Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Página 1 de 8 I. MODELO BÁSICO DE PETIÇÃO SIMPLES EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ______ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE GOIÂNIA, GOIÁS. (vide nota nº 1) “O”, qualificado às fls. 02, por seu advogado, nos autos do processo-crime que lhe move o Ministério Público do Estado de Goiás, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 403, § 3º, do Código de Processo Penal, apresentar os seus (vide nota nº 2) MEMORIAIS (vide nota nº 3) pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: I – MATÉRIA PRELIMINAR (art. 517, II, CPP) (vide nota nº 4) 1. Do cerceamento de defesa A defesa, após a inquirição das testemunhas de acusação, em audiência, requereu a Vossa Excelência a oitiva de uma testemunha referida, que poderia prestar importantes esclarecimentos sobre os fatos, mas teve seu pleito indeferido. O argumento utilizado para tanto fundou-se na intempestividade da apresentação da prova, ou seja, como a mencionada testemunha, já conhecida da defesa, não foi arrolada em sua defesa prévia, não mais poderia ser deferida a sua oitiva. Entretanto, Vossa Excelência não agiu com o costumeiro acerto, por, fundamentalmente, duas razões: em primeiro lugar, ainda que não fosse a testemunha ouvida como numerária, deveria ser inquirida como testemunha do juízo (art. 209, CPP), em homenagem aos princípios da busca da verdade real e da ampla defesa. Em segundo lugar, a defesa, embora conhecesse a testemunha, não tinha noção do quanto ela sabia a respeito do caso, o que somente ficou claro quando a testemunha_____ (fls._____) referiu-se, expressamente, a ela. Logo, não foi arrolada anteriormente por não se ter noção do grau de conhecimento que detinha. 2. Do indeferimento da prova pericial É certo que a verificação da conveniência de realização de prova pericial não obrigatória é atividade da competência de Vossa Excelência. Entretanto, se a parte solicita a realização de um exame que guarde relação com os fatos apurados na causa, não pode ter o seu intento frustrado, sob pena de ficar configurado o cerceamento na produção e indicação das provas. O réu tem direito à ampla defesa, valendo-se de todos os instrumentos possíveis para demonstrar o seu estado de inocência. Por isso, o exame psicológico requerido, a ser realizado na vítima, tinha e tem a finalidade de atestar o grau de rebeldia do adolescente em acatar ordens, bem como justificar que ele faltou com a verdade em seu depoimento, possivelmente por imaturidade, ao criar situações fantasiosas que não ocorreram. ENDEREÇAMENTO PREÂMBULO PRELIMINARES Página 2 de 8 Requer-se, pois, preliminarmente, que Vossa Excelência converta o julgamento em diligência para a colheitas das provas supra apontadas. (vide nota nº 5) II. MÉRITO 1. Quanto ao mérito, o órgão acusatório somente conseguiu demonstrar a tipicidade do fato, o que não se nega. Porém, longe está de se constituir crime. A defesa admite, como, aliás, o próprio réu o fez em seu interrogatório, que determinou ao sobrinho que permanecesse em seu quarto, durante o fim-de-semana, como medida de proteção e finalidade educacional, tendo em vista o seu envolvimento com más companhias. Portanto, a sua liberdade de ir e vir foi, realmente, privada. Mas o crime não se constitui apenas de tipicidade. Faltou, no caso presente, a ilicitude. O acusado agiu no exercício regular de direito, como tio da vítima e pessoa encarregada pelos pais do menino de com ele permanecer por um determinado período, cuidando de sua educação como se pai fosse. Esse poder educacional lhe foi conferido verbalmente pelos pais, quando se ausentaram para viagem de lazer. Logo, não se pode argumentar que houve ofensa a bem jurídico penalmente tutelado. O depoimento dos pais da vítima (fls. ____ e _____) espelham exatamente o que ocorreu. Antes de viajar, eles deram autorização verbal para o réu cuidar do filho, “como se pai fosse”, o que envolve, naturalmente, o direito de educar e, se necessário, aplicar a punição cabível, desde que moderada, exatamente o que ocorreu neste caso. Não podem, pois, retornado mais cedo da viagem e encontrando o filho preso no quarto da residência do réu, revogar aquilo que falaram, chamando a polícia e transformando o que deveria ser uma mera discussão familiar num caso criminoso. 2. Na doutrina, _____ (vide nota nº 6) 3. Assim não entendendo Vossa Excelência, apenas para argumentar, (vide nota nº 7), deve ser afastada, ao menos, a agravante de crime cometido em relação de coabitação. A vítima não morava com o réu, encontrando-se em sua residência apenas como hóspede. Logo, se alguma relação havia era a de hospitalidade, não descrita em momento algum na denúncia. E mesmo quanto à agravante de delito cometido prevalecendo-se das relações de hospitalidade, é preciso considerar que tal hipótese não se aplica ao caso presente. A finalidade da agravante volta-se à punição daqueles que se furtam ao dever de assistência e apoio às pessoas com as quais vivem, coabitam ou apenas convivem. O réu, em momento algum, pensou em agredir o ofendido para faltar com o dever de assistência; ao contrário, sua atitude calcou-se na prevenção de problemas, pois, na ausência dos pais, não poderia ele, menor impúbere com apenas treze anos de idade, ir aonde bem quisesse, convivendo com pessoas estranhas e, de certo modo, perigosas. III. DO PEDIDO 1. Ante o exposto, requer-se a Vossa Excelência a absolvição do réu, com fundamento no artigo 386, VI, do Código de Processo Penal, ou, subsidiariamente, pleiteia-se o afastamento da agravante do artigo 61, II, f, do Código Penal, pois assim fazendo estar-se-á realizando JUSTIÇA. 2. Por derradeiro, deve-se ressaltar que o acusado é primário, não tem antecedentes, merecendo receber a pena no mínimo legal, se houver condenação, bem como a substituição por penas alternativas e o direito de recorrer em liberdade. (vide nota nº 8). Goiânia, 3 de fevereiro de 2011. Fulano de Tal OAB/GO 99999 MÉRITO PEDIDO Página 3 de 8 GLOSSÁRIO DAS NOTAS SUSCITADAS NA PETIÇÃO 1. Esta é a forma de apresentação dos memoriais por petição. A defesa pode manifestar-se em cota manuscrita, nos autos, dizendo: “Apresento memoriais em separado em ____ laudas”. Nesse caso, a petição anexa conterá apenas o órgão a quem é dirigida (MM. Juiz) os fatos (itens 1, 2, 3 e 4) e o pedido final. 2. Embora constitua praxe forense a utilização da expressão “Justiça Pública”, em verdade, ela inexiste. Quem promove a ação penal é o Ministério Público. Quem aplica a lei ao caso concreto, realizando justiça é o Poder Judiciário. Logo, não há “Justiça Pública”, como sinônimo de órgão acusatório. 3. As alegações finais escritas devem ser, como regra, substituídas pelos debates orais, nos termos da reforma processual penal introduzida pela Lei 11.719/2008. Porém, ainda é viável que o juiz autorize a apresentação das alegações por escrito, conforme a complexidade do caso ou o númerode acusados. São os memoriais (art. 403, § 3º, do CPP). 4. A defesa, especialmente, deve estar atenta às nulidades (art. 564, CPP) bem como ao prazo legal fixado para alega-las, sob pena de preclusão (art. 522, CPP). Quando elas ocorrem durante o processo, é preciso, antes do mérito, discutir, em matéria preliminar, o seu reconhecimento. Somente as nulidades absolutas poderão ser alegadas a qualquer tempo ou declaradas de ofício pelo Judiciário. 5. O acolhimento, pelo juiz, qualquer preliminar levantada pela parte interessada pode implicar na reabertura da instrução, produzindo-se alguma prova faltante ou corrigindo-se determinado erro. Somente após, está o processo pronto para julgamento de mérito. 6. Citar posições que defendem a tese sustentada de que parentes próximos, quando autorizados pelos pais, podem aplicar medidas corretivas em exercício regular de direito. 7. Na medida do possível, é cauteloso que a defesa levante teses subsidiárias para beneficiar o réu. Assim, não aceitando a principal (absolvição), pode o juiz condená-lo com uma pena mais branda. 8. Outra cautela da defesa é pedir benefícios penais em caso de condenação, apontando as virtudes do réu e solicitando o seu direito de permanecer em liberdade para recorrer. PERGUNTAS MAIS COMUNS: 1. Endereçamento a) Pode-se usar abreviaturas no endereçamento, como, por exemplo, “EXMO. SR. DR.”? Não é aconselhável. O uso de abreviaturas denota descaso e prejudica o aspecto de seriedade e formalidade que deve ter a petição inicial. b) O endereçamento deve ser escrito todo em letras maiúsculas? Não necessariamente. Alguns preferem escrever apenas a primeira letra de cada uma das palavras com letra maiúscula: Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ______ Vara Criminal da Comarca de Goiânia, Goiás. c) Após o endereçamento, é essencial pularem-se as 10 linhas? Elas devem ser contadas exatamente? Não. O que se deve é, depois do endereçamento, deixar espaço suficiente para o despacho do juiz. Nada impede, no entanto, que esse espaço seja um pouco maior ou menor, preservando-se, evidentemente, o equilíbrio estético da peça. 2. Preâmbulo a) A que distância da margem deve-se iniciar o parágrafo? Não há medida exata, mas o recomendável é que se inicie a escrita mais ou menos no meio da página. A partir da segunda frase o parágrafo volta a obedecer à margem esquerda da folha. b) É necessário deixar-se um espaçamento maior na margem esquerda do que na margem direita? Sim. O espaço maior na margem esquerda da folha justifica-se para permitir que a petição seja anexada ao corpo do processo sem prejuízo do texto. No entanto, nas petições feitas nas provas de concursos essa providência não é necessária. c) Como deve ser escrito o nome da parte? Na vida prática deve-se grafar o nome da parte de forma Página 4 de 8 completa. Já numa prova, não é permitido inventar dados e, portanto o candidato só pode utilizar-se do nome fornecido no enunciado. d) Pode-se grafar o nome da parte totalmente em letras maiúsculas? Não há problema. e) Em que petições é necessário qualificar a parte e como fazê-lo? Como regra geral pode ser estabelecido que a qualificação é necessária nas petições iniciais (queixa-crime, revisão criminal, habeas corpus”). Por outro lado, é desnecessária a qualificação das partes nas petições oferecidas no curso do processo (defesa preliminar), bem como nos recursos em geral. Quando for necessária a qualificação, deve conter os seguintes itens: nome da parte, nacionalidade, estado civil, profissão, residência e domicílio. Como numa prova não é permitida a introdução de dados não contidos no enunciado, sob pena de serem considerados identificação do candidato, recomenda-se seja adotada a seguinte forma: “Nome da parte, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), residente e domiciliado na rua _______, número _______, nesta Capital.” f) O nome da petição deve estar em destaque? Mais uma vez, não há regra absoluta quanto ao tema, que em verdade é questão puramente estilística. No entanto, é recomendável o destaque, que torna mais fácil ao julgador a identificação da peça em questão. REDIGINDO UMA PETIÇÃO A avaliação final que irá garantir a sua aprovação disciplina Prática Jurídica I e na segunda fase do Exame de Ordem levará em conta, basicamente, dois fatores: a capacidade de solucionar juridicamente o problema proposto e a sua capacidade de interpretar e expor o seu raciocínio. A forma de se expressar é, com toda a certeza, o principal instrumento do advogado e sem ela, por mais que se saiba nada se pode obter no mundo jurídico. Por isso, neste momento, além de conhecer o direito material e processual você deve ser capaz de redigir uma petição que atenda a parâmetros mínimos e demostre a sua aptidão ao exercício da advocacia. A maioria das petições compõe-se de cinco partes (não se esqueça, entretanto, de verificar as peculiaridades de cada peça em seu modelo específico). Vejamos essas partes: 1. ENDEREÇAMENTO É a indicação da pessoa ou órgão ao qual se dirige a peça, ou seja, a pessoa ou o órgão competente para apreciar aquele pedido. No mais das vezes, você irá endereçar a sua peça ao juiz de direito, ao Tribunal ou a Delegacia de Polícia. O endereçamento naturalmente deve ser impessoal. EXEMPLOS 1. Supremo Tribunal Federal Excelentíssimo Senhor Doutor Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal 2. Superior Tribunal de Justiça Excelentíssimo Senhor Doutor Ministro Presidente do Supremo Tribunal de Justiça 3. Tribunal Superior Eleitoral Excelentíssimo Senhor Doutor Ministro Presidente do Supremo Tribunal Eleitoral 4. Tribunal Regional Federal Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do Egrégio Tribunal Regional Federal da ___Região 5. Juntas Eleitorais Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___Junta Eleitoral de __ 6. Tribunal de Justiça (Desembargadores) Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (para ”HC” e Revisão Criminal) Página 5 de 8 Ou Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Relator do Acórdão n° ___ da ___ Câmara Criminal do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (para Embargos Infringentes e de Nulidade) 7. Vara Criminal Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ Vara Criminal de __ 8. Delegado de Polícia Ilustríssimo Senhor Doutor Delegado de Polícia Titular do __ Distrito Policial de __ Ilustríssimo Senhor Doutor Delegado de Polícia Titular da __ Delegacia de Polícia Ilustríssimo Senhor Doutor Delegado de Polícia Titular da Delegacia de Polícia Federal de ___ 9. Vara de Execuções Criminais Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ Vara das Execuções Criminais da Comarca de ___ 10. Tribunal do Júri 1° Fase : Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara do Júri da Comarca de ___ 2° Fase : Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Presidente do ___ Tribunal do Júri da Comarca de __ 11. JECRIM ESTADUAL Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal do Juizado Especial Criminal da Comarca de ___ 12. COLÉGIO RECURSAL ESTADUAL Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Presidente do Egrégio Colégio Recursal do Juizado Especial Criminal de ___ (para “HC”) Razões de apelação: Egrégio Colégio Recursal; Ínclitos Juízes: 13. JECRIM FEDERAL Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ___ Vara Criminal do Juizado Especial Criminal Federal da Subseção de ___ 14. COLÉGIO RECURSAL FEDERAL Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal Presidente do Egrégio Colégio Recursal do Juizado Especial Criminal Federal de ___ (para “HC”) Razões de apelação: Egrégio Colégio Recursal;Colenda Turma Julgadora; Ínclitos Juízes Federais: 15. Vara Criminal Federal Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ___ Vara Criminal da Secção Judiciária de ___ 16. Carta Testemunhável (Escrivão) Ilustríssimo Senhor Escrivão do Cartório do ___ Ofício da Comarca de ___ 17. Superior Tribunal Militar Excelentíssimo Senhor Doutor Ministro Presidente do Superior Tribunal Militar 18. Tribunal de Justiça Militar Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo Página 6 de 8 19. Auditor Militar Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz ___ Auditor da _ Auditoria Militar da Justiça Militar de ___ 2. INTRODUÇÃO A introdução deve conter as informações necessárias sobre as partes, o processo e a petição oferecida. Assim, por via de regra deverão constar da introdução: 1- Nome da parte peticionária. 2- Qualificação da parte peticionária (se não estiver já qualificada no processo). Atenção, pois não é permitido inventar dados que não constem do problema. Portanto, se não for fornecida a qualificação e ela se fizer necessária, você deverá simplesmente indicar: “nacionalidade”, “estado civil”, “profissão”, portador da cédula de identidade número ___ e inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda sob o número ___. 3- Número do processo, recurso ou inquérito policial. 4- Nome da parte contrária. 5- Menção ao advogado. 6- Nome da peça que se está oferecendo. 7- Fundamento legal (artigo de lei) no qual se embasa a peça. EXEMPLO: MARIA (1), qualificada nos autos (2) do processo crime número ___ (3) que lhe move o Ministério Público do Estado de Goiás (4), vem, por seu advogado que esta subscreve (5) à presença de Vossa Excelência, oferecer ALEGAÇÕES FINAIS (6), com fulcro no artigo 500 do Código de Processo Penal (7), pelos motivos que passa a expor: 3. NARRAÇÃO DOS FATOS Consiste na sucinta exposição dos fatos trazidos pelo problema proposto. Mais uma vez, lembre- se de que não é permitido inventar qualquer dado que não conste expressamente do enunciado. Ainda assim, não é interessante simplesmente copiar o problema. O que você deve fazer é narrar, com as suas palavras, os dados fáticos mais importantes para o desenvolvimento da sua tese. EXEMPLO: A acusada foi denunciada por supostamente ter emitido cheque sem provisão de fundos, para pagamento de mercadorias adquiridas no estabelecimento comercial X. 4. EXPOSIÇÃO DO DIREITO – ARGUMENTAÇÃO Este é o ponto ais importante da sua petição, é nele que você terá oportunidade de demostrar todo o seu conhecimento jurídico. Portanto, não poupe esforços. Uma boa argumentação desenvolve-se segundo um modelo lógico, (silogismo) composto por três partes: 1) Premissa maior. É o seu ponto de partida, algo que não poderá ser refutado. Na argumentação jurídica a premissa maior é geralmente uma fonte do direito (artigo de lei, súmula, entendimento jurisprudencial ou doutrinário). 2) Premissa menor. É a situação concreta apresentada pelo problema. Você deverá demostrar que aquela situação concreta se subsume perfeitamente ao direito apresentado na premissa maior. 3) Conclusão. É a constatação de que o direito exposto na premissa maior aplica-se à situação concreta exposta na premissa menor. 4) Após finalizada a concussão, você pode ainda reforçar o seu ponto de vista trazendo entendimento doutrinário e jurisprudencial pertinente. Mas lembre-se: não existe a obrigatoriedade deste item e ele certamente não suprirá a deficiência de sua argumentação pessoal. Página 7 de 8 EXEMPLO: A judiciosa Súmula 554 do Supremo Tribunal Federal, assevera que o pagamento do cheque emitido sem provisão de fundos após recebida a denúncia não obsta o prosseguimento da ação penal. Portanto, conclui-se que caso o pagamento aconteça antes do recebimento da denúncia, restará obstada a propositura da ação. (1) No caso em apreço, a acusada pagou o cheque emitido antes da denúncia, conforme demonstra o recibo constante dos autos. (2) Portanto, a presente ação não poderia sequer ter sido oferecida, devendo ser julgada totalmente improcedente, absolvendo-se a acusada. (3) A corroborar tal posicionamento, insta trazer à colação a cristalina lição do festejado penalista Damásio Evangelista de Jesus, que preleciona, in verbis. “O STF, entretanto, entende que o pagamento do cheque antes do recebimento da denúncia exclui a justa causa para a ação penal. Significa que o Promotor Público não pode oferecer denúncia por emissão de cheques sem fundos, quando o emitente pagou o tomar” (Direito Penal – 2.° Vol., São Paulo: Editora Saraiva, 2004, p. 447). De fato é esse o entendimento, não apenas da Augusta Corte, como da totalidade de nossos Tribunais. “Somente na hipótese do § 2.°, VI, do art. 171 do Código Penal – fraude no pagamento por meio de cheque – o ressarcimento do dano causado à vítima antes do início da ação penal descaracterizada o crime de estelionato”. (4) 5. PEDIDO Nele devem constar todos os requerimentos próprios daquela petição. EXEMPLO: Diante do exemplo, vem requerer a absolvição da acusada, como medida de justiça. 6. DICAS E CUIDADOS PARA REDIGIR UMA BOA PETIÇÃO Você deve ainda estar atento aos seguintes detalhes: - Assinatura da peça: Jamais assine ou coloque o seu nome na petição. Você será automaticamente desclassificado. - Ortografia: Muito cuidado com a ortografia. Erros de português estarão sendo avaliadas e poderão prejudicá-lo muito. É interessante levar um pequeno dicionário para a prova e consultá-lo sempre que necessário. Quando houver dúvida sobre a grafia de determinada palavra, substitua por um sinônimo. Escreva as palavras por extenso, as abreviaturas devem ser evitadas. Quanto às novas regras estabelecidas na chamada “reforma ortográfica”, seu uso será obrigatório apenas a partir de 2013. - Acentuação: Também é avaliada e deve ser empregada corretamente. Geralmente, a releitura da peça, ao final da redação, é muito útil para a colocação dos acentos que foram “esquecidos”. - Gramática: Este é outro ponto importante submetido à avaliação. Portanto, muita atenção à regência, concordância e aos tempos verbais. Não se preocupe em escrever “difícil”. A redação jurídica deve ser, antes de tudo, clara e compreensível. Dê preferência aos períodos curtos e em ordem direta, pois a chance de se confundir e errar são menores. Verifique se as frases têm começo, meio e fim e se o verbo concorda com o sujeito. - Vocabulário: Não se esqueça de que o edital da OAB não menciona a obrigatoriedade do uso de palavras em latim. Aqui continua valendo a regra: se não tiver certeza de como escrever, não escreva. Entretanto, o uso de vocabulários e expressões típicos do universo jurídico de fato transmite à peça maior profissionalismo e credibilidade. Página 8 de 8 - Pontuação: A má utilização da pontuação pode inverter completamente o sentido de uma frase e comprometer a inteligibilidade e fluência da sua petição, tornando-a confusa e cansativa. Evite frases intermináveis, difíceis de serem acompanhadas e coloque vírgulas nos lugares corretos. - Paragrafação e respeito às margens: muito cuidado com esse item, que tem roubado pontos preciosos dos candidatos: a primeira linha de cada parágrafo (com exceção do endereçamento) deve iniciar levemente deslocada para a direita. Além disso, não ultrapasse o espaço entre as margens da folha reservado à redação. - Limpeza: A apresentação estética da peça certamente interfere no ânimo daquele que a corrige e, hoje, é item da avaliação da prova. Preste atenção às margens da folha; não escreva fora da pauta e evite rasuras. Caso tenha cometido algum erro,a solução é passar um traço sobre a palavra e prosseguir (a maioria dos editais atualmente proíbe a utilização de qualquer espécie de corretivo). Pular uma linha entre um parágrafo e outro também facilita a leitura e contribui para a limpeza da peça, desde que haja espaço para escrever tudo o que for importante. No entanto, fique atento à folha de rosto do seu caderno de prova: já houve oportunidade (embora não seja frequente) em que os avaliadores proibiram o candidato de pular linhas. Nesse caso, deve ser obedecida essa instrução. - Letra clara e legível: a petição escrita em letra ilegível exige mais atenção do examinador e revela uma atitude negligente e descuidada por parte do candidato. Para aqueles que têm a letra normalmente inteligível, é possível a utilização da chamada “letra de forma”. Neste caso, deve-se apenas tomar cuidado para diferenciar as letras maiúsculas das minúsculas de modo a não prejudicar a pontuação. - Rascunho: A feiura prévia da peça em rascunho permite ao candidato corrigir os erros cometidos e aprimorados a redação gerando, assim, um melhor resultado final. É preciso, entretanto, observar o tempo a ser despendido para passar a limpo a petição, pois o conteúdo da folha de rascunhos em hipótese alguma será corrigido. Também não será corrigida a petição que estiver escrita de lápis.
Compartilhar