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1 Introdução as Técnicas Projetivas 1 . Testes Projetivos "Métodos projetivos" é uma expressão criada por L. K. Frank em 1939 com um artigo no Journal of Psychology "Os métodos projetivos para o estudo da personalidade" (Citado por Anzieu, 1981, p. 15). O autor partia do princípio de um parentesco entre três provas psicológicas: teste de associação de palavras de Jung (1904), exame de Rorschach (1920) e Teste de Apercepção Temática de Murray (1935). De um modo geral, os testes projetivos compartilham a hipótese que a percepção está sempre intermediada por elementos singulares à cada sujeito, sendo por estes modelada em maior ou menor grau. Assim, quanto menos estruturados são os estímulos perceptivos, quanto mais estes se distanciam de formas conhecidas e de estímulos cotidianos, tanto maior será a intervenção dos elementos internos na estruturação da percepção. Uma década após o surgimento da expressão de Frank, surgiam os primeiros testes expressivos, onde o que se avalia é uma produção do sujeito e não mais meramente sua forma particular de perceber estímulos. Dois exemplos de testes expressivos são provas de desenho: Machover, elabora um teste baseado no desenho da figura humana (1949) e Koch, no mesmo ano, na Suissa elabora um teste a partir do desenho da árvore. As origens da hipótese projetiva em psicodiagnóstico são múltiplas. Dentro do quadro das teorias da percepção, a Gestalttheorie e a Fenomenologia forneceram as bases empírica e teórica capazes de deslocar o essencial do processo perceptivo normal para a atividade do sujeito, em oposição à uma teoria da percepção onde o sujeito é pensado enquanto tela que recebe passivamente os dados. Já na psicanálise a projeção conta com vários sentidos. Em primeiro lugar, aquele de expulsão do desagradável. Aqui, elementos psíquicos, desejos, temores, etc. assim como relações entre estes, que o sujeito desconhece ou que recusa reconhecer em si mesmo, são localizados no exterior, em outras pessoas, em coisas ou animais. A projeção estaria no centro da formação dos sintomas da paranóia, por 2 exemplo, assim como a própria idéia de transferência supõe a existência de um fenômeno projetivo. Encontramos ainda um sentido geométrico da projeção em psicanálise enquanto "correspondência estrutural," isto é, manutenção das características de um objeto em outro plano. A neurologia localizatória utiliza-se de um sentido derivado deste sentido geométrico. Freud concebe o Ego neste sentido, enquanto projeção de uma superfície. "O Ego," escreve Freud em 1923, "é antes de tudo um Ego corporal, ele não é somente um ser de superfície, mas ele próprio a projeção de uma superfície" (Freud, 1923/1982, p. 270, tradução nossa). Outro exemplo do sentido geométrico da projeção em psicanálise pode ser visto na potencialidade metapsicológica que Freud atribui aos mitos e superstições, que seriam, na verdade, "endo-percepções" projetadas no exterior (Freud, 1901/1983). Segundo Anzieu (1981, pp. 19-34) haveria uma especificidade inerente a cada teste projetivo. Comentaremos aqui apenas dois testes projetivos, que se estabeleceram na prática pela riqueza e sensibilidade que demonstraram ter na utilização clínica, sobretudo quanto interpretados com o auxílio do referencial teórico da psicanálise: Exame de Rorschach (1912) e o Teste de Apercepção Temática (1935). O primeiro se constitui de 10 figuras simétricas obtidas aleatoriamente a partir das quais os pacientes são solicitados a emitirem o que percebem. O segundo, compunha-se em sua forma original, atualmente pouco utilizada, em vista de sua excessiva extensão, de 19 pranchas com motivos figurativos e uma prancha em branco. Anzieu (1981) distingue estes testes em duas categorias de testes projetivos a partir dos registros psíquicos que são solicitados em cada uma delas: a) T.A.T. assim como outros testes projetivos temáticos, revelam os conteúdos significativos de uma personalidade: natureza dos conflitos, desejos fundamentais, reações ao ambiente, mecanismos de defesa, momentos-chave da história de vida. Tais são os jogos dramáticos, os desenhos ou relatos livres a serem completados, as interpretações de quadros, de fotografias ou de documentos diversos. O sujeito pode neles projetar o que acredita ser, o que gostaria de ser, o que recusa ser, o que os outros são ou deveriam ser em relação a ele. Por essa via, somos essencialmente informados sobre as redes de motivações dominantes, 3 presentes no indivíduo, sobre seus mecanismos de defesa, sobre os processos por Cattell denominados "dinâmica do ego ..." b) Os testes projetivos estruturais têm o Rorschach como protótipo. Não apreendem, como os precedentes, a manifestação de forças vivas da pessoa, correspondente ao ponto de dista "dinâmico" em psicanálise, aos "temas" da psicologia das tendências, ao "porquê" da conduta. Alcançam sobretudo um corte representativo do sistema da personalidade, de seu equilíbrio, de sua maneira de apreender o mundo, se sua Weltanschauung, de seu mundo de formas; trata-se das inter-relações entre as instâncias do id, ego, do superego (cf. Ponto de vista econômico da psicanálise, os "esquemas" da psicologia das tendências, o "como" da conduta). ... Seria perigoso acreditar na possibilidade de apreender a totalidade da personalidade com um só destes testes. Por isso, o psicólogo, ao fazer o levantamento de uma personalidade, recorre a pelo menos um teste temático e a um teste estrutural e ainda, naturalmente, ao exame intelectual, à entrevista clínica e a exames complementares (conhecimentos, interesses, aptidões específicas, lateralidade). (pp. 30-31) - Conceito de projeção: processo pelo qual o individuo perceberia estímulos ou objetos através dos seus interesses, desejos, medos, expectativas e necessidades pessoais. • As técnicas projetivas verificam como as pessoas percebem a realidade (situação de acordo com a experiência pessoal). Desvantagens das técnicas projetivas: 1. Resultado final pode se modificar. 2. Conhecimento indevido as respostas do sujeito. 3. Não há estudos estatísticos mais completos em relação ao teste. 4. Dificuldade de criar técnicas de validação. 5. Necessidade de tempo muito grande (Aplicação e correção) 4 O TESTE DE RORSCHACH Hermann Rorschach Hermann Rorschach nasceu em Zurique, Suíça, em 08 de novembro de 1884. Rorschach possuía uma incrível facilidade no aprendizado de línguas, além de reunir a formação científica à cultura humanista, interessava-se por literatura e artes, porém formou-se em medicina. Em 1912 apresenta sua tese em medicina, tendo como tema: “As alucinações reflexas e fenômenos associados”. No ano de 1911 inicia seus estudos e pesquisas com manchas de tinta; contudo sua preocupação era mais ampla que o simples estudo da imaginação e fantasia, desejando obter um método de investigação da personalidade, situando a interpretação das manchas de tinta no campo da percepção e apercepção. Em 1914, faz especialização em psiquiatria na Universidade de Zurique. Influenciado pela escola psicanalítica, Rorschach, juntamente com Zulliger, Ben- Eschenburger, Oberholzer, Biswanger e outros colegas, fundou a Sociedade de psicanálise de Zurique. Como médico psiquiatra, trabalhou em diversos hospitais . No Hospital Herisau foi assistente de Direção. O trabalho desenvolvido por Symon Hens, em 1917, foi que mais influenciou Rorschach. Hens usou 8 cartões com manchas de tintas não coloridas, investigando o conteúdo das respostas dadas por crianças, adultos normais e psicóticos. A partir de então, no ano seguinte, Hermann Rorschach cria 15 pranchas,sendo algumas em preto, outras em preto e vermelho, e ainda outras coloridas. Passa a experimentá-las em seus pacientes no Hospital de Herisau, também em enfermeiras, estudantes de Medicina, crianças e outras pessoas. Rorschach envia suas pranchas para 5 uma editora, para que pudessem ser impressas em série, porém, por exigência do editor, suas pranchas são reduzidas a 10. Em junho de 1921, contando com o auxílio e empenho do amigo Morgenthaler, publica o livro "Psicodiagnóstico", contendo as conclusões de seus estudos e experimentos com as pranchas por ele elaboradas. Hermann Rorschach vem a falecer brusca e abruptamente aos 38 anos de peritonite aguda, logo após a redação de seu trabalho. Sua morte prematura interrompeu seus estudos com relação a técnica "Psicodiagnóstico". O Método de Rorschach permaneceu restrito a um pequeno círculo de amigo e seguidores, na Suíça. Apenas cerca de dez anos após sua morte, o Psicodiagnóstico começou a se expandir e a ser efetivamente reconhecido na Europa, e Estados Unidos. Em 1939 foi criado o Rorschach Institute e, quatro anos depois foi realizado o 1º Congresso de Rorschach. Em 1949 foi fundada a Sociedade internacional de Rorschach, tendo Aníbal Silveira como um dos membros fundadores. 6 O TESTE DE RORSCHACH A Prova de Rorschach, elaborada por Hermann Rorschach em 1921, consiste de 10 lâminas com borrões de tinta que obedecem a características específicas quanto à proporção, angularidade, luminosidade, equilíbrio espacial, cores e pregnância formal. Estas características facilitam a rápida associação, intencional ou involuntária, com imagens mentais que, por sua vez, fazem parte de um complexo de representações que envolvem idéias ou afetos, mobilizando a memória de trabalho. A aplicação da Prova de Rorschach é feita individualmente, não havendo aplicação em grupo. Na aplicação, as lâminas são apresentadas uma de cada vez, sendo solicitado ao examinando que diga com o que acreditam serem parecidos os borrões de tinta. Diante deste convite à contemplação e associação aos borrões impressos nas pranchas, hipóteses de respostas são ativadas, colocando à prova as funções psíquicas de percepção, atenção, julgamento crítico, simbolização e linguagem. Concomitantemente à execução destas funções psíquicas na avaliação das hipóteses frente às manchas, os processos psíquicos afetivo-emocionais, motores-conativos e os cognitivos concorrem para a formulação final da resposta. As respostas ao Rorschach, portanto, revelam o status da representação da realidade em cada indivíduo, trazendo dados a respeito do desenvolvimento psíquico, das funções e sistemas cerebrais, dos recursos intelectuais envolvidos na construção das diferentes imagens, das articulações intrapsíquicas e da natureza das relações interpessoais. Como a Prova de Rorschach avalia a dinâmica de personalidade particular a cada pessoa, não se deseja, a partir de seus dados, atribuir um diagnóstico psiquiátrico. Pretende-se, no entanto, contextualizar os distúrbios psíquicos, compreender o valor e o significado de um sintoma clínico e orientar para o tratamento mais adequado. 7 A Prova de Rorschach pode ser aplicada: ✓ em qualquer pessoa (desde que tenha condições de se expressar verbalmente e que tenha suficiente acuidade visual), de qualquer faixa etária e qualquer nível sócio-econômico-cultural. Como o propósito do exame é verificar a estrutura e a dinâmica da personalidade de cada examinando em particular, indicando não só as dificuldades, mas também os recursos positivos, não existem respostas certas ou erradas, pois as pessoas são diferentes e emitem respostas diferentes. Neste sentido, qualquer tentativa do examinando de conduzir suas respostas de acordo com manuais ou orientações externas está fadada ao fracasso, invalidando a aplicação da Prova. Trata-se de um instrumento muito sensível às nuances da personalidade refletindo, claramente, os esforços de manipulação, dissimulação ou controle da situação de aplicação. ✓ - em vários campos, tais como na pesquisa, na clínica, em avaliações neuropsicológicas, em orientações vocacionais, nas áreas organizacional, jurídica ou educacional. Convém ressaltar que a Prova de Rorschach é um instrumento de personalidade que permite avaliar uma gama ampla e profunda quer das características pessoais, quer da economia emocional do examinando. Desta forma, uma vez que o psicólogo tenha propriedade das indicações, contra- indicações e dos processos psíquicos mobilizados durante o exame, sua aplicabilidade depende das circunstâncias externas e da criatividade e profissionalismo do especialista em Rorschach. Neste sentido, há um "sem fim" de campos dentro dos quais a Prova de Rorschach pode alcançar sua aplicabilidade. Na pesquisa, o Rorschach revela uma impressionante precisão e sensibilidade à elaboração das estratégias de investigação. Na prática comum, na área clínica, a Prova de Rorschach tem se mostrado muito fecunda para a avaliação do paciente em casos em que urge um pronto e preciso referencial técnico, como podem ser, por exemplo, os casos de questões ligadas à necessidade de indicação medicamentosa ou de algum específico aconselhamento familiar. Muitas vezes, a Prova é utilizada apenas como norteadora da técnica mais apropriada de atendimento. ✓ Em neuropsicologia, o Rorschach permite a elucidação de questões práticas ligadas aos processos psíquicos superiores e suas relações com os sistemas 8 cerebrais, ampliando ou justificando a melhor opção quanto aos demais testes neuropsicológicos. Na orientação vocacional, revela as motivações inconscientes em conflito, esclarecendo a natureza das dificuldades que estão implicadas na escolha profissional. Na antropologia, é utilizada como instrumento para a visualização e compreensão das formas de visão da realidade em diferentes culturas. Na área organizacional, a Prova de Rorschach tem sido muito usada para seleção de pessoal, recolocação, desenvolvimento de competência e habilidades e orientação profissional. ✓ Na área jurídica, esta Prova tem se tornado cada vez mais um instrumento de auxílio nas decisões dos juízes, na orientação dos advogados, no trabalho pericial ou naquele do assistente técnico, quer nas Varas da Infância e Juventude, da Família e Sucessões, na Criminal ou na Cível. ✓ No âmbito educacional, a Prova de Rorschach aponta para a qualidade dos processos evolutivos da integração da criança com a realidade, sublinhando as principais defesas e dificuldades, fornecendo as diretrizes a serem tomadas pelos educadores. Cumpre lembrar novamente que é impossível traçar todas as possibilidades de utilização deste instrumento de diagnóstico da personalidade da mesma maneira que se mostram ilimitados os caminhos que a natureza humana encontra para sua expressão. Inicialmente devemos levar em consideração algumas condições: • O Sujeito deve estar tranqüilo, já deve estar acostumado com o profissional para que possa ser submetido ao teste (Isso serve para qualquer teste, pois gera ansiedade). • Jamais se deve aplicar um teste no primeiro encontro, no mínimo deve haver uma entrevista inicial. • Deve-se conferir o material antes da aplicação: 10 pranchas, cronômetro, folha de localização, folha para anotação das respostas e 1 lápis. • As pranchas devem ser aplicadas rigorosamente em ordem. • A folha de localização é fundamental e o cliente não pode vê-la antes do momento da investigação. • Deve haver uma mesa, e as pranchas devem estar viradaspara baixo com a numero 1 em cima do monte, o cronômetro a mão e afolha de resposta. • O cliente deve estar sentado de maneira confortável. 9 1 - A Aplicação: Não existem instruções imutáveis, mas existem informações básicas a serem dadas, que vão variar de acordo com vários fatores: O que dizer: “Vou mostrar para você algumas pranchas, uma por uma, e gostaria que você me falasse tudo o que pode ver nelas. À medida que você for falando, eu vou anotando. Não existe resposta certa ou errada, portanto você pode me dizer o que acha que é. Vou usa o cronômetro, mas não tem tempo limitado. Quando você terminar cada prancha, por favor me devolva para que eu possa lhe entregar a seguinte. Tudo Bem? Podemos começar? (Entrega a primeira prancha) o que você acha que pode ser aqui?” Atenção: • Você jamais deve dizer mancha, pintura, desenho... Porque isso já é uma resposta. • Na primeira prancha o cliente deve ser incentivado a dizer o que mais ele pode ver, para que ele saiba que não tem que dar somente uma resposta. • Não se deve aceita a recusa na primeira prancha, devemos insistir , pois ele pode não ter entendido o que se quer dele. • È importante anotar tudo o que o sujeito diz, como ele diz, inclusive com os erros de ortografia. “A fala é a maneira como o sujeito reage a determinadas situações”. é No discurso que aparecem confusões, objetividade, sofisticações do pensamento. • Também devem ser anotados os gestos, e as atitudes do analisando: se ele vira a prancha, resmunga, esta impaciente, chora, etc... 1.1 - A Anotação no Protocolo: PCH TL TT Respostas Investigação (1) (2) (3) (4) L (5) D (6) C FA B/O (1) – Anota-se o número da prancha. (2) – O tempo de latência, ou seja, o tempo que o sujeito leva do momento em que você entregou a prancha, até o momento que ele começa a falar. (3) – Tempo total de resposta, ou seja, o tempo que ele levou desde que pegou a prancha ate o final. (4) As respostas 10 A posição da prancha: - Posição normal: ^ - Posição invertida: v - virada para a direita: > - Virada para a esquerda: < 1.2 - A investigação: • È só nesse momento que o analisando pode ver a folha de identificação (Em anexo). • O que dizer: “Muito bem, agora vou lhe mostrar as pranchas novamente para que você me diga onde você viu e porque você viu , para que eu possa anotar numa folha. Por exemplo, na primeira prancha você viu... Onde você viu? Porque você viu?” • Esta fase tem como objetivo, além de identificar bloqueios, investigar a localização (Onde viu) e o determinante (porque viu). • A marcação na folha de localização deve ser precisa. 2 – Levantamento: Inquérito: é a fase em que as pranchas são reapresentadas e o sujeito questionado sobre as associações feitas com o objetivo de compreender o processo de percepção e a elaboração de cada resposta. Instruções: “Vamos passar para uma nova etapa da prova. Agora eu vou mostrar-lhe novamente as manchas e vou pedir que você me explique cada uma das imagens que você viu. Vou fazer algumas perguntas para que eu possa entender como você foi construindo essas imagens em sua mente. Como que, através das manchas, você foi tendo essas idéias que você disse”. O que se quer saber? Onde viu Localização MODALIDADE DE RESPOSTA Como viu Características DETERMINANTE DA RESPOSTA O que viu Categoria CONTEÚDO DA RESPOSTA. OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: ➢ Inquirir todos os adjetivos usados; ➢ Construir hipóteses sobre os determinantes para dirigir o inquérito; ➢ Não fazer perguntas que induzam a resposta do sujeito; ➢ Respostas vagas, ambíguas ou não definidas devem ser inquiridas; ➢ Quando são acrescidas respostas ou características no inquérito questionar se havia visto antes ou só neste momento; ➢ Respostas adicionais no inquérito devem ser anotadas e questionadas na seqüência; 11 ➢ Pesquisar, no final do inquérito, daltonismo ou cegueira às cores caso em nenhuma das pranchas o sujeito fizer referencia às cores; ➢ Caso tenha que ser interrompida a aplicação do teste por um prolongamento excessivo de tempo, deve-se fazer o inquérito da prancha I e continuar em outro dia. 2.1 - Localização: ( item 5 na folha de protocolo ) São os modos de apreensão. É como o sujeito aprende sua realidade e trabalha com ela. Esta ligada a localização de respostas. (Onde foi que você viu?) Podemos classificar os modos de apreensão da seguinte forma: Respostas Globais G Resp.Det. grande D Resp.Det. Pequeno Dd Resp. det. Branco Dbl Resp. detalhe oligofrênico- Do È quando a resposta dada se localiza no todo da mancha, ou seja, o sujeito viu o seu objeto no todo da mancha, utilizando a mancha toda. São respostas sintéticas e estão ligadas diretamente ao pensamento teórico abstrato As respostas G correspondem a uma percepção mais livre, com capacidade de abstração, integração, ou com associações pouco precisas.. Estão ligadas a qualidade de inteligência, sendo necessário levar em conta o número de respostas globais e sua ligação com o determinante forma (Vide determinantes).1 São detalhes que se separam mais facilmente do todo por serem mais pregnantes. As respostas D indicam a capacidade de adaptação à realidade, senso da realidade, gosto pelo concreto, inteligência prática, adaptação a vida prática, às coisas do dia-a-dia; visão mais imediata das coisas e capacidade para analisar o todo em suas partes mais pregnantes; capacidade de ação mais prática São respostas de detalhe de um detalhe maior.. São respostas que indicam ansiedade (ou dificuldades do indivíduo), como se fosse uma tentativa de fuga. Também indicam meticulosidade, boa capacidade de observação, perseverança, infantilismo, detalhismo. Constitui uma reação a um conflito preciso com o mundo exterior, familiar ou social São respostas localizadas nas partes brancas da prancha. Em adultos, mostram a capacidade de ver as coisas sob diferentes ângulos e de combinar aptidões intelectuais. Não tem valor interpretativo unívoco. Tem um valor mais intelectual, se for dado no final da prancha e sua determinação for formal. O recurso é a intelectualização (F) ou a imaginação (K), ou o abandono de toda a atitude adaptativa. Voltada para um bloqueio. A resposta tem que estar localizada no Dd. È o único modo de apreensão em que importa também o conteúdo (e não apenas a localização) é uma parte de um conteúdo.Ex.: Ver a cabeça numa figura em que geralmente se ver o corpo todo, ou só o braço. A resposta Do significa um pensamento bloqueado. Uma resposta Do é esperada, mais que uma é preocupante. 1 Respostas G, com determinante F, significam uma inteligência mais ligada ao racional. Respostas G com determinante F- ou F+/-, significa que o sujeito sintetiza mal, tem uma inteligência confusa, sua organização perceptiva é ruim Com Determinante C(Cor) mais afetiva. Com determinante K , mais criativa, imaginativa, rica. 12 ✓ Respostas G, com determinanteF, significam uma inteligência mais ligada ao racional. Tipos de Respostas Globais: • G (Barrado) – Quando o indivíduo localiza a resposta no G, mas um pedacinho é excluído. Significa que o sujeito é muito cauteloso na resposta. • Gtec: Só acontece na prancha III, quando ele elimina apenas o vermelho. • Gbl: é quando o sujeito da uma resposta G e inclui o detalhe branco. Ex.; Na prancha I ^, ver uma máscara. • DG ou DdG: é quando o indivíduo vê apenas o detalhe D ou Dd e generaliza para o todo. Ex.: Vê uma patinha de caranguejo e diz que se tem a aptinha, tem o caranguejo. Tipos de Síntese: Não confundir com tipos de G. Dá-nos a informação sob a capacidade intelectual do sujeito de forma qualitativa, ou seja, qual o seu tipo de inteligência: • Gpa (G primária analítica ) – é analítica porque tem boa forma, é bem estruturada, precisa e objetiva, com um processo de síntese simples, adaptação correta á realidade. Ex. Prancha I : Um morcego. • Gsb – (G secundária bilateral) – é aquela em que o indivíduo vê dois elementos espelhados. Não é muito criativo. Ex.:Pr. II. Duas pessoas dando as mãos. • Gsc – (Global secundária combinada) – é quando um sujeito vê dois ou mais elementos na mesma prancha sem ser espelhados. Mostra uma inteligência combinatória de boa qualidade Ex.: Pr. VIII – Dois animais escalando uma montanha. • Gse - (G secundária elaborada) – Processo de síntese superior. È a melhor resposta. È quando a resposta com três dimensões, com algo ao fundo. Ex.: Pr X paris em festa e ao fundo a torre Eiffel. • Gpi – (G primária impressionista) é quando o sujeito é levado pela impressão que ele teve. Voltado para uma visão mais estética do mundo Ex. Pr X – Uma festa com pessoas dançando. • Gsi – (G secundaria impressionista) Ex.: Uma cena impressionista. • Gps (G primária sincrética) – São respostas pouco precisas, fracas em ermos de elaboração perceptiva. Geralmente ligadas a uma forma ruim (O determinante Forma é ou F- pu F+-), lama , lodo, papel rasgado... 13 • Gss – (G secundaria sincrética) – quando faz um agrupamento ruim, ,o fechamento causa uma confusão. O indivíduo está confuso e isso confunde sua percepção de realidade. A elaboração final é sem lógica. 2.2 – Determinantes: (Item 6 da folha de protocolo) O que para você determinou que esta figura é ... Os determinantes podem ser: A) - Forma: (F) B) - Movimento (K) C) - Cor (C) D) – ESTOMPAGE (E) FORMA (F) Se o que determinou a figura relatada foi a sua forma, o seu formato. F+ (Forma bem vista) F- (Forma mal vista) F +/- (Forma imprecisa) Significa a capacidade racional de ver as coisas de forma objetiva, de controlar a situação racionalmente, adaptação da realidade, controle do pensamento nos moldes comuns, boa capacidade de observação, concentração e atenção, pessoa objetiva, controle lógico, controle do seu pensamento, percepção coerente com a realidade. Distorção perceptiva ; perturbação no poder de concentração, falta de inteligência ou perturbação nervosa. Pode ter como causa a indolência ou preguiça. Entre pessoas inteligentes, F- pode representar indício de bloqueio nas possibilidades de ideação, devido a um choque afetivo provocado pela tarefa: o sujeito fala qualquer coisa para preencher o vazio associativo que tem frente a prancha Indício de pensamento vago, flutuante, impreciso. Revela a incerteza do sujeito, alguém que não se atreve a sair da reserva, a afirmar-se e que teme ser julgado. Esta sempre em hesitação. Pode revelar também apatia intelectual. Mascara-se o tempo todo, não tem vontade de se entregar 14 MOVIMENTO HUMANO K A figura vista é humana e o que determinou foi o seu movimento Sempre que se falar de seres humanos, a resposta será K. Refere-se aos mecanismos inconscientes do sujeito, aos mecanismos introversivos. Todo sujeito inteligente apresenta pelo menos uam resposta K. São os desejos não realizados na vida cotidiana que se expressam através dos K. O K não corresponde ao comportamento exterior. Onde dominam os K, a inteligência será diferenciada, a vida estará mais orientada para o intimo. A afetividade e a motilidade serão mais estabilizadas, o contato mais intenso que extenso. O Comportamento exterior é, por vezes canhestro, inepto, e a capacidade de adaptação regular. O K indica tolerância do ego as forças arcaicas das pulsões é a expressão das motivações, temore4s e desejos, mas também dos mecanismos de defesa contra a angústia suscitada pelo afloramento dessas motivações à consciência. Muitos K denotam recurso demasiado intenso ao imaginário . Sua ausência pode denotar imaturidade emocional no relacionamento interpessoal, auto-afirmação insuficiente, fracasso na utilização de valores próprios e falta de perspectiva diante do futuro. Tipos de K Kext (visível, para fora, lançado) Kflex (Corpos flexionados, inclinados) Kat (Atitude: há intenção de movimento, mas ele não existe) É a melhor resposta, mas de acordo com o conteúdo pode não ser tão bom como quando aparece muita luta, agressividade. Representa dinamismo,vitalidade interior, capacidade criadora, pessoa empreendedora, maturidade interior. Indicador de bom prognóstico em caso de neurose. Pessoas assertivas, que lutam por suas idéias e pelo que acreditam . Vitalidade fraca, com tendência a se recolher distanciando-se do mundo e com complacência com as dificuldades internas. Pessoas de atitude passiva, submissas, que remoem o conteúdo interior e não colocam para fora. Os projetos ficam sempre sem realização, somente em planos. O indivíduo tem potencial, mas não exterioriza. São pessoas que precisam de psicoterapia, pois projeta sua intenção de movimento, mas também seu impedimento., Kp (Movto humano visto no Dd) Bloqueios que vem do social, comum em pessoas de 40 a 50 anos que sofrem de pressões do meio. È pior quando se encontra esse tipo de movimento em crianças muito pequenas, é importante intervir rapidamente Movimento Animal Kan Movimento de natureza ou objetos Kob È freqüente em crianças, são consideradas respostas infantis. Em adultos, infantilização e imaturidade afetiva Típico de adolescentes. Significa energia que não consegue ser colocada, que não esta sendo elaborada devido a objetivos inalcançáveis 15 COR ( C ) Não pode aparecer na Prancha 1,4,5,6 e 7 C Cor pura CF Predomina a cor, mas aparece a forma FC A forma predomina sobre a cor Cn Cor nomeada Descarga afetiva de modo impulsivo, imediato. Denota intensa labilidade egocentrismo. O sujeito não consegue refrear a exteriorização dse seus impulsos e se mostra imprevisível, uma vez que sua reação pouco ou nada tem com seu estímulo que a desencadeou, dependendo da cor mencionada (Mais forte ou mais amena ). Afetividade egocêntrica, narcisismo afetivo, instabilidade emocional, capricho, busca de um objeto para estabelecer ligação, mas também um contato caloroso e simpático. Afetividade sob o domínio racional. Indica maturidade emocional, capacidade de controle afetivo, boa adaptabilidade afetiva Qdo as cores são nomeadas nas pranchas, dando como resposta.Deficiência de auto- controle por intensa pressão dos afetos. Não se inclui no somatório de C. resposta rara, representa desorganização grave, não tem localização nem conteúdo ATENÇÂO: a) Se os únicos elementos de cor que aparecem são FC e nas cores pasteis, ou seja, claras, ,podemos dizer que sua afetividade está inibida. b) Se não houver resposta de Cor sua emotividade esta reprimida , indicando falta de flexibilidade nas manifestações afetivas, sem espontaneidade. O sujeito pode ser rígido, pedante. c) No índice de normalidade apresentam-se vários FC, alguns CF e nenhum C (no máximo 1). d) Cor acromática: o sujeito toma o preto, o branco , o cinza como se fossem cores, e estão ligadas a sentimentos depressivos. FC’: a forma predomina. Ex.: é um morcego, porque é preto. C’ : ex.: terra, porque é preta. C’F: ex.: Um monte de terra porque é preta. ESTOMPAGE ( E ) São diferenças de tonalidades, mais claro, ou mais escuro. Envolve elementos como nuance, difusão do estímulo(Fumaça, neblina), textura (Fofo, macio, áspero) Respostas ligadas diretamente a ansiedade E Estompage pura EF Predomina a estompage, mas aparece a forma FE A forma predomina sobre a estompage Fumaça, neblina, radiografias, negativos, ultra-sonografias..) Significa angustia sem controle Chumaço de algodão. Angustia menos controlada. Pele de bicho malhada. Angustia controlada. ATENÇÂO: Respostas de claro ou escuro (Fclob, ClobF, ou Clob) • Representa um critério de angustia patológica, característica da neurose, e indicam necessidade de psicoterapia. Para ser classificada como clob tem que obedecer a duas condições: 1) Ter sido desencadeada pela massa negra da prancha. 2) Possuir uma tonalidade disfórica implícita. 16 3 – CONTEÚDOS: Classificação: Categoria Símbolo Definição Animal A Animal inteiro Animal visto em cena A (cena) Animal (A) Animal inteiro. Mas desvitalizado, mitológico, mostro, desenho animado, caricatura de animais Animal Ad Parte externa do corpo Animal (Ad) Parte externa de animal mitológico, etc... Humana H Ser humano inteiro Humana H(Cena) Ser humano visto em cena Humana (H) Ser humano inteiro. Mas desvitalizado, mitológico, mostro, desenho animado, caricaturas. Humana Hd Parte externa do corpo (Hd) Parte externa do corpo de (H) Anatômica Anat Parte externa de A e H Sexo Sex Respostas sexuais. Sangue Sg Sangue Objeto Obj Objetos fabricados, roupas. Alimento Alim Qualquer tipo de alimento Máscara Masc Qualquer tipo de máscara Arte Art Resposta de cunho artístico Arquitetura Arq Construção de imóveis, edifícios, pontes, etc... Símbolo Simb emblemas, letras, figuras geométricas. Abstração Abst Emoções, tristeza alegria. Botânica Bot Plantas, árvores, flores Geografia Geo Mapas, territórios Natureza Nat Fenômenos naturais Elementos Elem Ar, terra, fogo e ar. Fragmento Frag Fumaça, manchas, etc... Paisagem Pais Nat e Geo em cena; 17 3 – O PSICOGRAMA Após o término das classificações, devemos então preencher o psicograma (Anexo). • R = Contamos o número total de respostas do teste e anotamos. • TR/M = Tempo médio de respostas. Neste item, somamos todos os tempos de resposta totais (TR), e aplicando a seguinte fórmula: ∑TR/R • Modos de apreensão: Somatórios de todos os G, D, Dd, Dbl, Do, e anotamos no psicograma. • Determinantes: Somamos todos os determinantes e anotamos no psicograma. • Conteúdo: Somamos todos os Conteúdos e anotamos no psicograma • Tipos de Apreensão: (T.A.): Índices considerados normais: G - 25% e 30% D - 50% e 55% Dd- 8% e 10% Dbl- 8% e 10% Calcula-se: ∑Modos de apreensão(G, D,etc...) X 100 Numero de respostas O T.A. é representado sublinhado se estiver acima da porcentagem média, e entre parênteses se estiver abaixo da porcentagem média. Ex: G = 60% representa-se G, e G= 20%, representa-se (G) • Sucessão do Tipo de apreensão: (S.T.A.) É a seqüência de cada prancha. O ideal é ver primeiro um G, depois um D, um Dd, e por fim um Dbl. Deve-se ver na folha de protocolo em quantas pranchas ele apresentou sucessão(Não contam as pranchas com sucessões invertidas, nem as que possuem uma resposta.) (Quando se tem um número de respostas por prancha muito baixo (Uma ou duas respostas) é muito difícil identificar o STA.) Tipos de Sucessão: ▪ Sucessão Rígida: Sucessão nas 10 pranchas ▪ Sucessão Ordenada: Sucessão de 7 a 9 pranchas. ▪ Sucessão relaxada: Sucessão de 4 a 6 pranchas. ▪ Sucessão incoerente: abaixo de 4 pranchas. ▪ Sucessão inversa. Tipos de Vivencia: • Tipo de ressonância íntima (T.R.I.): Tendências atuais: este índice mostra o modo de sentir do sujeito, e não necessariamente seu modo de comportar-se. È composto pela som a das grandes cinestesias humanas (K), com,parada a soma ponderada das respostas de Cor inclusive os C, exclusive os Cn. 18 Fórmula Primária: K=1; FC= 0,5; CF= 1,0; C=1,5. ∑K>∑C = Introversivo. ∑K<∑C = Extroversivo. ∑K=∑C = (diferente de zero e > que 1) = Ambigual. ∑K=∑C = (Ambos zero) = Coartado. ∑K=∑C = (1=1 ou entre Zero e 1,5) = Coartativo. Tendências Latentes: Este índice mostra as tendências que estão para serem desenvolvidas. Fórmula secundária: K=1; E=1,5; EF=1,0;FE=0,5 ∑K>∑E = Introversivo. ∑K<∑E = Extroversivo. ∑K=∑E = (diferente de zero e > que 1) = Ambigual. ∑K=∑E = (Ambos zero) = Coartado. ∑K=∑E = (1=1 ou entre Zero e 1,5) = Coartativo. • F%= ∑F X 100 / R Este índice demonstra o controle racional, o modo de reação espontânea a uma situação. • F+%= (∑F+) + ½ F+/- x 100/ ∑F Indica a capacidade de observação, organização do pensamento lógico, coerência com a realidade, atenção estabilizada. • A% = A + (A) + Ad + (Ad) X 100 / R Este índice indica adaptação ao pensamento coletivo. • H%= H + (H) + Hd + (Hd) X 100/R Este Índice demonstra a capacidade de contato humano, capacidade de comunicação • Ban%= ∑ Ban x100/R Este índice indica demonstra a adaptação a regras sociais, e a capacidade de assimilação de normas e padrões da coletividade • H:HD Este índice trata da qualidade da capacidade de relacionamento e da auto- percepção. • G:K Este índice nos demonstra o nível de realização. • Angustia % = Hd + Anat + Sg + Sex x 100 /R – Normal até 12% • Índice de afetividade Klopfer (L.Af): Somatório do numero de respostas das pranchas VIII,IX,X x 100 /R (> 33% Extroversão < 33% introversão) • Tipos de G : Descrever os tipos de resposta G • K:Kan Este Índice demonstra a vida pulsional do sujeito. • Respostas adicionais: São respostas dadas durante a fase de investigação. Não entram na contagem de respostas, e devem ser destacadas por um círculo. 19 Interpretação: O Simbolismo das pranchas: Prancha Significado I Simboliza o novo, uma situação nova. Reação de choque ou dificuldades nessa prancha pode simbolizar dificuldades de lidar com o novo. Desperta a relação primordial com a mãe, o arquétipo ou a idéia de mãe. A interpretação da relação desse indivíduo com a mãe vai se dar de acordo com como esse indivíduo estruturou a sua percepção. Apresentam-se conteúdos degradados, longe do humano, pode representar uma frustração com a mãe. II Relacionada á mãe da primeira infância e à introdução dos afetos pela introdução das cores (é a primeira prancha a apresentar cor e principalmente o vermelho por ser uma cor forte) e consequentementea aceitação pelo sujeito da própria libido. III Relaciona-se à situação do relacionamento humano. Pode estar ligado também ao relacionamento casal parental. IV Prancha ligada a autoridade e a imagem paterna. V Esta prancha evoca o próprio EU, no sentido de adaptação a realidade. A falta da resposta banal significa um enfraquecimento da ligação do sujeito com a realidade. VI È a prancha sexual. A não interpretação pode indicar uma dificuldade de lidar com a sexualidade. VII É a prancha materna por excelência, ligada ao relacionamento mãe e filho. VIII Afetos socializados pela introdução das cores leves. E adaptação do sujeito com os outros; a falta de resposta banal pode significar dificuldades no relacionamento com os outros. IX Prancha do relacionamento profundo com as pessoas. Conceito de Self, o Eu mais evoluído. X Indica as relações perante o desagregamento, ao despedaçamento. Dificuldade de se desligar, uma vez que essa é a última prancha ( O sujeito sabe que o teste está acabando. Interpretação: a) Tempo Médio de resposta (TR/m): Faz parte da verificação da área intelectual, e verificamos sua produtividade. O tempo médio esperado é entre 45” e 60”. < 20” é demasiado curto e indica dificuldade de concentração. Pensamento lábil, grande mobilidade de associações, dificuldade de controle de pensamento, processo perceptual rápido. 60” é demasiado longo, e indica inibição ou lentidão das idéias e perceptual. E deve se levar em conta a qualidade das respostas. b) Qualidade da produção: Análise das respostas F : F+%, e indica objetividade, precisão, qualidade do trabalho. c) Controle Racional (F%) : A media esperada está entre 60% e 65%. Dá indicações sobre o modo de reação espontânea a uma situação, e se como o sujeito trabalha a questão razão x emoção; 20 F%↑ : Indica distanciamento dos aspectos afetivos. Não permitindo expansão da afetividade, sufocação da vida afetiva, que fica primitiva e não elaborada (Pode ser mecanismo de defesa para não expressar sua parte afetiva). È elevado em pessoas carentes de espontaneidade ou receosas de manifestá-las, os quais se prenderão às características formais da prancha. Toda e qualquer inibição ou depressão se refletirá num aumento de F, Atitude de desconfiança ou medo de revelar-se. Contato superficial ou pouco criado com a realidade. Não permite que as emoções apareçam. A espontaneidade, a capacidade de criação, de reação emocional, sensibilidade de modo geral ou estão ausentes ou se apresentam muito limitadas. F%↓: Descontrole racional, parte afetiva domina a racional, controle insuficiente dos afetos, podendo ser dominado por seus impulsos e afetos. d) Controle Lógico: A media esperada varia entre 78” e 90”. Indica a capacidade de observação, pensamento lógico e organizado, coerente com a realidade, atenção estabilizada, vê a realidade de forma coerente, enfim, adaptado á realidade. Normalmente pessoas com inteligência qualitativa boa. F+%↑: Pensamento rígido, ansiosamente controlado, com valorização de um controle intelectual em detrimento do contato espontâneo. Pensamento que não se permite nenhuma falha, raramente se permite errar. È uma pessoa exigente, exige perfeição muito grande não se deixando enganar. F+%↓: Pode ser um declínio de vigilância. Analisa as coisas não como são, m as como parecem ser. Ausência de controle do pensamento, incapacidade de observação. Deixa-se levar pela impressão do momento. As emoções, por outro lado, perturbam e diminuem a eficiência intelectual dos sujeitos, que não obstante podem ser muito inteligentes. e) Tipo de apreensão: (T.A) As respostas Globais esperadas (G) estão entre 25-30% G↑: Indica inteligência superior, maior riqueza de associações G↓: Indica nível intelectual abaixo da média (Dependendo da qualidade) ou Perturbação afetiva As respostas D esperadas estão entre 50 – 55% D↑: Inibição ou bloqueio de ordem emocional que impede que o sujeito tenha inteligência global, indicando limitação intelectual. Geralmente aparecem em pessoas angustiadas e depressivas que fazem a diminuição de G. A angustia impede que a pessoa encare a situação de forma global, sintética e se apóie em detalhes talvez na tentativa de fugir da situação.a D↓: Não tem significado oposto., Nada se afirma antes de analisar outros elementos vai depender do que aumenta no lugar dele. Pode indicar pensamento pouco concreto. As respostas Dd esperadas estão entre 8-10% Dd↑: Perfeccionismo, detalhismo exagerado. Dd↓: Vai depender do que aumenta no lugar dele. As respostas Dbl esperadas estão entre 8-10% 21 f) Sucessão rígida: Tem rigor intelectual rígido, sujeito que pensa e age dentro de um plano lógico. Sucessão ordenada: Tem um rigor intelectual, mas se permite flexibilizar. Sucessão relaxada: Pensamento flutuante, mais desprendidos da lógica. Emocionalmente perturbadas. Comum em pessoas ligadas a arte. Sucessão incoerente: pessoas incapazes de seguir num plano lógico. É comum em esquizofrênicos. Sucessão inversa: sujeitos cuidados, prudentes, tímidos, confabulantes e mesmo deprimidos . g) Relação K : Kan: Se K > Kan, a vida pulsional se subordina ao sistema de valores próprios ao sujeito, isto é ao seu ego. Se K = 2Kan, representa o melhor equilíbrio Se K ou 2K=Kan, o sujeito é ao mesmo tempo, controlado e espontâneo. Se 2K < Kan, a pessoa busca uma satisfação imediata aos desejos e, sendo CF>FC, é regida mais pelo princípio do prazer do que pelo princípio da realidade. Se os Números de K e Kan forem pequenos, deve-se tratar de inibição neurótica (F+% normal) ou de ego fraco, que impede o conhecimento dos próprios impulsos e satisfação destes, seja através de uma ação ajustada ou através da fantasia. h) Nível de realização: (G : K) Ao compararmos as respostas globais com as de movimento humano tentamos examinar se a capacidade intelectual e criativa, implícita em K, tem o respaldo da abstração e planejamento das G. Para tanto, esperamos uma relação de 2G para cada 1K (G:K= 2:1). Quando G > K, o sujeito ambiciona e aspira mais do que sua capacidade intelectual. Quando G < K, o sujeito desperdiça seu potencial intelectual e criativo por não planejar adequadamente um modo de utilizá-lo. i) Tendências latentes e tendências atuais: Introversivo: Pessoa fechada, muito voltada para si, individuo mais reflexivo, que pensa mais do que age. Reservado,desajeitado, tímido, inibe os movimentos reais; sua inteligência é individualizada; é capaz de imaginar e criar; possui vida interior intensa; suas reações afetivas são estáveis e as relações com as pessoas mais intensas do que extensas, mais profundas do que numerosas. É bastante consciente de si mesmo. Tende a imaginar mais do que a agir. Preocupado com sua própria personalidade, observa o objeto, reflete, é capaz de protelar a ação e a gratificação, e parece ter um caráter reservado. Nesse sentido, pode ter bom conhecimento de si mesmo, talvez esteja cônscio de suas dificuldades, mas pode se absorver em sua própria contemplação imaginária e o seu mundo interior prevalece sobre a realidade exterior. Exprime-se pouco e tem sempre dificuldade para se adaptar à realidade. Há predomínio da esfera intelectual sobre as demais (prevalência da reflexão). Criatividade. Os acontecimentos que o tocam repercutem dentro dele de maneira duradoura; as reações do introversivos são persistentes, uma vez desencadeada sua manifestação. Escapa do momento presente para viver um uma continuidade 22 temporal, no passado e no futuro. Quando Ke o C estão muito próximos em seus valores, deve-se observar o tipo de C apresentado. Pode até ter reações afetivas instáveis, dependendo do tipo de C apresentado. Sempre observar o tipo de K presente. Extroversivo = Inteligência do tipo reprodutivo, é mais adaptável, mais habilidoso, mais ativo. Suas relações afetivas são mais abundantes e as relações com os outros mais superficiais. Predomina a afetividade imediata; contato afetivo fácil e mais superficial com o outro; instabilidade afetiva, facilidade de perder o controle emocional frente a estímulos externos. Personalidade expansiva, superficial, pouco original; dispõe de bom contato. Adapta-se rapidamente à realidade, é capaz de exteriorizar-se facilmente; é influenciável, mutável. Predomínio da esfera afetiva sobre as demais; são mais reprodutivos do que criativos. Buscam cor no teste e emoção na vida, como um excitante. Fogem a si mesmos, reagem instantaneamente, amam a novidade, o imprevisto, são sugestionáveis, correm ao encontro das pessoas e dos objetos, transformam suas emoções em movimentos exteriores. Possuem facilidade de comunicação, o senso do concreto, vivacidade de reação. Ambigual = Bloqueado, indeciso, ambivalente. É um tipo que se encontra nas pessoas dotadas de espírito amplo, que sabem explorar as riquezas do mundo exterior e elaborar os seus próprios recursos de um modo diferenciado, e que exercem com flexibilidade o controle sobre a exteriorização das descargas afetivas Coartado = Personalidade bloqueada, rígida, contraída, que se separou de toda fonte emocional. Rigidez de mecanismos de defesa. Pouco tolerante nas situações de tensão fisiológica e psicológica. Seu controle reacional é intenso. São indivíduos ultra retraídos em termos afetivos e de interesses; são pessoas muito distanciadas de seus afetos, e que não se permitem desenvolver seus afetos, suas relações afetivas. Se dão muito bem em trabalhos mecânicos, porque não se perdem em fantasias. Coartativo = Indivíduos mais formais, impessoais, que se sentem inadequados nos relacionamentos pessoais mais íntimos, ou quando têm que lançar mão da imaginação ou da fantasia. Revelam constrição da personalidade. RELAÇÃO ENTRE AS FÓRMULAS PRIMÁRIA (T.Atuais) E SECUNDÁRIA (T.Latentes): • T.Atual = T.Latente, sendo a T.Atual mais dilatada (Ex: K>C = 6>5 e K>E = 4>3) significa um equilíbrio: personalidade normal: vida afetiva em equilíbrio: indivíduo procurando realizar tudo que tem • T.Atual = T.Latente, sendo a T.Latente mais dilatada (Ex: K>C = 4>3 e K>E = 6>5) significa que o sujeito está em termos de reserva, realizando pouco; não está exercendo contatos, não usa sua imaginação. Indício de fixação regressiva, recalcamento e equilíbrio instável. 23 • Introversivo em um e Extroversivo em outro – As tendências do indivíduo apontam para um lado, mas ele se desenvolveu para outro, gerando conflito afetivo; estrutura psíquica em conflito. Na adolescência se encontra muito essas duas tendências opostas, vem constatar os próprios conflitos desta idade. Na criança é freqüente ter maior número nas tendências latentes que nas atuais, pois ela ainda vai se desenvolver. O índice de estereotipia ou de variedade do pensamento (A%): A média esperada varia entre 35% e50% É a resposta mais freqüente. Indica adaptação comum ao pensamento coletivo. • A% - = Incoerência e dispersão do pensamento; humor otimista diminui o A%,pois suscita renovação das idéias e o desejo confiante de mudar o estado de coisas, dificuldade de estar dentro do senso comum; dificuldade de adaptação a situações muito rotineiras, definidas e concretas; recusa ao conformismo, comportamento anti-social. • A% + = Faz supor um pensamento infantil (as crianças e os débeis mentais apresentam quase que exclusivamente respostas animais); pessoa pouco culta, espírito conformista rígido, ou uma personalidade que esconde dificuldades de adaptação, esforçando-se, a todo custo, por fingir ser como todo mundo, que reprime emoções e se contrai. A depressão aumenta o A%(apatia, renúncia a abandonar caminhos já batidos); facilidade de ficar no senso comum, de acordo com regras predeterminadas, de fazer tarefas rotineiras. Estereotipia grande, implicando rigidez perceptiva. Submissão quase cega a todas as imposições da sociedade As respostas Humanas (H%): H% = H + (H) + Hd + (Hd) X 100 R A média esperada é 15% Interesse humano, capacidade de contato humano, capacidade de comunicação, principalmente quando ligada a Kext (empatia); auto-percepção, percepção dos outros. A relação H: Hd vai tratar da qualidade da capacidade do relacionamento e da auto-percepção. Se H% é composto por mais Hd do que por H (a proporção correta é 2H: 1Hd) indica busca ansiosa de contatos humanos e dificuldade de relações. Pode indicar ansiedade e carga afetiva. • H % + = Quando é elevado na ausência de K, reforça a dificuldade de contatos e de identificação. Ansiedade pela dificuldade de comunicação. Preocupação de caráter neurótico em sua relação com os íntimos. Pode-se encontrar em adolescentes, crianças prematuramente amadurecida por conflitos familiares, no obsessivo ( nesse caso H < Hd). 24 • H % - = É mais baixo para crianças e no caso de sujeitos pouco inteligentes, falta contato com ser humano; abordagem seca, objetiva da realidade – fora de todo calor e espontaneidade. Dificuldade na auto-aceitação e identificação. 4.8 – OS FATORES ADICIONAIS (F.A): São aspectos secundários: Ban, Originais, Tendências e Fenômenos especiais. Ban (respostas banais): São respostas comuns, banais. Ban % = Total de Ban x 100 R A média esperada varia entre 20% e 25% . O número normal de respostas desse tipo num protocolo varia de 5 a 7. A ausência de respostas desse tipo nas pranchas III.V e VII é um sinal que deve ser analisado como cuidado (ver Índice de Realidade de Neiger, item 6.2) Indica pessoa adaptada a regras sociais. Trata-se da capacidade de assimilação de normas e padrões da coletividade. • Ban % + = Denota conformidade excessiva aos padrões convencionais, sem restrição ao que é importo pelo grupo. Revela assim passividade, a qual possivelmente advém de necessidade de aprovação. • Ban % - = Reflete dificuldade de adesão aos conceitos convencionais ou bloqueio das associações lógicas. Desejo de contrariar regras recebidas. Respostas originais: 1 em cada 100 são respostas originais. Podem ser positivas ou negativas (estão presentes geralmente em esquizofrênicos. São respostas totalmente absurdas) . Tendências: Nen sempre são fundamentais. A tendência a kan ( kan ) só existe quando o movimento ainda não aconteceu ( “O morcego vai voar”). Fenômenos especiais: Recusa, choque, choque à cor, ilusão de semelhança, (ver E.Bonh) Obs: Respostas Adicionais: São respostas dadas durante a fase de investigação. NÃO ENTRAM NA CONTAGEM. Essas respostas devem ser destacadas por um círculo. 25 O ROTEIRO DE INTERPRETAÇÃO: 1 – ÁREA INTELECTUAL: 1.1 – Produtividade - R e TR/m – rapidez no processo associativo, interferências (cansaço, ma vontade), dispersão, riqueza de associações, etc I.II – Qualidade da produção: - Análise das respostas F: F+% - objetividade, precisão, qualidade do trabalho. - Controle lógico (F+%) e racional (F%) – flexibilidade ou não. - T.A – Pensamentos pobres ou ricos,várias apreensões ou não. - S.T.A – Análise do método de trabalho. - Respostas G – Análise do tipo de síntese. I.III – Flexibilidade do pensamento: - Respostas Ban, A% , K – esteriotipia ou criação. - Respostas K – tipos de K, recursos internos mais elaborados, criativos, relacionar com kan, respostas mais primitivas. - Respostas Ban e A – adoção da linguagem do senso comum. - Índice de Realidade de Neiger – o sujeito vê a realidade como todo mundo vê. Cada categoria vale dois pontos; necessário ter de 6 a 8 anos. a) Personagens na prancha III, na posição ^, ban. b) Morcego G na prancha V c) Toda figura A Ban como D na prancha VIII (mesmo que envolvida numa G). d) Toda figura A como D na prancha X, seja ban ou não. I.IV – Interesse e visão do mundo: - Conteúdos – diversidade de conteúdos é diversidade de interesses. Maneira pessoal de se colocar na realidade. I.V – Nível de realização: - G : K ( 2 : 1 ) – realização e potencial. Qualidade de realização (tipo de G) e qual o potencial ( tipos de K e kp). 26 II – ÁREA AFETIVA: II.I – Ressonância Íntima: - Análise da vivência atual e Vivência Latente. Comparação com o Índice Afetivo (I.Af) de Klopfer. Fazer relações e analisar tipos de respostas presentes em cada fórmula. II.II – Controle geral da afetividade: - F% K+ - F+% G+ II.III – Controle específico da afetividade: A) Auto controle ou controle interno: - K > 1 ½ (E) k (somente kan e kob) – Ver tipo de K e k B) Controle externo: - FC > CF + C (o mais importante) (ponderado) - (E)E : (E)C (ponderados) : está mais no sensível – (E)C > (E)E – ou mais no passivo – (E)E > (E)C. - FE entre ¼ e ¾ de F - FC + FE x 100 < 75% R Obs: FC superficiais pobres junto com F+ % + e F% + - bloqueio, inibição ou repressão FC de controle. II.IV – Tipos de controle: A) Restritivo Inibidor: - F % + (mais importante) - F % - (não necesariamente) - A % + - esperiotipia, conformismo. B) Insuficiente: - F % - (mais importante) - 2(E)K < (E)C (ponderado) - (E)C + (principalmente C e CF) - Resposta C pura – impulsividade afetiva II.V – Energia do ego: Estênico – capacidade de reforçar o ego 27 Astênico – ego fraco - Bom F + % (entre 75 % e 90 %) - G + (G ligado a uma boa forma) - Nenhum DG (vê um detalhe e generaliza para o G) - O + % (respostas originais) não superior a 50% - Ban normal ou ligeiramente diminuída - Ausência de ks infantis - “Ausência de confabulações” - predomínio de FC - Kext - Só FE (controle nos fatores da ansiedade) III – ADAPTAÇÃO SOCIAL: III.I – Adaptação social intelectual: - Ban % - realidade social, adequação à norma - D % - visão mais concreta, mais imediata das coisas III.II – Adaptação social afetiva: - FC - Facilidade do sujeito de estabelecer contatos. Superficialidade quando as FC nada dizem, ligadas a Ban, formalismo puro. FC pura + K boas = empatia - Kext – contato positivo com o mundo exterior. - H % -relacionamento com seres humanos, auto-percepção, identificação - H : Hd (2 : 1) – qualidade no relacionamento com seres humanos - Tipos de H – interesse humano - T.R.I. Atual – deve ser extroversivo IV – SÍNTESE: Deve-se fazer uma síntese ao final de cada item, e uma síntese final, que irá englobar todos os aspectos apurados no teste. Deve ser pequena e extrair o essencial da pessoa que se descreveu. Se possível, dar a impressão, diagnóstica e prognostica. Procurar imiciar a síntese com aspectos fundamentais do sujeito, respondendo ás suas questões feitas na entrevista. Evitar rótulos psiquiátricos. Enfatizar como o indivíduo VIVÊNCIA seus próprios problemas. Lembrar que o teste de Rorschach é um teste que procura descrever a personalidade em termos de VIVÊNCIA ATUAL e do REAL. 28 Teste de Apercepção Temática . Criado por Henry A Murray e colaboradores da Clínica Psicológica de Harvard 2 2 Henry A. Murray nasceu em 13/05/1896 e faleceu aos 95 anos em 23/06/1988 de pneumonia. Foi um psicólogo americano que trabalhou como professor durante 30 anos em Harvard. Era fundador da sociedade psicanalítica de Boston e desenvolveu uma teoria da personalidade baseada na "necessidade" e na "pressão". É também colaborador do teste de apercepção temática (TAT) que é usado extensamente por psicólogos. Em 1927, na idade de 33, transformou-se em diretor assistente a clínica psicológica de Harvard e 10 anos de mais tarde seu diretor. Em 1938 publicou "explorações na personalidade" Hoje um clássico na psicologia, onde o teste de apercepção temática foi descrito também. f Lives 29 O TESTE DE APERCEPÇÃO TEMÁTICA Finalidade: O teste de Apercepção Temática, habitualmente conhecido como o TAT, constitui um método para revelar ao intérprete treinado alguns dos impulsos, emoções, sentimentos, complexos e conflitos dominantes de uma personalidade. O seu valor especial reside na sua capacidade para expor as tendências inibidas subjacentes que o sujeito, ou paciente, não está disposto a admitir, ou não pode admitir, pelo fato de não ter consciência delas. Utilidade: O TAT será comprovadamente útil em qualquer estudo abrangente da personalidade e na interpretação de distúrbios do comportamento, doenças psicossomáticas, neuroses e psicoses. Tal como se encontra hoje constituído não é adequado para crianças de idade inferior a 4 anos. A técnica é especialmente recomendada como introdução a uma série de entrevistas psicoterapêuticas ou a uma psicanálise breve. Como o TAT e o Rorschach produzem informações complementares, a combinação desses dois testes, como Harrison e outros sublinharam, é particularmente eficaz. 30 Fundamentos Básicos: O procedimento consiste, meramente, na apresentação de uma série de quadros ao sujeito, encorajando-o a que conte histórias sobre eles, inventadas sem premeditação. O fato de as histórias assim reunidas revelarem, freqüentemente, componentes significativos da personalidade depende do predomínio de duas tendências psicológicas: a tendência para interpretar uma situação humana ambígua, em conformidade com as experiências passadas e necessidades presentes, e a tendência daqueles que escrevem histórias para proceder de modo semelhante: basearem-se na reserva de suas experiências e expressarem seus sentimentos e necessidades, sejam conscientes ou inconscientes. Se os quadros são apresentados como um teste de imaginação, o interesse do sujeito, aliado à sua necessidade de aprovação, pode ficar de tal modo envolvido na tarefa, que ele esquece o seu eu sensível e a necessidade de defendê-lo contra as sondagens do examinador; e, antes que se dê conta disso, já disse coisas sobre um personagem inventado que se aplicam a si próprio, coisas essas que ele teria relutado em confessar em resposta a uma pergunta direta. Quase sempre, o sujeito chega ao final do teste sem se aperceber, felizmente, de que apresentou ao psicólogo o que corresponde a uma chapa de raios X do seu eu mais íntimo. Material do teste: O material consiste em dezenove quadros impressos em cartão Bristol branco e um cartão em branco, totalizando 20 histórias: (1) as figuras são eficazespara estimular a imaginação; (2) servem para obrigar o sujeito a lidar, à sua própria maneira, com certas situações humanas clássicas; e, finalmente, (3) as vantagens do emprego de estímulos padronizados são, neste caso, como em outros testes, consideráveis; A presente série de quadros (num total de 31, incluindo-se 1 em branco), e esperamos que seja definitiva, selecionada em bases pragmáticas, é a terceira revisão do jogo original, distribuída em 1936 pela Clínica Psicológica de Harvard. Para calcularmos a eficácia de cada quadro, aguardamos em cada caso até que, com a ajuda de outros métodos, tivesse sido profundamente estudada e compreendida a 31 personalidade do sujeito a quem o teste fora aplicado; e só então classificamos o quadro de acordo com a soma de informação que a história sugerida pelo mesmo proporcionou ao diagnóstico final. A média de tais classificações foi aceita como uma medida do poder de estimulação do quadro. Este método é o mais idôneo para julgar a eficácia de qualquer procedimento diagnóstico não-específico. A experiência demonstrou que, a longo prazo, as histórias obtidas são mais reveladoras e a validade das interpretações é incrementada se a maioria dos quadros incluir uma pessoa do mesmo sexo do sujeito. Isto não significa que seja necessário ter dois jogos completamente diferentes de quadros, visto que alguns quadros de comprovado valor não contêm figuras humanas; outros retratam um indivíduo de cada sexo e, em outros, o sexo de uma das figuras apresentadas é discutível. De fato, onze dos nossos quadros (incluindo o cartão em branco) foram considerados adequados para ambos os sexos. A nossa experiência limitou-se quase inteiramente a testar sujeitos entre os catorze e os quarenta anos de idade e o presente jogo de quadros reflete essa limitação, porquanto a sua maioria se ajusta ao princípio de que uma figura no quadro deve ser, não só do mesmo sexo do sujeito, mas também não muito mais velha, de modo que, por assim dizer, não seja suficientemente idosa para que possa considerar-se contemporânea dos pais da pessoa testada. Entretanto, fomos informados pelo Dr. R. Nevitt Sanford de que nos testes com crianças, esse princípio não é importância decisiva e que, com algumas substituições necessárias, a maioria do atual jogo de quadros é adequada para sujeitos de sete a catorze anos. Outros examinadores obtiveram resultados satisfatórios com rapazes e meninas ainda mais jovens. Cada jogo está dividido em duas séries de dez quadros cada, sendo os quadros da segunda série deliberadamente mais incomuns, dramáticos e insólitos do que os da primeira. Uma hora completa é dedicada a cada série sendo as duas sessões separadas por um intervalo de um dia ou mais. Administração (preparação do sujeito): a maioria dos sujeitos (pacientes) não necessita de preparação alguma, além de lhes ser dada alguma razão aceitável para a realização do teste. Mas aos sujeitos peculiarmente obtusos, indiferentes, resistentes ou 32 desconfiados, a quem nunca se administrara um teste educacional ou psicológico, será preferível dar-lhes uma tarefa menos exigente (um teste de inteligência, de aptidão mecânica, Rorschach etc.) antes de serem submetidos ao TAT. Usualmente, as crianças executam-no melhor depois de várias sessões gastas na elaboração de fantasias faladas, com a ajuda de brinquedos. Atmosfera da situação do teste: O ambiente amistoso (gerado pela secretária e outros membros do "staff”), o aspecto estético do gabinete e seu mobiliário, assim como o sexo, idade, modos e personalidade do examinador, tudo isso é capaz de afetar a liberdade, vigor e direção da imaginação do sujeito. Como o objetivo do examinador é obter a maior soma de material, da mais elevada qualidade possível de acordo com as circunstâncias, e como tal meta depende inteiramente da boa vontade e criatividade momentânea do sujeito, e atendendo a que essa criatividade é um processo delicado, predominantemente involuntário que não pode ser forçado a florescer numa atmosfera rígida, fria, intelectualmente superior ou de algum outro modo incompatível, é da maior importância que o sujeito tenha boas razões para sentir um ambiente cordial e prever receptividade, boas vontade e apreço por parte do examinador. Análise e interpretação das histórias: Treinamento do intérprete: Além de certo faro para a tarefa, um intérprete do TA T deve possuir uma base de experiência clínica, somada à observação, entrevista a aplicação de testes a pacientes de todos os tipos; e,. se pretende ir muito além da superfície das coisas, o conhecimento da psicanálise e certa prática na tradução das imagens dos sonhos e da linguagem comum em componentes psicológicos elementares, ser-lhe-ão igualmente úteis. Além disso, deve ter tido um treino de alguns meses no uso deste teste específico, reunindo muita prática na análise de histórias que possibilitem checar cada conclusão, em confronto com os fatos conhecidos de personalidades minuciosamente estudadas. 33 Dados básicos necessários: Antes de começar a interpretar um conjunto de histórias, o psicólogo deve conhecer os seguintes fatos básicos: sexo e idade do sujeito, se os seus pais morreram ou estão separados, idade e sexo de seus irmãos, sua profissão e estado civil. Sem estes fatos públicos facilmente obtidos (que o TAT não foi projetado para revelar), o intérprete poderia ter dificuldades em orientar-se na leitura das histórias. Uma análise cega é uma proeza acrobática que pode ou não ser coroada de êxito; não tem lugar na prática clínica. Modos de análise do conteúdo: Ao lidar com o conteúdo das histórias, o método que recomendamos é o de análise de cada sucessivo acontecimento, de acordo com: (a) a força ou forças que emanam do protagonista e (b) a força ou forças que emanam do meio ambiente. A força ambiental dá o nome de pressão. Personalidade de primeiro nível, manifestada ou pública, (isto é, a camada externa). Há numerosas maneiras de descobrir as tendências manifestas mais típicas; o TA T é um dos poucos métodos hoje existentes para a revelação de tendências dissimuladas. A melhor compreensão da estrutura total da personalidade é obtida quando o psicólogo examina as características do comportamento manifesto em conjunto com as conclusões aduzidas do TAT. Meio desatentos ao fato de que estão lidando com produções imaginárias e não registros de comportamento real, alguns intérpretes são propensos a supor que as variáveis inusitadamente fortes e as variáveis inusitadamente fracas nas histórias do TA T serão, respectivamente, invulgarmente fortes e fracas na personalidade manifesta do sujeito. Há uma base pragmática sem dúvida, para essa expectativa, tanto mais que os estudos estatísticos demonstraram que na maioria das variáveis existe uma correlação positiva entre a força de suas expressões imaginárias (TA T) e a força de suas expressões comportamentais. 34 Contudo, não podemos confiar demais nessas conclusões globais, visto que não só encontramos numerosas exceções individuais como também, no caso de outros importantes impulsos e emoções, especialmente aqueles que são habitualmente reprimidos, o certo é, de um modo geral, exatamente o oposto. Recorde se aqui o princípio de que as correntes do pensamento são mais rigidamente influenciadas por intensas necessidades que foram inibidas ou postas em inatividade por largo tempo do que por aquelas necessidades que foram recentemente satisfeitas ou esgotadas completamente por uma ação manifesta. O que o TAT revela é freqüentemente, o oposto daquiloque o sujeito faz e diz, consciente e voluntariamente, em sua vida cotidiana. Assim, o quadro que surge desse teste pode ser irreconhecível para os amigos ocasionais e mesmo os íntimos do indivíduo. Embora o TAT não fosse planejado para revelar o primeiro nível, a camada externa da personalidade (comportamento público), o intérprete pode conjeturar amiúde alguns dos seus traços característicos, se tomar nota dos seguintes pontos: (a) as histórias compostas na primeira sessão (em resposta aos dez primeiros quadros) estão mais intimamente relacionadas com a camada externa da personalidade do que as compostas na segunda sessão, muitas das quais expressam, simbolicamente, tendências e complexos da camada interior. (b) é provável que as tendências não restringidas por sanções culturais sejam tão fortes em suas manifestações abertas quanto nas dissimuladas. (c) sabedor de alguns fatos sobre o sujeito, o intérprete, penetrando cautelosamente na atmosfera das histórias e anotando as repetições e elementos congruentes naquelas, pode distinguir, usualmente sem muitas dificuldades, as porções (cerca de 15% das histórias) que são quase literal e conscientemente pessoais. Usualmente, surgirá desse núcleo de impressões um retrato das camadas intermédia e externa da personalidade. As porções que requerem uma interpretação profunda derivam, habitualmente, da camada interna. Os experimentos demonstraram que o sexo do examinador deve ser levado em conta. Isto é particularmente certo quando se analisam as histórias de um sujeito que alimenta uma hostilidade incomum aos indivíduos do sexo a que o examinador pertence. O prestígio e a atitude do examinador também podem afetar, em certa medida, o curso de algumas das histórias. 35 É lícito prever que as pontuações normais não serão exatamente as mesmas para todos os examinadores; que alguns, por exemplo, instigarão mais afiliação e menos agressão, em longo prazo, do que outros. Ainda de maior importância como fatores determinantes são as situações vitais e os estados emocionais momentâneos do sujeito. Os estudantes universitários médio, prestes a ingressar nas forças armadas, introduzirão o tema guerra em duas pelo menos, de suas vinte histórias. Os conflitos conjugais serão predominantes nas histórias de uma mulher que está pensando no divórcio. Um jovem que acaba de ser rechaçado por sua garota receberá uma classificação excepcionalmente elevada na variável Rejeição. E assim por diante. ELABORAÇÃO DO TAT Cada história narra um episódio (“conteúdo manifesto”), cuja trama contém, um tema ou “unidade dramática” de necessidades e reações dos personagens ante as pressões (“conteúdo essencial”), que denuncia as tendências, atitudes, sentimentos e adaptações do sujeito. Um ponto crítico do fundamento do TAT constitui a diferença entre conteúdo ideacional essencial e um “clichê” CONTEÚDO IDEACIONAL ESSENCIAL “CLICHÊ” São idéias que o sujeito pensa espontaneamente Só permitem inferir o relativo ao caráter geral das defesas do paciente e só em forma indireta e concernente às tendências O C.I.E. permite fazer inferências com respeito a algumas tendências de importância central para o sujeito. Refletem a maneira mais direta das defesas do paciente, a saber, através de sua rígida carência de imaginação, sua elaborada e minuciosa descrição do quadro em lugar de inventar a história correspondente. É importante para a análise do TAT, distinguir entre o conteúdo ideacional essencial e o cliché. 36 Sito este exemplo: Uma história sobre a lâmina 1 que descreva uma criança desgostosa frente a seu violino porque queria estar lá fora jogando bola com outras crianças, é um clichê e só se ao longo dos relatos que o traço característico do paciente é desgostar-se com tudo o que faz e considerar sempre “mais verde o pasto do outro lado do cercado”. É importante, para a análise do T A T, distinguir entre o conteúdo ideacional essencial e o “clichê". ADMINISTRAÇÃO DA TÉCNICA O TAT deve ser aplicado individualmente. Há duas formas possíveis de administração: a total (aplicação das 20 lâminas) ou a reduzida (consiste em uma seleção segundo a idade ou tipo do examinando). Murray recomenda que se aplique o teste em duas sessões de, aproximadamente, uma hora cada uma e com um intervalo entre ambas de um dia pelo menos. O sujeito deve levar 5 minutos, mais ou menos, em cada lâmina. INSTRUÇÕES: Segundo Murray, deve-se pedir ao sujeito que invente uma história dramática, que compreenda o passado (os sucessos determinantes da cena figurada na lâmina); o presente (as ações, pensamentos e sentimentos de seus personagens) e o futuro (desenlace). Deve-se marcar o tempo de reação ao estímulo, ou seja, o tempo que o sujeito leva desde a entrega da lâmina até começar a história e o tempo total em cada lâmina. Ao terminar cada relato, pede-se ao sujeito que ponha um título . A entrevista do inquérito deve-se processar quando o paciente já tenha produzido o total de histórias do teste. A história do TAT pode achar-se arraigada em uma recordação, em um estereótipo ou “clichê” social, pode descrever o que o sujeito imagina que representa a lâmina, ou melhor, pode tratar-se de um simples produto da imaginação. 37 A história não constitui, necessariamente, o material essencial e vital da vida do sujeito, é ao contrário, o material ideacional, o que se acha presente espontaneamente na consciência do sujeito quando se confronta com diferentes situações. ANÁLISE DO TAT Murray distingue a análise formal do protocolo e a análise do conteúdo. Análise formal: Estuda a compreensão da ordem por parte do sujeito: 1) O grau de sua cooperação na prova; a exatidão de sua percepção de cada imagem; 2) A construção das histórias, sua coerência, riqueza de detalhes; grau de realidade; estilo; 3) Falta de uma fase na história; tendência à descrição ou alegorias; a linguagem usada; pobreza ou riqueza; presença ou ausência de certas categorias verbais; extensão das histórias, etc. Estes detalhes nos informam sobre a inteligência do sujeito; exatidão e clareza do pensamento; suas capacidades artísticas ou literárias, atitudes verbais e também sobre sua intuição psicológica e seu sentido de realidade. As tendências patológicas se descobrem assim facilmente. Análise do conteúdo: Abrange vários pontos, a saber: Tema principal: ✓ Qual o argumento? Como se manifesta a interação das necessidades, pressões e desenlace da história? ✓ Grau de significação: ✓ Clichê ou história específica? Informativa ou evasiva? ✓ Qual o valor da história? Significativa ou convencional? 38 ✓ Menciona fatos ligados à personalidade do examinando? ✓ Em que medida o herói expressa o sujeito? Herói principal: O herói tende a ser o personagem pelo qual o narrador mais se interessa; o que mais se pareça ao sujeito pela idade, sexo e caráter; o que desempenhe o papel central da história; Há histórias em que há vários heróis parciais ou herói primário e secundário. Cada um deles poderá representar tendências não aceitas, mal integradas ou conflitivas do sujeito; O estado interior do herói de cada história é também representativo de um estado interior habitual do sujeito. Conduta do herói: Necessidades e pressões que se manifestam na conduta do herói (vide lista das necessidades e pressões de Murray) Nível de conduta do herói: ✓ Fantasia: O herói se imagina, deseja ou fantasia condutas; ✓ Conduta inibida
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