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Dos Crimes Contra a Pessoa e o Patrimônio
Induzimento à especulação.
Prof. Anderson Rodrigues da Silva
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Induzimento à especulação.
Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
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Induzimento à especulação.
Análise do núcleo do tipo: há duas condutas, que devem estar unidas: abusar (exorbitar, exagerar ou utilizar de modo inconveniente) e induzir (dar a ideia, inspirar).
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Induzimento à especulação.
Jogo de tampinhas: uma modalidade de jogo de azar, embora manipulado, na verdade, pela destreza de seu operador (numa mesa, colocam-se três tampinhas de garrafa; abaixo delas uma pequenina bola; o agente manipula as tampinhas, mudando-as de lugar e pede para o apostador adivinhar onde está a bolinha; invariavelmente, o apostador perde). Trata-se de conduta que pode encaixar-se neste artigo. 
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Induzimento à especulação.
TJSR: “Demonstrado que o apelante abusou da inexperiência da vítima, persuadindo-a à pratica do conhecido ‘jogo de tampinhas’, configurado está o delito de induzimento à especulação. À unanimidade, rejeitaram a preliminar da defesa e negaram provimento ao apelo” (Ap. Crim. 70003880333-RS, 8.a C. Crim., rel. Roque Miguel Fank, 26.06.2002, v.u.).
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Induzimento à especulação.
Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa.
Sujeito passivo: há de ser pessoa inexperiente, simples ou mentalmente inferiorizada.
Elemento subjetivo: é o dolo. Não há a forma culposa.
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Induzimento à especulação.
Exigem-se, no entanto, duas outras formas de elementos subjetivos do tipo específico, que são o “abusar em proveito próprio ou alheio” e “sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa”. 
Neste último caso, cremos tratar-se de uma nítida sinalização para a ocorrência tanto do dolo direto (“sabe”) como do dolo eventual (“deve saber”). 
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Induzimento à especulação.
No caso da interpretação da expressão “deve saber” – toda vez que surge num tipo penal –, há muita polêmica. Muitos se posicionam pela adoção do dolo indireto ou eventual – o que achamos mais coerente, visto que a culpa deve ser expressa, e não presumida –, enquanto outros preferem dizer tratar-se de culpa (tendência adotada por HUNGRIA, NORONHA, entre outros). 
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Induzimento à especulação.
Ocorre que, a despeito disso, no caso presente, tornar-se-ia uma grave contradição afirmar a existência de um crime de fraude culposa. Ao mesmo tempo em que se exige o dolo de abusar, em proveito próprio ou alheio, estar-se-ia permitindo a invasão no tipo nitidamente doloso de um elemento estranho, que é a culpa, caso fosse interpretada como tal a expressão “devendo saber”.
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Induzimento à especulação.
Assim, posiciona-se a doutrina de forma praticamente unânime, neste tipo penal, pela aceitação das formas direta e eventual do dolo, mas não da culpa. Torna-se, pois, mais um dado relevante para sustentar o desapego com a técnica que possui a expressão “deve saber” (ou “devendo saber”), razão pela qual preferimos, sempre, dar-lhe o significado de dolo eventual, mas jamais de culpa.
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Induzimento à especulação.
Inexperiência: é caracterizada pela falta de vivência, própria das pessoas de pouca idade ou ingênuas.
Simplicidade: é a franqueza, sinceridade e falta de afetação ou malícia nas atitudes, o que é típico de pessoas crédulas e confiantes no bom caráter alheio.
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Induzimento à especulação.
Inferioridade mental: é simplesmente a situação de pessoas portadoras de doenças mentais ou algum tipo de desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
Obs: Outras formas de inferioridade mental devem ser incluídas na inexperiência ou na simplicidade.
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Induzimento à especulação.
Cremos que alargar o conceito de inferioridade mental, quando se defende a igualdade e o respeito às pessoas, é discriminatório. 
NORONHA sustentava, à sua época, ser possível encaixar a mulher nessa situação, pois ela “frequentemente não é aparelhada contra a astúcia ou a manha dos espertalhões e sabidos” (Direito penal, v. 2, p. 450). 
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Induzimento à especulação.
Talvez assim fosse, o que não mais se justifica na atualidade. 
Inexiste, para os padrões de sociedade globalizada, pessoa mentalmente inferior que se possa identificar pelo sexo, pela idade, pela raça, pela religião, entre outros. 
Insistir nessa avaliação do tipo penal é resvalar no preconceito e na discriminação.
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Induzimento à especulação.
Prática de jogo ou aposta: uma das condutas principais, previstas no tipo penal, é induzir (dar a ideia, incentivar) o inexperiente, o simplório e o mentalmente inferiorizado a praticar jogos ou apostas. 
Sabe-se que os jogos são, na sua grande maioria, atividades físicas ou mentais organizadas por um sistema de regras que privilegiam sorte ou azar. 
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Induzimento à especulação.
Não se está falando, é óbvio, dos jogos esportivos, onde prevalece a habilidade, o treino e a capacidade individual. 
O mesmo se diga das apostas, que beiram o mero desafio, também calcado na sorte ou no azar em grande parte.
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Induzimento à especulação.
O Estado deveria, se quisesse de fato resolver essas situações de risco para o sujeito inexperiente, simplório ou mentalmente inferiorizado, proibir o jogo que não lhe interessar de maneira severa e efetiva, fiscalizando devidamente.
Seria, pois, desnecessário um tipo penal de “induzimento à especulação”, pois toda pessoa que jogasse, apostasse ou simplesmente participasse, de qualquer modo, de jogos ou apostas de azar estaria incursa no tipo penal. 
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Induzimento à especulação.
Mas o próprio Estado incentiva o jogo de azar e apostas em várias modalidades, desde que oficiais, o que torna mais difícil qualquer atuação nesse âmbito.
Assim, deve-se compreender o crime de “induzimento à especulação” como um mal necessário, ou seja, já que não se consegue coibir o jogo ou a aposta, pelo menos se busca preservar o patrimônio daqueles que, por si sós, não conseguem distinguir o risco que correm ao jogar ou apostar.
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Induzimento à especulação.
Especulação com títulos ou mercadorias: especular é explorar ou auferir vantagens aproveitando-se de determinada condição ou posição. 
Não é atividade lucrativa, na grande maioria dos casos, para pessoas inexperientes, simplórias ou mentalmente inferiorizadas, de forma que a lei busca protegê-las dos inescrupulosos. 
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Induzimento à especulação.
Note-se que, no caso presente, é preciso que o agente saiba ou deva saber que está lançando a vítima em operação ruinosa. 
Entretanto, se, por mero acaso, a operação, que era para ser ruinosa, termina lucrativa, o delito não está afastado, pois se trata de crime formal. Consuma-se com a prática da conduta, independentemente do resultado naturalístico que possa ocorrer. Assim, se o sujeito passivo experimentar prejuízo efetivo, trata-se de mero exaurimento.
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Induzimento à especulação.
Objetos material e jurídico: o objeto material é a pessoa inexperiente, simples ou mentalmente inferiorizada que sofre a conduta criminosa; o objeto jurídico é o patrimônio dessa pessoa.
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Induzimento à especulação.
Classificação: trata-se de crime comum (aquele que não demanda sujeito ativo qualificado ou especial); formal (delito que não exige resultado naturalístico, consistente na diminuição do patrimônio da vítima); de forma vinculada (o abuso é restrito ao induzimento ao jogo ou aposta e à especulação com títulos ou mercadorias); comissivo (“induzir” implica ação) e, excepcionalmente, comissivo por omissão (omissivo impróprio, ou seja, é a aplicação do art. 13, § 2.º, do Código Penal);
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Induzimento àespeculação.
instantâneo (cujo resultado se dá de maneira instantânea, não se prolongando no tempo); unissubjetivo (que pode ser praticado por um só agente); plurissubsistente (em regra, vários atos integram a conduta); admite tentativa. 
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Boa noite!!!

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