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Universidade Federal de Alagoas Instituto de Química e Biotecnologia Laboratório de Química Orgânica 1 – Química Tecnológica e Industrial Professora Maria Ester Barros 1 Experimento 7: Recristalização do Ácido Benzóico Osvaldo de França Santos / Rodrigo da Silva Lisboa. Resumo: O presente experimento teve como objetivo a recristalização do ácido benzóico. Para tanto, utilizou-se a técnica de solubilização a quente e filtração a vácuo. Ao fim dos ensaios, foi possível constatar os cristais e por sua vez calcular o seu rendimento e o ponto de fusão do recristalizado. Palavras-chaves: Recristalização, Purificação, Solubilidade, Cristais. Introdução A maioria dos compostos orgânicos sólidos obtidos através de reações químicas ou retirado da natureza. Comumente apresentam contaminação com impurezas, que acabam ficando misturado no produto a ser definido. Necessitando da técnica de purificação. [1] A cristalização é uma técnica de purificação de compostos orgânicos sólidos à temperatura ambiente, e está baseado principalmente na solubilidade do sólido em um solvente para diferentes temperaturas. [1] Para se escolher o solvente ideal é necessário que o solvente assuma as seguintes características: não reaja com o soluto; solubilize muito pouco a frio, mas por completo a quente (com a finalidade de se formar uma solução supersaturada para posterior precipitar- se e consequentemente sair em formato de cristais após a filtragem) e o solvente deve ser capaz de solubilizar as impurezas contidas no soluto a frio. [1] Os solventes mais utilizados são: água, petróleo, éter de etílico, clorofórmio, éter de tetracloreto de carbono, acetato de etilo, tolueno, metanol e etanol. Para fazer a recristalização do ácido benzóico, o solvente utilizado para um melhor resultado foi a água destilada, visto que ela não se solubiliza a frio, mas sim a quente. Tal característica diferente já era de se esperar, visto que além de ser uma substância inorgânica, a mesma não possui parte apolar. Ou seja, a molécula é totalmente polar, possuindo apenas ligações de hidrogênio com outras moléculas do próprio solvente. [2] Na separação de impurezas que podem ser removidas por recristalização podem ser classificados em: [3] I. Impurezas insolúveis podem ser retidas pelo método de filtração em uma solução quente ou fria. II. Impurezas bastantes solúveis, neste caso, não hão o problema de permanecer na solução. III. Impurezas coloridas, que são formadas a partir da oxidação e polimerização de oxigênio do ar, podem ser retiradas por absorção de carvão ativado. O ácido benzoico apresenta fórmula molecular: C7H6O2 ou C6H5COOH, em sua forma pura é um sólido branco, cristalino, praticamente insolúvel em água (2,9 g/L a 25ºC) e de ponto de fusão de 122ºC [4]. Solúvel em solventes orgânicos pouco polares, seu nome oficial é ácido-benzeno-monocarboxílico e, por possuir ação fungicida, é utilizado na conservação de alimentos e na produção de produtos farmacêuticos e cosméticos. [5] A partir dos preceitos citados acima e da caracterização do ácido benzoico é que a purificação pelo método de recristalização e identificação da substância pôde ser feita. Objetivos Purificar o ácido benzóico através do método da recristalização e comprovar a eficiência de tal por meio da obtenção de seu rendimento e do ponto de fusão do recristalizado. Universidade Federal de Alagoas Instituto de Química e Biotecnologia Laboratório de Química Orgânica 1 – Química Tecnológica e Industrial Professora Maria Ester Barros 2 Procedimento Experimental Teste de solubilidade Pesou-se 0,1 g de ácido benzoico (C₆ H₅ COOH) a 3 tubos de ensaio e logo após adicionou-se 1 ml de etanol (CH3CH2OH) ao tubo 1, 1 ml de éter etílico ((C2H5)2O) ao tubo 2 e 1 ml de água destilada ao tubo 3. Agitou-se os tubos de ensaio e observou-se a dissolução do ácido benzoico, como não ouve dissolução no tubo 3, aqueceu- se o tubo em chapa de aquecimento até a ebulição do solvente e observou-se a dissolução do ácido. Retornou-se o tubo 3 a estante para esfriar e anotou-se o resultado obtido. Recristalização do ácido benzoico Pesou-se 3 g de ácido benzoico em um erlenmeyer de 125 ml. Posteriormente em um outro erlenmeyer de 125 ml adicionou-se 80 ml de água destilada e colocou-se o erlenmeyer no congelador para esfriar a água. A um terceiro erlenmeyer de 125 ml aqueceu-se 60 ml de água destilada, assim que a água aqueceu, transladou-se lentamente a água destilada para o erlenmeyer contendo o ácido benzoico até a dissolução completa. Como o ácido não se solubilizou colocou-se o erlenmeyer na chapa de aquecimento e esperou até o ácido solubilizar- se. Com a ajuda de um funil simples e um papel de filtro filtrou-se a solução ainda quente para outro erlenmeyer de 125 ml. Após a filtragem esperou-se o sistema esfriar lentamente em temperatura ambiente e sem manipular o sistema. Montou-se o sistema de filtragem a vácuo acoplando a mangueira da bomba de vácuo a um kitassato de 250 ml, ao kitassato acoplou-se um funil de buchner e ao funil um papel de filtro previamente pesado. Colocou-se um pouco de água previamente resfriada ao funil para esfriar o sistema, e posteriormente ligou-se a bomba a vácuo, filtrou-se os cristais lavando-os com a água destilada gelada. Depois da filtragem transferiu-se os cristais para um vidro de relógio junto com o papel de filtro utilizado na filtragem a quente, acondicionou-se o vidro de relógio em uma capela para secar os cristais. Após a secagem dos cristais, passou-se um pouco dos cristais a um capilar e com a ajuda da máquina de ponto de fusão mediu-se o ponto de fusão dos cristais contidos no papel de filtro utilizado na filtragem a vácuo. Resultados e Discussões Escolha do Solvente Nesta etapa foram fornecidos três solventes principais: Etanol, éter etílico e água destilada. A partir da simples adição dos mesmos ao ácido benzoico puro pôde-se perceber as seguintes características: Solvente Solubilidade Classificação do Solvente A frio A quente Etanol Muito solúvel Não testada Inadequado Éter etílico Muito solúvel Não testada Inadequado Água destilada Pouco solúvel Solúvel Adequado Tabela 1: Dados experimentais obtidos na escolha do solvente. Universidade Federal de Alagoas Instituto de Química e Biotecnologia Laboratório de Química Orgânica 1 – Química Tecnológica e Industrial Professora Maria Ester Barros 3 Figura 1: Aquecendo o tubo de ensaio com ácido benzoico na presença de água destilada. Figura 2: Tubos de ensaios enumerados com seus respectivos solventes, na presença do ácido benzoico a frio. Figura 2: Fórmula estrutural do ácido benzoico. Figura 3: Fórmula estrutural do etanol. Universidade Federal de Alagoas Instituto de Química e Biotecnologia Laboratório de Química Orgânica 1 – Química Tecnológica e Industrial Professora Maria Ester Barros 4 Figura 4: Fórmula Estrutural do éter etílico. Figura 5: Fórmula Estrutural da Água destilada. Pode-se observar que a água destilada é o melhor solvente de recristalização do ácido benzoico pois dentre os três, foi o único a dissolver apenas a quente. Além disso,é fácil de ser removido através de sua ebulição (seu ponto de ebulição é menor do que a fusão do ácido benzoico). No tubo em que foi adicionado o éter etílico percebeu-se muita solubilidade a frio, mesmo com o ácido benzoico pertencendo a função ácido carboxílico e o éter etílico à função éter. Isso se deu devido ao fato de ambas as substâncias possuírem uma parte polar (OH no caso do ácido benzoico e os oxigênios do éter) e uma parte apolar (cadeia carbônica). O fator preponderante para avaliar a solubilidade de compostos orgânicos é a polaridade e o tamanho da cadeia carbônica. Nesse caso assim como o anterior houve solvatação normalmente. Com o etanol também não foi diferente. Por possui uma cadeia de apenas 2 carbonos, sua parte apolar (cadeia carbônica) não é tão grande comparada com a parte polar (contém um grupo hidroxila). Isso faz com que a mesma solubilize fácil a frio tanto o ácido benzoico quanto a água (sendo nesta última em quaisquer proporções). Entretanto, a água foi a única a desenvolver um comportamento diferente. Não solubilizou a frio, mas solubilizou a quente. Tal característica diferente já era de se esperar. Pois, a mesma não possui parte apolar. Ou seja, a molécula é totalmente polar, possuindo apenas ligações de hidrogênio com outras moléculas do próprio solvente. No entanto, o ácido benzoico também possui uma parte polar (grupo carboxílico). Isso quer dizer que sua solubilidade pode ser facilitada com o aquecimento do sistema, fazendo com que as ligações intermoleculares entre as cadeias carbônicas das moléculas de ácido benzoico fiquem mais fracas e as ligações de hidrogênio entre as moléculas da água e do soluto ficassem mais fortes, promovendo assim, a dissolução completa e, por conseguinte, a solvatação das moléculas do soluto pelas do solvente. Recristalização Utilizando 3,0025g de ácido benzoico submersa em água e fornecendo calor através da manta aquecedora, foi observado a dissolução do ácido benzóico. Figura 6: Aparato experimental utilizado no aquecimento do ácido benzóico. A dissolução em um solvente na recristalização representa na verdade uma primeira separação do sólido de suas impurezas, visto que no momento que o ácido benzoico é dissolvido, grande parte das suas impurezas ficam retidas na superfície da água. Como na prática não permaneceu nenhuma impureza colorida no líquido, não foi necessária a utilização de carvão ativado. Universidade Federal de Alagoas Instituto de Química e Biotecnologia Laboratório de Química Orgânica 1 – Química Tecnológica e Industrial Professora Maria Ester Barros 5 Filtrou-se o sistema e impurezas insolúveis foram separadas da mistura homogênea de água e ácido benzoico. Um fator a se ponderar é que a filtração teve de ser com um funil quente e sem bico para que os cristais não fossem formados assim que a mistura entrasse em contato com ele e com a sua parte fria, que é o bico. Figura 7: Sistema de filtração simples ainda quente. Depois da filtração simples, a mistura foi deixada em repouso. Após certo tempo, analisou-se a presença de formação de cristais no fundo da mistura. Filtração a vácuo e secagem Logo após a formação dos cristais se tornou necessário separar a água mãe de recristalização (água + impurezas) do soluto (ácido benzoico). A técnica mais rápida e eficaz para esse tipo de separação é a filtração a vácuo. Na presença de água destilada gelada a filtração a vácuo foi acontecendo. Pois, para que o resfriamento acontecesse de forma lenta e gradual a fim de não afetar o tamanho dos cristais e nem suas formas. Após isso, o papel de filtro contendo o ácido benzoico foi guardado para sua secagem na capela e posteriormente usado na determinação do rendimento e ponto de fusão. Figura 7: Ácido benzoico após a sua recristalização. Determinação do rendimento e Ponto de fusão Papel de filtro = 0,2970g Papel de filtro + cristais = 0,8530g Cristal = 0,556g 3,0025g ---- 100% 0,556g ---- x(%) X = 18,5% Universidade Federal de Alagoas Instituto de Química e Biotecnologia Laboratório de Química Orgânica 1 – Química Tecnológica e Industrial Professora Maria Ester Barros 6 A partir dos cálculos dá-se a entender que o processo de recristalização efetuado obteve um rendimento de aproximadamente 18,5%. Ponto de fusão real = 122ºC Ponto de fusão do experimento = 121ºC Uma substância pura possui ponto de fusão bem definido, com variação de no máximo 5ºC para cima e para baixo. Determinando assim que o ácido benzóico, resultado da recristalização, seja considerado uma substância efetivamente purificada. Conclusões Ao final do experimento foi possível aprender e utilizar as técnicas de recristalização e purificação do ácido benzóico, bem como aprender a utilizar o sistema de filtração a vácuo, além de verificar qual o solvente ideal para o ácido benzóico e analisar a pureza dos cristais e seu rendimento. Referências Bibliográficas [1] - MARAMBIO, Óscar G.; ACUÑA, Patricio F.; PIZARRO, Guada lupe Del C. Métodos Experimentales em Química Orgánica. Santiago de Chile, Universidad Tecnológica metropolitana, 2007. P. 29-36. [2] - DIAS, Ayres Guimarães, COSTA, Marco Antônio dos GUIMARÃES, Pedro Ivo Canesso. Guia Prático de Química Orgânica Volume 1, Edição Única, Rio de Janeiro, Editora Interciência, 2004. P. 62, 63. [3] Ralph H. PETRUCCI, F. Geoffrey HERRING, Jeffry D. MADURA, Carey BISSONNETE. General Chemistry, Principles and Mordern Applications 2ª edição, traduzida, Prentice Hall, 1999. P. 784-785. [4] Registo de Benzoesäure na Base de Dados de Substâncias GESTIS do IFA, accessado em 01 de abril de 2017. [5] Salkowski E (1875). Berl Klin Wochenschr. 12: 297–298.
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