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Aula 8: Príons Introdução: príons consistem em partículas infecciosas proteináceas; são proteínas, sem ácidos nucleicos; possuem resistência à inativação pelo calor, desinfetantes e radiação; causam doenças fatais de degeneração neurológica (encefalopatias espongiformes); longo período de incubação (até 30 anos, no homem). Estrutura fisiológica dos príons: príon = proteinaceous infectious particle; possui duas isoformas: normal (PrPc) e patogênica (PrPSc). Proteína príon celular: PrPc (c: celular): glicoproteína encontrada na membrana plasmática em células de diversos tecidos; estrutura secundária (predomínio de alfa-hélices), possui alta solubilidade, susceptível à proteases, codificada pelo gene PRnP (nos humanos, presente no cromossomo 20); apresenta uma âncora GPI. Funções: neuroproteção (funções antioxidantes, anti-estresse); manutenção da bainha de mielina; excitabilidade neuronal; homeostasia de íons divalentes (cobre e zinco); diferenciação celular (proliferação, adesão, morfologia). Proteína príon do scrapie: PrPSc (Sc: scrapie): glicoproteína; estrutura secundária (predomínio de folhas beta-pregueadas → alta estabilidade); insolúvel; resistente à ação de proteases (permanecem em carcaças); resistente a esterilização (121oC), radiação solar; não estimula resposta imunológica. Possuem resistência a agentes químicos e físicos. Patogênese: mutações no gene PnRP (scrapie: gene Sip) provocam doenças priônicas humanas, PrP anormal ou patogênica possuem capacidade de transmissão. Surgimento da encefalopatia espongiforme bovina levou a modificações ocorridas nas indústrias produtoras de farinha de carne e ossos (sangue + miúdos + ossos) que levou a diminuir custos durante a separação de gorduras (reduziram o uso de solventes e temperatura (<75oC, antes 135oC); conservação de príons ingeridos pelo animal (vias verticais e ambiental de pequena importância). Ingestão de príons pelo consumo de farinha de ossos e carne. Ocasiona lesões teciduais, vacuolização no tecido cerebral, deposição de PrPSc ao redor de artérias cerebrais, placas amilóides de PrPSc (em humanos), degeneração cerebral (humano). Sinais clínicos: não há predisposição de sexo ou raça; idade média do aparecimento da doença é de 5 anos (2 a 8 anos); evolução da doença leva ao óbito de uma a 14 semanas até 1 ano, sendo 100% fatal; perda gradual de peso e diminuição da produção de leite; comportamento: medo, agressividade, escoiceamento, salivação, bruxismo, franze os lábios, lambe o focinho, tremores; locomoção e sensibilidade: hesitação em passear por canal de escoamento, cambaleio, ataxia, passada mais alta com os posteriores, reação ao som (palmas) e à luz (lanterna em local escuro) saltando ou lutando para soltar-se se estiver amarrado. Em ovinos: ataxia, perda de pelos da face, dorso e membros. Diagnóstico: não há teste laboratorial para identificar a doença enquanto o animal está vivo; histopatologia após a morte do animal com amostras do cérebro, medula espinhal, tronco cerebral; imunohistoquímica (teste padrao) com amostras de tecido cerebral utilizando anticorpos contra a PrPSc, novos testes em padronização (ELISA e Western Blot), diagnóstico diferencial para outras doenças neurológicas (listeriose, raiva, tumores). Doença humana por príons: transmissão: ingestão de produtos de animais com BSE (cérebro e medula espinhal) leva a pessoa a desenvolver vCJD, a dose infectante é desconhecida, outras vias de transmissão possíveis: instrumentos cirúrgicos usados com tonsilas, cérebro, injeções de hormônios de crescimento, vacinas, transfusão de sangue, transplante de órgãos (córnea), consumo de leite e derivados, produtos gelatinosos (falhas no processamento industrial); período de incubação: 30 anos; evolução para óbito: 1 ano; sintomas iniciais: depressão, ansiedade, insônia, isolamento; sinais neurológicos: dificuldade de caminhar, movimentos musculares involuntários, perda de memória e fala; diagnóstico antemortem: desordem psiquiátrica com mais de 6 meses, atrofia cortical (ressonância), eletroencefalograma anormal, biópsia tonsilar com detecção de príons; diagnóstico postmortem e tratamento: placas amilóides ao redor de vacúolos, acumulação de príons anormais no cerebelo, matéria cinza cerebral com aspecto espongiforme, tratamento: sintomático. Prevenção e controle: restrição de importações de regiões afetadas (animais e produtos derivados); proibiçao do uso de produtos de origem animal na alimentação de ruminantes; bovinos com idade maior ou igual a um ano: quadro nervoso com evolução fatal, semelhante ao BSE (exame histopatológico); desinfecção: hidróxido de sódio (2n) por uma hora, hipoclorito de sódio 5% e ácido fórmico (100%); autoclavção (132oC por 60 minutos) para material cirúrgico.
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