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Produção de Material Didático para o Ensino de Ciências e de Química Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Solange de Fátima Azevedo Dias Revisão Textual: Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin O Uso de Mapas Conceituais no Ensino de Química • Introdução • Tipos de Mapas Conceituais • Aprendizagem Significativa • Como Preparar o Aluno para uma Aprendizagem Significativa · Compreender o significado de aprendizagem significativa e conhecer as diferentes formas de construção de Mapas Conceituais. OBJETIVO DE APRENDIZADO O Uso de Mapas Conceituais no Ensino de Química Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE O Uso de Mapas Conceituais no Ensino de Química Introdução A Teoria que está por trás da Metodologia de Mapa Conceitual é a Teoria Cognitiva de Aprendizagem de David Ausubel, mas que foi uma técnica desenvolvida por Novak e Gowin (1984). Em sentido amplo, os Mapas Conceituais são diagramas que indicam relações entre conceitos incluídos numa estrutura hierárquica de proposições. O uso de Mapas Conceituais, para Novak (2000), são representações gráficas semelhantes a diagramas que procuram refletir a organização conceitual que está na estrutura cognitiva ou de significado pela qual os estudantes percebem e proces- sam experiências. Além disso, possibilita revelar os conteúdos conceituais de um Tema, Unidade ou Disciplina e suas relações por meio de uma representação gráfica que expressa a relação entre a lógica do conteúdo e a lógica psicológica dos estudantes que constroem o Mapa. É uma ferramenta para trabalhar as linguagens gráfica, oral e escrita quando se organiza a aprendizagem como um processo de negociação de sentidos, tendo como referência o conteúdo da Disciplina. Nesse processo, a predisposição afetiva dos estudantes é uma condição neces- sária (SILVA, 2009). Segundo Faria (1995), um conceito pode ser classificado como objeto, evento, situação ou propriedade que é designado por algum símbolo, mais precisamente uma palavra com significado genérico. Os conceitos estão normalmente contidos dentro de círculos, retângulos ou outros símbolos, e as proposições constam de dois ou mais conceitos unidos por palavras de enlace, formando uma unidade semântica (MOREIRA; MASINI, 1982). Para Moreira (2010), Mapas Conceituais podem seguir um modelo hierárquico, no qual conceitos mais inclusivos estão no topo da hierarquia (parte superior do Mapa), e conceitos específicos, pouco abrangentes, estão na base (parte inferior). Mas esse é apenas um modelo; Mapas Conceituais não precisam necessariamente ter esse tipo de hierarquia. 8 9 A seguir, um exemplo de Mapa Conceitual sobre o estudo da matéria. Mapas conceituais no ensino-aprendizagem de Química: https://goo.gl/TXcjAQ Ex pl or Observe no Mapa Conceitual que deve ficar claro quais os conceitos contextual- mente mais importantes e quais os secundários ou específicos. Setas podem ser utilizadas para dar sentido de direção a determinadas relações conceituais, mas não obrigatoriamente. Os Mapas Conceituais são úteis de diversas maneiras no ambiente escolar. Para os estudantes, auxiliam na compreensão de conceitos, na organização, na integração do conteúdo e no desenvolvimento da capacidade do uso de diferentes linguagens. Para os professores, auxiliam na avaliação da compreensão dos estudantes, pois passam imagem geral, integral dos conteúdos e ajudam na visualização dos conceitos e suas relações, facilitando, assim, o ensino (MENDONÇA et al., 2007). Embora, geralmente, representem a hierarquia dos conceitos, não existem regras rígidas para a sua construção. Contudo, alguns princípios devem ser seguidos, tais como identificação e seleção dos conceitos ou ideias chave, estando os conceitos mais inclusivos no topo do Mapa ou em posição mais prevalente e os mais específicos mais abaixo; estabelecendo relação entre conceitos por meio de linhas de ligação, formando proposições; ordenação sequencial lógica entre elas, formando uma unidade semântica (YANO, 2012). Portanto, o uso de Mapas Conceituais como instrumentos de avaliação implica uma postura que, para muitos, difere da usual. O exemplo a seguir demonstra que se torna mais fácil relacionar os conteúdos de acordo com os níveis de complexidade, facilitando a construção do conhecimento e melhorando o Processo Ensino Aprendizagem. 9 UNIDADE O Uso de Mapas Conceituais no Ensino de Química PEIXES Caracterís�cas Classificação Reprodução ANFÍBIOS Caracterís�cas Classificação Reprodução RÉPTEIS Caracterís�cas Classificação Reprodução Caracterís�cas Classificação Reprodução MAMÍFEROS AVES Caracterís�cas Classificação Reprodução VERTEBRADOS História Evolu�va História Evolu�va História Evolu�va História Evolu�va Figura 1 Fonte: ufpb.br O uso dos Mapas Conceituais está relacionado à avaliação da aprendizagem, avaliação não com o objetivo de testar o conhecimento e de dar nota para o aluno, a fim de classificá-lo de alguma maneira, mas no sentido de obter informações sobre o tipo de estrutura que o aluno vê para um dado conjunto de conceitos. 10 11 Para isso, pode-se solicitar ao aluno que construa o Mapa ou este pode ser obtido indiretamente, por meio de suas respostas a testes escritos ou orais (MOREIRA; NOVAK, 1987). Testes tradicionais só conseguem cobrir uma pequena parcela de todo o conhecimento objetivado pela instrução. E pior, eles não dão nenhuma possibilidade ao aprendiz de mostrar como ele organizou e construiu seu conhecimento. Além disso, para um grupo de estudantes que tenha acertado as mesmas questões, fica impossível determinar o conhecimento relativo de cada um, isto é, quem sabe mais ou menos sobre o assunto em foco. Testes que requerem apenas lembrança ou reconhecimento de informação bem específica podem ser adequados para a avaliação da Aprendizagem Mecânica, mas falhamquando as estruturas cognitivas do aprendiz foram modificadas. E são exatamente essas modificações que influenciam na aprendizagem futura, na resolução de problemas e na criatividade (NOVAK, 1998). Trabalhar com Mapas Conceituais pode representar um caminho para práticas docentes, pelos avanços e conquistas no percurso de aprender, ensinar e formar, além de representar instrumentos importantes no monitoramento das situações de Aprendizagem, favorecendo uma prática docente centrada na mediação pedagógica. De acordo com Ontória et al. (1994) e Ross (2000), a construção de um Mapa Conceitual possui alguns pontos a serem seguidos: • Identificar os pontos-chave em uma lista do conteúdo do tema estudado; • Ordenar os conceitos mais gerais no topo do Mapa, e depois ir adicionando os demais conceitos para completar o diagrama; • Estabelecer relações entre conceitos por meio de linhas, nas quais as palavras devem ter relação entre os conceitos; • As setas devem ser usadas quando se quer dar sentido à relação; • Evitar palavras que indiquem relações triviais; • Exemplos podem ser utilizados, abaixo dos conceitos correspondentes; • Analisar o impacto visual do Mapa, fazendo as correções necessárias; • Não há necessidade de se preocupar com “começo, meio e fim”; o Mapa Conceitual é estrutural, não seqüencial; • O Mapa deve refletir a estrutura conceitual hierárquica do que está mapeado; • É importante que a discussão dos Mapas questione a localização de certos conceitos. 11 UNIDADE O Uso de Mapas Conceituais no Ensino de Química O exemplo a seguir mostra a estrutura que pode ser seguida na construção de um Mapa Conceitual. Mapa Conceitual Esquema Visual Estrutura Relações Tipo Hierárquico Estudantes Professor Diagnóstico AvaliaçãoRecordação TodoEquívocos Resumo Novos Conhecimentos Conhecimentos Prévios Aprendizagem Planejamento Curriculum Utilidade Níveis Cruzado Criatividade possui com para para tem de é envolvem que possuem vários conscientizando-se de seus porque melhora a para o para o utilizando-a como para o porque facilita sua de de de do Leituras Trabalhos PesquisasPráticas Educativas de negociando Figura 2 A inclusão de alguns conceitos que não lhe parecem importantes e a omissão de outros que você julga fundamentais: o Mapa Conceitual é um bom instrumento para compartilhar, trocar e “negociar” significados. O uso de Mapas Conceituais como ferramentas de avaliação requer a consideração de duas questões: como os Mapas serão construídos e como serão interpretados, pois, os Mapas Conceituais possuem características individuais, haja vista que os alunos não apresentam a organização do conhecimento estruturada exatamente da mesma forma. Ao contrário, eles apresentam suas concepções sobre um mesmo assunto de formas distintas. Assim, nas representações de suas ideias em seus Mapas Conceituais, ficam evidentes a qualidade do aprendizado do aluno, suas dúvidas, lacunas e erros con- 12 13 ceituais, permitindo ao professor, dessa maneira, avaliar o que o aluno aprendeu referente ao conteúdo estudado para esse fim (TAVARES, 2007). Cabe salientar que os Mapas Conceituais são dinâmicos, estão constantemente mudando no curso da Aprendizagem Significativa. Se a Aprendizagem é Significativa, a Estrutura Cognitiva está constantemente se reorganizando por diferenciação progressiva e reconciliação integrativa e, em consequência, Mapas traçados hoje serão diferentes amanhã (MOREIRA, 2010). Isso se justifica, pois, à medida que muda a compreensão sobre as relações entre os conceitos ou, na medida em que se aprende, o Mapa também muda. Um Mapa Conceitual é um instrumento dinâmico, refletindo a compreensão de quem o faz no momento em que o faz. Tipos de Mapas Conceituais Aprendizagem Significativa é aquela em que ideias expressas simbolicamente interagem de maneira substantiva e não arbitrária com aquilo que o aprendiz já sabe. Substantiva quer dizer não literal, não ao pé da letra; e não arbitrária significa que a interação não é com qualquer ideia prévia, mas sim, com algum conhecimento especificamente relevante já existente na estrutura cognitiva do sujeito que aprende. Existe uma grande variedade de tipos mapas conceituais para levar o aluno a aprendizagem significativa. Alguns são preferidos pela facilidade de elaboração (tipo aranha), pela clareza que explicita processos (tipo fluxograma), pela ênfase no produto que descreve, ou pela hierarquia conceitual que apresenta. O tipo Aranha é organizado colocando-se o conceito central (ou gerador) no meio do mapa. Os demais conceitos vão se irradiando na medida que nos afastamos do centro. Ele é de fácil de estruturar, pois todas as informações estão unificadas em torno de um ou vários temas centrais. O foco principal é a irradiação das relações conceituais, sem preocupação com as relações hierárquicas, ou transversais. O tipo Fluxograma, organiza a informação de uma maneira linear. Ele é utilizado para mostrar passo a passo determinado procedimento, e normalmente inclui um ponto inicial e outro ponto final. Um fluxograma é normalmente usado para melhorar a performance de um procedimento. Ele é fácil de ler; as informações estão organizadas de uma maneira lógica e sequencial. O Mapa Conceitual tipo sistema, organiza a informação num formato que é semelhante ao fluxograma, mas com o acréscimo da imposição das possibilidades “entrada” e “saída”. Ele demostra as várias relações entre os conceitos, mas podes ser difícil de se ler devido ao grande número de relações entre os conceitos. No tipo Hierárquico a informação é apresentada numa ordem descendente de importância. A informação mais importante (inclusiva) é colocada na parte superior. 13 UNIDADE O Uso de Mapas Conceituais no Ensino de Química Um mapa hierárquico é usado para nos dizer algo sobre um procedimento. Ele apresenta os conceitos mais inclusivos estão explícitos; os conceitos auxiliares e menos inclusivos estão inter-relacionados, desta forma estrutura o conhecimento de maneira mais adequada a compreensão humana, considerando em posição de destaque os conceitos mais inclusivos. Aprendizagem Significativa No contexto educativo, hoje, quase não se fala mais em estímulo, resposta, refor- ço positivo, objetivos operacionais, instrução programada e Tecnologia Educacional. Esses conceitos fazem parte do discurso usado em uma época na qual a influência comportamentalista na Educação estava no auge e transparecia explicitamente nas estratégias de ensino e nos materiais educativos. Nessa época, o ensino e a aprendizagem eram enfocados em termos de estímulos, respostas e reforços, não de significados. Atualmente, as palavras de ordem são Aprendizagem Significativa, Mudança Conceitual e Construtivismo. Um bom ensino deve ser Construtivista, promover a Mudança Conceitual e facilitar a Aprendizagem Significativa. É provável que a prática docente ainda tenha muito do behaviorismo, mas o discurso é Cognitivista/ Construtivista/Significativo. Portanto, Aprendizagem Significativa não é, como se possa pensar, aquela que o indivíduo nunca esquece. A assimilação obliteradora é uma continuidade natural da Aprendizagem Significativa; porém, não é um esquecimento total. É uma perda de discriminabilidade, de diferenciação de significados, não uma perda de significados. Se o esquecimento for total, como se o indivíduo nunca tivesse aprendido certo conteúdo, é provável que a aprendizagem tenha sido Mecânica, não Significativa. O subsunçor é, portanto, um conhecimento estabelecido na estrutura cognitiva do sujeito que aprende e que permite, por interação, dar significado a outros conhecimentos. Não é conveniente “coisificá-lo”,“materializá-lo” como um conceito, por exemplo. O subsunçor pode ser, também, uma concepção, um construto, uma proposição, uma representação, um modelo, enfim, um conhecimento prévio especificamente relevante para a Aprendizagem Significativa de determinados novos conhecimentos. A clareza, a estabilidade cognitiva, a abrangência, a diferenciação de um subsunçor variam ao longo do tempo, ou melhor, das aprendizagens significativas do sujeito. Trata-se de um conhecimento dinâmico, não estático, que pode evoluir e, inclusive, involuir. 14 15 Em linguagem coloquial, poderíamos dizer que “nossa cabeça” está “cheia” de subsunçores, uns já bem firmes, outros ainda frágeis, mas em fase de crescimento, uns muito usados, outros raramente, uns com muitas ramificações, outros encolhendo. Naturalmente, esses conhecimentos interagem entre si e podem organizar-se e se reorganizar, ou seja, “nossa cabeça” contém um conjunto dinâmico de subsunçores. Em termos mais técnicos, ao invés de “cabeça”, poderíamos falar em Estrutura Cognitiva e dizer que o complexo organizado de subsunçores e suas interrelações, em certo campo de conhecimentos, poderia ser pensado como constituindo a estrutura cognitiva de um indivíduo nesse campo. Poderíamos falar, também, em estrutura cognitiva em termos de subsunçores mais abrangentes, mais gerais, e aplicáveis a distintos campos de conhecimento. Estrutura cognitiva é um construto (um conceito para o qual não há um referente concreto) usado por diferentes autores, com diferentes significados, com o qual se pode trabalhar em níveis distintos, ou seja, referido a uma área específica de conhecimentos ou a um campo conceitual, um complexo mais amplo de conhecimentos. Tais conhecimentos podem ser de natureza conceitual, procedimental ou atitudinal. No entanto, os subsunçores de Ausubel se referem muito mais ao Conhecimento Declarativo (conceitual), tanto é que muitas vezes ele falava em conceito subsunçor, nomenclatura que hoje não nos parece adequada porque restringe muito o significado de subsunçor, induzindo a que seja pensado como um conceito determinado. Como já dito, é melhor considerar o subsunçor um conhecimento prévio especifi- camente relevante para uma nova aprendizagem, não necessariamente um conceito. Destaque-se ainda que, no âmbito da Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel, a Estrutura Cognitiva é um conjunto hierárquico de subsunçores dinamica- mente interrelacionados. Há subsunçores que são hierarquicamente subordinados a outros, mas essa hierarquia pode mudar se, por exemplo, houver aprendizagem superordenada, na qual um novo subsunçor passa a incorporar outros. Quando aprendemos de maneira significativa temos que progressivamente diferenciar significados dos novos conhecimentos adquiridos a fim de perceber diferenças entre eles, mas é preciso também proceder à reconciliação integradora. Se apenas diferenciarmos cada vez mais os significados, acabaremos por perceber tudo diferente. Se somente integrarmos os significados indefinidamente, terminaremos percebendo tudo igual. Os dois processos são simultâneos e necessários à construção cognitiva, mas parecem ocorrer com intensidades distintas. A diferenciação progressiva está mais relacionada à aprendizagem significativa subordinada, que é mais comum, e a reconciliação integradora tem mais a ver com a aprendizagem significativa superordenada que ocorre com menos frequência. 15 UNIDADE O Uso de Mapas Conceituais no Ensino de Química Como Preparar o Aluno para uma Aprendizagem Significativa Essencialmente, são duas as condições para a Aprendizagem Significativa: 1. O material de Aprendizagem deve ser potencialmente significativo; 2. O aprendiz deve apresentar predisposição para aprender. A primeira condição implica que o Material de Aprendizagem (livros, aulas, aplicativos...) tenha significado lógico (isto é, seja relacionável de maneira não arbitrária e não literal a uma estrutura cognitiva apropriada e relevante) e que o aprendiz tenha em sua estrutura cognitiva ideias-âncora relevantes com as quais esse material possa ser relacionado. Quer dizer, o material deve ser relacionável à estrutura cognitiva e o aprendiz deve ter o conhecimento prévio necessário para fazer esse relacionamento de forma não arbitrária e não literal. É importante enfatizar aqui que o material só pode ser potencialmente significativo, não significativo: não existe livro significativo, nem aula significativa, nem problema significativo..., pois o significado está nas pessoas, não nos materiais. É o aluno que atribui significados aos materiais de aprendizagem e os significados atribuídos podem não ser aqueles aceitos no contexto da Matéria de Ensino. Naturalmente, no ensino, o que se pretende é que o aluno atribua aos novos co- nhecimentos, veiculados pelos Materiais de Aprendizagem, os significados aceitos no contexto da Matéria de Ensino, mas isso, normalmente, depende de um inter- câmbio, de uma “negociação”, de significados, que pode ser bastante demorada. Outra condição é talvez mais difícil de ser satisfeita do que a primeira: o aprendiz deve querer relacionar os novos conhecimentos, de forma não arbitrária e não literal, a seus conhecimentos prévios. É isso que significa predisposição para aprender. Não se trata exatamente de motivação, ou de gostar da Matéria. Por alguma razão, o sujeito que aprende deve se predispor a relacionar (diferenciando e integrando) interativamente os novos conhecimentos à sua estrutura cognitiva prévia, modificando-a, enriquecendo-a, elaborando-a e dando significado a esses conhecimentos. Pode ser simplesmente porque ela ou ele sabe que sem compreensão não terá bons resultados nas avaliações. Aliás, muito da aprendizagem memorística sem signi- ficado (a chamada Aprendizagem Mecânica) que usualmente ocorre na Escola resulta das avaliações e Procedimentos de Ensino que estimulam esse tipo de aprendizagem. 16 17 O nosso papel como professor é questionar, que é o que permite ao aluno buscar repostas que o satisfaçam, não dar respostas prontas, para que não ocorra uma acomodação cognitiva, para que o aluno se esforce para aprender, pois o ele está em um mundo em construção, dinâmico, que deve estar permanentemente conectado ao processo global de crescimento, de desenvolvimento, ganhando destaque a importância do desejo de buscar, de aprender, de ter curiosidade e de estar sempre disponível para buscar respostas, pois são as “perguntas que movem o mundo”. Isso nos diz que nós professores devemos gerar dúvidas que despertem em nossos alunos o desejo de pesquisar, de buscar, e que não devemos dar respostar acabadas. Portanto, nosso papel, para que aconteça uma Aprendizagem Significativa, é propor desafios para que os alunos reconstruam os conceitos internalizados, ressignificando-os e os tornando mais consistentes, servindo de parâmetros para a formação de novos conceitos. Daí a importância de darmos novos rumos às nossas aulas, planejar de forma que possamos desestabilizar as redes neurais dos nossos educandos, provocando instabilidade cognitiva, estimulando-os a desafiar e provocar instabilidade cognitiva, estimulando as estruturas conceituais deles. Daí a importância da problematização que permite a busca de respostas sendo os conteúdos tratados como meios para a busca de soluções e não um fim em si mesmo. Para Ausubel (1980), os alunos precisam estar predispostos para que aconteça uma Aprendizagem Significativa. Para tanto, faz-se necessário que nós, professo- res, despertemos essa sede de busca que pode levar a dois tipos de aprendizagem: a aprendizagem superficial, que tem o propósito de responder a tarefa, levando em conta o que o professor acha importante, transferindo-se o foco para as exigências que serão feitas sobre o conteúdo,ocorrendo a memorização, necessária para os momentos avaliativos, sem levar em conta a reflexão e a importância da compre- ensão do conteúdo; a aprendizagem profunda, que acontece quando os educandos buscam entender o significado do que estudam, fazendo relação com os conheci- mentos adquiridos anteriormente, buscando compreender e interagir com eles. Para tanto, o professor deve ser suporte para os alunos, organizando o trabalho e o tempo pedagógico de forma que permanentemente os alunos se sintam motivados a entrarem de cabeça no mundo maravilhoso do conhecimento. Nesse processo, também é importante trabalhar a autonomia dos educandos, que devem sentir-se parte integrante do processo, desde o planejamento até a execução. O professor deve valorizar o aluno e sempre trabalhar a sua autoestima, mostrando que ele é capaz, que tem direitos e possibilidades e deve, também, 17 UNIDADE O Uso de Mapas Conceituais no Ensino de Química evitar julgamentos estereotipados, procurar conhecer, respeitar e valorizar a cultura dos educandos, trabalhar no campo da interação social, visto que somos seres eminentemente sociais que, já ao nascer,estamos cercados por nossos pares e por nossa cultura. Para Vygotsky (1999), “[...] na ausência do outro, o homem não se constrói homem”, mostrando que o desenvolvimento da inteligência nasce dessa convivência: homem/homem, o que proporciona o nosso desenvolvimento mental. É fundamental que essa interação esteja presente em sala de aula, para que na troca de ideias entre os alunos o conhecimento possa ser construído. A aprendizagem torna-se mais significativa à proporção que o conteúdo apresentado incorpora-se ao conhecimento prévio de um aluno, adquirindo significado para ele, incorporando a atribuição do significado, por interagir com conceitos relevantes pré-existentes na estrutura cognitiva. Quando essa relação não se estabelece, o novo conteúdo proposto é trabalhado de forma isolada ou por meio de associações arbitrárias na estrutura cognitiva, acontecendo a aprendizagem mecânica ou repetitiva, na qual o conhecimento é armazenado de forma memorizada, o aluno decora os conteúdos, que tem prazo de validade: esquece-os após ser avaliado. As ideias de Ausubel têm características diversas, pois não tentam unicamente generalizar e transferir para a Aprendizagem Escolar definições ou princípios extir- pados de situações e/ou contextos de Aprendizagem, mas se pautam numa reflexão direcionada à Aprendizagem Escolar e ao Ensino. Os processos mentais são muito importantes na conquista do conhecimento, entendendo que só acontece a Aprendi- zagem Significativa se compreendermos o processo de alteração do conhecimento, em vez de comportamento com significado externo e que se possa observar. Para pensar sobre o currículo e sobre o ensino de Ciências Naturais, o Conhecimento Científico é fundamental, mas não suficiente. É essencial considerar o Desenvolvimento Cognitivo dos estudantes, relacionado a suas experiências, sua idade, sua identidade cultural e social, e os diferentes significados e valores que as Ciências Naturais podem ter para eles, para que a aprendizagem seja significativa. Reconhecida a complexidade das Ciências Naturais e da Tecnologia, é preciso aproximá-las da compreensão do estudante, favorecendo seu processo pessoal de constituição do conhecimento científico e de outras capacidades necessárias à cidadania. É com essa perspectiva e com aquelas voltadas para toda a Educação Fundamental que foram destacados os critérios de seleção de conteúdos: 18 19 • Os conteúdos devem favorecer a construção, pelos estudantes, de uma visão de mundo como um todo formado por elementos interrelacionados, entre os quais o ser humano, agente de transformação. Devem promover as relações entre diferentes fenômenos naturais e objetos da tecnologia, entre si e reciprocamente, possibilitando a percepção de um mundo em transformação e sua explicação científi ca permanentemente reelaborada; • Os conteúdos devem ser relevantes do ponto de vista social, cultural e científi co, permitindo ao estudante compreender, em seu cotidiano, as relações entre o ser humano e a natureza mediadas pela tecnologia, superando interpretações ingênuas sobre a realidade à sua volta. Os temas transversais apontam conteúdos particularmente apropriados para isso; • Os conteúdos devem se constituir em fatos, conceitos, procedimentos, atitudes e valores a serem promovidos de forma compatível com as possibilidades e necessidades de aprendizagem do estudante, de maneira que ele possa operar com tais conteúdos e avançar efetivamente nos seus conhecimentos. Com essas seleções dos conteúdos dos Eixos Temáticos, o professor deve organizar os Currículos e os Planos de Ensino, ao decidir sobre que perspectivas, enfoques e assuntos trabalhar em sala de aula, de forma Significativa. 19 UNIDADE O Uso de Mapas Conceituais no Ensino de Química Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Educação em Química: da Pesquisa à Prática Docente MOURA, G. R. S.; VALE, J. M. S. Educação em química: da pesquisa à prática docente. São Paulo: Escrituras, 2006. p.135; O Grupo Cooperativo NIQUINI, D. P. O Grupo Cooperativo. Uma Metodologia de Ensino. Ensinar e Aprender Juntos. Brasília: Universa, 1999; Diretrizes Curriculares da Educação Básica PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Diretrizes Curriculares da Educação Básica. Curitiba: Química, 2008; A Formação do Símbolo na Criança PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imitação e representação. Rio de Janeiro: LTC, 1990; O Desenvolvimento do Pensamento ______ O desenvolvimento do pensamento: equilibração das estruturas cognitivas. Lisboa: Dom Quixote, 1977. 20 21 Referências AUSUBEL, D. P.; NOVAK, J. D.; HANESIAN, H. Psicologia Educacional. Tradução de E. Nick. Rio de Janeiro: Interamericana Ltda. 1980. BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011. BELTRAN, N. O.; CISCATO, C. A. Química. São Paulo: Cortez, 1991. BRASIL. Ministério de Educação e Cultura. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Química – 1º ao 3º ano. Brasília: SEF, 1997. CACHAPUZ, A. et al. 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