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Metabolismo do glicogênio Bioquímica II 4º Período Biomedicina e Farmácia / FASAR Profª Nívea Cristina Vieira Neves Introdução • Glicose em excesso → glicogênio Vertebrados: fígado (10%) e músculos esqueléticos (1-2%) Glicose no citosol → concentração de 0,4 M → domínio das propriedades osmóticas Na forma de polímero longo → concentração de 0,01 μM Introdução • Glicogênio → armazenado em grandes grânulos citosólicos • Glicogênio (partícula β): 21 nm de diâmetro Até 55.000 resíduos de glicose 2.000 pontas redutoras • 20 a 40 partículas β: roseta α Introdução • Glicogênio no músculo • Glicogênio no fígado Introdução • Grânulos de glicogênio → agregados complexos do próprio glicogênio Enzimas que o sintetizam e degradam Maquinaria envolvida na regulação dessas enzimas Introdução • Mecanismos de estocagem no fígado e músculo → diferem de forma sutil nas enzimas Reflete as diferentes funções do glicogênio em cada um desses dois tecidos Introdução GLICOGÊNIO INGERIDO NA DIETA (E AMIDO) MOLÉCULAS DE GLICOSE LIVRES HIDROLASES INTESTINAIS Ação da fosforilase na quebra do glicogênio • Músculo esquelético e fígado → unidades de glicose das ramificações externas do glicogênio → entram na via glicolítica → ação de 3 enzimas: 1. Fosforilase do glicogênio 2. Enzima desramificadora do glicogênio 3. Fosfoglicomutase • Degradação do glicogênio → Glicogenólise Ligação α-1→6 Ligação α-1→4 (PLP: co-fator) Ação da fosforilase na quebra do glicogênio • Fosforilase: age de forma repetitiva nas pontas não-redutoras até atingir 4 resíduos de glicose de um ponto de ramificação (α1→6) • Prosseguimento → após ação da enzima de desramificação: Oligo (α1→6) para (α1→4) glicantransferase Fosfoglicomutase Glicose 1-fosfato glicose 6-fosfato Destinos • No músculo: Destinos • No fígado: Deficiência de fosforilase hepática • Doença de Hers ou Glicogenose tipo VI • Clínica e laboratório: hepatomegalia, leve retardo do crescimento, ↑ triglicérides, colesterol e ácido úrico, hipoglicemia, acúmulo de glicogênio no fígado • Tratamento: refeições frequentes e regulares Deficiência de fosforilase muscular • Doença de McArdle ou Glicogenose tipo V Fosforilase → 1ª enzima da via de degradação do glicogênio Deficiência de fosforilase muscular • Trabalho muscular intenso • Na falta de fosforilase → necrose • Incapacidade em realizar exercícios intensos e prolongados e ocorrência de dores e câimbras nos músculos exercitados Deficiência de fosforilase muscular • Clínica e laboratório: Idade adulta Curso benigno e restrito à musculatura esquelética Câimbras ao exercício → fadiga fácil Incapacidade de realizar trabalho muscular intenso ou prolongado Ausência de elevação de lactato ou piruvato no sangue após exercício, em contraste com aumento de 2 a 5 vezes no indivíduo normal Deficiência de fosforilase muscular • Clínica e laboratório: Mionecrose e mioglobinúria em tentativa em tentativa de exercício físico intenso Aspecto microscópico: acúmulos de glicogênio nas fibras musculares Deficiência de fosforilase muscular • Tratamento: Evitar exercício físico intenso Glicogenose tipo Ia • Deficiência da enzima glicose-6-fosfatase • Doença de von Gierke Enzima responsável pela liberação de glicose para o sangue • Órgão acometido: fígado Glicogenose tipo Ia • Consequências metabólicas: Hipoglicemia Acidose láctica: ↑ lactato ↑ ácido úrico Hiperlipidemia: depósito anormal de gordura Glicogenose tipo Ia • Desordens hematológicas: Disfunção das plaquetas: prolongamento do tempo de sangramento Neutropenia Glicogenose tipo Ia • Alterações GI: Diarreia intermitente: sobrecarga de glicose e lactose Enzima presente na mucosa do delgado Glicogenose tipo Ia • Clínica: Hipoglicemia: palidez, suor frio e convulsões Aumento do tamanho do fígado Doença descrita nos primeiros 28 dias de nascimento (neonatal) Obesidade troncular e face de boneca Atraso no crescimento estatural Glicogenose tipo Ia • Tratamento: Dieta: amido cru (Maisena) a cada 2-4 horas, com água fria Redução da ingesta lipídica Isenção de frutose e galactose Glicogenose tipo Ib e Ic • Ib: deficiência de glicose 6-fosfato translocase (T1) • Ic: deficiência de transportador de Pi (T3) Glicogenose tipo II • Doença de Pompe • Herança autossômica recessiva: Prevalência rara → 1:100.000 nascimentos • Deficiência da enzima lisossomal: maltase ácida (α-glicosidase ácida) • Acúmulo de glicogênio nos lisossomos → disfunções / danos celulares (músculos cardíaco, respiratório e esquelético) • Tratamento: infusão enzimática Glicogenose tipo II • Apresenta-se sob três formas: 1. Tipo IIa: forma infantil (deficiência enzimática total) 2. Tipo IIb: forma juvenil 3. Forma adulta (deficiência enzimática parcial: 3-25%) Glicogenose tipo II • Comprometimento multi-sistêmico: Muscular Cardíaco e visceral SNC e sistema nervoso periférico Glicogenose tipo IIa 1. Tipo IIa: forma infantil → sintomas aparecem no 1º mês de vida: Atraso motor Dificuldade respiratória Insuficiência cardíaca progressiva Hipotonia e fraqueza muscular severa Glicogenose tipo IIa Acúmulo de glicogênio: fígado, musculatura (inclusive cardíaca) e SNC Crianças não têm controle de cabeça e não são capazes de sentar Massa muscular normal Expectativa de vida: 2 anos Glicogenose tipo IIa Glicogenose tipo IIb 2. Tipo IIb: forma juvenil → curso mais lento (2 anos de idade): Debilidade muscular e hipotonia Sem comprometimento cardíaco Alguns casos: comprometimento respiratório, hepatomegalia e macroglossia Prognóstico: óbito entre a 2ª e 4ª década de vida, por falha respiratória Glicogenose tipo II 3. Forma adulta: Fraqueza muscular a partir dos 30 anos Deficiência respiratória por comprometimento dos músculos do diafragma e intercostais Sem hepatomegalia, cardiomegalia e macroglossia Glicogenose tipo II – forma adulta Glicogenose tipo III • Doença de Forbes-Cori • Deficiência da enzima desramificadora α-1→6 glicosidase • Mais comum e menos intensa: 1. Forma IIIa: fígado e músculo 2. Forma IIIb: sem comprometimento muscular Glicogenose tipo III • Sintomas (lactente): Hipotonia, fraqueza Retardo do crescimento Hepatomegalia Hipoglicemia Glicogenose tipo III • Biópsia muscular: achados miopáticos menores • Tratamento: dieta rica em proteína • Bom prognóstico Glicogenose tipo VII • Doença de Tarui • Deficiência de fosfofrutocinase muscular (via glicolítica) • Clínica semelhante ao tipo V (intolerância ao exercício) Regulação Fosforilase no músculo • Ocorre em 2 formas interconversíveis: Fosforilase a: cataliticamente ativa Fosforilase b: menos ativa (músculo em repouso) • Atividade muscular vigorosa: liberação de epinefrina → fosforilação de resíduo específico de serina na fosforilase b → fosforilase a Regulação Fosforilase no músculo • Ca2+: liga e ativa a fosforilase b cinase • AMP: liga-se e ativa a fosforilase b (sem transformá-la em a) Normalização dos níveis de ATP → bloqueio do sítio alostérico de AMP → fosforilase b com baixa atividade Regulação Fosforilase no fígado • Glucagon: ativa fosforilase b cinase fosforilase b → fosforilase a Normalização dos níveis de glicose → ligação num sítio alostérico da fosforilase a Fosforilase a fosfatase Fosforilase a fosfatase Fosforilase cinase Glicogenoses tipo VIb, VIII ou IX• Deficiência de fosforilase cinase • Fígado, leucócitos e músculo • Fígado aumentado Glicogênese Introdução • Ocorre virtualmente em todos os tecidos • Predominante: fígado e músculos esqueléticos UDP-glicose • Reações de transformação ou polimerização de hexoses → envolvem nucleotídeos de açúcar UDP-glicose Propriedades dos açúcares de nucleotídeos 1. Sua síntese é metabolicamente irreversível → contribui para irreversibilidade das vias biossintéticas 2. Participam de interações não-covalentes com enzimas → contribui com atividade catalítica 3. Grupo nucleotidil (UMP ou AMP) → excelente grupo de saída → facilita ataque nucleofílico pela ativação do carbono do açúcar ao qual está ligado 4. Grupos nucleotídicos → “marcadores” para determinadas reações Formação de um nucleotídeo de açúcar Síntese de glicogênio • Ponto de partida: glicose 6-fosfato • Músculo: hexocinase I e II Glicose + ATP glicose 6-fosfato + ADP • Fígado: hexocinase IV Síntese de glicogênio • Parte da glicose ingerida segue uma via indireta até glicogênio 1ª reação 2ª reação UDP-glicose pirofosforilase Glicose-1-P 3ª reação Síntese da ramificação • As ligações α1→6 são formadas pela enzima de ramificação do glicogênio Amilo (α1→4) para (α1→6) transglicosilase ou glicosil-(4→6)-transferase Síntese da ramificação • Ramificações: Torna glicogênio mais solúvel Aumenta nº de pontas não-redutoras Ramificação do glicogênio Glicogenina • Glicogênio sintase → não pode iniciar uma cadeia nova de glicogênio a partir de moléculas de glicose • Necessidade de um molde preexistente Início da síntese de glicogênio pela glicogenina Proteína tirosina glicosiltransferase glicogenina glicogenina glicogenina Glicogênio sintase Glicogênio sintase Enzima ramificadora Regulação Glicogênio sintase é: … ativada por: • Insulina • [Glicose 6-P] • [Glicose] … inibida por: • Glucagon • Epinefrina GSK3 = glicogênio sintase cinase CKII = proteína cinase PP1 = fosfoproteína fosfatase Glicogenose tipo IV • Doença de Andersen • Deficiência da enzima ramificadora (amilo-1,4-1,6 glicosidase) • Acomete principalmente o fígado Glicogenose tipo IV • Clínica: Hepatoesplenomegalia Alterações neuromusculares Não há tratamento eficaz Transplante de fígado Regulação recíproca Glicogênio sintase x Glicogênio fosforilase
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