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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS Instituto de Física Davi Meneses Laryssa Ferro Mateus Gerolineto Interferômetro de Michelson: Medida de λ e do Índice de Refração de Gases Goiânia 2020 Resumo Neste trabalho utilizamos um interferômetro de Michelson para calcular o índice de refração do ar e o comprimento de onda de um laser de He-Ne. A luz que sai de uma fonte e passa pelo interferômetro de Michelson gera um padrão de interferência da forma de círculos concêntricos, ao girar o parafuso do micrometro a diferença de fase das luzes incidentes variam gerando interferências construtivas e destrutivas no centro do padrão de interferência. Realizando a contagem de 500 variações foi calculado o comprimento de onda do laser. Utilizando o aparato e uma cubeta com uma bomba de vácuo mediu-se o índice de refração do ar de acordo com a pressão. Ao fim do experimento chegamos ao valor do comprimento de onda 𝜆 = (510 ± 4) 𝑛𝑚 e do índice de refração do ar 𝑛(1013,25 ) = 1,00027. Palavras-chaves: Comprimento de Onda, Índice de Refração, Laser 1) Introdução O objetivo central deste experimento é medir o comprimento de onda de um laser de He-Ne e o índice de refração de gases usando o interferômetro de Michelson. 1.1) Interferência de ondas O efeito de interferência é uma característica da natureza ondulatória associada à superposição das ondas. Thomas Young, em 1801 demonstrou esse efeito utilizando uma fonte puntiforme de luz F (Figura 1) para iluminar um anteparo opaco A, onde haviam dois buracos de alfinete P1 e P2 muito próximos entre si e observou o resultado sobre outro anteparo O, cada ponto P do qual é atingido por dois caminhos diferentes 1 (P1P) e 2 (P2P ). O experimento resulta em franjas brilhantes e escuras (franjas de interferência - Figura 2 ) ao invés da soma das iluminações dos dois orifícios Figura 1: Experimento de Young. Figura 2: Desenho original de Young sobre as franjas de interferência na superfície da água. Consideremos a superposição de duas ondas progressivas harmônicas de mesma frequência e que se propagam no mesmo sentido. Sejam: 𝑦1(𝑥, 𝑡) = 𝐴1𝑠𝑖𝑛(𝑘𝑥 − 𝜔𝑡 + 𝛿1) (1) 𝑦2(𝑥, 𝑡) = 𝐴2𝑠𝑖𝑛(𝑘𝑥 − 𝜔𝑡 + 𝛿2) (2) A onda resultante é dada por: 𝑦(𝑥, 𝑡) = 𝑦1(𝑥, 𝑡) + 𝑦2(𝑥, 𝑡) = 𝐴 𝑠𝑖𝑛(𝑘𝑥 − 𝜔𝑡 + 𝛿) (3) 𝐴2 = 𝐴1 2 + 𝐴2 2 (4) 𝛿 = 𝛿1 − 𝛿2 (5) Para ondas de mesma frequência, a intensidade de cada onda é proporcional ao quadrado de sua amplitude, Ii α 𝐴𝑖 2com a mesma constante de proporcionalidade, de modo que, chamando de I1 e I2 as intensidades das componentes e I a da resultante, a Equação (4) resulta em: 𝐼 = 𝐼1 + 𝐼2 + 2√𝐼1𝐼2 𝑐𝑜𝑠𝛿 (6) Portanto, a superposição de duas ondas harmônicas progressivas que se propagam na mesma direção e sentido é outra onda do mesmo tipo, mas a intensidade da resultante é dada pela Equação (6) que, por sua vez, geralmente é diferente da soma das intensidades das componentes, dependendo da diferença de fase entre elas. 1.2 Interferômetro de Michelson A palavra laser é uma derivação das iniciais da expressão em inglês light amplification by stimulated emission of radiation (‘amplificação da luz pela emissão estimulada da radiação’). O laser é uma fonte de luz que produz um feixe de luz altamente coerente e quase totalmente monocromático em virtude da emissão cooperativa de diversos átomos. No interferômetro de Michelson, Figura 3, a luz do laser (S) é dividida em dois feixes por um espelho de vidro semi- prateado num ângulo de 45°. Então estes feixes são refletidos por dois espelhos (P1 e P2) passando novamente através do espelho semi-prateado para produzir o fenômeno da interferência, cujo padrão é da forma de círculos concêntricos em um anteparo (D), conforme mostra a Figura 4. Figura 3: Esquema do interferômetro de Michelson Figura 4: Padrão de interferência. O padrão circular pode ser entendido através da Figura Figura 5: Demonstração da formação do padrãode interferência No esquema ilustrado pela Figura 5, o espelho real (P2) foi substituído por um espelho virtual (M2) formado pela reflexão no espelho semi-prateado. Assim, M2 é paralelo a M1 ≡ P1. Devido a várias reflexões, num interferômetro real podemos supor a fonte de luz como estando atrás do observador L e formando duas imagens L1 e L2 nos espelhos M1 e M2. Se d é a separação entre M1 e M2, as fontes virtuais estarão separadas de 2d. Pela Figura 5, a diferença de caminho é: ∆𝑟 = 2𝑑𝑐𝑜𝑠𝜃 (7) Na interferência destrutiva devemos ter y = 0 na Equação (3). Ao fazermos y(∆r, 0) = 0, ou seja, sin(k∆r + 𝛿) = 0 em um instante de tempo fixo t (arbitrariamente escolhido como t = 0, sem perda de generalidade) encontramos: |𝛿| = 𝑘∆𝑟 = 2𝜋 𝜆 2𝑑𝑐𝑜𝑠𝜃 (8) Para um dado feixe que foi dividido em dois, a intensidade não é alterada, de tal sorte que temos, na Equação (6), I2 = I1, ou seja: 𝐼 = 2𝐼1(1 + 𝑐𝑜𝑠𝛿) → 𝐼 = 4𝐼1𝑐𝑜𝑠 2(𝛿/2) (9) Onde I é a intensidade da onda resultante e I1 a intensidade do feixe original. Observamos que a intensidade I é máxima (interferência construtiva) para valores de 𝛿 que sejam múltiplos inteiros de 2𝜋, ou seja, pela Equação (8) temos a condição de interferência construtiva, 2𝑑𝑐𝑜𝑠𝜃 = 𝜆𝑚 , 𝑐𝑜𝑚 𝑚 ∈ 𝑁 (10) Isolando d da Equação (10) e como |cos𝜃| < 1, a menor distância dmin que pode ser medida com um interferômetro de Michelson ocorre para 𝜃 = 0° e m = 1, ou seja, 𝑑𝑚𝑖𝑛 = 𝜆 2 (11) 1.3) Índice de refração de gases Uma das aplicações para o interferômetro de Michelson é a medição de índices de refração de gases através da pressão do gás que varia pelo intermédio de uma cubeta de comprimento s e é colocada no caminho do feixe do laser. A velocidade de propagação de um feixe de luz em um meio depende do índice de refração desse meio, o índice de refração do gás depende da pressão, assim a pressão influencia na propagação da luz no gás. O índice de refração n de um gás é linearmente dependente da pressão p a que ele está submetido: 𝑛(𝑝) = 𝑛(0) + ∆𝑛 ∆𝑝 𝑝 (12) Onde n(0) = 1, logo: ∆𝑛 ∆𝑝 = 𝑛(𝑝 + ∆𝑝) − 𝑛(𝑝) ∆𝑝 (13) A velocidade da luz em um meio com índice de refração n é dada por v = c/n, onde c é a velocidade da luz no vácuo. Com isso, o tempo que uma frente de onda luminosa leva para percorrer uma certa distância d nesse meio é t = d/v = nd/c. O produto nd é denominado caminho ótico associado ao percurso. Assim, o caminho ótico para o feixe que passa pela cubeta de comprimento s é dado por: 𝑥 = 𝑛(𝑝)𝑠 (14) Se a pressão no recipiente for variada de deltap, este caminho ótico sofrerá uma variação equivalente a: ∆𝑥 = 𝑛(𝑝 + ∆𝑝)𝑠 − 𝑛(𝑝)𝑠 (15) Com uma pressão inicial ambiente p0 e diminuindo-se a pressão até um valor p, observasse que o padrão de interferência com o centro escuro, por exemplo, se repetirá N vezes, onde cada mudança de mínimo (escuro-claro-escuro) corresponde a variação de um comprimento de onda 𝜆 no caminho ótico. Assim, a variação do caminho ótico entre p e p + ∆p é dada por: ∆𝑥 = [𝑁(𝑝) − 𝑁(𝑝 − ∆𝑝)𝑠] 𝜆 (16) Como o feixe de luz atravessa duas vezes a cubeta, igualando as Equações (15) e (16), a variação do índice de refração será dada por: 𝑛(𝑝 + ∆𝑝) − 𝑛(𝑝) = [𝑁(𝑝) − 𝑁(𝑝 − ∆𝑝)𝑠] 𝜆 2𝑠 (17) ou pela Equação (13), ∆𝑛 ∆𝑝 = − ∆𝑁 ∆𝑝 𝜆 2𝑠 (18) Na qual quantidade ∆N/∆p pode ser determinada a partir do gráfico entre o número de variações do padrão de interferência versus a pressão: ∆𝑁 = [ ∆𝑁 ∆𝑝 ] ∆𝑝 (19) Assim, pode-se determinaro índice de refração n a partir das Equações (12) e (18). 2) Procedimento Experimental 2.1) Medida do comprimento de onda do laser O aparato experimental utilizado neste experimento é mostrado na figura 6. Consistindo de um interferômetro de Michelson, um laser de He-Ne, uma lente de 20 mm de foco, uma cubeta de 10mm comprimento, uma bomba de vácuo manual com manômetro e um anteparo. Figura 6: Aparato experimental utilizado na medida do comprimento de onda. Primeiramente o laser é ligado e estabilizado por cerca de 10 min. Caso dois pontos sejam observados, deve-se ajustar os espelhos do interferômetro girando os parafusos existentes atrás de cada espelho até que estes dois pontos coincidam. A posição da lente é ajustada entre o laser e o interferômetro para que os dois pontos no anteparo fiquem mais largos e um padrão de interferência na forma de circular seja observado no anteparo, por último reajuste cuidadosamente os parafusos atrás dos espelhos até que um padrão na forma de anéis concêntricos apareça no anteparo. Para medir o comprimento de onda, o parafuso do micrômetro deve ser girado para qualquer posição inicial (de preferência mais próxima do zero) na qual o centro do padrão de interferência no anteparo seja um círculo escuro. O parafuso deve ser agora girado sempre em um mesmo sentido e a contagem deve ser feita a cada vez que o centro do padrão de interferência ficar escuro (ou claro se você começar a contagem com ele claro), fazendo no mínimo 500 contagens. Caso o ponto central do padrão de interferência se mova saindo de sua posição inicial, deve-se reajustar o mesmo girando os parafusos existentes atrás de um dos espelhos. A contagem neste caso deve ser reiniciada. A distância (d) percorrida pelo espelho deve ser lida no parafuso do micrometro e o resultado deve ser dividido por 10. Utilizando a equação (1) e o valor de d com m = número de contagens e θ = 0° para calcular o comprimento de onda do laser de He-Ne. 2.2) Medida do índice de refração do ar Para determinar o índice de refração de gases é colocado uma cubeta de comprimento s para o caminho do feixe do laser, próxima ao espelho fixo. Ajustando o interferômetro e a lente para obter um padrão de círculos concêntricos. Iniciando da pressão ambiente (po = 1013,25 mbar) diminua a pressão usando a bomba de vácuo anotando o número de mínimos que chegam ao centro do padrão de interferência (número de períodos). Anotando em uma tabela o número de períodos (N) em função da pressão (p). Nota-se que o valor p que você está medindo o decréscimo sofrido pela pressão ambiente dentro da cubeta. Fazendo as medidas para N variando de 1 até 7. 3) Resultados e Discussões 3.1) Medida do comprimento de onda do laser Os valores obtidos para a distância percorrida pelo espelho até parafuso do micrometro, seguidamente divididos por 10, são: D1 = (0,1620 ±0,0005) mm D2 = (0,1535 ±0,0005) mm D3 = (0,1470 ±0,0005) mm D4 = (0,1670 ±0,0005) mm A média das distâncias é de (0,1574 ± 0,0005) mm. Utilizando m = 500. e aplicando a seguinte equação: 2𝑑 𝑐𝑜𝑠𝜃 = 𝑚 𝜆 Podemos calcular o Comprimento de onda do laser Hélio-neônio: 2.0,1574.1 = 500. 𝜆 𝜆 = (510 ± 4) 𝑛𝑚 O laser hélio-neônio (He-Ne) possui um comprimento de onda de 632,8 nm, e a medida do comprimento de onda calculado fora muito próximo do valor real 3.2) Medida do índice de refração do ar Utilizando uma cubeta (s) de 10mm comprimento, e adotando o comprimento de onda real do laser hélio-neônio (HeNe) de 632,8 nm. O úmero de períodos, chamado de N, varia de 1 até 7. Vale ressaltar que existe a margem de erro de 10 mbar em todas a medidas de Decréscimo da pressão. A seguinte tabela Expõem os dados obtidos no experimento. Número de períodos Decréscimo da pressão (mbar) Decréscimo da pressão (mbar) Decréscimo da pressão (mbar) Decréscimo da pressão (mbar) Média do Decréscimo da pressão (mbar) 1 117 120 120 119 119 2 220 240 240 233 233,25 3 337 341 360 346 346 4 460 480 495 478 478,25 5 578 595 600 591 591 6 715 720 720 718 718,25 7 822 840 825 829 829 Tabela 1: Decréscimo da pressão obtidos, a média desses decréscimos e o período elativo. Aplica-se uma regressão linear utilizando o número de períodos no eixo das ordenadas e a média Decréscimo da pressão no eixo das abcissas. A equação referente a regressão é: ∆𝑛 ∆𝑝 = − ∆𝑁 ∆𝑝 𝜆 2𝑠 Onde o coeficiente linear é assumido zero e a taxa de varição é o termo: − ∆𝑁 ∆𝑝 Gráfico 1: Relação de Número de períodos por média do decrèscimo da pressão É obtido a partir da regressão linear: − ∆𝑁 ∆𝑝 = 0,008431 (𝑚𝑏𝑎𝑟)−1 Substituindo os valores para− ∆𝑁 ∆𝑝 , 𝜆 e sabendo que a distância s = 10 𝑚𝑚, na seguinte equação: ∆𝑛 ∆𝑝 = − ∆𝑁 ∆𝑝 𝜆 2𝑠 ∆𝑛 ∆𝑝 = 0,008430948. 632,8.10−6 2.10 ∆𝑛 ∆𝑝 = 2,667.10−7 (𝑚𝑏𝑎𝑟)−1 Utilizando a equação: 𝑛(𝑝) = 𝑛(0) + ∆𝑛 ∆𝑝 . 𝑝 Onde o índice de refração 𝑛(0) = 1, em que a pressão ambiente (p) é de 1013,25 mbar, logo: 𝑛(1013,25 ) = 1 + 2,667.10−7. 1013,25 𝑛(1013,25 ) = 1,00027 O índice de refração do arcalculado foi de 1,000267 a uma pressão de 1013,25 mbar. Um valor bastante próximo para o índice de refração real do ar, que na CNTP possui o valor de 1,00029. Conclusão O objetivo deste experimento é medir o comprimento de onda de um laser de He-Ne e o índice de refração de gases usando-se o interferômetro de Michelson. No qual fora obtido o valor 𝜆 = (510 ± 4) 𝑛𝑚. Uma margem de erro de 19,41% em relação ao comprimento de onda real do laser hélio-neônio (He-Ne) de 632,8 nm. Na segunda parte do experimento é utilizada uma das várias aplicações do interferômetro de Michelson, a medida de índices de refração através da variação da pressão do gás. Medindo- se o índice de refração de uma cubeta de comprimento s colocada no caminho do feixe do laser próxima ao espelho fixo, onde foi obtido um índice de refração de 1,000267 a uma pressão de 1013,25 mbar. Possuindo um erro de 7,93% em relação ao valor tabelado de 1,00029 para o índice de refração do ar na CNTP. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 N ú m e ro d e p e rí o d o s Média do Decréscimo da pressão (mbar) Resolução das Questões Propostas: 1) O caminho ótico segue o princípio de Farmat, explicando aspectos que determinam a trajetória de um feixe luminoso "A trajetória percorrida pela luz ao propagar-se de um ponto a outro é tal que o tempo gasto para percorrê-la é estacionário a respeito das possíveis variações de trajetória.". Com o princípio de Fermat é possível deduzir a Lei de Snell. Já óptica geométrica se preocupa em analisar a trajetória da propagação da luz, por princípios da independência dos raios luminosos, da reversibilidade dos raios luminosos, da propagação retilínea dos raios luminosos. Ambas são focadas em explicar a trajetória de um feixe luminoso, mas cada uma foca em fenômenos diferentes. 2) O raio laser é um tipo de radiação eletromagnética visível ao olho humano. Laser é uma palavra que é formada a partir das palavras light amplification by stimulated emission of radiation, que juntas significam “amplificação da luz por emissão estimulada por radiação”. O laser possui com ass principais características ser monocromático, coerente, direcional e de alta intensidade. 3) A mistura dos gases hélio e neon, na proporção de aproximadamente 9: 1, contidos a baixa pressão em um envelope de vidro. A mistura de gases é principalmente de hélio, de modo que os átomos de hélio podem ser excitados. Os átomos de hélio excitados colidem com átomos de néon, levando alguns deles ao estado que irradia 632,8 nm. Figura 7: Diagrama esquemático de um laser de hélio-néon O mecanismo que produz inversão e amplificação de luz em um plasma de laser He-Ne se origina com a colisão inelásticade elétrons energéticos com átomos de hélio no estado fundamental na mistura de gases. Conforme mostrado no diagrama de nível de energia que acompanha, essas colisões excitam átomos de hélio do estado fundamental para estados excitados de alta energia, entre eles o 23S1 e 21S0 (acoplamento LS, ou Russell-Saunder, número frontal 2 indica que um elétron excitado está n = 2 estado) são estados metaestáveis de longa duração. Por causa de uma quase coincidência fortuita entre os níveis de energia dos dois estados metaestáveis de He e os níveis de néon 5s2 e 4s2 (notação Paschen), as colisões entre esses átomos metastáveis de hélio e os átomos de néon do estado fundamental resultam em uma transferência seletiva e eficiente de energia de excitação do hélio ao néon. Este processo de transferência de energia de excitação é dado pelas equações de reação: He*(23S1) + Ne1S0 → He(1S0) + Ne*4s2 + ΔE, He*(21S) + Ne1S0 + ΔE → He(1S0) + Ne*5s2, Onde * representa um estado excitado, e ΔE é a pequena diferença de energia entre os estados de energia dos dois átomos, da ordem de 0,05 eV, ou 387 cm − 1, que é fornecida pela energia cinética. A transferência de energia de excitação aumenta muitas vezes a população dos níveis 4s2 e 5s2 de neon. Quando a população desses dois níveis superiores excede a do nível inferior correspondente, 3p4, ao qual eles estão opticamente conectados, a inversão populacional está presente. O meio torna-se capaz de amplificar a luz em uma banda estreita a 1,15 μm (correspondendo à transição 4s2 para 3p4) e em uma banda estreita a 632,8 nm (correspondendo à transição 5s2 para 3p4). O nível 3p4 é esvaziado de forma eficiente pela rápida degradação radiativa para o estado 3s, eventualmente atingindo o estado fundamental. Figura 8: Níveis de energia em um laser He-Ne. A etapa restante na utilização da amplificação óptica para criar um oscilador óptico é colocar espelhos altamente refletivos em cada extremidade do meio de amplificação para que uma onda em um modo espacial específico reflita sobre si mesma, ganhando mais potência em cada passagem do que é perdida devido a transmissão através dos espelhos e difração. Quando essas condições são atendidas para um ou mais modos longitudinais, a radiação nesses modos aumentará rapidamente até que ocorra a saturação de ganho, resultando em uma saída de feixe de laser contínua estável através do espelho frontal (normalmente 99% refletivo). 4) O interferômetro de Michelson e outros tipos de interferômetros podem ser usados para medidas muito precisas de distâncias, empregando-se radiação monocromática com comprimento de onda conhecido. Discuta qual a vantagem da utilização de interferômetros para esse fim e, utilizando o valor do comprimento de onda do laser de He-Ne usado nesta prática, estime qual a menor distância que pode ser medida com um interferômetro de Michelson. O interferômetro pode ser utilizado para efetuar medidas de ângulos e distâncias aproveitando a interferência de ondas eletromagnéticas que ocorre quando estas interagem entre si. Este fenômeno das interferências que ocorrem devido à interação de ondas é aproveitado em instrumentos eletrônicos de medida. Um instrumento bastante conhecido se chama "interferômetro de Michelson". Este equipamento realiza a interação de ondas luminosas através da divisão de um feixe em duas séries de ondas. Isto se dá pela ação de um espelho parcialmente prateado, que de um lado reflete e de outro permite a passagem da luz. O feixe dividido em duas séries vai para outros espelhos totalmente refletores e em seguida é recomposto. A intensidade luminosa que resulta da interação entre as ondas, produz franjas brilhantes e escuras quando ocorre a soma e cancelamento. A visibilidade do padrão formado é proporcional à pureza espectral do raio luminoso. Quanto menor a amplitude de comprimentos de ondas presentes melhor a qualidade. O interferômetro de Michelson mede os comprimentos das trajetórias percorridas pelas duas ondas de luz com uma precisão maior do que um comprimento de onda. É utilizado na medição de precisão. Outro exemplo de interferómetro é o Fabri-Perot, neste existem dois espelhos paralelos onde a luz reflete muitas vezes. Devido à interação das muitas reflexões, poucos comprimentos de onda não se anulam. Isto permite uma seleção de certos comprimentos de onda pré-definidos. Este tipo de instrumento é utilizado como um filtro luminoso onde só é permitida a passagem de luz visível, por exemplo sendo o infravermelho filtrado pelo processo. Referências Bibliográficas Carvalho, J. F; Santana, R. C. Física Experimental V (Experimentos de Física Moderna). Goiânia, 2020. (Apostila). Willet, C.S. (1974). An Introduction to Gas Lasers. Pergamon Press. pp. 407–411. White, A.D. (October 2011). "Recollections of the first continuous visible laser". Optics and Photonics News. Vol. 22 no. 10. p. 34–39. https://www.osa-opn.org/home/articles/volume_22/issue_10/features/recollections_of_the_first_continuous_visible_lase/
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