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PEDIDOS DA FALÊNCIA DEVEM TER VALOR SIGNIFICATIVO Daniela Teixeira Strack[1: Acadêmica do 8 semestre de Direito das Faculdades Iesgo.] A origem etimológica do termo “falência” deriva do verbo falir”, que se origina do verbo latino fallere, que significa faltar com a palavra, com o prometido, enganar, (fallo, is, fefelli, falsum, fallere). De acordo os autores Alessandro Sanchez e Alexandre Gialluga (2012, p. 57, apud Professor Ricardo Negrão, 2011, v.3, p. 21) explicam de forma sucinta a definição da terminologia falência: “Falência é um processo de execução coletiva, no qual todo o patrimônio de um empresário declarado falido – pessoa física ou jurídica é arrecadado, visando pagamento da universalidade de seus credores, de forma completa ou proporcional. É um processo judicial complexo que compreende a arrecadação dos bens, sua administração e conservação, bem como a verificação e o acertamento dos créditos, para posterior liquidação dos bens e rateio entre os credores. Compreende também a punição de atos criminosos praticados pelo devedor falido”. Inúmeras empresas, em busca de tentativas de cobrar seus credores, optam pelo instituto da falência ao invés de utilizarem o procedimento clássico da Execução Extrajudicial, com a finalidade de forçar o pagamento do débito de maneira mais rápida. Acontece, que a Lei de Falência 11.101/2005 trouxe significativa alteração em seu artigo 94 quando estipula o valor necessário como requisito para utilização desse procedimento, podendo nesse caso requerer a decretação de falência, o débito deverá ser superior 40 a salários mínimos, ou caso contrário a falência será decretada caso o devedor não cumpra seu dever de pagar suas dívidas no vencimento, cuja soma ultrapasse o valor a 40 salários mínimos na data do pedido de falência. Na ausência de pagamento das obrigações inferiores a 40 salários-mínimos não será possível optar pela decretação de falência de uma empresa, mesmo que o processo tenha começado antes da Lei 11.101/05, ocasião em que não havia valor mínimo exigido previsto na legislação. É de suma importância obedecer esse requisito essencial, porém alguns “irresponsáveis” optam por aderir esse procedimento, requerendo a falência de devedores na cobrança de valores irrisórios. Além do requisito previsto no art.94, a 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), na pessoa do Ministro Luís Felipe Salomão, no julgamento do Recurso Especial nº 1023172 – SP, defendeu a observância do Princípio da Preservação da Sociedade frente a pedidos de Falência por valores ínfimos: “O princípio da preservação da empresa cumpre preceito da norma maior, refletindo, por conseguinte, a vontade do poder constituinte originário, de modo que refoge à noção de razoabilidade a possibilidade de valores inexpressivos provocarem a quebra da sociedade comercial, em detrimento da satisfação de dívida que não ostenta valor compatível com a repercussão socioeconômica da decretação da quebra”. Atenta-se que o Princípio da Preservação da Sociedade defende o interesse de todos os envolvidos no litígio, igualmente aqueles que são interessados no assunto (empregados, credores, fornecedores, entre outros.). Em relação ao requisito do art. 94, da Lei 11.101/05 o Ministro Luiz Felipe Salomão diz: “A decretação da falência, ainda que o pedido tenha sido formulado sob a sistemática do Decreto-Lei 7.661/45, deve observar o valor mínimo exigido pelo art. 94 da Lei 11.101/2005, privilegiando-se o princípio da preservação da empresa. Precedentes”. Conforme aponta Fábio Antunes Gonçalves (Gonçalves, 2008): O estado falimentar do devedor é um pressuposto objetivo para a verificação da falência da sociedade empresária e do empresário individual, ou seja, para que haja a decretação da quebra do devedor se faz necessária a apuração de certos fatos e atos que dão ensejo e condicionam a qualidade falimentar do empresário. De fato, a insolvência do empresário deverá ser analisada para posteriormente se forem preenchidos os requisitos conforme previsão da Lei 11.101/05, será decretada a falência do devedor. O processo de falência não deve ter o objetivo de constranger o devedor, visando satisfazer somente a dívida de apenas um credor. O requisitos para requerer a falência estão previstos na Lei 11.101./05 e devem ser analisados rigorosamente, obedecendo o procedimento correto. Por sua vez, o Prof. Ricardo Negrão (2017: p.130), argumenta que: “A norma constitucional decorre o objetivo da tutela recuperatória em juízo: atender à preservação da empresa, mantendo, sempre que possível, a dinâmica empresarial em três aspectos fundamentais: fonte produtora, emprego dos trabalhadores e interesses dos credores". A preservação do ente empresarial é um tema importante relacionado a decretação da falência e tem a finalidade de priorizar o interesse coletivo. De acordo com o entendimento do Ministro Humberto Gomes de Barros (RESP 515-285 SC): "Com efeito, o decreto de quebra de uma pessoa jurídica é grave e traz sérias consequências e repercussões de ordem moral, social, financeira e legal para seus titulares, sócios e administradores. Não pode ser usado para simples cobrança de dívida. O credor singular poderá se utilizar de processo de execução forçada singular, para valer seu direito de crédito sobre determinado patrimônio do devedor. Assim, a impontualidade e o protesto dos títulos não são suficientes para caracterizar o estado de insolvência. Para se requerer a falência há de se perquirir sobre o estado patrimonial do devedor". Isso posto, a Lei 11.101/05 trouxe interessantes e importantes inovações com o objetivo de estabelecer requisitos em relação ao valor mínimo para ser decretada a falência, devendo ser observados com muita sensatez. Referências Sanchez, Alessandro; Direito Empresarial IV : recuperação de empresas e falência / Alessandro Sanchez, Alexandre Gialluca. – São Paulo : Saraiva 2012. (Coleção saberes do direito; 30); 1ª Edição; Superior Tribunal de Justiça STJ – RECURSO ESPECIAL : Resp 1023172 SP 2008/0012014-0 Negrão, Ricardo; Curso de direito comercial e de empresa, vol. 3 : recuperação de empresas, falência e procedimentos concursais administrativos / Ricardo Negrão. – 11. ed. – São Paulo : Saraiva, 2017. Superior Tribunal de Justiça STJ – RECURSO ESPECIAL : Resp 725.128 TO (2005/0024019-0)
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