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A experiência Junguiana Cap. 4 - A estrutura da análise É normal criar 2 expectativas relacionadas ao iniciar o trabalho na análise junguiana: 1- o analista ajudar a resolver o problema que motivou o analisando a procurar a análise. 2- haverá uma exploração da vida passada (memórias da infância) O primeiro está relacionado a um desejo humano natural. O segundo está relacionado com a aceitação do modelo psicanalítico freudiano. Jung não repudiava a “análise redutiva” tanto que acreditava que em alguns casos ela se encaixe melhor. Mas a analítica visa compreender o que o inconsciente da pessoa está tentando fazer para auxiliá-la sair da dificuldade. A análise de cunho junguiano pode ser bem flexível na forma de trabalhar. Podendo o profissional tomar o histórico do paciente (analisando) em detalhes, como simplesmente começar com o problema da queixa, deixando que a história de vida se desenvolva conforme a análise avança (como fazem a maior parte dos analistas). Com relação ao ambiente físico, também se mostra versátil, indo desde o uso do divã em alguns aspectos, mas comumente, o mais usual é a relação face-a-face. Frequências e honorários A frequência em terapia junguiana gira em torno de 1 a 2 vezes por semana. Mas o que define de fato essa frequência é a gravidade dos sintomas. Porém o autor acredita que uma frequência inferior a duas vezes por mês tende a quebrar a continuidade da análise. No caso do analisando fazer terapia de grupo com o analista, existe a possibilidade de reduzir a frequência da terapia individual. Se tratando dos honorários, varia de analista para analista, desde os valores como as formas de pagamentos. Analista em formação ou de pouca experiência tendem a cobrar preços reduzidos. Alguns analistas costumam receber a cada sessão enquanto outros recebem de forma mensal. O importante é a sinceridade de quanto cada um pode desprender, pois é melhor fazer uma análise prolongada de menor frequência que uma análise intensiva por um período limitado. Assim como também o nível de esclarecimento desse contrato no início, mantendo todos maus entendidos esclarecidos. Além de tudo que foi mencionado, o autor aponta sobre um significado inconsciente do dinheiro, que também apresenta grande importância. O valor recebido também deve ser bem observado, pois costuma haver momentos que o analisando se questionará se está tendo progresso. O valor da sessão nada mais é do que o valor/salário pelo qual o analista está disposto a trabalhar. Pois se o analista ajuda o analisando resolver um grande problema em pouco tempo, o valor pago foi relativamente baixo. Por outro lado, se durante anos não ajudar em nada, o trabalho não valeu um centavo. Aqui nos deparamo com a imprevisibilidade dos resultados da análise. Faltas nas sessões É comum em terapia de grupo cobrar mensalmente e mesmo mediante às faltas. Pois a pessoa está pagando pela vaga, uma vez que, mesmo que ela falte sua vaga não poderá ser cedida para outra pessoa, a menos que ela desista permanentemente. Já em caráter individual é usual a isenção do valor quando o cancelamento é feito dentro de 24 a 48 horas, pois assim o analista pode utilizar desse horário para um outro atendimento ou propósitos pessoais. Porém o autor alerta para a observação em possíveis razões psicodinâmicas subjacentes nas faltas. “honorários , são mais que honorários; eles trazem em si um significado emocional”. Condições de delimitação: o contrato terapêutico Os elementos que constituem os horários, dias, frequencia, valores, fazem parte de um contrato firmado entre analista e analisando. Isso faz parte para delimitar qual é o papel de cada um nessa relação terapêutica e até onde essa relação está delimitada. Para alguns terapeutas essas delimitações assemelham a uma moldura, delimitando o material a ser estudado, porém não impede que o profissional atue fora da moldura. Para os Junguianos essa relação delimitada, esse espaço, é costumeiramente denominado de “vaso alquímico”. Isso se dá pelo fato de que é neste vaso que ocorre o processo de circulatio (circulação): Em suma aquecesse os ingredientes, a água evapora e depois condensa, sem sair do vaso, voltando ao estado inicial. Quimicamente falando não houve mudanças, mas em uma perspectiva psicológica, o processo é contínuo e cíclico, e pode perdurar por anos de uma forma que aparentemente não apresenta mudanças, porém, podem ser observadas em materiais oníricos. Outra imagem arquetípica utilizada para mencionar as condições de delimitação é o “temenos”, que no mundo antigo refere-se a uma fronteira sagrada que delimita o território de um templo, incluindo o espaço que o cerca (território pertencente ao templo). Essas delimitações vão além de um acordo, ele diferencia o território de vida comum de um local seguro na qual o analisando poderá revelar-se a si-mesma, de uma forma que seria inadequado ou perigoso em condições ordinárias. É um espaço para observação, amparo, porém, neutra. Essas delimitações devem ser estabelecidas o quanto possível no início da terapia, ambas as partes devem estar em comum acordo e assim que acertados, não podem sofrer alterações. Responsabilidade do analista Responsabilizar-se para a manutenção das delimitações estabelecidas de forma conjunta: frequência, honorários, hora marcada, alterações das sessões; dedicar toda atenção necessária ao analisando; concentrar toda a habilidade e compreensão adquirida pelo analista durante seu período de formação; ser objetivo e não judicativo, permitindo assim que o analisando fale o que for necessário sem que ele se sinta julgado. O analista não deve esperar que o analisando se comporte diante dele como diante das pessoas fora do temenos, com exceção no que se trate da manutenção das delimitações. Não se espera que o paciente e o analista mantenham um convívio social. Sentimentos sexuais: intimidade forçada Isso é considerado uma séria quebra de contrato analítico além de dar origem a questões de ordem legal, ética e moral. Porém o sentimento de cunho sexual não é algo incomum, uma vez que o ambiente de temenos possibilita a visibilidade desde os aspectos desejáveis até os defeitos das pessoas, assim como os momentos heróicos da vida da pessoa como seus momentos de fragilidade. É de responsabilidade do analista não tirar vantagem desta atmosfera. É evidente que esses conteúdos sexuais, devem ser trabalhados a partir de seu simbolismo da perspectiva do analisando. Em caso do analisando ter tido sonhos de conteúdo sexual com o analista, é necessário trazer o quanto antes para análise. Já no caso contrário, o analista ter sonhos de conteúdo sexual com o analisando, não é aconselhável o analista levar isso para a terapia do analisando em discussão, pois seria uma carga a mais para o analisando. O correto neste caso é que o analista faça uma auto-reflexão com relação à análise, já que pode representar parte instável da personalidade do analista. Parametros analiticos e habilidades terapeuticas Como já foi observado, o analista deve levar à situação analítica sua habilidade e experiência terapêutica de seu estilo de analisa. Apesar de uma interação entre duas pessoas isoladas em uma sala assemelhar-se a uma interação social, algumas vezes o paciente pode ficar surpreso quando o analista não responder de uma forma socialmente esperada. Isso significa que o analista não precisa responder a questões de cunho pessoal (relacionamento, religião, etc.), pois esse tipo de conversa pode classificar o analista como “apenas outra pessoa”, uma vez que é necessário uma figura diferenciada para que este seja continente de materiais inconscientes do paciente. Proteção ao analisando CAbe ao analista a responsabilidade de informar o analisando quando for necessário um tratamento mais rigoroso, tal como hospitalização, assim como orientar a outros profissionais em caso da necessidade de medicalização. Em casos que o paciente apresente conteúdo que coloque em risco a vida deleou de terceiros é de responsabilidade do analista informar os responsáveis e/ou familiares. Um processo legal de compromisso pode precisar ser firmado pela família do paciente. Responsabilidade do analisando Responsabilidade de comparecer pontualmente às sessões; pagar a conta de modo regular; trabalhar com dedicação na análise, que significa dedicar uma cuidadosa atenção ao seu próprio material. Isso inclui os registros de sonhos e de imagens oníricas, e por vezes a produção de desenhos, pinturas e objetos de argila ou de outro material. Acima de tudo cabe ao analisando revelar conteúdos emocionalmente relevantes e verbalizar essas informações, voluntariamente sempre que possível, para tratar das questões centrais. Dentro do temenos o analisando não tem responsabilidade pelo respeito às formas comuns de interação social, porém, fora dali o analisando tem a mesma responsabilidade do analista, que inclui, por exemplo, a não divulgação de material analítico sem permissão da outra parte. A confiabilidade é de responsabilidade de ambos. Campo de transformação Com relação a transferencia e contratransferencia (T/CT) (distorção perceptiva mais ou menos inconsciente do analisando e do analista respectivamente) constituem uma forma abreviada de como funciona as interações psicológicas que compõe o campo transformativo. Além da relação inconsciente entre analista e analisando, há a relação de cada pessoa e seu lado contra-sexual: o analista quando do sexo masculino ao interagir com um paciente do sexo feminino ele se relaciona com sua anima (identidade/imagem feminina), assim como este paciente do sexo feminino se relaciona com seu animus (identidade/imagem masculina) ao se relacionar com o analista. Além disso a anima e o animus interagem de forma direta em larga medida a nível inconsciente. O processo de T/CT não tem um tempo delimitado para iniciar, muito analisandos ja iniciam sua transferência antes mesmo de entrar na sala do psicólogo, normalmente isso ocorre quando o mesmo tem uma fama que o precede. Da mesma forma que o inverso ocorre, no caso do analista já conhecer o seu analisando. Em suma é importante ressaltar a importância de não se criar juízos pré concebidos antes de conhecer o analista e analisando. O campo de transformação é exatamente o campo definido pela T/CT pois é invariavelmente que o analista se transforme junto com o analisando. O campo transformativo imerge o analista em uma corrente continuamente enriquecida de experiências pessoais com analisandos, ativando nele materiais que requerem uma atenção psicológica disciplinada e constante. Razão terapêutica A razão terapêutica está diretamente ligada à relação de pressão que o inconsciente faz no ego e o quanto esse ego tem força para suportar essa pressão., pois é através da terapia que reduz a pressão do inconsciente trazendo assim uma saúde e equilíbrio mental.
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