Buscar

Resenha A escola e o conhecimento fundamentos epistemológicos e políticos Mario Sergio Cortella

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Pro-Posições- vaI. 1.1n. 3 (33)novembro 2000
A escolae o conhecimento:
Fundamentosepistemológicose políticos
MarioAlzirode AlmeidoPimenta.
CORTELLA,MárioSérgio.A escolaeo conhecimento:FundamentosePistemológicosepolíticos.2"
edição.SãoPaulo:Cortez:InstitutoPauloFreire,1999.ColeçãoProspectiva;5.
Estimulantelero livrodoprofessorMárioCortella.É notóriasuacapacidadedearticularuma
gamaenormedeinformaçõesemumaanálisepertinenteque,semdeixardecontercríticasmeticulosas,
consegueaomesmotemposerprofundamenteotimista.Seutrabalho,plenodehumanismo,rompe
comantigasfaláciasdaacademia,entreelasa neutralidadee o racionalismo,geralmente,defendidos
comoseambosfossempossíveis.
Desconstruindodiscursos,principalmentejargõeserepetiçõesautomatizadas- quecom força
ideológicaengendramações,atribuemvalores,assimdeterminandoa realidade-, vairevelandoas
fragilidadese,conseqüentemente,osespaçosparatransformaçãodo quemuitasvezesnosparece
inabalável.Localizaaeducação,esuaeterna"crise",emumpanoramaamplo,marcado,principalmente,
pelainjustiçasocialresultantedeumeficazprojetodedominação,elaboradoeexecutadoporuma
minoriagerando,emcontraposição,umamassadeexcluídos.
Esquerdismo!??Simplificação!??Pontodepartida!!A seguir,adverteparaarepetição,nomicro-
universodaescola,dosequívocoscometidosaosermoslevadospelodramaquenosenvolve:perdemos
overdadeirosentidodenossotrabalhoedesprezamosnossacapacidadedetransformarasituaçãoque
nosoprime.
Na introdução,apontaaurbanizaçãoacelerada,quemarcaahistóriarecentedoBrasil,como
umdosfatoresdeterminantesdosdescalabrosobserváveisemnossosistemaeducacional.Associadoà
urbanização(etambémporelaresponsável),omodeloeconômicodesenvolvimentista,queprivilegiou
aalocaçãoderecursosparacriaçãodeinfra-estruturaindispensávelàindustrializaçãodopaís,contribuiu
paraafalênciadosistemapúblicodeensino.Poroutrolado,lembraqueessemodelotambémteveseu
aspectopositivopoiscontribuiuparaa ampliaçãodo acessodeumgrandenúmerodepessoasà
escolarização.Diantedessecenário,apresentaaanálisedopapeldoconhecimentonaconservaçãoou
transformaçãodadinâmicasocialcomoobjetivocentraldolivro.
No capítulo1,retomandoa premissadequenãoháconhecimentosemo serhumano,fazum
interessante"passeio"pelahistóriabuscandoa(artigobemdefinido)definiçãodoqueéserhumano.
Duranteo"passeio",vaicoletandoerelacionandoelementos(paraareflexãoposterior)fundamentais,
asaber:asorigenseaevoluçãobiológicadasespécies;aculturaqueproduzimosequenosproduz;a
. Professorada UniversidadePaulista.Pesquisadorado GPETCO- Grupo de Pesquisaem Educação. Trabalho
e CulturaOrganizaclonal- Unicamp.
117
Pro-Posições - vol..11n. 3 (33)novembro 2000
açãotransformadoradohomemsobreanaturezaatravésdotrabalho;o conhecimentoeosvalores
comoconstruçãocoletivaebalizadoresdaexistênciahumana;e,finalmente,anão-neutralidadedos
processoseducativos.
No capítulo2,éahistóriadacivilizaçãogrega- maisespecificamentedasuaproduçãode
conhecimento,quepossibilitaareflexãosobreaconstruçãodaidéiadeverdadecomo"descoberta",e
sobreaorigemdaescoladissociadadapráticaprodutiva,poiséfrutodoócio(tempolivre)eriqueza
daaristocracia.Sendoassim,avivênciaeosconhecimentosadquiridosnaescola/óciopossibilitavam
o domíniodaartedefalare argumentarbem,e esseeraumfatordecisivonasassembléiasenos
debatespolíticos,definindo,portanto,comquemficavao poder.
Finalmente,situasuaconcepçãodeconhecimento.Opondo-seaidéiadeverdade,comoalgoa
ser"descoberto"pelosujeitosobreo objeto,elaéconcebidacomoumadimensãofundamentaldo
conhecimento,mascomcarátersocial-constrói-seapartirdarelaçãoentreo sujeitoeo objeto,na
vivênciadocoletivo- ehistórico.
No capítulo3,aotratardarnitificaçãodaciênciaedoscientistas- comomundoeseresfantásticos,
respectivamente- naatualidade,lembrao quantoosprofessorescontribuemparatantoquando
deixamdesituarasreaiscondiçõesdeproduçãodoconhecimento.Essamitificaçãoatingevários
camposdoconhecimento,desdeamatemáticaeafísica,atéahistóriaeageografia.Ela interferena
compreensãodeconceitosefatos,masmaisaindadeterminaumdistanciamentoentreoaprendizeo
conhecimento,respaldadopelosensocomumdequeciênciaécoisapara"gênios".
Masoquefazercomanosdemitificação?E comasestóriasdedescobertas"fantásticas"quenos
foramcontadaseque,porconsiderá-Iasinteressantes,recontamosaosnossospupilos???O professor
CorteIlasugere:revalorizaro prazeredesvelaralutapelopoderqueenvolveo conhecimento.
No capítulo4,mostraumpanoramacomasconcepçõessobrearelaçãoentreaescolaeasociedade.
Chamaatençãoparatrêsdelasquealteramdosesdeotimismo,pessimismo,ingenuidadeecriticidade.
Destacao quedenominaotimismocrítico,comoaconcepçãoqueconsidera"anaturezacontraditória
dasinstituiçõessociais"(pág.135).Nela,apesardeestarcontidaumadimensãoconservadora,há
tambémo espaçoparainovação.Paraquesejapossívelcriar,énecessáriorevermosnossamaneirade
avaliar,nossasconcepçõespréviassobreacriança,nossosmétodosetantasoutrasquestõesquese
apresentamcristalizadas.Sóassimé possívelvislumbraro fimdovíciodocirculovicioso,aquelaatitu-
de,poucoedificante,deatribuirnossofracassoatudoqueestáemvoltaequevemantesdenossa
ação.
Trêsidéiassãoparticularmentecaraseinstigadorasdereflexõesfundamentaisparaacontempo-
raneidade.A primeiraretomaaimportânciadasmídiasnaconstruçãodoimagináriosocial(p.144):
apropagandapromovenossoconsumodemercadorias,ouelamesmanosconsome?Ondeficaa
subjetividadeemmeioaodueloeimpériodasmarcasquenosinvadempelosouvidoseolhos,emcasa
ouforadela,comousemconsentimento?
A segundae a terceira,distanciadasno texto(p.126e 156),masprofundamentepróximas,
tratamdasubstituiçãodoembatehomemversusmundo,peloembatehomemversushomemedatão
"gasta"e questionadaliberdade.No últimoséculo,apesardo traumadeduasgrandesguerras(e,
conseqüentemente,o repúdioaelas),assistiu-seàproliferaçãodeváriosconflitosincompatíveiscom
qualqueridéiadecivilidade.Religião,etniaeeconomiaforamalgunsdosmotivosanunciadosparao
quemaisimpressionava:o embatehomemversushomem,resultantedesuaaindaincapacidadede
encontrarsoluçõespacificasediplomáticas.Difíciljulgarquemtemrazão,afinalsãotantosevariados
argumentosdeambasaspartes...Entretanto,épossívelconstatarqueaceitar,respeitareconvivercom
asdiferençascontinuasendoumgrandedesafio.
Ao tratardaliberdadeedenossacapacidadesingulardedizernão,apresentaumaidéiapreciosa:
Serhumanoéserjusto(p.156).A partirdela,constróiumolharradicalsobrequestõescomoviolência,
118
pro-posiçOes- voi..11n. 3 (33)novembro 2000
injustiçaemiséria.Ou seuniversalizaadeterminaçãodepôrumfimaessasmazelas- independente
dereligião,etniaouvalordoPIB,ouseja,descartando-sequalquerarbitrariedade- oucomoacreditar
queexistahumanidade?Sendoassim,pensar,comosugereo autor,talvezajudeaencontrarsoluções
paraosimpassesqueafetamdesdepequenosgruposaténaçõesearedefiniropapeldaescola,umavez
queelacontinuasendoo espaçolegítimodeformaçãodocidadão.
Comumdomíniodeconteúdoedelinguagemprópriodequemviveplenamenteossaborese
dissaboresdaeducação,o professorCortellarealizouumpequenolivro,masumgrandetrabalho!
119

Continue navegando