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Equilibrio Europeu

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Equilíbrio de poder e 1° Guerra Mundial - Aula 
• Woodrow Wilson, presidente americano durante o período da 1° Guerra Mundial, vai dizer que na 
verdade o equilíbrio de poder é o que causa as guerras. Com isso entra um ponto muito importante em 
que a estabilidade é diferente de paz, pois muitas vezes para garantir a estabilidade de um sistema (no 
caso Sistema de Estados Vestfalianos) é preciso fazer guerra. 
o O equilíbrio de poder não é necessariamente um período de ausência de guerras, como pode 
ser visto no período em que data do Congresso de Viena em 1815 até a 2° Guerra Mundial, 
existiram por volta de 119 guerras dentro da Europa. 
▪ Muitas dessas guerras são guerras localizadas que visam justamente sacrificar a paz 
para garantir a estabilidade. Muitas vezes é preciso uma guerra localizada para manter 
a estabilidade do sistema, na qual a estabilidade é uma prioridade que vem na frente da 
paz. 
• O Nye vai apresentar alguns conceitos para poder chegar a análise da guerra. Um ponto que ele levanta 
é que existem três posturas quando um estado entra em guerra com alguém ou quando tem um sistema 
de equilíbrio de poder. 
o Adesão: adesão do Estado por um maior poder, porém corre o risco de perder a autonomia 
caso essa potência vencedora ganhe e tente tutelar esse Estado. 
o Neutralidade: ocorre quando o Estado enxerga que não tem nada a ganhar com nenhum dos 
dois lados do conflito, ou também há casos em que o Estado se considera irrelevante para o 
desenrolar do conflito e pretende não se posicionar. 
o Coalizão anti-hegemonica: seria uma coalizão dos Estados visando evitar uma hegemonia de 
um ator especifico, ou seja, quando Estados mais fracos se organizam em uma Aliança para 
dessa forma evitar que um ator que está crescendo se destaque demais. 
• O Nye depois de explicitar esses pontos, faz uma análise sobre a questão do poder, pois o mundo até 
o fim do sec. XIX está regido por uma economia agrária. A grande novidade que o sec. XIX coloca 
em cena na Europa Ocidental é um modelo de economia capitalista industrial, e esse modelo tem um 
potencial gerador de riquezas que vai modificar completamente a lógica de poder e de relação entre os 
Estados. A partir do momento que alguns deles se industrializam e se tornam potencias industrias com 
capacidade de canalizar esse potencial industrial para gerar não só riquezas, mas armamentos também, 
que seriam muito mais superiores que economias agrarias. 
• O Nye vai fazer um quadro em que vai levantar ao longo do tempo as hegemonias europeias e o que 
fundamentava essas hegemonias: 
Período Estado líder Recursos 
Séc. XVI-
XVII 
Espanha 
Ouro + colônias + marinha + laços dinásticos 
(Habsburgos) 
Séc. XVII-
XVIII 
França 
População + produção agrícola + administração + 
exército + cultura 
Séc. XIX 
Reino 
Unido 
Indústria + coesão política + capital financeiro + 
insularidade + liberalismo 
 
o OBS: Os recursos em negrito são os poderes brandos ou também conhecido como “soft 
power”. 
• A partir disso o Nye vai começar a analisar as mudanças estruturais nesse equilíbrio de poder que vai 
existir ao longo do sec. XIX, e com isso vai constatar que do Congresso de Viena em 1815 até a Guerra 
da Crimeia em 1853, vai haver de fato uma estabilidade no continente europeu, apesar de ter 
movimentos revolucionários e conflitos, foi o momento de maior estabilidade. 
• Vai haver um período em que o Nye vai chamar de Ascenção da Alemanha que se dá basicamente em 
torno da data de 1870, e esse momento vai gerar um fator de instabilidade no continente europeu, pois 
houve uma quebra da ordem de Viena, no qual um dos Estados da Pentarquia da Ordem de Viena, a 
Prússia, vai se converter em Alemanha devido a sua Unificação. 
o De 1870 a 1890, Alemanha que era relativamente fraca, ultrapassa a maior potência industrial 
que era a Inglaterra. Isso vai ser um fator que vai ajudar a desequilibrar o poder na Europa e 
vai ajudar a impulsionar um contexto de guerra. 
• A Alemanha passa por duas fases diferentes da sua política externa: 
o 1° fase: ligada ao processo de unificação e que vai perdurar até a deposição do Bismarck em 
1890. 
▪ Com o Bismarck, a Alemanha vai ter um processo de modernização muito acelerado, 
porém vai adotar uma política externa muito contida, pois dizia que “a Alemanha já 
seria uma potência satisfeita”. Logo, o Bismarck não vai tentar conseguir novas 
colônias, por isso vai ser muito moderado nas suas decisões, onde ele pretende somente 
acalmar os ânimos dentro da Europa depois que a Alemanha surge. 
▪ Ou seja, quando a Alemanha surge, ela vai desequilibrar o equilíbrio europeu e o 
Bismarck precisa acalmar os vizinhos, para que não surja nenhuma intervenção ou 
coalizão para ir contra a Alemanha e impeça que ela se afirme como Estado nacional 
independente. (Ideia de acalmar a Europa) 
o 2° fase: morte do Guilherme I e entrada do Guilherme II, em que ele quando entra no poder 
demite o Bismarck do cargo. 
▪ A política externa desse período e muito mais ofensiva do que era no período anterior, 
e um primeiro problema que acontece foi a não-renovação de um tratado com a Rússia 
(Tratado de Resseguro – 1890) , isso vai fazer com que Rússia se sinta ameaçada pela 
a própria Alemanha que não havia renovado o tratado, portanto a Rússia se associa com 
a França, dando início ao que vai se formar depois com a chamada Tríplice Entente. 
• A ideia a priori desse Tratado com a Rússia era de isolar a França, pois existiam 
duas potencias na Europa Continental, a França e a Alemanha, e então a 
Alemanha se alia a Rússia e a Alemanha com esse Tratado, e por outro lado 
protege os eslavos nos Balcãs que poderiam ser reconquistados pelo Império 
Otomano, sendo então benéfico para os dois lados do acordo. 
• OBS: Nesse período os movimentos de nacionalismo e de panismos, como por exemplo pan-
eslavismo, pan-germanismo e etc. essa lógica vai ter ligação direta com o contexto que vai gerar a 1° 
Guerra e vai ser dada em três níveis de analise, explicitado no esquema abaixo: 
 
• A grande contribuição que o Nye mostra é a capacidade de análise em três níveis da Primeira Guerra, 
e posteriormente a análise da Segunda Guerra pode ser estudada por esse modelo. Todas as 
características confluem para poder montar e propiciar um ambiente de conflito e assim gerar a 
Primeira Guerra. Os três níveis são: 
o Nível Doméstico: dentro do âmbito do Estado 
o Nível Sistêmico: no âmbito do Sistema Internacional 
o Nível Pessoal: ligado a personalidade dos lideres 
• Explicação dos pontos do esquema: 
o Poderio da Alemanha: esse seria o primeiro elemento sistêmico que vai gerar uma desordem 
do sistema de equilíbrio de poder, porém ele sozinho não é capaz de mudar muita coisa no SI. 
o Bipolaridade das Alianças: além do surgimento da Alemanha como uma nova potência no 
período, vai haver a formação de um sistema bipolar dentro de uma Europa que era multipolar. 
Isso foi causado pela a adoção da nova política externa alemã, pois devido a não renovação 
com a Rússia do Tratado de Resseguro, fez com que houvesse a formação de duas alianças 
dentro da Europa, que vai formar um sistema bipolar, mas não por dois Estados e sim por dois 
blocos. 
▪ Os blocos são: ING, FRA e RUS x ALE, ITA e Império Austro-Húngaro. 
o Descaso com a paz: junto com essa bipolaridade, vem a questão da visão de mundo da época, 
a ideia do descaso com a paz combinado com a do Darwinismo Social. O descaso com a paz, 
vinha de uma ideia europeia de que a Europa estava a tanto tempo em paz, que não se acreditava 
que viria uma guerra ou que se viesse uma guerra ela seria resolvida muito rápido, pelo fato de 
que os países industriais acelerariam o término do conflito.
▪ O descaso com a paz faz referência ao último ano que teve uma guerra na Europa em 
1870. A Europa até 1914 teria tido 44 anos de paz, por isso havia um descaso em relação 
aos conflitos que poderiam ocorrer. 
▪ Além do descaso com a paz, a ideia do Darwinismo Social se fez muito presente nesse 
contexto, na qual pegavam as ideias do Darwin e aplicavam nas sociedades para poder 
analisa-las. Com isso, vão surgir uma serie de teorias racistas, onde vão haver 
classificações hierárquicas de certas raças que são superiores e inferiores, e também vai 
haver uma abordagem para analisar países que são superiores e inferiores. 
• O Nazismo vai utilizar esses argumentos para poder legitimar o seu 
expansionismo e a perseguição de minorias tidas como inferiores (Judeus, 
coganos, negros e etc.) 
▪ A visão deles era que esse termo do Darwinismo Social servia não só para conquistar 
Estados inferiores (como aqueles da África e da Ásia), mas também que resolveriam 
conflitos na própria Europa, baseado na ideia de que a Guerra seria rápida e que ela 
seria vencida pelos melhores. 
o Crise da Áustria-Hungria: o Império Austro-Húngaro estava com os dias contados, pois a 
ideia e a força do Nacionalismo se afirmam como algo maior que o Socialismo e que o 
Capitalismo. O Nacionalismo seria uma força tão grande que impulsionaria os Estados para 
guerra mesmo indo contra o interesse dos banqueiros e das elites. Portanto, o discurso 
nacionalista tem um apelo que consegue ser mais forte tanto a visão capitalista universalista 
quanto o universalismo proletário socialista. 
▪ O problema da Áustria-Hungria e que ele era um Estado multiétnico, pois teria povos 
eslavos e populações da Áustria e da Hungria. Logo, os grupos étnicos começam a se 
ver insatisfeitos querendo a sua independência e a sua formação nacional. 
▪ A Servia vai se colocar como grande potência eslava e vai canalizar as insatisfações de 
outros povos eslavos que estavam sujeitos ao Império Austro-Húngaro, e com isso se 
forma um grupo terrorista chamado de Mão Negra, cujo vai provocar um atentado 
contra o arquiduque Francisco Ferdinando que era herdeiro do trono Austro-Húngaro. 
o Participação/Pressão popular + Conflito de Classes: vai ter efeito de imediato na Alemanha. 
Existia na via clássica um grupo de Estados que tem a maior participação política na formação 
do sistema capitalista desenvolvido. Esses estados vão fazer pressões para algumas correções 
de desigualdade que o Capitalismo gera, então os Estados vão ceder a algumas políticas de 
Welfare e de assistência para a população, como jornada de trabalho reduzida por exemplo. 
▪ Porém na Alemanha, isso foi dado de outra maneira, onde é o Estado que vai fazer o 
desenvolvimento capitalista de uma forma autoritária, coligando setores e oligopólios 
do campo e da indústria. Essa coligação do Estado com oligopólios do campo e da 
indústria não vai criar espaço para demandas populares. 
▪ Devido a isso, o conflito de classes dentro da Alemanha vai se canalizar em uma política 
externa ofensiva, ao invés do Estado alemão dar políticas de Welfare, ele vai começar 
a tentar obter ganhos fora da Alemanha. 
o Crise no limite: todos esses fatores combinados levam a crise no seu ápice, tornando a Europa 
em um barril de pólvora preste a explodir a qualquer momento. 
o Personalidade dos líderes: somente após todo esse contexto de análise é possível ver a 
personalidade do líder como um fator que influenciou o conflito. Ou seja, rompe com a visão 
de que determinado líder que começou o conflito por algum motivo específico, onde o conflito 
ocorre por uma série de fatores que propiciam o cenário para que o mesmo ocorra. 
• Só é possível analisar fenômenos internacionais segundo Brodel se forem analisados os seguintes 
pontos: 
o Longa duração: fenômenos que estão escritos em temporalidades mais longas 
o Media duração: fenômenos conjunturais 
o Curta duração: são os eventos, ou seja, as causas precipitantes

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