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Interferômetro de Michelson Eliude Boaventura Matos, Everton Crestani Rambo, Thaís Kathleen Albernaz Física Bacharelado – 30326931 – Laboratório de Física Moderna Resumo Um dos principais desafios da física é compreender a natureza da luz. Essa complexidade oferece diversas áreas de pesquisa e aplicações. Apresentaremos os resultados experimentais obtidos no experimento de Michelson. Tal experimento mostra que é possível determinar a medida de comprimentos de onda e índices de refração. Introdução Durante os séculos sempre tivemos muita dúvida sobre o que é a luz e a sua natureza. E quanto mais se estudava mais complexa ela se tornava. A ideia de Éter surgiu entre as discussões a respeito da natureza da luz, onde alguns defendiam que esta seria corpuscular, ou seja, dotada de matéria, já outros defendiam que a natureza da luz seria ondulatória. Com isto o éter veio a contribuir com a ideia de que a luz seria uma onda, uma vez que precisaria de um meio material onde se propagar, e este meio foi chamado de éter. Suas características seriam tais que não alterariam as rotas dos planetas, sendo somente de interação com a luz, proporcionando meios para esta se locomover pelo espaço interplanetá- rio e interestelar. O experimento de Mi- chelson e Morley, cujo objetivo era medir a velocidade da Terra em relação ao éter luminífero, levou os cientistas a abandonar esta hipótese. Além disso, tal experimento foi usado para detecção de ondas gravitacionais, como filtro de banda estreita sintonizável e como núcleo da transformada de Fourier. [1,2] Hoje já sabemos que a luz tem característica dual, hora se comporta como partícula hora como onda. Assim temos situações onde há interferência que é uma propriedade de onda. Isto acontece devido a uma diferença de fase entre as funções de onda atribuída à cada feixe de luz. Um experimento onde podemos verificar tal característica de interferência é o interferômetro de Michelson. Com a ajuda de um laser (luz com um feixe específico) e espelhos conseguimos dividir o feixe de luz e provocar uma diferença de caminho, com isso conseguimos ver em um anteparo a interferência provocada por essa dife- rença. No experimento, utilizamos o aparato conforme especificado na figura 1. Fig. 1: Interferômetro de Michelson.[3] A figura 2 é um esboço do funcionamento do aparato anterior. O feixe do laser incide sobre o espelho semi- refletor S3 central segundo um ângulo de incidência de 45°, sendo então dividido em dois feixes perpendiculares. Estes são refletidos pelos outros dois espelhos cruzados (S1 e S2) e a seguir direcionados para o anteparo de observação (screen). [3] Fig 2: Esboço do aparato experimental. [3] A superposição dos feixes refletidos pelos espelhos S1 e S2 na tela de observação dá origem a um padrão de franjas de interferência circulares devido à diferença de caminho ótico de cada feixe conforme pode ser observado na figura 3. Fig 3: Padrão de interferência. [4] Sejam d1 e d2 as distâncias entre o ponto médio do divisor central S3 e os espelhos S1 e S2, respectivamente, e d a diferença entre essas duas distâncias. Então a distancia das imagens virtuais L1 e L2 será dada por: ∆𝐿 = 2𝑑 (3) A diferença de fase (∆𝜙) entre os raios paralelos que partem de L1 e L2, ao chegarem à tela, pode ser descrito como: ∆𝜙 = 2𝜋 𝜆 (2𝑑𝑐𝑜𝑠𝜃) + ∆𝜙0 (2) Onde 𝜆 é o comprimento de onda do laser e 𝜙0 é a diferença global de fase. Os mínimos são obtidos quando satisfazem a condição de uma diferença de caminho de 𝜆/2, obedecendo a seguinte relação: 2𝑑𝑐𝑜𝑠𝜃 = (𝑚 + 1 2 ) 𝜆 − 𝜆 2𝜋 ∆𝜙0 (3) Onde m é um número inteiro. Se o espelho S2 é deslocado de uma distância ∆𝑥2, a distância entre L1 e L2 muda para: ∆𝐿′ = 2𝑑 ± 2∆𝑥2 (4) Suponha que d satisfaça inicial- mente uma condição de máximo ou mínimo para um dado m. O anel corres- pondente vai passar de uma condição de mínimo para outro cada vez que ∆𝑥2 for um múltiplo inteiro 𝜆/2. Podemos obter uma relação direta entre o comprimento de onda e o deslocamento do espelho. Se o espelho for deslocado de uma distância total D2 enquanto são contados N mínimos no centro da tela então: 𝜆 = 2 𝐷2 𝑁 (5) Todo meio possui um índice de refração característico, pois a luz ao mudar de meio altera sua velocidade, e consequentemente seu comprimento de onda. Através do interferômetro de Michelson é possível medir o índice de refração do ar à pressão atmosférica introduzindo diante do espelho S1 uma célula contendo ar. A variação do índice de refração do ar (𝑛) com a pressão (𝑝) pode ser escrita numa primeira aproximação segundo uma função linear: 𝑛(𝑝) = 𝑛0 + ∆𝑛 ∆𝑝 𝑝. (6) Onde 𝑛0 = 1 é o índice de refração do vácuo, e a razão ∆𝑛 ∆𝑝 é o parâmetro a ser determinado experimentalmente. Se a célula cheia de ar à pressão (𝑝) possui uma espessura t, então o caminho ótico percorrido dentro da célula pelo feixe que é refletido em S1, após atravessá-lo duas vezes é dado por: 𝑥 = 𝑛(𝑝)2𝑡. (7) Se a pressão dentro da célula for alterada de 𝑝 para 𝑝 + 𝛥𝑝, então o caminho ótico do mesmo raio sofrerá uma alteração de: 𝛥𝑥 = [ 𝑛(𝑝 + 𝛥𝑝) − 𝑛(𝑝)]2𝑡. (8) Cada alteração de mínimos corresponde à uma mudança no caminho ótico de um comprimento de onda, então a contagem do número de alterações entre os valores de pressão 𝑝 e 𝑝 + 𝛥𝑝, represen- tado por 𝑁 (𝑝 + 𝛥𝑝) − 𝑁(𝑝), está relacionada à variação no caminho ótico por: |𝛥𝑥| = [𝑁(𝑝 + 𝛥𝑝) − 𝑁(𝑝)] 𝜆. (9) Combinando as equações (8) e (9), obtêm-se: 𝛥𝑛 𝛥𝑝 = | 𝛥𝑁 𝛥𝑝 | 𝜆 2𝑡 . (10) Procedimento Experimental A. Montagem e Ajustes preliminares 1. Para o alinhamento inicial do siste- ma removeu-se a lente convergente, de modo que os feixes laser que chegavam à tela de observação produzissem imagens pontuais. 2. Ajustaram-se os dois parafusos localizados atrás do espelho fixo S1 (localizado ao longo da direção inicial do feixe), de modo que as duas imagens coincidissem na tela de observação. 3. Foi posicionada a lente convergente (distância focal = + 20 mm) no trilho ótico aproximadamente a meio caminho entre o laser e o interferômetro, de forma a produzir uma imagem real pontual que será a fonte de luz para o interferômetro. 4. Regularam-se novamente os dois parafusos de controle do espelho S1 de modo a obter um padrão de interferência que pudesse ser nitidamente observado, sendo formado por franjas concêntricas. B. Determinação do comprimento de onda do laser de He-Ne 5. Marcou-se uma região na tela de observação formada por uma franja escura (interferência destrutiva). As franjas podem ser melhor ajustadas mudando-se a distância entre o espelho semi-refletor central e o espelho móvel S2, através de um parafuso micrométrico conectado ao espelho S2. 6. Continuou-se girando o parafuso micrométrico em um mesmo sentido, observando a alternância entre máximoe mínimos na região que havia sido previamente marca- da no procedimento 5. 7. Após 5 alternância de mínimos, foi anotado a distância percorrida pelo espelho 2 medida no parafuso micrométrico. 8. Repetiu-se o procedimento 7 varias vezes. Sendo necessário as vezes o reajuste dos parafusos de controle do espelho S1 para melhor visua- lização das franjas de interferência. 9. Organizou-se em uma tabela os dados do números de alternância de 5 em 5 mínimos (N) em função da distância percorrida pelo espelho S2 (D2). Utilizando as várias medidas efetuadas para obter valores médios e incertezas para D2. 10. Através dos dados obtidos plotou- se um gráfico de N em função de D2, e foi determinado através de um ajuste linear o comprimento de onda do laser He-Ne utilizado. C. Determinação do índice de refra- ção do ar 11. Foi repetido o procedimento 5, posicionando uma célula para armazenamento de gás , contendo ar á pressão atmosférica, no espaço apropriado localizado diante do espelho S1. 12. Mantendo a saída da célula fechada foi conectado a entrada à uma bomba de vácuo manual, através de uma mangueira de silicone. 13. Foi reduzida gradualmente a pres- são dentro da célula, utilizando a bomba manual. Observando a alternância de máximos e mínimos de interferência na região pre- viamente delimitada no anteparo. Também foi feito o inverso abrindo-se a válvula da bomba de vácuo aumentando a pressão. 14. Para cada variação de mínimo anotou-se a variação de preção (Δp) lida no manômetro. 15. O procedimento 13 e 14 foram repetidos varias vezes. 16. Organizou-se em uma tabela os dados do números de alternância de mínimos (N) em função da variação de pressão correspondente a cada mínimo (Δp) . Utilizando as várias medidas efetuadas para obter valores médios e incertezas para (Δp). 17. Através dos dados obtidos plotou- se um gráfico de N em função de (Δp), e foi determinado através de um ajuste linear o valor da razão ∆𝑁 ∆𝑝 . 18. Utilizando a equação (10) foi obtido o valor de 𝛥𝑛 𝛥𝑝 . 19. Utilizando-se a equação (6) determinou-se o índice de refração do ar à pressão atmosférica e temperatura ambiente. Comparando com os valores tabelados. Resultados e Discussão Os dados obtidos no item B do procedimento estão expostos na tabela (1) Tabela 1: Dados experimentais N D2 N D2 N D2 0 0,00206 170 0,000263 340 0,000324 5 0,000208 175 0,000265 345 0,000326 10 0,00021 180 0,000267 350 0,000328 15 0,000211 185 0,000269 355 0,00033 20 0,000214 190 0,000271 360 0,000332 25 0,000215 195 0,000272 365 0,000334 30 0,000216 200 0,000274 370 0,000336 35 0,000218 205 0,000276 375 0,000337 40 0,00022 210 0,000278 380 0,000339 45 0,000221 215 0,00028 385 0,000341 50 0,000223 220 0,000281 390 0,000342 55 0,000224 225 0,000283 395 0,000344 60 0,000226 230 0,000285 400 0,000346 65 0,000227 235 0,000287 405 0,000347 70 0,000229 240 0,000289 410 0,000349 75 0,000231 245 0,000291 415 0,000351 80 0,000232 250 0,000292 420 0,000353 85 0,000234 255 0,000294 425 0,000354 90 0,000235 260 0,000296 430 0,000356 95 0,000237 265 0,000298 435 0,000358 100 0,000238 270 0,0003 440 0,00036 105 0,00024 275 0,000302 445 0,000361 110 0,000242 280 0,000303 450 0,000363 115 0,000244 285 0,000305 455 0,000365 120 0,000245 290 0,000307 460 0,000366 125 0,000249 295 0,000308 465 0,000368 130 0,00025 300 0,00031 470 0,00037 135 0,000252 305 0,000312 475 0,000372 140 0,000254 310 0,000313 480 0,000373 145 0,000255 315 0,000315 485 0,000375 150 0,000257 320 0,000317 490 0,000377 155 0,000258 325 0,000319 495 0,000378 160 0,00026 330 0,000321 500 0,00038 165 0,000262 335 0,000322 505 0,000382 Onde N é o número de alternâncias de mínimos, e D2 a distância percorrida pelo espelho 2. Com estes valores encontramos que a média de D2 percorrida a cada 5 alternância é 1,72772E -6 μm. Com os dados da tabela (1) foi plotado o gráfico da figura (4). Fig. 4: Interpolação linear de N em função de D2. Com os dados plotados na figura (4), foi feito uma interpolação linear, obtendo o valor para o coeficiente angular da reta α = 3,52064E-7. Através da equação (5) observamos que α = λ/2, Logo λ = 704,128 nm, o que esta próximo do valor esperado fornecido no aparelho de 632,8 nm. Pela teoria exposta temos que para haver uma interferência destrutiva, é necessário que haja uma diferença de caminho de λ/2. Utilizando os valores expostos anteriormente temos que para a alternância de um mínimo é em média 345,544 nm, ou seja, equivale aproximadamente a meio comprimento de onda que obtivemos no experimento. Os dados obtidos no item C do procedimento estão expostos na tabela (2) Tabela 2: Dados experimentais referentes à variação da pressão. N Δp1 Δp2 Δp3 Δp Médio 1 120 110 140 123,3333 2 240 230 245 238,3333 3 360 350 380 363,3333 4 500 460 495 485 5 610 600 625 611,6667 6 745 710 725 726,6667 7 860 810 810 826,6667 Onde Δp é a variação de pressão correspondente a cada alternância de mínimo. Foi feito três vezes esta medida de Δp e obtemos sua média com a qual plotamos o gráfico da figura (5) Fig. Fig. 5: Interpolação linear de N em função de Δp. Com os dados plotados na figura (5), foi feito uma interpolação linear, obtendo o valor para o coeficiente angular da reta β = 0,11911. Conforme o item 17 do procedimento precisamos obter: ∆𝑁 ∆𝑝 = 1 𝛽 de acordo com a interpolação do gráfico temos, ∆𝑁 ∆𝑝 = 8,395600705 mbar. Utilizamos este valor na equação (10), empregando os valores fornecidos para comprimento de onda do laser λ = 632,8 nm, espessura da célula de gás t = 10 mm, obtendo ∆𝑛 ∆𝑝 = 0,265636806 bar-1. Para determinar o índice de refra- ção do ar à pressão atmosférica (p = 1013 mbar), e temperatura ambiente, utilizamos a equação (6) com o índice de refração no vácuo n0 = 1, obtendo n(p) = 1,00026909 Comparando com os valores fornecidos em bibliografias, o resultado está satisfatório pois, o valor teórico é de 1,00029. [5] Conclusão Inicialmente o interferômetro de Michelson foi desenvolvido para a detecção do éter, e chegou-se à conclusão que ele não existe. Apesar disso, este experimento foi importante para outros fins, como por exemplo, obter medidas precisas. Em nosso experimento obtivemos o comprimento de onda de um laser e o índice de refração do ar a pressão atmosférica com uma precisão boa em relação às especificações do fabricante no caso do laser, e de acordo com valores tabelados em livros no caso do índice de refração do ar. No espaço, o interferômetro tem desempenhado um papel importante, revelando temperaturas e ventos na atmosfera superior, medindo larguras de Doppler e mudanças nos espectros de brilho do ar e aurora. [2] Referências [1] Disponível em: <http://pt.wikipedia .org/wiki/%C3%89ter_lumin%C3%ADfer o> acessado em 24/11/2014 ás 13:20 [2] Disponível em: <http://pt.wikipedia.org /wiki/Interfer%C3%B4metro_de_Michelso n> acessado em 24/11/2014 ás 14:00 [3] Disponível em: < http://www.plncien cia.com.br/roteiros/0228_UFES.pdf> aces- sado em 17/11/2014 ás 14:15 [4] Disponível em: <http://www.famaf.unc .edu.ar/~pury/famaf.gui/optlabs/guia09/index.html > acessado em 19/11/2014 ás 15:00 [5] Disponível em: < http://www.rc.unesp. br/igce/petrologia/nardy/mon.html> aces- sado em 17/11/2014 ás 17:00
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