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MSC. Prof. Lorena Gusmão O que é? Saúde Doença De acordo com o tempo e os recursos disponíveis. Processo saúde-doença e epidemiologia Conceito de processo saúde-doença: Todos os processos envolvidos da saúde até a doença, passando pela coexistência de ambos em proporções diversas. Itapetinga: Homem de 54 anos vivia debilitado em meio ao lixo, ratos e baratas Processo saúde-doença: Evolução histórica A visão mágica: Saúde: natural Doença: Provocada por situações específicas Sobrenatural: castigo dos “deuses” → sacerdotes como guias para a cura Hábitos interessantes → enterrar dejetos, beber água limpa, abrigar-se de frio e calor intenso, observação da natureza e sua influência. Processo saúde-doença: Evolução histórica Civilização grega (séc. V a.C.) Observação atenta do homem e suas relações com a natureza Hipócrates, o “pai” da Medicina: saúde como resultado do equilíbrio entre o homem e seu meio → descarte de dejetos, acesso a água limpa, higiene pessoal e moradia Influência no Império Romano: salubridade das cidades Processo saúde-doença: Evolução histórica Idade Média (séc. V a XV): Idade das trevas Influência da igreja, enclausurou o conhecimento científico Doença = castigo expurgo de pecados Doentes mentais → possuídos pelo demônio Crescimento desordenado das cidades e ↑ da aglomeração populacional → proliferação de doenças transmissíveis e expansão de doenças epidêmicas (peste, tifo e varíola). Teoria dos Miasmas: Ar das casas e cidades era infectado e capaz de transmitir doenças. Uso de ervas aromáticas para purificar o ar. pajelança 11 Processo saúde-doença: Evolução histórica O Renascimento (séc. XV) Rompimento igreja e poder político Grandes navegações, “descoberta” das Américas: propagação de doenças Avanço científico Processo saúde-doença: Evolução histórica Corpo como “máquina”: doença = “defeito” na máquina APENAS Controvérsias científicas → contágio x ambiente Processo saúde-doença: Evolução histórica Iluminismo (séc. XVIII) Revolução Industrial Trabalhadores deslocados para as cidades Medicina Social: controle de doenças com ações que extrapolam a prática médica* Processo saúde-doença: Evolução histórica Teoria bacteriológica (séc. XIX) Grandes descobertas no “mundo bacteriológico” Pasteur, Kock, Jenner, Lister, Semmelweis, Nightingale Única causa: a infecção Grandes descobertas, porém desconsideração de questões psicossociais Processo saúde-doença: Evolução histórica Modelo Multicausal Crise da teoria bacteriológica História Natural da Doença (Leavell & Clarck, 1965) Determinantes Sociais da Saúde [...] fatores sociais, econômicos ou comportamentais que influenciam a saúde, positiva ou negativamente, e que podem ser alterados por decisões políticas ou individuais, ao contrário de idade, sexo e fatores genéticos, que também influenciam a saúde, mas não são modificáveis por essas decisões (PELLEGRINI FILHO, 2013). Determinantes Sociais da Saúde DSS são: “os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população” (BUSS; PELLEGRINI FILHO, 2007). Condicionantes de Saúde Condicionam uma situação a determinados fatores. Condição que não pode ser alterada, que é inerente a pessoa: Idade Sexo Fatores genéticos... Processo saúde-doença: Evolução histórica Saúde (VIII Conferência Nacional de Saúde, 1986): “...resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse de terra e acesso aos serviços de saúde. Sendo assim, é resultado das formas de organização social e produção....” Processo saúde-doença: Evolução histórica Saúde (OMS) “Completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de enfermidade” A análise da situação de saúde compreende os seguintes itens: Situação e tendências da evolução demográfica, social e econômica do país: traça um panorama geral de referência para a análise da situação de saúde, descrevendo a evolução destes macrodeterminantes, particularmente nas últimas quatro décadas Inclui dados sobre crescimento populacional, fecundidade, mortalidade, migrações, urbanização, estrutura do mercado de trabalho, distribuição de renda e educação; A análise da situação de saúde compreende os seguintes itens: A estratificação socioeconômica e a saúde: apresenta a situação atual e tendências da situação de saúde no país, destacando as desigualdades de saúde segundo variáveis de estratificação socioeconômica, como renda, escolaridade, gênero e local de moradia; Condições de vida, ambiente e trabalho: apresenta as relações entre situação de saúde e condições de vida, ambiente e trabalho, com ênfase nas relações entre saneamento, alimentação, habitação, ambiente de trabalho, poluição, acesso à informação e serviços de saúde e seu impacto nas condições de saúde dos diversos grupos da população; A análise da situação de saúde compreende os seguintes itens: Redes sociais, comunitárias e saúde: inclui evidências sobre a organização comunitária e redes de solidariedade e apoio para a melhoria da situação de saúde, destacando particularmente o grau de desenvolvimento dessas redes nos grupos sociais mais desfavorecidos; Comportamentos, estilos de vida e saúde: inclui evidências existentes no Brasil sobre condutas de risco como hábito de fumar, alcoolismo, sedentarismo, dieta inadequada, entre outros, segundo os diferentes estratos socioeconômicos da população; A análise da situação de saúde compreende os seguintes itens: Saúde materno-infantil e saúde indígena: por sua importância social e por apresentarem necessidades específicas de políticas públicas, são dedicadas seções especiais sobre saúde materno-infantil e saúde indígena. Vários modelos foram propostos para estudar os determinantes sociais e a trama de relações entre os diversos fatores estudados através desses diversos enfoques. Modelo de Dahlgren e Whitehead DETERMINANTES INDIVIDUAIS MACRODETERMINANTES PENSE NISSO! Para além do conceito epidemiológico de determinantes sociais de saúde como fatores de risco, é necessário ainda, compreender a determinação social da saúde como um conceito mais ampliado e politicamente construído que envolve a “caracterização da saúde e da doença mediante fenômenos que são próprios dos modos de convivência do homem, um ente que trabalha e desfruta da vida compartilhada com os outros, um ente político, na medida em que habita a polis, como afirmava Aristóteles” (PASSOS NOGUEIRA, 2010). Assim, no entendimento de Brêtas e Gamba (2006) um bom profissional da área da saúde é aquele capaz de traduzir o inaparente, o indizível em um primeiro contato com o ser doente Ao compreender que o corpo humano não é um produto genérico isolado, pois existe em relação com outros seres em um dado contexto social, cultural e político, entendem que, para cuidar da pessoa, faz-se necessário considerar algumas questões pertinentes ao vínculo saúde-doença-adoecimento-sociedade: as condições de vida impostas e os estilos de vida escolhidos pelos próprios indivíduos. História Natural da Doença História Natural da Doença História Natural da Doença História Natural da Doença Período pré-patogênico: Evolução das inter-relações entre os condicionantes sociais e ambientais e os fatores próprios do suscetível. História Natural da Doença Período pré-patogênico: História Natural da Doença Algumas considerações sobre o período pré-patogênico: Inclui todos os fatores que podem gerar um quadro de doença: agente etiológico, fatores socioeconômicos, genética Requer conhecimento do risco Momento privilegiado para a promoção e proteção da saúde História Natural da Doença Alterações em seus componentes podem gerar desequilíbrios que ocasionemdoença, aumentem ou diminuam sua incidência. História Natural da Doença Determinantes do processo saúde-doença (período pré-patogênese): Fatores Sociais Fatores ambientais Socioeconômicos Genéticos Socioculturais Multifatorialidade Sociopolíticos Psicossociais Fatores socioeconômicos Fatores sociopolíticos Fatores socioculturais Fatores psicossociais FATORES AMBIENTAIS Inclui o agente etiológico (químicos, físicos ou biológicos) Meio físico e social Agressores: Agentes presentes naturalmente Agentes pouco comuns, que por alterações diversas, passam a se fazer presentes de forma perceptível Agentes que explodem em situações anormais Transição epidemiológica Substância carcinogênicas Alimentação (enlatados) Poluição Contaminação do solo FATORES GENÉTICOS MULTIFATORIALIDADE Multifatorialidade Sinergia entre os fatores causais Risco e probabilidade Exemplo de sinergia: Doenças diarreicas Desnutrição Circundados pelos fatores sociais e ambientais PERÍODO DE PATOGÊNESE Período de patogênese Período de patogênese Interação estímulo-suscetível: Doença ainda não presente Fatores predisponentes presentes, favorecendo a ação subsequente de agentes patógenos Período de patogênese Alterações bioquímicas, histológicas e fisiológicas: Doença já implantada Período de incubação Doença só perceptível por exames clínicos ou laboratoriais Pode não evoluir Período de patogênese Sinais e sintomas Estágio clínico Pode evoluir para cura, cronicidade, invalidez ou morte Período de patogênese Cronicidade: Pode evoluir para invalidez temporária ou permanente ou morte. PREVENÇÃO PREVENÇÃO Evitar doenças, prolongar a vida e desenvolver a saúde física e mental e a eficiência (individual e coletiva) Ação antecipada, interceptando ou anulando a evolução da doença NÍVEIS DE PREVENÇÃO Níveis de Prevenção Prevenção Primária: Promoção de Saúde e Proteção específica Prevenção Secundária: Diagnóstico precoce: Rastreamento (Screening) ou Exames aos primeiros sinais Limitação do dano Prevenção terciária: - Reabilitação Por que todos os níveis são chamados de preventivos?