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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES 
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” 
AVM FACULDADE INTEGRADA 
 
 
 
 
 
A INFLUÊNCIA DO VÍNCULO AFETIVO E DA AUTO-ESTIMA NA 
APRENDIZAGEM 
 
 
 
Por: Lucilene de Oliveira Lopes Tarouquella Rodrigues 
 
 
 
Orientador 
Prof. Geni Lima 
 
 
Rio de Janeiro 
2011 
 
 
 
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES 
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” 
AVM FACULDADE INTEGRADA 
 
 
 
 
 
A INFLUÊNCIA DO VÍNCULO AFETIVO E DA AUTO-ESTIMA NA 
APRENDIZAGEM 
 
 
 
 
 
Apresentação de monografia à AVM Faculdade 
Integrada como requisito parcial para obtenção do 
grau de especialista em Psicopedagogia 
Institucional. 
Por Lucilene de Oliveira Lopes Tarouquella 
Rodrigues. 
 
 
3 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
Cada ação nossa está sempre 
marcada por vivências e sentimentos 
expressos por meio de emoções. Ao 
olhar para este trabalho, sinto-me feliz 
ao reconhecer nele a contribuição de 
tantas pessoas queridas. Escrevê-lo foi 
um exercício de solidão, impregnada 
de alegria. Uma solidão acompanhada 
de muita gente, o tempo todo ao meu 
lado. A importância de cada uma me 
fez comprovar que a afetividade é 
mesmo a energia que move nossas 
ações. Portanto não vai ser difícil, em 
poucas palavras, agradecer, pois 
encontrei uma, que expressa tudo: 
GRATIDÃO, no seu mais puro 
significado. 
Aos meus filhos, Vinícius, Victor e 
Wagner, presentes de DEUS em minha 
vida, os quais amo 
incondicionalmente. Meus 
companheiros de todas as horas, que 
estiveram presentes em toda a minha 
4 
 
 
 
 
trajetória acadêmica. Meu eterno 
agradecimento por terem tantas 
renúncias em família, para focalizar a 
busca pela especialização . 
Ao meu querido e amado marido Jorge 
Alex, que me impulsionou a caminhar 
com os meus próprios pés, buscando a 
realização dos meus ideais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico a todos que acreditaram em mim, 
em meu potencial, nas minhas ideias e 
que sofreram comigo as angústias 
próprias do meu momento. Ao meu 
esposo, aos meus filhos pela minha 
ausência durante a construção dos meus 
conhecimentos acadêmicos. Aos meus 
pais ( in memória ) pela vida e os valores 
que carrego comigo. À mim pela força de 
vontade e superação. 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Este trabalho fundamenta-se em apresentar as contribuições da relação 
afetiva e da auto-estima para o processo de aprendizagem, compreendendo 
como acontece a relação afetiva entre professor e aluno dos anos iniciais do 
ensino fundamental. 
 
A formação da auto-estima do aluno é um tema que vem sendo visto por 
alguns profissionais da educação, como o caminho para a obtenção de bons 
resultados escolares e consequentemente, na vida adulta destes alunos. A 
priori são apontadas as estratégias mais utilizadas pela escola, na figura do 
professor, como atitudes, que acredita, viáveis para resolução de problemas de 
sala de aula. Segundo Wallon, durante a escolarização da criança pressupõe-
se que haverá varias interações, nas quais a afetividade está presente. A 
escola deve proporcionar um espaço de reflexões sobre a vida do aluno como 
um todo, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência critica e 
transformadora, na qual esse processo não deveria dissociar-se da afetividade 
e da auto-estima. Sendo que o professor é fundamental para a aprendizagem 
dos alunos, tornando a afetividade um dos elementos que influenciam esse 
processo. A afetividade é imprescindível para o desempenho educacional. 
 
 
Como resultado pode-se dizer que a afetividade professor e aluno deve 
estar voltada ao processo de ensino, pois o professor além de transmitir 
informações ou fazer perguntas, ele também deve ouvir os alunos de forma a 
entender suas carências e suas dificuldades. Nesse sentido, o professor deve 
usar o diálogo, pois o diálogo pode ser uma fonte de riquezas e alegrias, é uma 
arte a ser cultivada e ensinada para a formação de seus alunos como seres 
pensantes e atuantes, capazes de construir o seu conhecimento. E finalizamos 
esta pesquisa com a certeza de que a única arma capaz de quebrar as 
barreiras e ranços que nos envolve é o amor, junto com ele vem o 
7 
 
 
 
 
compromisso, o respeito, a necessidade de estudar sempre, de proporcionar 
aulas mais participativas para que as crianças possam estar mais ocupadas de 
forma que o aprendizado ocorra com tranquilidade. 
 
Palavras-chave – Afetividade , aprendizagem, professor, aluno. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
 
 
 
 
METODOLOGIA 
 
A pesquisa, por ser de caráter teórico, foi realizada fundamentalmente 
através de análise de textos. Optei por uma maneira clássica de interpretação 
de textos, que busca a ordem interna das razões levantadas pelo autor. Na 
análise do texto, busca-se atingir as justificações que um autor dá de seu 
próprio sistema (ordem das razões levantadas por ele). 
 
Portanto, a metodologia adotada é a de interpretação do texto buscando 
re-apreender, conforme a intenção do autor, a ordem das razões e sem jamais 
separar as teses dos movimentos que as produziram. 
 
No primeiro momento, atentei a estudar os textos de Jean Piaget, dada 
a abrangência de sua obra. Pesquisei também autores como Henri Wallon, 
Paulo Freire, Augusto Cury dentre outros, que possibilitassem uma maior 
compreensão de sua tese. Busquei em cada leitura a essência de sua 
concepção sobre a construção do conhecimento. 
 
Há na pesquisa o propósito de verificar as influências da relação 
professor-aluno, estabelecidas em sala de aula, para a construção de uma 
aprendizagem significativa. As relações interpessoais estabelecidas com o 
professor no cotidiano escolar podem incentivar ou desmotivar o aluno para o 
aprendizado, prejudicando ou favorecendo a disposição do mesmo para 
aprender significativamente e no cotidiano escolar, de que maneira essas 
influências da relação professor-aluno podem contribuir para a construção de 
uma aprendizagem significativa e afetiva. 
 
Os livros analisados estão sistematicamente descritos nas referências. 
9 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO 10 
 
CAPÍTULO I – Afetividade segundo Jean Piaget 13 
 
CAPÍTULO II – Afetividade segundo Henri Wallon 17 
 
CAPÍTULO III - Afetividade na Relação Professor - 
Aluno 22 
 
CAPÍTULO IV – O Papel da Escola na Relação Professor – Aluno 29 
 
CAPÍTULO V – Estratégias de integração das práticas pedagógicas à 
afetividade. 34 
 
CAPÍTULO VI – Objeto de estudo da Psicopedagogia 39 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 43 
 
BIBLIOGRAFIA CITADA 45 
 
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 
 48 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
“ Chega de fazer fórmulas e cultivar a inteligência; 
devemos agora cultivar ossentimentos, pois o homem já 
é suficientemente sábio, porém não é ainda 
suficientemente bom”. ( Einstein ) 
 
Afetividade é: conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob 
a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre da 
impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou 
desagrado, de alegria ou tristeza. (AURÉLIO, 1984). 
 
Sendo a afetividade essencial às relações humanas, vejo o educando 
como um sujeito em fase de formação, com características peculiares e que 
necessita de educação e cuidados que favoreça sua constituição como 
indivíduo. 
 
A afetividade está muito presente no processo de aprendizagem, 
principalmente quando se trata de criança. Ela é facilitadora deste processo e 
o professor um mediador. 
 
No cotidiano escolar, as relações interpessoais observadas ao longo de 
minha experiência, demonstram que a afetividade está sempre vinculada na 
relação professor-aluno e no processo ensino aprendizagem. Isso deixa claro 
que interfere no processo de ensinar e aprender. O mais importante é que o 
professor tome consciência do papel da afetividade na aprendizagem , mesmo 
que para isso, ele busque novas formas de se relacionar com seus alunos. 
11 
 
 
 
 
 
Observei que algumas crianças que não acompanhavam o conteúdo e 
atrapalhavam a aula, queriam muitas vezes uma palavra, ou um gesto que lhe 
transmitisse atenção, pois a escola é uma complementação familiar, não 
apenas um local para crescer cognitivamente ou um espaço de lazer, mas sim 
um espaço de trocas e prazerosas. 
 
Minha prática vem demostrando a relevância dessas observações, 
onde posso identificar claramente a afetividade como o melhor caminho para a 
construção de uma relação mais significativa. Para aceitar e respeitar o outro, é 
preciso se auto aceitar e se auto respeitar. Para que isso aconteça, o ser 
humano precisa ter constituído uma vivência emocional saudável ao longo de 
sua vida. 
 
Segundo Rossine,( 2001) as crianças que possuem uma boa relação 
afetiva são seguras, têm interesse pelo mundo que as cerca, compreendem 
melhor a realidade e apresentam melhor desenvolvimento intelectual. 
 
Muitos educadores enfatizam que a afetividade está nas interações 
sociais, influenciando no aspecto cognitivo de cada educando. Consideram que 
as decisões relacionadas ao ensino têm várias implicações afetivas no 
desenvolvimento do comportamento do aluno, impactando na sua 
aprendizagem. Segundo Wallon, para construir a pessoa ou o conhecimento, o 
aspecto afetivo é o foco principal, pois a atividade emocional é ao mesmo 
tempo social e biológica. 
 
Devido estas constatações observa-se a necessidade de atuação do 
psicopedagogo no sentido de orientar o educador, ressaltando a importância do 
relacionamento afetivo com o educando, pois este é um agente auxiliador neste 
processo, levando-o a superar as suas dificuldades de aprendizagem e seu 
comportamento. 
 
12 
 
 
 
 
Nesse sentido, procurei embasamento teórico para explicar os 
aspectos que fazem parte da afetividade e da auto-estima e como podem 
contribuir para o desenvolvimento das crianças. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO I 
 AFETIVIDADE SEGUNDO JEAN PIAGET 
 
Piaget,(1976, p. 13) diz que a afetividade não se restringe somente as 
emoções e aos sentimentos, mas engloba também as tendências e a vontade. 
Ele estabelece uma importante visão nas dimensões afetivas e cognitivas no 
campo da ação moral. Segundo o teórico, toda a ação remete a um “fazer”, a 
um “saber fazer” é a dimensão afetiva que corresponde ao “querer fazer”, 
sendo assim, as dimensões cognitiva e afetiva, aparecem em seus postulados 
teóricos como indissociáveis. 
 
 Para compreender o tema afetividade de forma ampla é necessário 
entender a perspectiva de afetividade e a teoria de desenvolvimento cognitivo, 
de acordo com Jean Piaget (1976, p. 16) o afeto é essencial para o 
funcionamento da inteligência. 
 
 (...) vida afetiva e vida cognitiva são inseparáveis, embora 
distintas. E são inseparáveis porque todo intercâmbio com 
o meio pressupõe ao mesmo tempo estruturação e 
valorização. Assim é que não se poderia raciocinar, 
inclusive em matemática, sem vivenciar certos 
sentimentos, e que, por outro lado, não existem afeições 
sem um mínimo de compreensão. 
 
 
Piaget atribui a todos os estágios de desenvolvimento da inteligência 
funções, invariáveis e constantes, de assimilação e acomodação, chamando de 
adaptação ao equilíbrio entre as assimilações e as acomodações. Ao lado das 
funções, ele distingue as estruturas variáveis, que assumem formas diferentes 
de acordo com o desenvolvimento intelectual, sendo definidas como as formas 
14 
 
 
 
 
de organização da atividade mental, sob um duplo aspecto: motor ou 
intelectual, de uma parte, e afetivo de outra, com suas duas dimensões 
individual e social (interindividual) (Piaget, 1964; Ed. Br., 1972). 
 
 Apesar de entender que o desenvolvimento intelectual envolve sempre 
os aspectos cognitivo e afetivo, Piaget considera a afetividade como um agente 
motivador da atividade intelectual. 
 
Segundo Piaget, afirmar que a inteligência e a afetividade são 
indissociáveis pode envolver duas significações bastante diferentes: a) num 
primeiro sentido, pode-se querer dizer, com essa afirmação, que a afetividade 
intervém nas operações da inteligência, que ela as estimula ou as perturba, 
que ela é causa de aceleração ou de atraso no desenvolvimento intelectual, 
mas que ela não poderia modificar as estruturas da inteligência enquanto tais; 
b) num segundo sentido, pode-se querer afirmar, ao contrário, que a afetividade 
intervém nas estruturas da inteligência, que ela é fonte de conhecimento e de 
operações cognitivas originais. 
 
 Segundo o autor supracitado ( 1976 ) defende a primeira interpretação, 
afirmando que a afetividade desempenha um papel de fonte energética da qual 
dependeria o funcionamento da inteligência, mas não suas estruturas. Para ele, 
a afetividade não engendra, ela própria, estruturas cognitivas e nem modifica 
as estruturas no funcionamento nas quais ela intervém. Estabelecendo uma 
distinção entre funções cognitivas e funções afetivas, Piaget afirma que essas 
duas funções têm natureza diferente, embora elas permaneçam indissociáveis 
na conduta concreta do indivíduo. As funções cognitivas, para Piaget, vão da 
percepção e das funções sensório-motoras até a inteligência abstrata, com as 
operações formais, e as funções afetivas compreenderiam os sentimentos de 
satisfação-insatisfação, sentimentos estéticos, a vontade, o interesse etc. 
 
 Piaget resume sua tese nas seguintes proposições: a) a afetividade 
trabalha incessantemente no funcionamento do pensamento, mas não cria 
15 
 
 
 
 
novas estruturas; b) pode-se dizer que a energética da conduta tem a ver com 
a afetividade, enquanto as estruturas têm a ver com as funções cognitivas. 
Segundo o autor, a distinção entre estrutura e energética mostra bem que 
inteligência e afetividade são constantemente indissociáveis na conduta 
concreta do indivíduo, embora devamos considerá-las como sendo de natureza 
diferente . 
 
 Portanto, do ponto de vista piagetiano, é importante ressaltar que, se 
não existe estrutura cognitiva sem energética, isto é, sem afetividade, e, 
reciprocamente, se a toda nova estrutura deve corresponder uma nova forma 
de regulação energética, a cada nível de conduta afetiva deve corresponder,igualmente, um certo tipo de estrutura cognitiva. Todos nós temos experiência 
de nos dedicarmos com mais empenho aos assuntos de que gostamos e que 
nos são agradáveis. Outras vezes, pelos mais variados motivos, tomamos 
tamanha aversão a certas matérias, as quais se tornam impossíveis de 
aprender. São situações em que observamos como o afeto pode interferir na 
nossa capacidade racional de agir. Piaget (1980) nos diz: 
 
[...] a afetividade constitui a energética das condutas, cujo 
aspecto cognitivo se refere apenas às estruturas. Não 
existe, portanto, nenhuma conduta, por mais intelectual 
que seja, que não comporte, na qualidade de móveis, 
fatores afetivos; mas, reciprocamente, não poderia haver 
estados afetivos sem a intervenção de percepções ou 
compreensão, que constituem a estrutura cognitiva. A 
conduta é, portanto, uma, mesmo que, reciprocamente, 
esta não tome aquelas em consideração: os dois 
aspectos afetivo e cognitivo são, ao mesmo tempo, 
inseparáveis e irredutíveis. 
 
 
16 
 
 
 
 
Piaget defende que não há comportamento afetivo sem vínculo 
cognitivo ou vice-versa, há apenas uma diferença de natureza. O interesse, 
para Piaget, é o elemento poderoso e comum de afetividade que, por sua vez, 
influencia a seleção de atividades intelectuais, ou seja, a seleção não é 
provocada pelas atividades cognitivas, mas pela afetividade. 
 
Sua teoria, portanto, vem esclarecer e fortalecer mais ainda a relação 
professor-aluno, caracterizada, positiva ou negativamente, pelas intenções 
afetivas que por ela perpassam. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO II 
 AFETIVIDADE SEGUNDO HENRI WALLON 
 
Para Henri Wallon, a evolução afetiva está intrinsecamente ligada ao 
desenvolvimento cognitivo, visto que difere sobremaneira entre uma criança e 
um adulto, supondo-se a partir disto que há uma incorporação de construções 
de inteligência por ela, seguindo a tendência que possui para racionalizar-se. 
 
 Wallon (1994) explica que seu objetivo é compreender a formação do 
individuo, sua teoria do desenvolvimento da personalidade se divide em duas 
funções: a afetividade e a inteligência. O crescimento da inteligência esta 
ligada a afetividade de tal forma que uma determinada relação interfere e pode 
determinar o desenvolvimento da inteligência. Sendo assim a obra walloniana 
diz que a afetividade e a inteligência são parceiros inseparáveis na evolução 
psíquica, pois ambas ajudam no desenvolvimento das crianças. Wallon (1999 
apud Almeida 1993, p.14) afirma um pouco mais explicito a teoria do 
desenvolvimento da personalidade dentro da inteligência da criança que: 
 
[...] em grande parte, é função do meio social. Para que 
ela possa transportar o nível da experiência ou da 
invenção imediata e concreta, tornam-se necessários os 
instrumentos de origem social, como a linguagem e os 
diferentes sistemas de símbolos surgidos desse meio. 
Constituem seus objetivos a aquisição ou o 
desenvolvimento de noção e de conhecimento existentes 
fora do individuo e que representam o patrimônio do 
grupo. 
 
 
18 
 
 
 
 
A concepção dialética da construção do conhecimento, segundo Henri 
Wallon (1962) coloca no mesmo grau de importância os aspectos motores, 
afetivos, cognitivos, pessoais e sociais. “O homem é um ser biológico, é um ser 
social e é uma e a mesma pessoa.” (Wallon, 1975, p. 128-129). 
 
Segundo Wallon,(1994) desde as primeiras fases da infância, as 
relações afetivas estabelecidas, tanto no meio familiar quanto no contexto 
pedagógico, são determinantes na construção da identidade e do caráter da 
criança. Sendo assim, a constituição da consciência se dá pela interferência do 
meio social no meio orgânico. A estrutura orgânica se modifica na medida em 
que sofre influências do ambiente e de todos os valores ali presentes, em um 
processo contínuo, progressivo e recíproco. Os vários estágios de 
desenvolvimento da criança, caracterizados por Wallon, desde o início da 
infância, até a vida adulta, têm como característica central a predominância 
alternada dos aspectos afetivos e cognitivos, numa construção progressiva e 
complexa, tramada com as influências do contexto. Wallon denomina esse 
processo de “princípio de alternância funcional”. 
 
Por serem aspectos interdependentes no desenvolvimento humano, a 
inteligência, a afetividade e a motricidade são consideradas como “campos 
funcionais”, por meio dos quais se desenvolvem as atividades infantis. Nas 
primeiras fases da infância são predominantes as reações afetivas primárias, 
caracterizadas pelo contato físico, como por exemplo, o beijo e o abraço. Na 
teoria de Wallon também se entrelaça a emoção que está presente dentro da 
afetividade e da inteligência. Assim a emoção passa a ser um fator importante 
da relação de convivência do indivíduo que se torna uma expressão própria da 
afetividade. Como Dantas (1999 apud Almeida1993, p.74) afirma que “a 
emoção estabelece, pois, as bases da inteligência; se identifica com o seu 
desenvolvimento próximo, a afetividade, surge como condições para toda e 
qualquer intervenção sobre aquela”. 
 
19 
 
 
 
 
Para a formação do indivíduo com sua personalidade para o meio 
social, Wallon distingue as emoções como ponto chave para o desenvolvimento 
da criança e assim intercala também essas emoções dentro de sala de aula. 
Wallon (1989) acredita que a afetividade não é apenas uma das dimensões da 
pessoa, mas também uma fase do desenvolvimento, a mais arcaica. Segundo 
ele, o ser humano foi, logo que saiu da vida puramente orgânica, um ser 
afetivo. Da afetividade diferenciou-se, lentamente, a vida racional e, portanto, 
no início da vida, afetividade e inteligência estão sincreticamente misturadas, 
com predomínio da primeira. Desta forma, em sua teoria, o desenvolvimento da 
pessoa é visto como uma construção progressiva em que fases se sucedem 
com predominância alternadamente afetiva e cognitiva. Almeida (1999, p. 42) 
ao mencionar Wallon diz que ele atribui à emoção como os sentimentos e 
desejos, são manifestações da vida afetiva, um papel fundamental no processo 
de desenvolvimento humano. Entende-se por emoção as formas corporais de 
expressar o estado de espírito da pessoa, este estado afetivo pode ser penoso 
ou agradável. 
 
 Henri Wallon traz a dimensão afetiva como ponto fundamental em sua 
teoria psicogenética. "As emoções, assim como os sentimentos e os desejos, 
são manifestações da vida afetiva”. Na linguagem comum costuma-se substituir 
emoção por afetividade, tratando os termos como sinônimos. Todavia, não o 
são. A afetividade é um conceito mais abrangente no qual se inserem várias 
manifestações, Wallon. A afetividade, além de ser uma das dimensões da 
pessoa, é uma das fases mais antigas do desenvolvimento, pois o homem logo 
que deixou de ser puramente orgânico passou a ser afetivo e, da afetividade, 
lentamente passou para a vida racional. Nesse sentido, a afetividade e 
inteligência se misturam, havendo o predomínio da primeira e, mesmo havendo 
logo uma diferenciação entre as duas haverá uma permanente reciprocidade 
entre elas. 
 
Para o mesmo autor,(1999) as emoções são a exteriorização da 
afetividade; são as manifestações orgânicas possíveis de serem percebidas 
20 
 
 
 
 
pelo outro social, aliás, esta é a sua característica específica, ou seja, vir 
sempre acompanhada por alterações orgânicas, que adquirem valor 
expressivo, através da função tônico-postural. É a emoção que estabelece o 
vínculo entre a pessoa e o mundo, sendo o elo que une a vida orgânicaà 
psíquica. Na teoria de Wallon, a emoção se integra de maneira indissociável a 
inteligência, e ambas se expressam através do movimento, que, por sua vez, 
afetará as emoções e a inteligência. Nesse sentido, é a afetividade que vai dar 
condições ao surgimento da atividade cognitiva. 
 
 A afetividade é um dos principais elementos do desenvolvimento 
humano. Ainda conforme a teoria Walloniana, as emoções dependem 
fundamentalmente da organização dos espaços para se manifestarem. A 
motricidade, portanto, tem caráter pedagógico tanto pela qualidade do gesto e 
do movimento, quanto por sua representação. Portanto a disposição do espaço 
da sala de aula deveria ser diferente, a rigidez e a imobilidade deveriam ser 
quebradas, adaptando a sala de aula para que os alunos possam se 
movimentar mais, disponibilizando material para que possam ter atividades 
mais lúdicas. Ainda nessa teoria, a relação entre os progressos da afetividade 
e os da inteligência só pode ser compreendida a partir de uma relação de 
reciprocidade e de interdependência. As condições para a evolução da 
inteligência têm raízes no desenvolvimento da afetividade e vice-versa. Dessa 
forma, para se pensar a pessoa na psicogenética walloniana, é preciso 
compreendê-la a partir da inteligência, da afetividade e do ato motor. 
 
Assim, na interação afetiva com outro sujeito, cada sujeito intensifica 
sua relação consigo mesmo, observa seus limites e, ao mesmo tempo, aprende 
a respeitar os limites do outro. 
 
É importante reafirmar a posição de Wallon(1992) quanto ao 
desenvolvimento da afetividade, pois segundo o autor, ela manifesta-se 
primitivamente nos gestos expressivos da criança. "Enquanto não aparece a 
palavra, é o movimento que traduz a vida psíquica, garantindo a relação da 
21 
 
 
 
 
criança com o meio, Almeida, 1999. Através das interações sociais, as 
manifestações posturais vão ganhando significado e, com a aquisição da 
linguagem, a afetividade adquire novas formas de manifestação, além de 
ocorrer também uma transformação nos próprios níveis de exigência afetiva. 
 
Wallon (1879-1962), nos deixou uma enorme contribuição nesse 
sentido, e é por meio dessas contribuições que muitos educadores procuravam 
desenvolver seu trabalho, observando de forma peculiar seus alunos. Já que, a 
educação deve ser vista como sendo de fundamental importância no processo 
do desenvolvimento humano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO III 
AFETIVIDADE NA RELAÇÃO PROFESSOR – ALUNO 
 
Educar é ser um artesão da personalidade, um poeta da 
inteligência, um semeador de ideias. (Cury, 2003) 
 
 
No contexto afetividade, Miranda diz que a relação professor-aluno 
ultrapassa os limites profissionais e escolares, pois é uma relação que envolve 
sentimentos e deixa marcas para toda a vida. 
Davis e Oliveira (1992) dizem que a presença do adulto dá à criança 
condições de segurança física e emocional que a levam a explorar mais o 
ambiente, e, portanto, a aprender. Por outro lado a interação humana envolve 
também a afetividade, a emoção como elemento básico. 
 
Paulo Freire (1983)dizia que cabe ao professor um importante papel 
nas inter-relações escolares. As características individuais dos professores 
(autoritário, permissivo, organizado) e seus traços de personalidade são 
apontadas como responsáveis por maior ou menor eficiência como docentes, 
assim como a predisposição deste indivíduo para o magistério. 
Ainda para esse autor, para aprender, o aluno precisa ter ao seu lado 
alguém que o perceba-nos diferentes momentos da situação de aprendizagem 
e que lhe responda de forma a ajudá-lo a evoluir no processo, alcançando um 
nível mais elevado de conhecimento. Por meio da interação que se estabelece 
entre eles, o aluno vai construindo novos conhecimentos, habilidades e 
significações, sendo a afetividade primordial neste processo. 
Almeida afirma (1999), citada por Leite : 
 
 Entre as interações que possuem grande papel em nossas vidas, 
encontram-se as interações que vivemos com nossos professores, pois a 
relação professor e aluno é mais do que ser pautada pelas ações que um dirige 
23 
 
 
 
 
ao outro, é afetada pelas ideias que um tem do outro, ou seja, pelas 
representações mútuas entre alunos e professores. 
 Cury nos diz, com base no que foi visto: 
 
 “ Um excelente educador não é um ser humano perfeito, 
mas alguém que tem serenidade para se esvaziar e 
sensibilidade para aprender “ (Cury, 2006 p. 17) 
 
 
Antunes ( 1996, p.56) nos diz que o professor precisa estabelecer uma 
relação afetiva com os alunos e que perceba que como indivíduo, seus alunos 
também têm algo a oferecer e que a aprendizagem se faz por intermédio das 
interações que são estabelecidas. O professor oferece por meio de suas 
atitudes, uma série de informações ao aluno que irão contribuir na formação de 
seu autoconceito. Portanto, as expectativas que o professor tem para com seu 
aluno poderão contribuir sobre seu desempenho. 
 Ainda segundo Antunes, O aluno que tem suas características 
valorizadas pelo professor, tende a acentuá-las cada vez mais, enquanto 
aquele que se sente rejeitado ou discriminado tende a se afastar da situação e 
acaba por ver as expectativas negativas do professor confirmadas. Acreditando 
nisto,o autor afirma que a relação professor e aluno deve ser baseada em 
afetividade e sinceridade, pois: 
 
Se um professor assume aulas para uma classe e crê que 
ela não aprenderá, então está certo e ela terá imensas 
dificuldades. Se ao invés disso, ele crê no desempenho 
da classe, ele conseguirá uma mudança, porque o 
cérebro humano é muito sensível a essa expectativa 
sobre o desempenho. Antunes,(1996) 
 
 
24 
 
 
 
 
O mesmo autor, diz que quando o professor pouco se importa com as 
crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem acentua-se muito 
mais a necessidade delas se veem como incompetentes, o que interfere em 
seu autoconceito e em sua capacidade de reverter a situação. Socialmente 
pode apresentar comportamento de isolamento, dependência, passividade e 
até mesmo submissão, por se sentir em menos respeitadas e aceitas. 
 
Para Augusto Curry, (2003), o papel do professor requer uma reflexão 
que aponta à necessidade de mudança na concepção quanto a Educação, 
proporcionando mudança de metodologia caminhando ao encontro da real 
necessidade de seus alunos. O professor, em colaboração com seus alunos e 
de acordo com sua individualidade, modifica suas próprias ideias em 
conformação com a realidade, que é móvel e dependente da existência de 
todos, e que também deve visar ao interesse de cada um. A experiência 
professor-aluno para que seja significativa, deve ser permeada por afetividade, 
já que cognição e afeto caminham lado a lado na trilha do conhecimento 
humano. Por isto mesmo, aprender é uma forma de desenvolvimento de 
competências individuais, além de ser um exercício constante em estar de 
braços abertos para todo e qualquer conhecimento. 
 
De acordo com Cury, (2003) para realizar as propostas do ensino, o 
professor deve conhecer bem as possibilidades de aprendizagens do aluno e 
suas características individuais, para que possa adequar a metodologia de 
ensino ao aluno. O conhecimento será feito por intermédio da interação e da 
comunicação, da observação constante de seus processos de aprendizagem e 
da reavaliação da proposta a cada nova fase do processo. O professor assume 
um papel de grande destaque para a aprendizagem da criança, pois ele é o 
mediador no processoda aprendizagem e não o detentor de conhecimentos. 
Por meio da afetividade, o professor influencia no resultado da educação de 
seus alunos. Cury afirma que a maneira como o professor se comporta em sala 
de aula, através de seus sentimentos, intenções, desejos e valores, afeta seus 
alunos, uma simples maneira de falar, já faz toda diferença. 
25 
 
 
 
 
“Bons professores são mestres temporários, professores fascinantes 
são mestres inesquecíveis.” (Augusto Cury, 2003, pág.72). 
 
 
Para Leite, a participação ativa dos alunos acontece quando estes 
sentem que podem ter êxito em sua aprendizagem e para isso devem ser 
propostas atividades que eles sejam capazes de resolver com as ajudas 
necessárias, e sejam encorajados pelo esforço e não pelo resultado. 
 Leite afirma que: 
 
 
 " as relações afetivas se evidenciam, pois a transmissão 
do conhecimento implica, necessariamente, uma 
interação entre pessoas. Portanto, na relação professor-
aluno, uma relação de pessoa para pessoa, o afeto esta 
presente.” (Leite, 2006,p. 29, 30) 
 
 
Em síntese, Leite ( apud Piaget, 1980 ) acredita que a sala de aula é 
um grande laboratório para que se observe e questione os motivos que levam o 
convívio escolar do professor e aluno, muitas vezes, a ficar desgastado e sem 
estímulo. Sabe-se que o ser humano tem grande necessidade de ser ouvido, 
acolhido e valorizado contribuindo dessa forma para uma boa imagem de si 
mesmo. Neste sentido, a afetividade está intimamente ligada à construção da 
auto-estima. Sendo assim, sua importância em toda relação é fundamental 
para os sujeitos envolvidos. Logo, a relação entre professor e aluno, deve ser 
mais próxima possível, pautada em partilha de sentimentos e respeito mútuo 
das diferentes ideias. 
 
 
 
 
26 
 
 
 
 
 Algumas observações feitas por mim em salas de terceiro e quarto anos 
do ensino fundamental, percebi a exigência constante de disciplina, o 
estabelecimento de uma relação autoritária entre a professora e seus alunos, o 
trabalho obrigatório e repetitivo. 
 
 Um dos meios de controlar a disciplina é a divisão do tempo. Há hora 
determinada para entrar, sair, para o recreio, a merenda, para tomar água, para 
ir ao banheiro, etc. O cumprimento do horário é obrigatório, sem se levar em 
conta o que a criança está fazendo ou qual é sua vontade no momento. 
Observei também que a professora vigiava e cobrava constantemente seus 
alunos em forma de ameaças, gerando um clima de tensão entre as crianças. 
O aluno sempre corre o risco de ficar sem recreio, de ser retido após as aulas, 
ficar na coordenação, além de outras ameaças de castigo. Quem é “bem 
comportado” recebe recompensas e é apresentado como modelo aos colegas. 
 
Na sala de aula é proibido falar. Há um verdadeiro culto ao silêncio. A 
professora é o centro da atenção. Todos devem olhar para ela, ouvi-la, ela 
exige silêncio o tempo inteiro e quer que a classe aprenda do seu jeito. 
 
 Vygotsky (1994) em seus estudos, dizia que a aprendizagem escolar, a 
relação entre alunos, professores, conteúdo escolar, livros e escrita, não se dá 
puramente no campo cognitivo, existe uma base afetiva permeando essas 
relações, visto que, para aprender é necessário um vínculo de confiança entre 
quem ensina e quem aprende. Vygotsky ainda destaca a importância das 
interações sociais, ressaltando a ideia da mediação e da internalização como 
aspectos fundamentais para a aprendizagem e, defendendo que a construção 
do conhecimento ocorre a partir de um intenso processo de interação entre as 
pessoas. Portanto, é a partir de sua inserção na cultura que a criança, através 
da interação social com as pessoas que a rodeiam, vai se desenvolvendo na 
constituição do seu eu. 
 
27 
 
 
 
 
 Apropriando-se das práticas culturalmente estabelecidas, ela vai 
evoluindo das formas elementares de pensamento para formas mais abstratas, 
que a ajudarão a conhecer e controlar a realidade. Nesse sentido, Vygotsky 
(1994, p. 55) destaca a importância do outro no processo não só de construção 
do conhecimento, mas também de constituição do próprio sujeito e de suas 
formas de agir. É o ponto de partida para um bom desempenho no processo de 
ensino-aprendizagem, pois nela estão inseridos elementos que irão resultar em 
produtividade para ambas as partes. Davis e Oliveira dizem que a presença do 
adulto dá à criança condições de segurança física e emocional que a levam a 
explorar mais o ambiente, e, portanto, a aprender. 
 
Por outro lado a interação humana envolve também a afetividade, a 
emoção como elemento básico. Segundo Paulo Freire: 
 
 “ O bom educador é o que consegue enquanto fala trazer 
o aluno até a intimidade do movimento do seu 
pensamento. Sua aula é assim, um desafio e não uma 
cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. 
Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu 
pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, 
suas incertezas “ (1996:96). 
 
 Paulo Freire nos diz que quem ensina aprende ao ensinar e quem 
aprende ensina ao aprender e que o aprender precedeu do ensinar. É de suma 
importância que exista dentro de quem ensina, uma vontade de sempre 
aprender; Acompanhada de vontade, garra, imaginação entre outros tudo 
devidamente dosado. 
 
 
 
 
 
28 
 
 
 
 
 
 
De acordo com Morales (2006, p.61) “a conduta do professor influi 
sobre a motivação, afetividade e a dedicação do aluno ao aprendizado”. Pode 
reafirmar que o aluno se vê influenciado por sua percepção em relação ao 
professor. O professor deve sempre reforçar a autoconfiança dos alunos, 
manterem sempre uma atitude de cordialidade. Contudo, todo aluno precisa 
aprender a ser feliz e descobrir o prazer de aprender. O professor tem as 
mesmas necessidades, precisa ser feliz para contagiar seus alunos com sua 
felicidade, e encontrar prazer também em aprender, afinal o educador é um 
eterno aprendiz. 
 
Ao encontrar prazer em aprender e ensinar, reconhecerá seu erro e o 
erro de seu aluno como parte do processo ensino aprendizagem. Não terá 
medo, dos novos desafios que surgirão, diante de uma nova educação que não 
seja a tradicional, ao procurar escolher com otimismo projetos inovadores que 
proporcione aos educandos interesse e prazer consciente, sem medo de 
encarar os obstáculos que surgirão durante o aprendizado. 
 
 professor deve acolher e respeitar a diversidade e trabalhar com a 
dificuldade comportamental, tirando dessas situações proveitos para melhorar 
sua prática. Aprender a conviver com estas situações faz parte, sem dúvida, da 
aprendizagem de ser professor, pois diante de cada situação devemos analisar 
nossa prática e postura e mudá-la quando se fizer necessário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO IV 
O PAPEL DA ESCOLA NA RELAÇÃO PROFESSOR – 
ALUNO 
 
 (...) É minha obra livre de mim. 
 Se não vejo na criança, uma criança 
 É porque alguém a violentou antes 
E o que vejo é o que sobrou 
 De tudo que lhe foi tirado 
(...) o mundo deveria parar 
 Para começar um novo encontro, 
Porque a criança 
 É o princípio sem fim 
E seu fim é o fim de todos nós. 
 BetinhoSouza (1992) 
 
 Paulo Freire (1996), diz que da escola, enquanto relação professor e 
aluno, é de suma importância para que a formação da auto-estima seja 
pautada em segurança, autonomia de ideias, conceitos que o próprio aluno 
tenha de si e que contribuem para seu desempenho escolar e de sua vida 
como um todo. 
 
As pessoas precisam aprender durante toda a vida que o papel da 
escola é ensiná-las a desenvolver a capacidade de pensar. Paulo Freire 
defendia que ninguém ensina nada a ninguém, aprendemos juntos. É preciso 
criar tempos, oportunidades e estímulos para aprender e enriquecerem-se uns 
aos outros. 
A escola deve ser o lugar onde se aprende com qualidade, havendo, 
portanto necessidade cada vez maior de contar com profissionais 
comprometidos e competentes. O professor deve perceber que a grande 
responsabilidade está no amor àquele com quem convivemos, o nosso aluno. 
Pois, como dizia Cury, bons professores educam para uma profissão, 
30 
 
 
 
 
professores fascinantes educam para a vida. 
 
 Cury (2003) afirma que é através da aprendizagem que o homem muda 
e transforma o meio. É importante perceber que cada pessoa tem o seu próprio 
ritmo de aprender e o processo é gradual, basta compreender a necessidade 
de cada um. 
 
A interação do aluno com a escola, possui uma enorme parcela de 
contribuição para o crescimento da criança. Como Almeida (1999, p.106) 
ressalta: 
 
 “A escola – tanto quanto a família – tem o papel de 
desenvolvimento infantil, e a relação professor-aluno, por 
ser de natureza antagônica, oferece riquíssimas 
possibilidades de crescimento. Os conflitos que podem 
surgir dessa relação desigual exercem um importante 
papel na personalidade da criança “ 
 
 
 Para Capelatto, muitos problemas enfrentados em nossas escolas, entre 
eles a indisciplina, preveem de várias situações sócio-afetivas não resolvidas 
no decorrer dos anos e da debilitação que muitas crianças passam a ter, 
causando, muitas vezes, consequências irreversíveis na escola. Geralmente 
as escolas elaboram uma programação que privilegia o aspecto cognitivo sobre 
o afetivo, ignorando que desenvolvimento afetivo e desenvolvimento intelectual 
são aspectos diversos de uma mesma e única realidade: o desenvolvimento 
pessoal do indivíduo. 
 
 Ao destacar a escola como ambiente relevante para o desenvolvimento 
cognitivo e afetivo, Capelatto (p.8) diz que a afetividade é a dinâmica mais 
profunda na qual o ser humano pode participar, e que se inicia no momento em 
que um sujeito se liga a outro por amor. Sabe-se, no entanto, que a escola não 
31 
 
 
 
 
é a solução para todas as dificuldades existentes do ser humano, porém, como 
órgão educacional que tem como uma de suas funções a formação do cidadão 
como sujeito construtor do seu contexto histórico, pode e deve contribuir para 
mudanças significativas na relação professor e aluno, pois, além da sala de 
aula que oferece conteúdos e provas, a afetividade está presente em cada 
ação e busca seu espaço no espelho que a turma repassa aos técnicos quando 
dispõem do diário de notas, conselho de classes, conselho escolar e tantos 
outros instrumentos e setores que retratam esta relação. Desse modo: 
 
 “ Algumas escolas preocupam-se apenas com a 
quantidade de informações que transmitem por meio de 
competição e do uso de modernas tecnologias, de forma 
meramente burocrática e mercadológica. Afastam-se 
assim do “ser humano”, tratando os alunos apenas como 
número de registro. Com isso, apesar de dispor de um 
grande espaço onde os jovens passam metade do seu dia 
durante duzentos dias por ano, acabam por perder a 
oportunidade de ajudá-los a desenvolver a afetividade “ 
(Capelatto, p. 14) 
 
 
 Se um professor for competente, ele, através de seu compromisso de 
educar para o conhecimento, contribuirá com a formação da pessoa, podendo 
inclusive contribuir para a superação de desajustes emocionais, Capelatto ( 
1992: 72 ). 
 
 
Para Tiba (1999), cuidar é mais que um ato, é uma atitude, portanto 
abrange mais que um momento de atenção, de zelo e desvelo. Representa 
uma atitude de ocupação, preocupação, responsabilização e envolvimento 
afetivo. Por isto, é preciso cuidar da terra antes e depois da semente ser 
lançada, para que a planta possa crescer, florescer e dar bons frutos. Mais do 
32 
 
 
 
 
que aula, muitas vezes o aluno vai para a sala de aula em busca de respostas 
que esclareçam o seu verdadeiro papel na sociedade. Considera esta escola, 
como grupo social que pode contribuir para sua formação como cidadão e, na 
maioria das vezes, a escola e o professor não se preocupam com o “tipo” de 
aluno que estão convivendo, muito menos, em estabelecer um vínculo afetivo 
mais forte nesta relação favorecendo atitudes positivas que favoreçam na 
formação da auto-estima do aluno. 
 
 
 Segundo Morales (1998 ), afeto e auto-estima constituem 
aspectos inseparáveis, presentes em qualquer atividade. A afetividade se 
estrutura nas ações dos indivíduos. O afeto pode, assim, ser entendido como 
energia necessária para que a estrutura de auto estima possa operar. Ela 
influencia a velocidade com que se constrói o conhecimento, pois, quando as 
pessoas se sentem seguras, aprendem com mais facilidade. 
 
 Morales (1998:61) afirma que a conduta do professor influi sobre a 
motivação, afetividade, auto estima e a dedicação do aluno ao aprendizado”. 
Podemos reafirmar que o aluno se vê influenciado por sua percepção em 
relação ao professor. O professor deve sempre reforçar a autoconfiança dos 
alunos, manterem sempre uma atitude de cordialidade e de respeito. 
 
 
In Rubem Alves (2001),diz que hoje, educar significa também 
preocupar-se com a construção e organização da dimensão afetiva das 
pessoas, afinal a escola, para cumprir seu papel, deve ser um lugar de vida e, 
sobretudo, de sucesso e realização pessoal para alunos e professores. A 
experiência entre professor e aluno promove o ser, reduz a angústia, facilita os 
acertos da vida, conduzindo-os a vencer desafios da afetividade e educação na 
conquista da aprendizagem significativa. 
 
 
33 
 
 
 
 
 
 Rubem Alves (2001), comenta que os professores devem ensinar 
com paixão e alegria, dificilmente o professor conseguirá transmitir satisfação 
ou provocar desejo de aprender se não estiver feliz exercendo sua profissão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO V 
ESTRATÉGIAS DE INTEGRAÇÃO DAS PRÁTICAS 
PEDAGÓGICAS À AFETIVIDADE 
 
Precisamos ser felizes para contagiar nossos alunos com nossa 
felicidade. Precisamos encontrar prazer também em aprender, afinal, nós 
educadores somos eternos aprendizes. Cury. 
 
No ano de 2001 passei por uma experiência de trabalho com uma 
turma de terceiro ano, na qual haviam alunos totalmente sem controle. Eu seria 
a terceira professora a assumir essa turma. Fiquei muito preocupada e de cara 
pensei, preciso conquistá-los através do afeto e do carinho, pois eram as 
ferramentas que eu possuía e que sempre fizeram parte do meu ambiente 
familiar. Trabalhar com essa turma foi muito difícil, mas aos poucos fui 
conseguindo interagir e percebi que uns eram levados por outros a agirem 
dessa forma e causar essa falta de controle. 
 
 Tinham dois alunos que eram realmente difíceis, o comportamento 
totalmente comprometido, sem limites, sem amor a si e ao próximo. Havia 
muita dificuldade em resolver os acontecimentos através do diálogo e na qual a 
afetividade pelooutro não existia. O conteúdo nessa turma estava sempre 
atrasado, porque era necessário interromper a aula constantemente para 
resolver os conflitos existentes. 
 
 
 Após o recreio, eu reservava sempre um tempo para pontuar as brigas 
que ocorriam no pátio. Percebi de cara que deveria fazer um trabalho 
diferenciado e comecei a introduzir os valores, aqueles que deveriam ser 
passados em casa, no dia-a-dia. Pois percebo que é preciso esclarecer às 
35 
 
 
 
 
famílias de nossos alunos a importância de sua presença na vida escolar de 
seus filhos e trabalhar a necessidade do vínculo afetivo nas relações. 
 
Percebia muita individualidade, do tipo, eu quero, eu preciso, eu, eu eu. 
Havia pouco respeito, amizade, companheirismo. Os pais pouco queriam saber 
se os filhos agiam de forma civilizada e com respeito, mas acreditavam em 
tudo que a criança passava em casa e culpava a escola e a professora, como 
defesa, fortalecendo assim a indisciplina da criança. A verdade, o que estava 
importando era a nota e se iria passar no final do ano. Reclamavam na 
coordenação que pouco tinha para resolver. 
 
 Posso dizer que para alguns alunos dessa turma, a única forma de 
carinho que eles tinham vinha de mim, alunos que chegavam a me dizer que 
eu era mais preocupada e que gostava mais deles do que a própria mãe, pois 
eu os abraçava, os escutava e sua mãe não. Procuro dizer sempre que são 
capazes, que são importantes. Quando tenho que conversar com eles sobre 
algum comportamento que foi inadequado, procuro auxiliá-los na 
conscientização sobre o que aconteceu, de maneira afetiva, procurando fazer 
com que a crítica seja vista por eles como construtiva e não destrutiva. 
 
 Nesses momentos lembro-me de meus pais, dizendo sempre que o 
elogio é o que de fato todos querem ouvir, elogiar e, ao criticar devemos ter o 
devido cuidado. Também, segundo Cury (2003), antes de criticar, devemos 
dizer ao aluno o quanto ele é importante, pois, ao elogiá-lo antes de mostrar-
lhe seu defeito, ele acolherá melhor as observações que lhe serão feitas. 
 “Criticar sem antes elogiar obstrui a inteligência, leva o jovem a reagir 
por instinto, como um animal ameaçado.” (Cury, 2003, pág.144). 
 
 Pela minha prática pedagógica vejo que com o afeto é mais fácil 
conseguir se aproximar daquele aluno que se mantém o mais distante possível 
e conseguir fazer com que ele se enxergue como alguém especial e que tenha 
muita coisa boa para oferecer. 
36 
 
 
 
 
Estas duas crianças apresentavam um nível de auto-estima muito baixo 
e a descrença em todas as atividades que se propunha a realizar. Ao participar 
a família de determinadas situações, percebi que eles vinham de famílias 
totalmente desestruturadas e sem comprometimento nenhum com seu 
processo educacional. 
 
Iniciei um trabalho de afetividade e aumento de sua auto-estima. 
Procurava valorizar tudo o que eles faziam e mostrava confiança em suas 
atitudes. Os elogiava sempre! Segundo a teoria de Piaget, o afeto se 
desenvolve no mesmo sentido que a cognição ou inteligência e é o afeto o 
princípio norteador da auto-estima. Assim, a autoestima mantém uma estreita 
relação com a motivação ou interesse da criança para aprender. Estes alunos 
apresentaram progressos em sua aprendizagem durante o ano, passaram a 
ser mais participativos em debates e rodas de conversa e a ter mais vontade 
em aprender e desenvolver as atividades que lhes eram propostas. 
 
 Durante o resto do ano não apresentaram problemas sérios 
comportamentais. 
 O aluno necessita ser visto e tratado como alguém que tem muito a 
oferecer e eles tiveram essa oportunidade. 
 
“Ser educador é ser promotor de auto-estima.” (Augusto 
Cury, 2003, pág.145) 
 
 
 Para Freire (1996 ), o professor é um intermediário entre o aluno e o 
conhecimento. Através da sua fala o professor pode ser o responsável por 
várias escolhas na vida do educando. 
 
 Desenvolvi algumas estratégias também por virtude dos demais alunos. 
Criamos nossas regras, elegemos uma pessoa por dia que seria chamada de 
CAPITÃO, esse capitão seria responsável por organizar a fila para o recreio, 
37 
 
 
 
 
lanche, entrada e saída dos alunos. No dia seguinte tínhamos outra criança 
comandando. O que demorou para eles perceberem era que o capitão sempre 
mandava no resto do grupo e o respeito foi fundamental. 
 
 Tudo foi conquistado com afetividade e diálogo. As crianças começaram 
a ter uma aproximação maior umas das outras, trabalhavam mais em grupo e 
participavam ativamente das aulas com sucesso, porque todo ser humano 
necessita de limites, mas de carinho e amor também. Um aluno respeita a partir 
do momento em que vê o professor como uma pessoa que tem e espera 
respeito, como alguém que se preocupa de verdade com ele e que lhe mostra 
caminhos. Aprendi, no decorrer de minha atuação como educadora, que não 
existe receita pronta, que cada aluno é único e que cada ano letivo deve ser 
visto como um desafio que pode ser vencido e não como uma barreira 
intransponível. 
 
 De acordo com Cury (2006), sendo a afetividade essencial às relações 
humanas, vejo o educando como um sujeito em fase de formação, com 
características peculiares e que necessita de educação e cuidados que 
favoreça sua constituição como indivíduo. A afetividade está muito presente no 
processo de aprendizagem, principalmente quando se trata de criança. Ela é 
facilitadora deste processo e o professor um mediador. 
 
Eu também acredito que, através da afetividade e da proximidade, 
possamos despertar a sensibilidade, formar valores e, consequentemente, 
construir uma sociedade mais consciente e mais capaz de alcançar objetivos 
para si e para o próximo. 
 
 A atuação do psicopedagogo é fundamental para que ele possa 
conhecer o aluno. Este profissional deve estar preparado para lidar com 
possíveis reações frente a algumas tarefas, tais como: resistências, bloqueios, 
raiva e sentimentos. Ele não deve parar de buscar meios; conhecer, estudar 
para compreender de forma mais completa estas crianças e adolescentes já 
38 
 
 
 
 
tão criticados por não corresponderem às expectativas dos pais e professores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO VI 
OBJETO DE ESTUDO DA PSICOPEDAGOGIA 
 
A psicopedagogia chegou ao Brasil na década de 70, época em que as 
dificuldades de aprendizagem eram associadas a uma disfunção neurológica, 
denominada de disfunção cerebral mínima (DCM), que virou moda neste 
período, servindo para camuflar problemas sociopedagógicos. Inicialmente, os 
problemas de aprendizagem foram estudados e tratados por médicos na 
Europa no século XIX e no Brasil percebemos, ainda hoje, que na maioria das 
vezes a primeira atitude dos familiares é levar seus filhos a uma consulta 
médica. Na prática do psicopedagogo, ainda hoje é comum receber no 
consultório crianças que já foram examinadas por um médico, por indicação da 
escola ou mesmo por iniciativa da família, devido aos problemas que está 
apresentando na escola. 
 
A Psicopedagogia foi introduzida aqui no Brasil baseada nos modelos 
médicos de atuação e foi dentro desta concepção de problemas de 
aprendizagem que se iniciaram, a partir de 1970, cursos de formação de 
especialistas em Psicopedagogia na Clínica Médico-Pedagógica de Porto 
Alegre, com a duração de dois anos. A Psicopedagogia foi inicialmente uma 
ação subsidiada da Medicina e da Psicologia, perfilando-se posteriormente 
como um conhecimento independentee complementar, possuída de um objeto 
de estudo, denominado processo de aprendizagem, e de recursos 
diagnósticos, corretores e preventivos próprios. Com esta visão de uma 
formação independente, porém complementar, destas duas áreas, o Brasil 
recebeu contribuições para o desenvolvimento da área psicopedagógica de 
profissionais argentinos tais como: Sara Paín, Jacob Feldmann, Ana Maria 
Muniz, Jorge Visca, dentre outros. 
 
40 
 
 
 
 
Temos o professor argentino Jorge Visca como um dos maiores 
contribuintes da difusão psicopedagógica no Brasil. Foi o criador da 
Epistemologia Convergente, linha teórica que propõe um trabalho com a 
aprendizagem utilizando-se da integração de três linhas da Psicologia: Escola 
de Genebra - Psicogenética de Piaget (já que ninguém pode aprender além do 
que sua estrutura cognitiva permite), Escola Psicanalítica - Freud ( já que dois 
sujeitos com igual nível cognitivo e distintos investimentos afetivos em relação 
a um objeto aprenderão de forma diferente) e a Escola de Psicologia Social de 
Enrique Pichon Rivière. "Se ocorresse uma paridade do cognitivo e afetivo em 
dois sujeitos de distinta cultura, ainda assim suas aprendizagens em relação a 
um mesmo objeto seriam diferentes, devido às influências que sofreram por 
seus meios sócio-culturais". (VISCA, 1991: 66). 
 
Visca implantou CEPs no Rio de Janeiro, São Paulo, capital e 
Campinas, Salvador, e Curitiba. Deu aulas em Salvador, Porto Alegre, Rio de 
Janeiro, São Paulo, Campinas, Itajaí, Joinville, Maringá, Goiânia, Foz do Iguaçu 
e muitas outras. 
 
Muitos outros cursos de Psicopedagogia foram surgindo ao longo deste 
período até os dias atuais e este crescimento não para de acontecer o que 
indica uma grande procura por esta profissão. Existe, em nosso país há 13 
anos a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) que dá um norte a 
esta profissão. Ela é responsável pela organização de eventos, pela publicação 
de temas relacionados à Psicopedagogia e pelo cadastro dos profissionais. 
 
A psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que adveio de 
uma demanda muito grande: "o problema de aprendizagem" colocando-o num 
espaço muito pouco explorado, situado além dos limites da psicologia e da 
própria pedagogia. Portanto, vemos que, a psicopedagogia estuda as 
características da aprendizagem humana: como se aprende, como a 
aprendizagem varia evolutivamente, como reconhecer problemas, como tratá-
los e prevení-los. 
41 
 
 
 
 
 
Nadia Bossa em seus estudos expressa: À atitude do profissional no 
sentido de adequar as condições de aprendizagem de forma a evitar 
comprometimentos. (...) Nesse processo o psicopedagogo elege a metodologia 
e/ou a forma de intervenção com objetivo de facilitar e /ou desobstruir tal 
processo, função primeira da psicopedagogia.(1994:11). 
 
 A atuação do psicopedagogo é fundamental para que ele possa 
conhecer o aluno. Este profissional deve estar preparado para lidar com 
possíveis reações frente a algumas tarefas, tais como: resistências, bloqueios, 
raivas e sentimentos. Ele não deve parar de buscar meios; conhecer, estudar 
para compreender de forma mais completa estas crianças e adolescentes já 
tão criticados por não corresponderem às expectativas dos pais e professores. 
De acordo com Bossa, "o reconhecimento do caráter interdisciplinar, significa 
admitir sua especificidade, uma vez que a psicopedagogia, na busca de 
conhecimentos de outros campos, cria o seu próprio objeto de estudo". 
(1994:5-6). Partindo dessa premissa temos que abandonar a ideia de tratar a 
psicopedagogia apenas como aplicação da psicologia à pedagogia, pois ainda 
que se tratasse de recorrer apenas à essas duas disciplinas na solução de 
problemas de aprendizagem, não seria como mera aplicação de uma à outra, 
mas sim, na constituição de uma nova área. 
 
A função do psicopedagogo na área educativa é cooperar para diminuir 
o fracasso, seja este na instituição escolar, seja do próprio sujeito ou, o que é 
mais frequente, de ambos. E tudo isso deve ser feito através de 
assessoramento aos pais, professores e diretores, para que possam decidir e 
opinar na elaboração de planos metodológicos. Quanto à função do 
psicopedagogo clínico, ele trabalha em consultórios particulares e/ou instituição 
de saúde, hospitais públicos e particulares. Ele procura sistematicamente, 
reconhecer as alterações na aprendizagem. 
 
42 
 
 
 
 
A psicopedagogia, como pode ver, tem o seu lugar na clínica e na 
instituição. Cada um desses espaços implica uma metodologia específica de 
trabalho. Em ambos, no entanto, devem ser consideradas as circunstâncias, ou 
seja, o contexto de vida do sujeito, da família, da escola e da comunidade. 
 A psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que adveio de 
um demanda muito grande: “o problema de aprendizagem” colocando-o num 
espaço muito pouco explorado, situado além dos limites da psicologia e da 
própria pedagogia. Portanto, vemos que, a psicopedagogia estuda as 
características da aprendizagem humana: como se aprende, como a 
aprendizagem varia evolutivamente, como reconhecer problemas, como tratá-
los e prevení-los. Tais questionamentos adquirem características especificas a 
depender do trabalho clínico ou preventivo. No trabalho preventivo, a 
instituição, enquanto espaço físico e psíquico da aprendizagem, é objeto de 
estudo da psicopedagogia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 CONSIDERAÇÕES FINAIS: AFETIVIDADE E AUTO- 
ESTIMA 
 
O sentido não está na partida nem na chegada. 
Ele se coloca para nós no meio das travessias. 
(Guimarães Rosa) 
 
 
 Para o autor Paulo Freire (1993 p,71), “cabe ao professor 
observar a si próprio; olhar para o mundo, olhar para si e sugerir que os alunos 
façam o mesmo e não apenas ensinar regras, teorias e cálculos”. O professor 
deve ser um mediador de conhecimentos, utilizando sua situação privilegiada 
em sala de aula não apenas para instruções formais, mas para despertar os 
alunos para a curiosidade; ensiná-los a pensar, a ser persistentes a ter empatia 
e ser autores e não expectadores no palco da existência. 
 
 Segundo o autor supracitado, o educador precisa estar atento para 
perceber as contradições da turma, as dificuldades, as frustrações, as 
identificações com a aprendizagem, enfim, perceber as características mais 
evidentes em sua turma de alunos e buscar sempre novos caminhos para as 
dificuldades que surgem todos os dias, procurando, dessa maneira, favorecer e 
reforçar a decisão de aprender. 
 
 É importante que o professor entenda que o lugar que ele ocupa em 
relação aos seus alunos não é apenas daquele que ensina, mas sim daquele 
que deixa marcas. 
 
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 Pelos pressupostos teóricos expostos ao longo do presente trabalho, 
podemos identificar como os conceitos de auto-estima e afetividade são 
importantes para um desenvolvimento pessoal do indivíduo. 
 
 
 Na perspectiva genética de Wallon, inteligência e afetividade estão 
integradas: a evolução da afetividade depende das construções realizadas no 
plano da inteligência, assim como a evolução da inteligência depende das 
construções afetivas. 
 
 Ser amigo dos alunos, compreensivo e companheiro, é ser, realmente, 
sujeito. É ter a mentalidade aberta e acompanhar o processo de construção do 
conhecimento, agindo como agente entre os objetos do saber e a 
aprendizagem, ser para o aluno o seu decifrador de códigos e receptor de suas 
muitas linguagens, significa estabelecer limites e construir democraticamente 
uma interaçãoonde em lugar da opressão e da prepotência, eleva-se a 
dignidade de quem educa, a certeza de quem planta amanhãs. 
 
 Com este breve estudo ficou nítido que a afetividade é fundamental para 
o desenvolvimento integral de todas as crianças. Criança amada, respeitada é 
criança feliz e consequentemente capaz de ser um cidadão crítico e exercer 
com clareza a cidadania. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
 
 
 
 
 BIBLIOGRAFIA CITADA 
 
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 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 
 
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GOMIDE, Rafaela Vale S. A afetividade e o processo de ensino aprendizagem. 
Disponível em:http://www.webartigos.com/articles/1233/1/a-afetividade-e-o-
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VISCA, Jorge. Psicopedagogia: Novas Contribuições. Trad. Andréia deAssis 
 
 Peixoto e Maia Isabel Peixoto. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991. 
 
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SILVIA, Suely Sillos de Oliveira – www.abpp.com.br/artigos/62. 
Novembro/2006 
 
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	AGRADECIMENTOS
	SUMÁRIO
	CAPÍTULO I – Afetividade segundo Jean Piaget				 13
	CAPÍTULO II – Afetividade segundo Henri Wallon				 17
	CAPÍTULO III - Afetividade na Relação Professor -
	Aluno					 22
	CAPÍTULO IV – O Papel da Escola na Relação Professor – Aluno		 29
	CAPÍTULO V – Estratégias de integração das práticas pedagógicas à afetividade.									 34
	
	CAPÍTULO VI – Objeto de estudo da Psicopedagogia 39
	CONSIDERAÇÕES FINAIS 43

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