dos protestos, como já ocorreu no passado na América Latina? Isso é pouco provável no Brasil, por conta de sua alta taxa de pessoas com educação. A chave é, como sempre, manter a liberdade de expressão, como ela é garantida pela lei. Não é preciso ter essa paranoia com o fascismo. Diante da entrevista acima, responda: 1. Que tipo de liberdade, definida pelos antigos, percebemos nesta entrevista? Justifique. A entrevista acima discute principalmente a importância das redes sociais para a troca de informações, e ambientaliza essa temática de acordo com os eventos sociais recentes no país. Para Pierre Levý, as redes sociais são ferramentas garantidoras de ideais democráticos, como por exemplo a liberdade de expressão, que surgiu na Grécia Antiga. Foram os gregos os pioneiros a lançar as sementes da ideia democrática, que, através dos filósofos da idade média, frutificaram na modernidade. No aspecto peculiar da cultura grega, a visão sobre liberdade está inseparável da noção de igualdade, ou seja, o homem livre era o igual, este participa da vida política na cidade. Nesse contexto, pode se entender que, para os gregos, a liberdade entendida pode ser compreendida por ausência de submissão, servidão e de determinação, haja visto que não havia superioridade ou hierarquia entre os livres; mas também como a liberdade de autonomia e a espontaneidade de um sujeito racional. Essas duas vertentes são discutidas no texto supracitado, sob a primeira perspectiva, quando Pierre afirma que “a falta de líderes é um sinal de uma nova maneira de coordenar, em rede”, e sob a segunda, ao dizer “comunicação autônoma significa que sou eu que decido em quem confiar, e ninguém mais”. 2. Pelo que você leu na entrevista acima e, pelos seus conhecimentos acerca da forma como a Antiguidade relacionou ética e política, pesquise e apresente em sala de aula exemplos atuais para o sentido de liberdade apontada na questão anterior. “O projeto do Marco Civil da Internet (PLC 21/2014), que disciplina direitos e proibições no uso da rede, será relatado por Luiz Henrique (PMDB-SC) na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA). Ele anunciou que o relatório vai observar a privacidade e a liberdade de expressão. Informou também que vai ouvir a sociedade, o governo e os senadores durante a tramitação na CMA. A relatoria foi determinada por sorteio ontem na CMA, conforme procedimento adotado pelo presidente interino do colegiado, Eduardo Amorim (PSC-SE). Ao ser informado de que havia sido sorteado, Luiz Henrique indicou as linhas gerais do texto que vai construir. — Vou procurar fazer um projeto que seja convergente, que seja eficaz, que tenha durabilidade e que atinja os objetivos de um verdadeiro marco legal. Que garanta a privacidade e que garanta a liberdade de expressão, que são princípios fundamentais na nossa Constituição. Luiz Henrique informou ainda que deverá promover “uma ou algumas” audiências públicas, que poderão ocorrer de forma conjunta com as Comissões de Ciência e Tecnologia (CCT) e de Constituição e Justiça (CCJ), que também vão tratar do tema. O senador não quis adiantar as mudanças que pretende propor, acrescentando que vai ouvir os diferentes segmentos envolvidos, para só então se posicionar. NeutralidadeO marco civil se mostrou mais polêmico na parte que garante a isonomia na distribuição de conteúdo, conhecida como “neutralidade”. Trata-se da obrigação de tratar pacotes de dados de maneira isonômica, sem distinção por conteúdo, origem e destino, serviço, terminal ou aplicação. Ainda que um usuário pague por mais velocidade que outro, eles não podem ser tratados de maneira diferente pelas empresas provedoras. Além da neutralidade, a Câmara manteve a possibilidade de o presidente da República decretar bloqueio, monitoramento, filtro ou a análise de conteúdo dos dados numa situação anormal. A exceção se daria com a justificativa de criar prioridades por “necessidade técnica ou de emergência”. Nesses casos, será permitida a discriminação ou a lentidão do tráfego. Livre trânsito Os líderes da oposição na Câmara reclamaram que a possibilidade daria a chance de um presidente vetar, na verdade, os próprios conteúdos da internet, que hoje têm livre trânsito pela rede. Esse tipo de censura a conteúdos acontece no Irã e na China, por exemplo. Para prevenir excessos, ou até uma decisão contrária à livre manifestação do pensamento, o projeto passou a exigir que o chefe do Executivo consulte a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e o Comitê Gestor da Internet antes de assinar o decreto. Provável relator do projeto na CCT, Walter Pinheiro (PT-BA) disse que a introdução da neutralidade de rede é importante porque elimina a possibilidade de haver jogo combinado entre uma empresa provedora, detentora de infraestrutura (banda), e um provedor de conteúdo (o Google, por exemplo), permitindo que pela banda só trafeguem produtos casados. — Da forma como está, o marco civil incentiva o surgimento de diversos provedores de conteúdos e cria um ambiente mais igual para que todos possam receber integralmente o pactuado — argumentou Pinheiro. Na opinião do senador, as duas maiores conquistas da sociedade com a aprovação do texto seriam a garantia da liberdade de expressão do pensamento na rede e a certeza de que a segurança está sendo reforçada.” http://www12.senado.gov.br/jornal/edicoes/2014/04/02/primeiro-relator-do-marco-civil- da-internet-defende-liberdade-de-expressao
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