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Monoculturas da mente, Vandana Shiva

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Vandana Shiva, “Monoculturas da Mente” 
 
1. O que são as monoculturas da mente? 
 
Monocultura, na agricultura, define-se como o cultivo de exclusivamente um 
único produto agrícola. Vandana Shiva utiliza esse conceito para fazer um paralelo 
com a sua ideia daquilo que ela chama de “monocultura da mente”, utilizando 
metáforas da área agrícola para descrever os acontecimentos sociais. 
Para a autora, existe uma maneira de pensar em termos de monocultura, em 
que uma visão de mundo em específico é a única correta, sendo imposta de 
maneira autoritária. Outros modos de pensar são tidos como inferiores, 
anticientíficos, ultrapassados e até podem ter sua existência negada. No mundo 
atual, essa monocultura, portanto, seria a que chamamos hoje de pensamento 
científico ocidental, tido como única forma de conceber a realidade. Tudo aquilo que 
fugiria a essa cultura e pensamento científico com o tempo vai sendo descartado, 
principalmente através da negação de outra concepção de realidade. 
Vandana Shiva compara esse processo de dominação de uma visão de 
mundo específica com as monoculturas de sistemas agrícolas que contribuem para 
limitar a diversidade das plantações. Sempre defendendo a diversidade das 
espécies, ela também defende a diversidade de visões de mundo e pensamentos. 
A monocultura provém de um pensamento dominador e colonizador, que 
inferioriza os diferentes e impõe sobre eles suas próprias ideias, sem levar em 
consideração suas opiniões, contexto, estilo de vida e o impacto que isso trará a 
eles e ao ambiente em que vivem. Não há um diálogo e “relacionamento” de 
culturas, apenas um enxerto do pensamento ocidental. 
Esse conceito exclui a diversidade de pensamento, tirando a pluralidade do 
meio científico e extinguindo alternativas. Isso contribui para o aumento do 
preconceito e separação entre as nações, criando fronteiras entre Norte e Sul, que 
corresponde à divisão entre os países desenvolvidos (ou de primeiro mundo) e 
subdesenvolvidos (ou de terceiro mundo). 
A monocultura de mentes impacta negativamente outras visões de mundo 
direta e indiretamente. Usando o paralelo da agricultura, é notável que interesses 
econômicos destróem o meio ambiente que, consequentemente, prejudica as ações 
dos grupos que necessitam desses recursos naturais para sobreviver. E assim 
como antigas florestas ricas em biodiversidade foram destruídas para dar lugar a 
desertos verdes de eucalipto ou soja (monoculturas), assim acontece com a culturas 
do mundo, que aos poucos vão sendo degradadas. 
Quando não percebemos esse problema, quando vivemos sem questionar 
aquilo que é imposto a nós, então estamos sob uma monocultura da mente, e tal 
monocultura não produz mais para sociedade, apenas controla mais a sociedade 
para o que essa monocultura deseja extrair da população. 
 
2. O que caracteriza os conhecimentos futuristas segundo Vandana 
Shiva? 
 
O pensamento atual de monocultura contribui para um “aprisionamento” dos 
pensamentos mundial e individuais, uma vez que impõe uma única visão de 
maneira autoritária e colonizadora. Criando preferências e privilégios aos 
pensamentos e culturas ocidentais, que apenas segrega e separa cada vez mais o 
mundo como um todo, possuindo, assim, uma visão cada vez mais limitada sobre a 
realidade do planeta. Diante disso, Vandana Shiva propõe conhecimentos futuristas 
que deveriam proporcionar uma liberdade de pensamento, ao passo que se abre 
para diferentes visões de mundo e contextos sociais. 
Para isso ocorrer, é necessário uma democratização do conhecimento, em 
que alguns conceitos seriam mudados, como o significado do que é o saber, e 
legitimaria todos os tipos diferentes de pensamento, sem considerar nenhum deles 
como inferiores ou primitivo, mas sim unindo todos eles para obter uma visão cada 
vez mais plural e completa sobre o que é o mundo e seus diferentes contextos. 
Logo, deveria-se focar no que é concreto, ou seja, na verdadeira realidade e não em 
meras abstrações como a globalização, que, ao contrário do que parece, apenas 
agrava o processo de separação entre pensamentos diferentes. 
Assim, a democratização do conhecimento traz consigo a libertação do 
autoritarismo imposto pelo Ocidente na sua tentativa de obter mais poder sobre 
outros. A pluralidade oferece um benefício não só para a melhoria da vida humana, 
já que não haveriam sociedades inferiorizadas por seus pensamentos diferentes, 
como também para a agricultura, pois possibilitaria o aumento da diversidade de 
espécies.

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