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IFBA- Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia; Campus Salvador; Departamento Acadêmico de Química - DAQ; Coordenação de Química; Curso Técnico de Química Disciplina: Química Orgânica Prática; RELATÓRIO DE EXPERIMENTO 01 Recristalização do Ácido Benzóico Maria Raphaella Quadros Gondim Salvador- BA Junho de 2019 1. Apresentação Este relatório descreve as atividades desenvolvidas por Maria Raphaella Q. Gondim, aluno do curso de Técnico Integrado em química do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia, no âmbito da parte experimental da disciplina Química Orgânica Prática, durante a 1ª unidade de 2019. Serão descritos a introdução, os objetivos, a parte experimental, os resultados, os cálculos, a discussão e as conclusões referentes ao experimento intitulado “Recristalização do Ácido Benzóico”. Salvador, 23 de julho de 2019 _________________________________ Maria Raphaella Quadros Gondim Sumário 2. Objetivos 2.1 Objetivo geral: - Purificar o ácido benzóico pelo método da recristalização; 2.2 Objetivos específicos: - Calcular o rendimento do ácido benzóico recristalizado; - Avaliar a pureza do ácido benzóico recristalizado através da determinação do ponto de fusão; - Comparar o ponto de fusão do ácido benzóico da literatura com o aferido no experimento; - Determinar a taxa de variação de temperatura para o ácido benzóico recristalizado e para o ácido benzóico não-recristalizado, através do método alternativo ao Thomas-Hoover e do método alternativo ao tubo de Thiele. 3. Introdução teórica 3.1 Recristalização Os átomos são os componentes fundamentais da matéria [1], que se agrupam formando moléculas. Estas, por sua vez, se reagrupam originando substâncias. As substâncias podem ser classificadas como simples ou compostas. Uma substância simples é aquela formada por um único elemento químico, enquanto que a substância composta é aquela formada por dois ou mais tipos de elementos químicos. Um sistema formado por diferentes substâncias é chamado de mistura. A recristalização é um processo utilizado na purificação de compostos orgânicos, que se baseia na diferença de solubilidade a diferentes temperaturas entre o sólido a ser purificado e o solvente ou a mistura de solventes utilizada[2]. A primeira etapa da recristalização é a escolha do solvente. A principal característica do solvente ideal é que ele não deve solubilizar o sólido a temperatura ambiente, somente podendo solubilizá-lo a quente. Além disso, o solvente escolhido não deve reagir com o soluto, deve possuir baixa toxicidade e baixo custo, além de não poder ser inflamável. Quando não se tem um solvente com essas características, pode-se utilizar uma mistura de solventes miscíveis. O processo para a escolha do solvente se inicia adicionando uma pequena quantidade do solvente em um tubo de ensaio, contendo certa quantidade (cerca de 0,1g) do soluto desejado. Caso o soluto não seja solubilizado, deve-se aquecer o sistema. Após a solubilização, deve-se aguardar o resfriamento da solução, a fim de obter os cristais (Figura 1). Figura 1: Primeiros cristais do ácido benzóico recristalizado Fonte: Próprio autor Dessa forma, é possível solubilizar a temperatura ambiente toda a impureza contida no sólido e solubilizar, a quente, todo o sólido a ser purificado. Assim, ao resfriar a mistura o sólido será recristalizado, podendo ser separado das impurezas através da filtração simples. A solubilidade é uma propriedade das substâncias em se dissolverem e interagirem com outras substâncias, originando soluções. A solubilidade de um soluto é a quantidade de soluto necessária para formar uma solução saturada em certa quantidade de solvente. A dissolução de uma substância ocorre quando há a quebra da interação soluto-soluto e solvente-solvente, dando origem a uma nova interação soluto-solvente. Quando o solvente se aproxima do soluto, ocorre uma interação entre as moléculas do soluto e do solvente. À medida que essa interação aumenta, a ligação soluto-soluto se rompe, originando a interação soluto-solvente. A solubilidade varia de acordo com alguns fatores, como o tipo de interação presente entre as moléculas do soluto e o tipo de interação presente entre as moléculas do solvente. A solubilidade tende a ocorrer em uma maior extensão quando o soluto e o solvente possuem interações de energia semelhantes [1]. As interações podem ser do tipo dipolo-dipolo - onde ocorre uma atração eletrostática entre os centros de cargas parciais das molécula -, como do tipo forças de van der Waals ou forças de London -onde ocorre a formação de dipolos instantâneos-. As interações do tipo London atuam tanto em moléculas polares ( #0) quando em moléculas apolares ( =0), enquanto que as forças dipolo-dipolo atuam somente nas moléculas polares. Como uma regra geral, considera-se que compostos polares interagem mais intensamente com outros compostos polares e menos intensamente com compostos apolares. Isso porque, comparando as moléculas de um solvente que interagem via ligação de hidrogênio e as de um soluto que interagem via forças de van der Waals, é muito mais energeticamente estável que as moléculas do solvente continuem interagindo entre si de forma intensa (a partir da ligação de hidrogênio), do que substituírem essas ligações por ligações energeticamente mais fracas (a partir da interação com o soluto). No processo de recristalização, pode ser recorrente a alteração na coloração do sólido a ser recristalizado. Tratando-se de um sólido branco, a cor normalmente indica a presença de impurezas que, em geral, podem ser removidas com o tratamento de carvão ativado [2]. Devido a sua alta porosidade, o carvão ativado atua como um adsorvente, mantendo as impurezas em sua superfície. Essa adsorção ocorre através das interações dos grupos hidroxila (presentes no carvão ativado) com as impurezas, podendo, inclusive, formar ligações de hidrogênio. Além de ser utilizado na remoção de possíveis impurezas, o tratamento com carvão ativado também pode ser feito quando há a formação de algum líquido oleoso no sistema. Deve-se garantir a utilização do carvão ativado ainda no processo inicial da recristalização. Assim, após a utilização do mesmo, deve-se aquecer o sistema e filtrá-lo a quente, evitando a recristalização indevida do soluto. Após o resfriamento do sistema e a cristalização do sólido, procede-se a filtração a vácuo (Figura 2), onde o sólido poderá ser seco em um dessecador ou em uma estufa com circulação de ar. Figura 2: sistema de filtração a vácuo Fonte: próprio autor Entretanto, para escolher a melhor forma de secagem, deve-se avaliar algumas características do sólido recristalizado, tais como a sua temperatura de decomposição, temperatura de fusão e a temperatura de sublimação do sólido. Caso as temperaturas não sejam altas o suficiente, deve-se proceder a secagem natural por evaporação, garantindo uma perda mínima do sólido. 3.2 Determinação do ponto de fusão Para a identificação dos materiais, existem as propriedades físicas gerais (ou extensivas) e as propriedades físicas específicas (ou intensivas). As propriedades extensivas são caracterizadas como as propriedades comuns a toda matéria, mas que não servem para diferenciar os materiais por variarem de acordo com o sistema em que estão inseridas (exemplos: temperatura, massa, volume etc). Já as propriedades intensivas, mesmo sendo comuns a toda matéria, permitem a identificação do material em questão por não variarem de acordo com o sistema em que estão inseridas. As propriedades intensivas são fixas e, por isso, permitem a identificação da matéria em questão, como é o caso do ponto de fusão e do ponto de ebulição. O ponto de fusão é uma propriedade que define a passagem do estado físico de sólido para líquido e, como dito, trata-se de uma propriedade intensiva da matéria, onde todo sólido puro possui uma temperatura de fusão definida. Dessa forma, é possível identificar substânciasdesconhecidas através da sua temperatura de fusão. Além da identificação de substâncias, pode-se verificar o grau de pureza do sólido, visto que as misturas possuem uma variação de temperatura maior [3]. 4. PARTE EXPERIMENTAL 4.1 Materiais e reagentes 4.1.1 Reagentes utilizados Tabela 1: Reagentes utilizados Reagente Quantidade Concentração Acetato de etila ≈ 1 ml P.A. Acetona ≈ 1 ml P.A. Ácido benzóico 2,2 g P.A. Água destilada 82 ml - Clorofórmio ≈ 1 ml P.A. Etanol ≈ 1 ml P.A. Glicerina - - Hexano ≈ 1 ml P.A. :. “-” = não especificado 4.1.2 Vidrarias utilizadas Tabela 2: Vidrarias utilizadas Vidraria Quantidade Capacidade (ml) Bastão de vidro 7 - Béquer 6 100 Erlenmeyer 2 250 Funil de Büchner 1 - Funil comum 1 - Proveta 1 100 Tubo capilar 4 - Tubo de ensaio 7 - Vidro de relógio 1 - :. “-” = não especificado 4.1.3 Equipamentos utilizados Tabela 3: Acessórios utilizados Diverso Quantidade Anel de látex 1 Conta-gotas - Espátula - Garra para termômetro 1 Papel de filtro 2 Pinça metálica 1 Suporte universal 1 :. “-”= não especificado 4.1.4 Acessórios utilizados Tabela 4: Equipamentos utilizados Equipamento Quantidade Balança 1 Bomba a vácuo 1 Placa aquecedora 1 Termômetro 1 4.2 Procedimento: 4.2.1 Escolha do solvente: a) Colocou-se uma pequena quantidade em massa do ácido benzóico em um tubo de ensaio; b) Adicionou-se o solvente o solvente a ser testado gota a gota, agitando continuamente a mistura; c) Se o composto se solubilizou muito pouco ou não solubilizou, adicionou-se mais 2 ml do solvente e observou-se; d) Se todo sólido, ou grande parte dele se dissolveu, o solvente é inadequado; e) Caso o solvente não tenha solubilizado o soluto, aqueceu-se o tubo de ensaio na chama até a ebulição do solvente; f) Se o solvente solubilizou a substância a quente e praticamente não solubilizou a frio, aguardou-se o esfriamento da solução e observou-se a possível formação de cristais. 4.2.2 Recristalização: a) Colocou-se aproximadamente 2,0g do ácido benzóico não recristalizado em um erlenmeyer de 250 mL. b) Adicionou-se aproximadamente 100 mL de água destilada ao erlenmeyer e alguns fragmentos de porcelana c) Aqueceu-se a mistura em uma placa aquecedora, até ebulição da água e dissolução do ácido benzóico d) Conjuntamente, aqueceu-se um funil e outro erlenmeyer para a filtração a quente. e) Preparou-se um papel de filtro pregueado f) Montou-se um sistema para a filtração a quente e verteu-se rapidamente a solução em ebulição no centro do filtro. g) Cobriu-se o béquer com um vidro de relógio e deixou-se o mesmo em repouso a temperatura ambiente até esfriar. h) Montou-se o sistema de filtração à pressão reduzida (a vácuo), pesando previamente o papel de filtro. i) Filtrou-se os cristais e lavaram-os com duas porções resfriadas de água destilada. j) Secaram-se os cristais a temperatura ambiente 4.2.3 Determinação do rendimento a) Determinou-se o peso dos cristais secos; b) Calculou-se o rendimento percentual do processo. 4.2.4 Determinação do ponto de fusão a) Adquiriu-se as amostras (antes e depois da recristalização); b) Pulverizou-se o ácido benzóico recristalizado e o não recristalizado com auxílio de um bastão de vidro; c) Preparou-se três tubos capilares, fechando-os em uma das extremidades, com aquecimento em chama; d) Colocou-se um pouco do ácido benzóico recristalizado pulverizado no tubo capilar, empacotando-o; e) Prendeu-se o capilar contendo a amostra do ácido benzóico ao termômetro com a ajuda de um anel de látex; f) Prendeu-se o termômetro a uma garra para termômetro (presa a um suporte universal); g) Introduziu-se o termômetro com o capilar em um béquer contendo glicerina; h) Iniciou-se o aquecimento de maneira branda (no máximo 4°C/min); i) Registrou-se a temperatura no início e ao final da fusão; j) Aguardou-se o resfriamento do banho cerca de 10 a 15 °C abaixo do ponto de fusão determinado, repetindo o procedimento de determinação. 5. Resultados e discussão 5.1 Escolha do solvente Para o processo de escolha do solvente, adicionou-se em um tubo de ensaio contendo ácido benzóico alguns solventes, como o acetato de etila, acetona, álcool isopropílico, etanol e clorofórmio, e observou-se a formação de um sistema monofásico. Analisando a estrutura do ácido benzóico (Figura 3), é possível identificar o grupo carboxila, em que se tem um grupo OH ligado a um grupo carbonila. Além do grupo carboxila, há o benzeno, que é um anel aromático formado somente por carbono e hidrogênio. Figura 3: estrutura do ácido benzóico Fonte: próprio autor A solubilidade de um soluto depende das interações intermoleculares formadas com o solvente. Dessa forma, ao adicionar clorofórmio, acetato de etila e acetona, ocorreu uma interação do tipo dipolo-dipolo e forças de London entre as moléculas desses solventes e do ácido benzóico. Isso porque trata-se de moléculas polares (M#0), que irão interagir de forma a atraírem os centros de cargas parciais do ácido benzóico e, consequentemente, solubilizá-lo. Ao adicionar o álcool isopropílico e o etanol, a solubilização do ácido benzóico também ocorre. Isso porque além do etanol e do álcool isopropílico serem polares, eles apresentam um grupo OH, garantindo mais polaridade a molécula e possibilitando a formação de ligações de hidrogênio com o ácido. Já ao adicionar o hexano ao ácido, não ocorreu a solubilização do mesmo. A não diluição do ácido a temperatura ambiente se deve ao fato do hexano ser um composto apolar, possuindo somente interações do tipo forças de van der Waals, que são muito fracas comparadas às ligações de hidrogênio presentes entre as moléculas do ácido benzóico. Dessa forma, não é energeticamente favorável para o ácido formar interações com o hexano, impossibilitando sua dissolução (como mostra a Tabela 5). Mesmo ao aquecer o sistema, a energia fornecida não foi suficiente para quebrar as ligações de hidrogênio entre as moléculas do ácido benzóico, impedindo a solubilidade do mesmo. Tabela 5: Solubilidade do ácido benzóico em diferentes solventes Solvente Solubilidade T°C ambiente Solubilidade T°C ebulição Acetato de etila S - Acetona S - Água I S Álcool etílico S - Álcool isopropílico S - Clorofórmio S - Hexano I I :. S = solúvel; I = insolúvel; - = não realizado. A água é um composto molecular polar, onde suas moléculas interagem via dipolo-dipolo (mais especificamente ligações de hidrogênio) e via forças de London. Para que haja a quebra das interações entre as moléculas de água, é preciso o fornecimento de energia ao sistema, visto que as ligações de hidrogênio são muito fortes e difíceis de serem quebradas. Já o ácido benzóico possui um grupo OH, o tornando polar e possível de interagir com a água a partir da formação de ligações de hidrogênio. Entretanto, a região hidrofóbica da estrutura do ácido interfere na sua interação com a água, pois à medida que o comprimento da cadeia de carbono aumenta, o grupo polar OH se torna uma parte continuamente menor da molécula (BROWN, 2005). Consequentemente, a molécula tende-se a se comportar mais como um hidrocarboneto[3]. Dessa forma, a interação acaba por não ocorrer a temperatura ambiente, visto que é energeticamente favorável para as moléculas de H2O continuarem interagindo entre si, impossibilitando a solubilidade do ácido benzóico (Figura 4). Figura 4: Ácido benzóico insolúvel em água a temp. ambiente Fonte: Próprio autor Entretanto, ao aquecer o sistema, as interações intermoleculares da água são enfraquecidas, de modo a ser possível a interação com o ácido. Assim, novas ligações de hidrogênio são formadas oriundas da interação soluto-solvente, possibilitando a dissolução do ácido. 5.2 Recristalização e determinação do rendimento do ácido benzóico Primeiramente, pesou-se em um erlenmeyer aproximadamente 2 g do ácido benzóico ainda não recristalizado e adicionou-se 80 ml de H2O. Adicionou-se fragmentos de porcelana, a fim de evitar o superaquecimentoda solução. Então, aqueceu-se o sistema até a ebulição da água. Ao aquecer o sistema, foi observado a dissolução do ácido benzóico. Observando a solução, não houve mudança na coloração nem a formação de nenhum óleo, sendo dispensável o uso do tratamento com carvão ativo. Para a realização da filtração a quente da solução, montou-se o sistema de filtração com um funil de tubo curto e um béquer aquecidos, a fim de evitar a formação de cristais em contato com a superfície fria das vidrarias. Também foi preparado um papel de filtro pregueado, a fim de estabelecer uma maior superfície de contato com a solução e, consequentemente, filtrar melhor suas impurezas, como mostra a Figura 5. Figura 5: Papel pregueado utilizado na filtração a quente Fonte: Próprio autor Filtrado a solução, aguardou-se o resfriamento até a temperatura ambiente. Com o resfriamento da solução a temperatura ambiente, foi realizado o banho de gelo, sendo possível observar a formação de cristais pontiagudos (Figura 6). Figura 6: Ácido benzóico sendo recristalizado Fonte: Próprio autor O banho de gelo foi utilizado devido a insolubilidade do ácido benzóico a temperatura ambiente, garantindo a recristalização de todo ácido solubilizado, aumentando o rendimento do processo. Com a solução resfriada, montou-se o sistema de filtração a vácuo, pesando previamente o papel de filtro. Após a filtração a vácuo, deixou-se o ácido secar a temperatura ambiente. A secagem a temperatura ambiente foi escolhida em detrimento a secagem com a estufa devido à tendência de muitos sólidos orgânicos em se decompor a temperaturas elevadas. Após o secamento total do sólido recristalizado (Figura 7), pesou-se a massa do papel de filtro contendo o ácido benzóico recristalizado. Figura 7: Ácido benzóico recristalizado Fonte: Próprio autor Subtraiu-se da massa total calculada o valor pesado do papel de filtro seco, obtendo-se a massa final do ácido benzóico recristalizado. Dessa forma, calculou-se o rendimento percentual do processo, como mostrado na Tabela 6 abaixo: Tabela 6: Rendimento final do processo de recristalização do ácido benzóico Material Massa (g) Ácido benzóico não recristalizado 1,91 Papel de filtro 1,66 Papel de filtro + ácido benzóico recristalizado 3,06 Ácido benzóico recristalizado 1,43 Rendimento total 74,9% O rendimento de 74,9% pode ser explicado através de alguns fatores, como a não filtração total do ácido, o qual parte considerável aderiu ao papel de filtro, impossibilitando um rendimento mais alto, como mostra a Figura 8: Figura 8: Ácido benzóico recristalizado adeiro ao papel de filtro Fonte: Próprio autor Também houve a aderência de parte da amostra recristalizada no béquer, devido ao sólido ser muito particulado e, consequentemente, facilmente incorporar a superfícies. Além disso, deve-se salientar que a massa inicial do ácido benzóico não recristalizado continha impurezas que interferem na massa. Logo, o valor de rendimento encontrado é proveniente tanto da perda de parte do ácido recristalizado, quanto da eliminação das impurezas presentes no ácido benzóico antes de ser recristalizado. 5.3 Ponto de fusão O ponto de fusão é uma propriedade intensiva da matéria. Sendo assim, ela permite identificar qual a substância em questão e o seu grau de pureza. Dessa forma, iniciou-se o processo com a preparação dos tubos capilares e o aquecimento do sistema no banho de glicerina, aferindo-se primeiramente a faixa de temperatura de fusão do ácido benzóico recristalizado totalmente seco, que foi de 120°C-121°C. Já a faixa de temperatura do ácido benzóico não recristalizado foi de 120,5°C até 121°C, como mostra a Tabela 7. Tabela 7: Resultados da fusão do ácido benzóico Amostra P.F por M.A.T.T. P.F por M.A.T.H. Ácido benzóico não recristalizado 1 2 3 Média 1 120,5 °C até 121 °C 119 °C até 122 °C 119 °C até 121 °C 119,5 °C até 123,2 °C até 125,6 °C 121,3 °C Ácido benzóico recristalizado 120 °C até 121 °C 119°C até 121 °C 120,5 °C até 122 °C 119,8 °C até 121,3 °C 123 °C até 124,5 °C :. P.F = ponto de fusão; M.A.T.T. = método alternativo ao Tubo de Thiele; M.A.T.H. = método alternativo ao Thomas-Hoover O valor teórico tabelado para a faixa do ponto de fusão do ácido benzóico é entre 121°C até 122 °C. A variação verificada utilizando-se o método alternativo ao Tubo de Thiele foi de, aproximadamente, 1,8 °C para o ácido benzóico não recristalizado e de, aproximadamente, 1,5 °C para o ácido benzóico recristalizado, como mostra a Tabela 8: Tabela 8: Variação em graus da amostra impura e recristalizada pelo M.A.T.T. Variação M.A.T.T. Ácido benzóico não recristalizado 1,8 °C Ácido benzóico recristalizado 1,5 °C É comum que as impurezas contidas no retículo cristalino do sólido ocasionem a diminuição do ponto de fusão da substância [2]. A diminuição do ponto de fusão ocorre devido a desregularidade causada pela presença de impurezas, o que provoca um enfraquecimento das interações das moléculas do sólido. Assim, por não apresentar regularidade estrutural, a energia necessária para enfraquecer essas interações é menor. O mesmo ocorre com o ácido benzóico não recristalizado, visto que, em ambos os métodos de microdeterminação de ponto de fusão utilizados, as médias de temperatura encontram-se menores para o ácido benzóico não recristalizado. Sabe-se, também, que quanto mais impura a substância, maior a variação de sua temperatura de fusão[3], o que pôde ser ilustrado na Tabela 8 e 9. Isso se deve a maior quantidade de tempo necessário para fundir o sólido de forma total, devido a maior quantidade de impurezas no retículo do sólido, como mostra a Tabela 8 e 9. Assim, pôde-se purificar parcialmente o ácido benzóico. Entretanto, os valores obtidos encontram-se em uma faixa aceitável, podendo considerar a amostra como pura. Tabela 9: Variação em graus da amostra impura e recristalizada pelo M.A.T.H. Variação M.A.T.H. Ácido benzóico não recristalizado 2,4 °C Ácido benzóico recristalizado 1,5 °C 6. Conclusão A partir das práticas realizadas, foi possível escolher o solvente adequado para a recristalização, levando em conta aspectos importantes, como sua baixa toxicidade, baixo custo e não inflamabilidade. Além da escolha do solvente, foi possível também recristalizar de forma satisfatória o ácido benzóico, obtendo-se um rendimento de 74,9% da amostra recristalizada. Deve-se lembrar que parte da massa perdida é proveniente da presença de impurezas, impossibilitando uma avaliação mais precisa quanto a perda de massa do ácido benzóico em si. Entretanto, alguns erros durante o experimento também acarretaram na perda de parte da amostra. Utilizou-se do método da determinação do ponto de fusão por microdeterminação, onde os resultados puderam ser satisfatórios e dentro de uma faixa aceitável. Assim, pôde-se avaliar não só o rendimento do processo, quanto a pureza do sólido recristalizado, através de comparações entre os dados teóricos e os dados obtidos nos experimentos. 7. Referências [1] ATKINS P.; JONES L. Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio ambiente: 5. ed. Porto Alegre: Editora Bookman, 2012. [2] DIAS, A. G.; DA COSTA, M. A.; GUIMARÃES, P. I. C. Guia Prático de Química Orgânica, v. 1: técnicas e procedimentos: aprendendo a fazer. Rio de Janeiro: Interciência, 2004. [3] BROWN, Theodore; LEMAY, H. Eugene; BURSTEN,Bruce E. Química: A Ciência Central. 9° edição. Prentice- Hall, 2005.
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