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RELAÇÃO ENTRE O IMC DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO E A IMAGEM CORPORAL DOS MESMOS, COMPARANDO INDIVÍDUOS DO SEXO FEMININO E MASCULINO

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INTRODUÇÃO
 Em um mundo que se define o normal como um conceito estatístico, os extremos são encarados com preconceito. Altos e baixos, magros e gordos, todos os pólos enfrentam problemas e dificuldades diárias (FISBERG, 1995).
 No século XX tivemos uma autêntica ditadura do intelecto, onde a preocupação com o corpo físico praticamente não existiu. O corpo, deixado de lado, fez com que as pessoas não percebessem a sua importância. Ocorre, atualmente, uma guinada neste fato, mas de forma totalmente errônea e embrutecida, voltando-se mais para o aspecto físico e estético, esquecendo-se que o aprimoramento do corpo físico, é um grande veículo para o aprimoramento constante dos corpos: mental, emocional e espiritual (COBRA, 2006).
 A influência da mídia faz com que principalmente os jovens busquem a beleza que foge dos padrões convencionais. Garotas querem ter o corpo esguio como o das modelos e os garotos buscam músculos a qualquer preço. Esse fato acarretou em preocupação para as diversas áreas da saúde, visto o aumento de casos de distúrbios alimentares como anorexia e bulimia nas meninas, e da vigorexia e aumento no consumo de anabolizantes nos meninos.
 A busca pelo corpo ideal tornou-se uma febre nos últimos anos. A procura por atividades cresceu significativamente, principalmente entre os jovens. Inicia-se a busca pelo corpo magro, atlético e formas definidas como objeto de consumo. (FERRIANI et al, 2005).
 O aumento do número de jovens que sofrem com transtornos da imagem, como bulimia, anorexia e vigorexia é um reflexo da obsessão com as formas do corpo, cultuado através de dietas e cirurgias plásticas. A reconfiguração de valores dessa nova sociedade cria uma verdadeira ditadura do corpo na qual a obesidade, sobrepeso e formas mais arredondadas geram afastamento social e problemas psicológicos tais como depressão e angústia, como afirma Barros (2005). 
 Visando compreender as diferenças entre imagem real, imagem psicológica e o que se passa na mente dos adolescente de hoje, este trabalho tem como objetivo investigar a relação entre o IMC e a imagem corporal de alunos do ensino médio, comparando indivíduos do sexo masculino e feminino.
Índice de massa Corporal (IMC)
 De acordo com Matsudo, (2005), o índice de massa corporal (IMC), determina a relação do peso corporal para a estatura do indivíduo, definindo assim se este é aceitável ou não, permitindo classificar o grau de obesidade do indivíduo.
 É uma das medidas antropométricas de massa corporal; tem o maior índice de correlação com espessura da dobra cutânea ou densidade corpórea (CONTI, FRUTUOSO E GAMBARDELLA, 2005).
 Segundo Fisberg (1995), é considerado o método antropométrico mais simples e preciso, e tem sido usado principalmente em estudos com adolescentes. Corresponde à relação entre o peso (Kg) e o quadrado da estatura em metros e deverá ser analisado de acordo com tabelas já publicadas ( National Health and Nutrition Examination Survery).
 Ou seja, é calculado com valores obtidos do peso corporal e estatura corporal total, dividindo o valor do peso (Kg) pela estatura corporal (M), ao quadrado. 
 
 IMC = PESO (Kg)
 [ ESTATURA ( m)]²
 
 Existem alguns tipos de classificação, os dois critérios mais utilizados são: 
A classificação de obesidade baseada no IMC, de Surgeon General Report ( 1988) - 
 
 CLASSIFICAÇÃO HOMENS MULHERES
 NORMAL 24 – 27 23 – 26
 MODERADAMENTE OBESO 28 – 31 27 – 32
 SEVERAMENTE OBESO > 31 > 32
 Fonte: Avaliação do Idoso, MATSUDO (2005:26)
A classificação da Organização Mundial da Saúde (1997), independente do sexo.
 
CLASSIFICAÇÃO IMC 
 ABAIXO DO NORMAL < 18,5
 NORMAL 18,5 – 24,9
 SOBREPESO > 25
 PRE-OBESO 25 – 29,9
 OBESO CLASSE I 30 – 34,9
 OBESO CLASSE II 35 – 39,9
 OBESO CLASSE III > 40
 Fonte: Avaliação do Idoso, MATSUDO (2005:26)
Imagem Corporal
 A imagem corporal é uma construção multidimensional que descreve amplamente as representações internas da estrutura corporal e da apar6encia física, em relação a nós mesmos e aos outros. O processo de formação da imagem corporal pode ser influenciado pelo sexo, idade, meios de comunicação, bem como pela relação corpo com os processos cognitivos como crença, valores e atitudes inseridos em uma cultura (BARROS,2005).
 De acordo com Maturana, (2002), imagem corporal é a figuração do próprio corpo formada e estruturada na mente do mesmo indivíduo, ou seja, a maneira pela qual o corpo se apresenta para si próprio. É o conjunto de sensações sinestésicas construídas pelos sentidos, oriundos de experiências vivenciadas pelo indivíduo, onde o referido cria um referencial do seu corpo, para o seu corpo e para o outro, sobre o objeto elaborado.
 Entende-se então que imagem corporal é o conceito que cada pessoa tem do seu corpo e suas partes. Para que este conceito se forme é necessário o conhecimento, tanto das estruturas anatômicas e relações entre as partes do corpo, bem como dos movimentos e funções de cada parte do corpo, além do reconhecimento da posição do corpo no espaço e em relação aos objetos. A boa imagem corporal é ponto importante para aquisição de outras qualidades psicomotoras e principalmente para o auto- conhecimento (FERRIANI et al.,2005).
 A falta de percepção corporal está intimamente ligada ao valor fundamental que o indivíduo dá a si mesmo. (COBRA, 2005).
 Maturana (2004), afirma que a imagem corporal se desenvolve desde o nascimento até a morte, dentro de uma estrutura complexa e subjetiva, sofrendo modificações que implicam na construção continua, e reconstrução incessante, resultante do processamento de estímulos.
 O esquema corporal é uma aquisição lenta e paulatina. Permanece em evolução adaptativa pelo resto da existência do indivíduo. Em um momento inicial a consciência sobre a localização espacial total, a capacidade e o funcionamento de uma determinada parte do corpo, a consciência inicial sobre a magnitude do esforço necessário para realizar uma determinada ação, e a consciência sobre a posição do corpo e suas partes no espaço durante esta ação (BARRETO apud MARURANA, 2004).
 Para o surgimento da identidade corporal;, o corpo deve estar reunido com ima imagem global que aparece por volta do oitavo m6es de vida, durante o estágio do espelho, que ainda é imperfeita mas que se aprimora com o reforço. As experiências motoras colaboram para o conhecimento das dimensões corporais permitindo atingir com maior facilidade esta totalidade (LAPIERRE, 1984, P. 23).
Adolescência
 A adolescência tem sido também chamada de puberdade. Isso porque as modificações decorrentes do aparecimento das características sexuais secundárias têm sido o marco deste período evolutivo. Porém, a puberdade refere-se ao processo de desenvolvimento orgânico,corporal, nos dando pouca informação sobre as mudanças comportamentais, uma vez que estas tem uma forte ação dos aspectos culturais, sociais e cognitivos. Parece-nos apropriado, portanto, não confundir os termos, ainda que se superponham ( FARIAS, 2005).
 A construção da identidade adulta implica numa série de perdas, como o corpo infantil, a condescendência com a condição de criança e os pais da infância, que eram mais protetores e menos exigentes, entre outras. A essas perdas se acrescem os problemas da dificuldade de se configurar uma auto-imagem corporal em um corpo em constante transformação, da qual não tem controle, como afirma Ferriani et al. (2005).
 De acordo com Farias (2005), a construção do ser adulto impõe ao adolescente o enfrentar-se com uma série de tarefas. Vencê-las depende não apenas do sujeito mas do seu passado, e do seu meio. Se as vivências forem satisfatórias ele terá mais condições de faze-lo. O adolescente ao buscar sua identidade se opõe aos valores estabelecidos, busca sua autonomia - o que gera conflitos com a família - mas essa autonomia não significa independência. As suas estruturas biológica, mental, afetiva e social se assemelham às do adulto. Falta-lhe, no entanto, a experiência que é o elemento que vai dirigir as correções necessárias, retroalimentando o funcionamento dessas estruturas.
	O jovem constrói a sua identidade por um processo de identificação e diferenciação, com os olhares que troca. É no final da adolescência que o jovem adquire uma “identidade realizada”. É também na sociedade que são criados determinados estereótipos sociais e grupais, como é o caso dos heróis (CONTI, FRUTUOSO e GAMBARDELLA, 2005). 
 Em relação aos aspectos cognitivos, nesta faixa etária, que compreende as idades dos 13 aos 18 anos, aumenta o espírito de competição, ocorre uma ótima socialização, preocupação com os resultados de uma ação, a busca pelo status, procura pelo sexo oposto, busca do auto- conhecimento e auto- aceitação. É a fase em que o indivíduo quer se afirmar e se impor perante a sociedade. ( GALLAHUE e OZMUN, 2001)
 
Método e Procedimentos
 A amostra utilizada neste trabalho será composta por 30 (trinta) alunos de ambos os sexos, sendo 15 meninos e 15 meninas, escolhidos através de sorteio, estudantes de uma escola de ensino privado.
 Serão mensurados o peso, através de uma balança digital, e a altura, através de um estadiômetro. A partis destes dados será calculado o valor de IMC de cada indivíduo através da fórmula IMC = peso/ altura² e anotados na ficha de registro. (APÊNDICE – A). Com estes dados em mãos, será realizada a classificação de acordo com a tabela. (ANEXO I).
 Em relação à imagem corporal, será entregue a cada sujeito (aluno) uma escala proposta por Marsh e Roche (1996) denominada SILHOUETTE MATCHING TALK (ANEXO II), que contém 12 figuras com diferentes imagens corporais , em ordem crescente da mais magra à mais gorda que visa identificar com qual corpo a pessoa se identifica e qual é o corpo ideal que deseja. Após a coleta dos dados, será realizada a análise de correlação e análise de variância.
Referência Bibliográfica
ANDRADE, M. M. Introdução à metodologia do trabalho científico. 5º ed., São Paulo: Atlas, 2001.
BARROS,R.R. Imagem Corporal e Atividade Física. Disponível em: www.hub.unb/ensino/imagemcorporal. Acessado em: 10/04/2006.
COBRA, N. Por que a percepção corporal é tão importante. Disponível em : www1.uol.com.br/ vyaestelar/nunocobra24.htm Acessado em: 30/03/2006.
CONTI,M.A., FRUTUOSO, M.F.P.,GAMBARDELLA,A.M.D. Excesso de peso e insatisfação corporal em adolescentes. Revista de Nutrição. Campinas, 18(4), 2005. Disponível em: www.sciello.com.br , acessado em 10/04/2006.
FARIAS, M.Z. Adolescência – do que estamos falando? Disponível em : www.brasilpednews.org.br. Acessado em 10/04/2006.
FERRIANI,M.G.C, DIAS,T.S., SILVA,K.T., MARTINS, C.S. Auto-imagem corporal de adolescentes atendidos por um programa multidisciplinar de assistência ao adolescente obeso. Revista brasileira de Saúde e Maternidade Infantil .Recife,5(1),2005, disponível em: www.scielo.com.br , Acessado em: 10/04/2006.
FISBERG,M. OBESIDADE NA Infância e Adolescência. 1º ed. São Paulo: Fundo Editorial BYK, 1995.
GALLAHUE, D. L. , OZNUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor – Bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte editora, 2001.
LAPIERRE, A. A Falta – Fusionalidade e Identidade. In: Fantasmas corporais e Pratica Psicomotora. São Paulo: Manole, p. 9 – 42, 1984.
MARSH, H. W.; ROCHE, L. A. Predicting self-esteem from perceptions of actual and idela ratings of boddy, fatness: is there only one ideal “supermodel”. Research Quartely for Exercise and Sport, 67 (1), 12-23, 1996.
MATSUDO, S. M. M. Avaliação do Idoso – Física & Funcional. 2º ed. São Paulo: Midiograf, 2005.
MATURANA, L. A imagem corporal sob a ótica fisiológica: analisando as obras de Paul Schilder. Trabalho apresentado à disciplina Imagem corporal do Programa de Pós Graduação em Educação Física da Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas. São Paulo: UNICAMP-FEF,2002.
MATURANA, L. Imagem Corporal: noções e definições. Disponível em: www.efdesportes.com/ Revista Digital – Buenos Aires, ano 10, n. 71, abril 2004. Acessado em : 29/03/2006.
APÊNDICE - A
Ficha de Registro
Nome:___________________________________ Idade:_____ Sexo:_______
	PESO
	
	ESTATURA
	
	IMC
	
	CLASSIFICAÇÃO
	
 
APÊNDICE – B
TERMO DE CONSENTIMENTO PÓS-INFORMAÇÃO
Eu,...................................................... R.G. ............................ fui esclarecido (a) sobre a pesquisa intitulada “ Relação entre o IMC de alunos do Ensino Médio e a imagem corporal dos mesmos, comparando indivíduos do sexo feminino e masculino” que tem como objetivo investigar a relação entre o IMC e a imagem corporal de alunos do ensino médio, comparando indivíduos do sexo masculino e feminino. Declaro que aceito participar da pesquisa, preenchendo a ficha de imagem corporal e através da coleta de peso e estatura para fim de cálculo e classificação do IMC (Índice de Massa Corporal). Fui informado que a pesquisa não oferece risco à minha integridade física e autorizo a publicação dos resultados na qual será mantido sigilo sobre meus dados pessoais.
A responsabilidade da pesquisa é de José Carlos Ribeiro, estudante de Educação Física da UniABC, que pode ser contatado pelo telefone 4421-3154 para esclarecer qualquer dúvida.
Santo André,..... de .......................... de .............
.................................................. ................................................
Assinatura do responsável Assinatura do sujeito da 
pela Pesquisa pesquisa ou do responsável
Endereço:
R.....................................nº.............
Bairro: ......................... Município: .............
CEP: ..........................
Telefone:....................
ANEXO I
Tabela de Classificação do IMC
 
CLASSIFICAÇÃO IMC 
 ABAIXO DO NORMAL < 18,5
 NORMAL 18,5 – 24,9
 SOBREPESO > 25
 PRE-OBESO 25 – 29,9
 OBESO CLASSE I 30 – 34,9OBESO CLASSE II 35 – 39,9
 OBESO CLASSE III > 40
 Fonte: Avaliação do Idoso, MATSUDO (2005:26)
ANEXO II
SILHOUETTE MATCHING TALK
NOME________________________________________ IDADE_________
SEXO______________ DATA___/___/___
IC ATUAL: ____________ (como se vê)
IC IDEAL: _____________ ( como gostaria de ser)
IC REAL: _____________ ( como realmente é)

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