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Decadência do direito de queixa e de representação, perdão do ofendido e crimes complexos - Resumo

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1 
 
Direito Penal II - Resumo 
 
DECADÊNCIA DO DIREITO DE QUEIXA E 
DE REPRESENTAÇÃO, PERDÃO DO 
OFENDIDO, CRIMES COMPLEXOS 
 
Decadência do direito de queixa e de representação 
 A decadência é a perda do direito de ação a ser exercido pelo ofendido, em razão 
do decurso de tempo. Ela pode atingir tanto a ação de exclusiva iniciativa 
privada como a pública condicionada à representação. 
 Tanto a queixa quanto a representação devem ser realizadas dentro do prazo 
decadencial. Esse prazo peremptório não se interrompe, nem se suspende. O 
direito de queixa ou de representação não se interrompe "pelo seu exercício". 
Seguindo a tradição do nosso Direito, depois da causa interruptiva, esse prazo 
deveria reiniciar a sua contagem, o que, evidentemente, não acontece nesse 
caso. Na verdade, o direito de queixa ou de representação se exaure pelo seu 
exercício. 
 Esse prazo também não se interrompe com o pedido de explicações em juízo, 
também conhecido como interpelação judicial, previsto no art. 144 do CP. O 
pedido de instauração de inquérito policial ou o registro realizado na delegacia 
policial também não interrompem o curso do prazo decadencial. 
 O prazo decadencial, em regra, é de seis meses, contado da data em que o 
ofendido veio a saber quem foi o autor do crime, ou, na ação privada subsidiária 
da pública, do dia em que se esgotou o prazo para o oferecimento da denúncia, 
cf. arts. 38 e 46, CPP. A Lei n. 9.099/95 criou um novo prazo decadencial, de 
direito transitório, já que só se aplica aos fatos ocorridos antes da vigência da 
lei; são trinta dias para os crimes de lesões corporais leves e culposas, que 
passaram a ser de ação pública condicionada. 
 Esse prazo começa a correr a partir da intimação pessoal da vítima, mas essa 
intimação só é necessária para os fatos ocorridos antes da vigência da Lei n. 
9.099/95. Os fatos ocorridos depois de 26/11/1995 não precisam dessa 
intimação, como os demais crimes. 
 O prazo decadencial para os crimes de lesões leves e culposas é de seis meses, 
como dispõe a regra geral do art. 103 do CP. 
 
2 
 
Renúncia ao direito de queixa 
 A renúncia é a manifestação de desinteresse de exercer o direito de queixa, que 
só pode ocorrer em crimes de ação penal de exclusiva iniciativa privada e antes 
de ela ser iniciada. Depois que se inicia a ação penal privada, com o recebimento 
da queixa, é impossível renunciar ao direito de queixa, que, inclusive, já foi 
exercido. Nesse caso, só é admitido o perdão do ofendido. 
 Apesar de a renúncia e o perdão serem causas extintivas da punibilidade, nos 
crimes de ação privada (art. 107, V, do CP), uma vez iniciada a ação penal, o 
querelante só pode dar causa à extinção da punibilidade através do perdão ou 
da perempção. 
 A renúncia pode ser expressa, tácita ou presumida. A expressa consta de 
declaração assinada pelo ofendido, seu representante legal ou procurador com 
poderes especiais (art. 50 do CPP). A tácita caracteriza-se pela prática de ato 
incompatível com a vontade de exercer o direito de queixa; ela não se configura 
com o recebimento de indenização do dano causado pelo crime (art. 104, 
parágrafo único, do CP). A presumida ocorre na nova hipótese criada pelo art. 
75, parágrafo único, da Lei n. 9.099/95. 
 
Perdão do ofendido 
 O perdão do ofendido é a desistência do querelante de prosseguir na ação penal, 
de exclusiva iniciativa privada, que ele iniciou através de "queixa-crime". Ele não 
se confunde com o perdão judicial, mas também é causa de extinção da 
punibilidade (art. 107, V, do CP). 
 A ação privada subsidiária da pública não admite o perdão e qualquer omissão 
ou negligência do querelante permite que o Ministério Público retome o 
prosseguimento da ação. 
 O perdão do ofendido não exige formalidade especial e pode ser processual ou 
extraprocessual, ou seja, pode ser concedido nos autos do processo ou fora dele. 
Ele não exige requisitos especiais e é suficiente a declaração da vontade de 
perdoar. 
 O perdão pode ser expresso ou tácito. Ele vai ser expresso quando for concedido 
através de documento escrito, que pode ser por declaração, ou termo nos autos, 
firmado pelo ofendido ou por quem tenha qualidade para representá-lo. Ele vai 
ser tácito quando resultar de prática incompatível com a vontade de prosseguir 
na ação criminal proposta. O perdão tácito, como acontece na renúncia tácita, 
será admitida através de qualquer meio de prova (art. 57 do CPP). 
 O Código Penal estabelece os limites de abrangência do perdão, especialmente 
quando houver mais de um querelante ou mais de um querelado, cf. art. 106, 
CP. Assim, o perdão concedido a um dos querelados se estende a todos os 
demais. Esse dispositivo tem como fundamento dogmático a indivisibilidade da 
ação penal e evita que o particular possa escolher qual dos ofensores deseja 
 
3 
 
punir. Mas no caso de haver mais de um querelante, o perdão dado por um deles 
não prejudica o direito dos outros de prosseguir com a ação. 
 O perdão é um ato bilateral, de realização complexa, já que só se completa com 
sua aceitação pelo querelado. Assim, havendo mais de um querelado, um deles 
pode não aceitar o perdão. Nesse caso, a ação prossegue só contra ele. Essa é a 
única hipótese, excepcional, em que o princípio da indivisibilidade da ação penal 
pode ser quebrado. 
 
Limites temporais do perdão e da renúncia 
 O perdão só pode ocorrer depois de exercido o direito de queixa, ou seja, depois 
de iniciada a ação penal privada. Antes dessa fase, a manifestação de 
desinteresse em processar o infrator caracteriza a renúncia ao direito de queixa, 
e não perdão. O perdão é um ato da fase processual e a renúncia pertence à fase 
pré-processual. 
 É possível conceder o perdão, a qualquer momento, enquanto não houver 
decisão condenatória irrecorrível, mesmo na pendência de recurso especial ou 
extraordinário (art. 106, § 2º, CP). 
 Diferenças entre renúncia e perdão: 
o a renúncia ao direito de queixa só pode ocorrer antes do oferecimento 
desta; já o perdão só depois do início da ação penal, ou seja, depois de 
oferecida a queixa-crime; 
o a renúncia é um ato unilateral; o perdão é bilateral, já que depende da 
aceitação do querelado; 
o a renúncia tem por objeto imediato o direito de querela, enquanto o 
perdão visa à revogação de ato já praticado. 
 
A ação penal nos crimes complexos 
 O art. 101 do Código Penal constitui norma especial, e não geral, mesmo 
estando localizado na Parte Geral do código. A definição legal de crime 
complexo constitui norma especial e específica, já que a sua aplicação se destina 
a todos os crimes complexos distribuídos pela Parte Especial do Código Penal e 
pela legislação extravagante, desde que não disponha de forma diversa (art. 12 
do CP). 
 As previsões sobre a iniciativa da ação penal (pública condicionada ou de 
iniciativa privada) constantes, por exemplo, dos arts. 225, 145 etc. são como 
uma subespécie (complementar) da regra geral do art. 100, segundo a qual, a 
ação penal é pública, "salvo quando a lei expressamente a declara privativa do 
ofendido". Não teria sentido o afastamento do conteúdo do art. 101 por 
previsões sobre a natureza da ação penal, da Parte Especial, que em razão do 
princípio da excepcionalidade, devem ser sempre expressas. 
 
4 
 
 A natureza da ação penal do crime complexo segue a natureza da ação penal 
pública dos fatos que compõem o crime, e, por exemplo, tanto a lesão corporal 
grave quanto o homicídio, na hipótese do estupro qualificado, são crimes de 
ação pública incondicionada.

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