Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança HISTÓRIA DA MODA METADE DO SÉC. XIX Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança NAPOLEÃO III SEGUNDO IMPÉRIO O NOVO ROCOCÓ Sob o regime de Napoleão III, de 1853 a 1870, e sua esposa Eugenia, Paris tornou-se novamente o centro de diversão do mundo. A segunda metade do século trouxe notáveis progressos materiais e científicos e reformas sociais. Winterhalter, “A imperatriz Eugenia e o jovem Louis Napoleon”, 1857. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Durante o Império de Napoleão III o Barão Georges Eugène Haussmann ficou encarregado de coordenar uma equipe de engenheiros e arquitetos para a reurbanização de Paris. Haussmann sobrepôs à cidade uma nova malha urbana com largas avenidas retilíneas, os arrondissements que dividem a capital em seções foram ampliados para 20 e foi criado um novo sistema de esgotos. A reurbanização de Paris influenciou a planificação de cidades como Lyon, Marseille, Monpellier, Bruxelas, Florença e Barcelona. Fora da Europa, surgiram novos exemplos de centros urbanos, como Chicago e Nova York. 2º. Império - Urbanismo Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Na Inglaterra, em plena Era Vitoriana, reinou a paz. Tudo era comportado e correto demais, considerando-se vulgares e corruptas a ostentação e a paixão. O surgimento das grandes fábricas arruinaria os pequenos artesãos. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Franz Xaver Winterhalter, A Imperatriz Eugenia como Maria Antonieta (Eugénie de Montijo, 1826–1920), 1854. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Retrato da Imperatriz Eugênia (de verde) e suas damas, pelo pintor alemão Winterhalter, 1855. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Tecidos preciosos, como tafetá, seda e brocados de cores suaves eram vistos a qualquer hora do dia, e refletiam o momento de prosperidade. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Os vestidos de baile mostravam saias repletas de muitos metros de babados, corpetes estreitíssimos com profundos decotes, expondo a parte superior dos seios, os ombros e os braços, levando o uso de matilhas e pelerines de vários tipos para a proteção contra o frio. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Vestido de noite em tafetá, 1861.The Gallery of English Costume. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Vestido para o dia, 1857. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Vestido para o dia, c. 1852-3. V&A. Vestido de casamento, c. 1856-60. V&A. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Crinolina Crinolina, 1860 Na segunda metade do século, a crinolina de armação, popularizada pela imperatriz Eugênia substituía uma grande quantidade de anáguas pesadas. Consistia num suporte em que aros de aço eram presos à anágua, dando o aspecto de uma grande gaiola. Ao mesmo tempo foram lançadas as ceroulas de algodão e renda como novidade e para prevenir contra um vento que poderia levantar as saias. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Fábrica de Crinolinas, os aros de armação. A partir de gravura de Bach publicada na revista L'Univers illustré de 1865, com o texto: “(...)A oficina nos dá uma visão suficiente para fazer compreender a parte principal, que consiste em dispor uma estrutura de madeira no qual o grupo alcança uma bobina de arame colocada na extremidade superior do manequim sobre o qual se trabalha (...)”. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Crinolina, 1865 Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Alexander McQueen, primavera/verão 2013. A designer Sarah Burton afirmou que nessa coleção fez um estudo da idealização da forma feminina através de gaiolas e espartilhos, como se a roupa pairassem sobre as mulheres que as usam. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Como donas de casa, trajavam saias amplas e compridas, ainda com as muitas anáguas pesadas e seus chapéus-boneca que deixavam o rosto aparecer apenas de frente. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Vestido para passeio, 1860. Mudança na forma da crinolina, reta na frente e comprida atrás. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança 1869. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Em 1850, nos Estados Unidos, Mrs. Amelia Bloomer criou uma saia não tão ampla, cobrindo apenas o joelho e, sob ela, ceroulas fofas até os tornozelos. Seu traje foi um fracasso, entretanto cinqüenta anos depois, as calças bloomers foram adotadas para a prática de ciclismo. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Uniforme para Tênis, 1870 Nos anos 1870 o tênis passa a ser um esporte praticado pelas mulheres. Enquanto o futebol e o beisebol apareciam entre os homens. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Alta-costura: origem Antes da alta-costura havia nas principais capitais européias um artesanato de mulheres habilidosas e afamadas, mais executantes que criadoras, que respeitavam as ordens imperiosas de suas clientes. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança O surgimento do primeiro grão-senhor costureiro, em meados do século XIX, coincide com o nascimento da indústria em grande escala e com a ascensão ao poder de uma nova classe dirigente: a alta burguesia, desejosa de consumir para se fazer notar, e, portanto disposta a pagar qualquer preço e a renovar seus trajes com muita frequência. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança A isso se deve a originalidade de Charles Frederick Worth, que se afirma como criador muito empenhado em impor seu estilo em modelos confeccionados sob medida. A princípio, Worth mostra às clientes croquis em aquarelas, e mais tarde modelos no corpo de manequins. Força suas clientes milionárias a irem aos seus salões ver seus modelos. Surge um relacionamento que já não é de executante e senhor, mas de criador e cliente, e isso permite às linhas da moda se tornarem bem mais rigorosas e evoluírem com rapidez, ao ritmo das mudanças de estação. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Worth, considerado como o "Pai da alta-costura" e dos desfiles de moda com modelos, foi um costureiro inglês que fez sucesso em Paris no século XIX. Seu talento como estilista chamou a atenção da imperatriz Eugenia e de toda a alta sociedade parisiense. CHARLES FREDERICK WORTH (1825-1895) Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança O salão “Worth & Bobergh” foi inaugurado em 1857, comandado por Worth, na Rue de la Paix, em parceria com o comerciante de sedas sueco Otto Bobergh. Em seu ateliê era possível encontrar uma grande variedade de tecidos luxuosos e requintadas criações. O uso de tecidos ricos inspirou os fabricantes de seda de Lyon, a produzir cada vez mais. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança “Mme. B., uma personalidade do Beau Monde e muito elegante, foi vê-lo no mês passado para encomendar um vestido. _ Madame – disse ele -, quem a apresentou? _ Não compreendo. _ Temo que a senhora deva ser apresentada por alguém para que eu a vista. Ela foi embora sufocada de cólera. Mas outras ficaram, dizendo: _ Não me importo que ele seja mal-educado, desde que me vista.” (LAVER,1996, p. 188.) Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Em 1869, aboliu a crinolina e elevou a saia na parte de trás, formando também uma cauda. Vestiu as atrizes Sarah Bernhardt e Eleonora Duse, tendo como clientela tanto a nobreza européia como a sociedade internacional. Para algumas clientes criava uma coleção completa de roupas destinadas a cada ocasião. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Ateliê Worth em 1871. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Imagens do livro "A Century of Fashion" de Jean-Philippe Worth, 1928. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Em 1868, Worth e M. Dreyfus, da confecção para senhoras Dreyfus et Kaufman, fundam a Câmara Sindical da Confecção e da Alta Costura (Chambre Syndicale De La Confection Et De La Couture Pour Dames Et Fillettes) para proteger das cópias. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Vestido de baile, c. 1872 Charles Frederick Worth Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Vestido de passeio, 1883–85 Charles Frederick Worth Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Charles F. Worth, c. 1888. Charles F. Worth, 1875-76. Charles F. Worth, c. 1885. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Vestido de seda, 1883. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Vestidos de Noite, c. 1887 Charles Frederick Worth Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Vestidos de Noite, c.1898–1900 Casa Worth (nessa época nas mãos dos filhos do fundador, Jean-Phillipe e Gaston) Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Desfile Dior Inverno 2009, inspiração em Worth. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança SEGUNDO IMPÉRIO / NOVO ROCOCÓ O traje masculino nesta época, mostrava-se pouca diferença daquela anterior. O fraque era usado somente à noite e adornado com lapelas de seda preta. Para o dia, a sobrecasaca se estabelecera como o traje aceito na cidade. Entre os jovens, a jaqueta curta ia ficando cada vez mais popular, especialmente em Oxford e Cambridge. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Na segunda metade do século XIX, o frock coat estabeleceu-se como a forma correta do traje de dia, deslocando a casaca para a noite. Fashion Plates,1854. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança O smoking (dinner jacket no Reino Unido e tuxedo nos EUA) teve origem no ano de 1860, quando a lendária empresa de Savile Row, Henry Poole & Co. desenvolveu um casaco para o então Príncipe de Gales (na época com apenas 19 anos e posteriormente, Rei Eduardo VII do Reino Unido) trajar em jantares informais, como alternativa à casaca. Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança “A repartição das aparências dispendiosas não obedece mais apenas à divisão das classes, mas também à dos gêneros. Às mulheres, as toaletes faustosas de preços atordoantes; aso homens, o traje preto e austero, símbolo dos novos valores de igualdade e de poupança, de racionalidade e de disciplina, de medida e rigor (...) ‘Vitrine’ do homem, a mulher, por intermédio do vestir, vê-se encarregada de exibir o poder pecuniário e o estatuto social do homem”. (LIPOVETSKY, 2005, p.69-70) Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Teóricos do final do século XIX, como o sociólogo alemão Georg Simmel, criaram as primeiras reflexões sobre a moda no mundo capitalista e industrializado, fundamentadas na teoria da distinção social. “O modelo de Simmel de mudança na moda estava centrado na ideia de que as modas eram primeiramente adotadas pela classe alta e, mais tarde, pelas classes média e baixa. Grupos de status inferior procuravam adquirir mais status ao adotar o vestuário dos grupos de status superior, desencadeando um processo de contágio social no qual os estilos eram adotados por grupos de status sucessivamente inferiores... Grupos de status superior buscavam novamente diferenciar-se de seus inferiores ao adotar novas modas.” (CRANE, 2006, p.30 ) Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança “A democratização do vestuário era relativamente limitada. Para ocorrer uma difusão mais ampla de estilos de roupas, as barreiras de tradição, pobreza e analfabetismo deviam ser vencidas” (CRANE, 2006, p.91) Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Prof. Flávio Bragança Referências: BOUCHER, François. História do Vestuário no Ocidente. São Paulo: Cosac Naify, 2010. CALLAN, Georgina O´Hara. Enciclopédia da Moda, de 1840 a década de 90. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. CATOIRA, Lu. Moda Jeans - Fantasia Estética Sem Preconceito. São Paulo: Idéias & Letras, 2009. CRANE, Diana. A moda e seu papel social: classe, gênero e identidade das roupas. 2. ed. São Paulo: Ed. SENAC São Paulo, 2009. LAVER, James. A roupa e a moda. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 1996. LIPOVETSKY, Gilles. O Luxo Eterno: da idade do sagrado ao tempo das marcas. São Paulo: Companhia da Letras, 2005. SABINO, Marco. Dicionário da Moda. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. WILSON, Elizabeth. Enfeitada de Sonhos. Lisboa: Edições 70, 1985. Prof. Flávio Bragança
Compartilhar