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Uso de Canabidiol em Doenças Neurológicas

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InFARMUSP
Boletim Informativo da Farmácia Universitária do 
Departamento de Farmácia da Faculdade de Ciências 
Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, Campus 
Capital
Junho de 2017
Vol. 01, n. 201701
Uso de Canabidiol em Doenças Neurológicas
Informação e Educação em Saúde
Belem, Bruna; Savino, Débora; Resende, Mauricio; Landucci, Rafaela.
Nesta Edição
1. O que é 
Canabidiol?
2. O que são 
doenças 
neurológicas?
3. Em quais 
doenças 
neurológicas o 
canabidiol 
pode ser 
utilizado?
4. O canabidiol 
pode causar 
dependência?
5. Quais são as 
formas de 
apresentação?
6. Principais 
resultados
7. Atualidades
8. Conclusão
9. Referências
1. O que é Canabidiol?
O termo canabinóides é usado para substâncias derivadas da 
Cannabis sativa e para compostos sintéticos capazes de atuar direta ou 
indiretamente em receptores canabinóides. O delta-9-tetrahidrocabinol 
(Δ9-THC) é o componente principal da Cannabis sativa, e é conhecido 
pelos seus efeitos psicoativos.
Dentre os outros canabinóides isolados da planta estão: 
Canabidiol (CBD), Canabicromeno (CBC) e Canabigerol (CBG). 
Embora estes compostos tenham estruturas químicas similares, eles 
podem causar diferentes ações farmacológicas. As suas propriedades 
farmacológicas dependem principalmente da interação com componentes 
do sistema endocanabinóide, incluindo os receptores canabinóides e as 
enzimas de síntese de degradação de endocanabinóides.
O Canabidiol é uma substância química que corresponde à 40% 
dos extratos da planta Cannabis sativa, sendo o segundo principal 
constituinte da planta. O CBD não é associado a efeitos psicoativos e 
não afeta a atividade motora, memória ou temperatura corporal 
isoladamente. Farmacologicamente, o CBD possui inúmeros efeitos, 
tendo menor afinidade aos receptores CB1 e CB2 quando comparado ao 
Δ9-THC, amenizando seus efeitos colaterais.
Nos últimos anos, vem surgindo um grande interesse nos efeitos 
terapêuticos do CBD isolado, sendo explorado para diversas condições 
como o câncer, ansiedade, doenças imunológicas, doenças 
cardiovasculares e doenças neurológicas.1
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Informação e Educação em Saúde
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2. O que são Doenças 
Neurológicas?
Doenças neurológicas são condições que 
afetam o sistema nervoso central e o sistema 
nervoso periférico, ou seja, o cérebro, medula 
espinal, nervos periféricos, sistema nervoso 
autonômico, junções neuromusculares e 
músculos. Tais doenças incluem epilepsia, 
Alzheimer e doenças cerebrovasculares, como 
AVC, enxaqueca primária, esclerose múltipla, 
Parkinson, tumores cerebrais e doenças 
neurológicas resultantes de má nutrição.2
Mais de 50 milhões de pessoas tem 
epilepsia ao redor do mundo e, estima-se, que 
47,5 milhões de pessoas tem demência ao redor 
do mundo, com 7,7 milhões de novos casos 
anualmente. Alzheimer é a causa mais comum 
de demência, contribuindo com 60-70% dos 
casos. A enxaqueca, por sua vez, tem 
prevalência de 10% ao redor do mundo, e 
segundo o Grupo de Pesquisa da Enxaqueca e 
Cefaleia da Federação Mundial de Neurologia é 
um distúrbio caracterizado por crises 
recorrentes de cefaleia amplamente variáveis 
em intensidade, freqüência e duração.2,3
3. Em quais doenças 
neurológicas o Canabidiol pode 
ser utilizado? 
Canabinóides na Epilepsia:
Há muito tempo se sabe das 
propriedades antiepilépticas do CDB, apesar de 
estudos serem de difícil condução por restrições 
legais a respeito de medicamentos contendo 
esta substância. Em estudo aprovado pelo 
FDA e conduzido pela New York University 
School of Medicine, um produto contendo 98% 
de CBD, conhecido pelo nome Epidiolex, foi 
utilizado em 23 pacientes em doses crescentes 
até que o máximo de 25 mg/kg/dia fosse 
atingido, em associação com os fármacos já 
previamente utilizados pelos pacientes. A 
média das idades dos pacientes era de dez anos 
e em 39% dos casos houve redução de 50% das 
crises. Controle total foi obtido em 3 dos 9 
pacientes que possuíam síndrome de Dravet e 
em 1 paciente dos 14 com formas diversas de 
epilepsia. Tais resultados são condizentes com 
aqueles disponíveis na literatura dos fármacos 
que tratam desta patologia. Apesar disso, 
qualquer efeito benéfico é útil para populações 
com síndromes epilépticas heterogêneas e que 
não respondem a qualquer outra substância ou 
que apresentam problemas com a utilização das 
mesmas.4
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Canabinóides na Esclerose Múltipla: 
Frequentemente se discute o uso de 
CBD na Esclerose Múltipla como forma de 
tratamento sintomático e preventivo. 
Entretanto, cuidados devem ser tomados 
quanto à indicação de CDB por via oral, uma 
vez que seus efeitos adversos podem ser 
agravados em função de características da 
doença. O nabiximol é um preparado comercial 
utilizado em alguns países com indicação 
específica para espasticidade na EM. Contém 
THC e CBD na proporção de 1:1 e sua 
administração é oro-bucal, sendo a dose 
máxima de 12 puffs ao dia. Em seis semanas, 
pacientes relataram melhora na espasticidade, 
mas a sua eficácia a longo prazo ainda não foi 
confirmada. Extratos de Cannabis oral e o 
THC também se mostraram eficazes na 
auto-avaliação no uso por até 15 semanas e, 
após um ano de uso, notou-se uma melhora nas 
escalas subjetivas de mensuração de 
espasticidade. Tais resultados sugerem que o 
nabiximol pode ser considerado como 
tratamento de pacientes com EM mas, 
novamente, existe deficiência de estudos que 
comprovem a sua segurança a longo prazo. 
Para dor neuropática ou central, os estudos 
demonstraram resultados variáveis, mas ainda 
demonstram que o nabiximol pode ser uma 
opção terapêutica para pacientes que não 
obtiveram resposta com os tratamentos 
convencionais. Para tremores e disfunção 
vesical, o nabiximol não demonstrou eficácia, 
não sendo uma indicação para alívio destes 
sintomas.4
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Canabinóides na Doença de 
Parkinson/Distúrbios Motores: 
Um extenso trabalho publicado pela 
Academia Americana de Neurologia 
demonstrou que há poucos estudos de 
qualidade disponíveis para que se obtenha uma 
conclusão sobre o uso de canabinóides em 
pessoas com distúrbios de movimentos e que há 
de se considerar o risco de efeitos 
psicopatológicos, dependendo da concentração 
de THC presente no tratamento. Entretanto, 
estudos utilizando CBD puro com doses de 75 
mg/dia ou 300 mg/dia no tratamento de 
pacientes com Doença de Parkinson revelaram 
efeito positivo sobre os sintomas psicóticos, 
sono e qualidade de vida dos pacientes. A 
conclusão a que se chega é que apesar da falta 
de estudos robustos na área, existem sinais de 
que derivados de Cannabis, especialmente o 
CDB, podem minimizar sintomas não motores, 
tais como psicose, distúrbios do sono, dor, 
urgência miccional e na qualidade de vida. 
Para distúrbios de movimento, a indicação é 
feita apenas para os pacientes nos quais os 
tratamentos convencionais não obtiveram 
sucesso ou que possuem grande 
comprometimento da qualidade de vida.4
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Canabinóides no Tratamento de Dor 
Neuropática:
Existem estudos que demonstram a 
eficácia de canabinóides para o tratamento de 
dor neuropática em diferentes circunstâncias e 
formas de administração. Em um deles, a 
forma de spray foi utilizada como analgesia 
adjuvante em 66 pacientes com Esclerose 
Múltipla, em que cada puff da formulação 
continha 2,7 mg de THC e 2,5 de CBD. Em 
outro estudo, a forma inalatória foi utilizada 
em pacientes com dor pós-traumática ou 
pós-cirúrgica, com melhora na intensidade da 
dorutilizando formulações com 0%, 2,5%, 6% 
e 9,4% de THC. Por fim, em outro estudo, 
observou-se melhora de 30% na dor 
neuropática em pacientes com HIV utilizando 
cigarros de Cannabis com concentrações entre 
1 e 8% de Δ9-THC. Trata-se de um 
tratamento simples, fácil, barato e racional, 
opondo-se aos tratamentos convencionais que 
são tóxicos e caros, o que mostra que 
canabinóides podem ser uma opção para casos 
de dor refratária, falhas terapêuticas ou 
ineficácia.4,5
4. O canabidiol pode causar 
dependência?
A dependência é um transtorno crônico 
caracterizado pelo descontrole do indivíduo no 
uso da substância, que por não conseguir 
conter o vício, acaba afetando sua vida 
psíquica, emocional, física e, 
consequentemente, a vida social.
O sistema endocanabinóide possui um 
importante papel na influência da aquisição e 
manutenção de comportamentos de repetição 
da droga, pois atua na recompensa e na 
plasticidade cerebral. O Δ9-THC é um dos 
compostos presentes na maconha que modula o 
sistema endocanabinóide, e as suas 
propriedades responsáveis por causar 
dependência estão relacionadas aos efeitos 
psicoativos e a interação com o sistema 
endocanabinóide.
O canabidiol, no entanto, apresenta 
efeitos farmacológicos diferentes do Δ9-THC e 
não é psicoativo. Um estudo publicado pela 
Drug and Alcohol Dependence que examinou o 
risco de dependência do CBD em pacientes que 
recebiam altas doses de canabidiol concluiu que 
não houve mudanças psicológicas e 
comportamentais nestes pacientes.
Já foram relatadas propriedades 
ansiolíticas, antipsicóticas, antidepressivas e 
neuroprotetoras do CBD. Como esta molécula 
atua em diversos sistemas neurotransmissores 
envolvidos na dependência, estudos sugerem o 
seu uso no tratamento de dependências, 
existindo evidências de seu impacto benéfico no 
tratamento da dependência de opióides, 
maconha e tabaco.
O CBD é considerado seguro e 
tolerável, não possuindo efeitos adversos sérios 
ou significantes além de sedação leve e 
náusea.8,9
Canabinóides na Cefaleia e Enxaqueca:
Não existem estudos para o uso de 
canabinóides tanto na cefaleia quanto na 
enxaqueca, mas patologias relacionadas à dor 
do segmento cefálico, como neuralgia do 
trigêmeo, síndrome da dor ardente e dor 
orofacial persistente, houve resposta a uso de 
canabinóides. Há apenas um estudo recente, 
publicado em junho de 2016, que avaliou os 
efeitos medicinais da Cannabis na forma 
inalatória em pacientes com enxaqueca mensal. 
A frequência das enxaquecas foi diminuída, 
mas serão necessários outros estudos para 
avaliar a relação causa-efeito.4,6,7
5. Quais são as formas de 
apresentação?
Atualmente, o canabidiol e outros 
derivados da Cannabis sativa são 
comercializados na forma de cápsulas, 
dissolvidos em óleo (uso oral e tópico) e na 
forma de spray bucal. 
Nos Estados Unidos, a cultura canábica 
para uso medicinal e recreacional é bastante 
explorada. Uma empresa americana, a 
HempMeds®, é especializada em cultivar a 
planta, extrair o canabidiol e incorporá-lo em 
diferentes formas de administração para 
atingir as necessidades de cada paciente. A 
HempMeds® comercializa dois tipo de produto: 
o tradicional Real Scientific Hemp Oil 
(RSHO), que é o puro óleo extraído da planta 
de cânhamo, contendo uma alta concentração 
de canabidiol, mas também contém traços de 
THC e o RSHO-X, sem qualquer traço de 
THC.10, 11, 12
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A concentração de RSHO CBD varia 
conforme a forma de apresentação (dosador, 
líquido ou cápsulas). No caso da apresentação 
em dosador a concentração mínima é de 1500 
mg e a máxima de 3800 mg. Para a 
apresentação na forma líquida a concentração 
de CBD é única, de 1000 mg, mas o que varia 
é a forma do CBD - bruta, descarboxilada ou 
filtrada e descarboxilada. Para a apresentação 
na forma de cápsulas a concentração de CBD 
também é única, de 750 mg, mas o que 
também varia é a forma do CBD. Por fim, o 
RSHO-X é comercializado unicamente na 
forma líquida, porém em frascos de dois 
tamanhos, 120 e 236 ml, com 1000 e 5000 
mg de CBD, respectivamente. 
A HempMeds® também comercializa 
seus produtos para pacientes no Brasil, mas 
somente após apresentação da prescrição 
médica e sua aprovação prévia pela Anvisa.10, 
11, 12
PÁGINA 5Fonte: HempMeds®. Apresentaçäo em dosador.
Fonte: HempMeds®. Apresentaçäo em cápsulas.
6. Principais Resultados
O Canabidiol, por possuir um perfil 
seguro e tolerável, e não ter efeito psicoativo, 
foi alvo de diversos estudos para elucidar os 
seus efeitos farmacológicos, sendo constatado 
efeitos benéficos em diversas patologias. 
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Doença Efeito
Alzheimer Anti-inflamatório, antioxidante, anti-apoptótico em modelos in vivo e in 
vitro.
Parkinson Atenuação da deficiência dopaminérgica in vivo; efeito neuroprotetor; 
redução da agitação, pesadelos e comportamento agressivo de pacientes.
Esclerose 
múltipla
Propriedades anti-inflamatórias e imunomoduladoras.
Epilepsia Efeito anticonvulsivante in vitro e in vivo; redução da frequência de 
convulsões em crianças e adultos que tinham epilepsia resistente a 
outros tratamentos.
Doença de 
Huntington
Efeitos neuroprotetores e antioxidantes em testes com camundongos 
transgênicos; não houve nenhuma diferença clinicamente significante em 
pacientes.
Dor Efeito analgésico em pacientes com dor neuropática resistentes a outros 
tratamentos.
A tabela a seguir traz um resumo dos 
efeitos que o CBD apresentou em estudos in 
vitro e in vivo.1
Fonte: Pisanti, S., et al. 2017.
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7. Atualidades
Por meio da RDC 17/2015, a Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) 
define os critérios e os procedimentos 
necessários para a importação de produtos à 
base de Canabidiol em associação com outros 
canabinóides, por pessoa física, para uso 
próprio e mediante prescrição de profissional 
legalmente habilitado.13
A autorização concedida pela Anvisa é 
válida por um ano e, durante este período, o 
paciente ou o responsável legal devem 
apresentar a prescrição diretamente nos postos 
da Anvisa em aeroportos para que o produto 
seja internalizado. A autorização é necessária 
uma vez que os produtos possuem substâncias 
proscritas e que passam por controle rígido 
direto pelas autoridades competentes, em 
cumprimento a acordos internacionais. As 
etapas para a aquisição do produto estão 
descritas no portal da Anvisa e envolvem o 
cadastramento do paciente, aprovação do 
cadastro, importação do produto e 
desembaraço aduaneiro.14
Além disso, em outra Resolução da 
Diretoria Colegiada (RDC 156/2017), a 
Anvisa reconheceu oficialmente a Cannabis 
sativa como planta medicinal, incluindo-a na 
Farmacopeia Brasileira, considerada o código 
oficial do farmacêutico no país. Este fato, 
entretanto, não é de todo novo, uma vez que na 
edição do mesmo código publicada em 1929, a 
Cannabis já se encontrava lá. Como em 1938 a 
planta foi proibida no Brasil, logo após a planta 
foi removida da lista. É válido ressaltar que, 
apesar de ter suas propriedades biológicas 
reconhecidas, a planta continua sendo, a 
princípio, proibida. Mas isso é, 
reconhecidamente, um avanço na perspectiva 
do acesso à saúde, uma vez que a produção, 
distribuição e o consumo para fins terapêuticos 
serão facilitados.15
PÁGINA 7
Em janeiro de 2017, ainda, a Anvisa 
registrou o primeiro medicamento à base de 
Cannabis sativa para o tratamento da 
espasticidade moderada a grave, sintomas 
relacionados ao diagnóstico de esclerose 
múltipla, mas não é indicado para o tratamento 
de epilepsia, pois um de seus componentes,o 
THC, pode potencializar as crises epilépticas. 
O medicamento leva o nome de Mevatyl (THC 
27 mg/ml e CBD 25 mg/ml) e é fabricado pela 
GW Pharma Limited, do Reino Unido. No 
Brasil, a distribuição será feita pela Beaufour 
Ipsen Farmacêutica Ltda, com apresentação 
em forma de spray. O medicamento já foi 
aprovado em outros 28 países após estudos 
clínicos realizados em mais de 1,5 mil 
pacientes.16,17
A comercialização será condicionada à 
prescrição médica e, segundo a norma, os 
laboratórios poderão pedir o registro de 
derivados deste medicamento com 
concentrações máximas de 30 mg/ml de THC 
e 30 mg/ml de CBD.18
Existe a Associação Brasileira para 
Cannabis (ABRACannabis), uma associação 
que integra profissionais de várias áreas, como 
farmacêuticos, médicos, psicólogos, sociólogos 
entre outros, para promover a inclusão social e 
o respeito aos pacientes que utilizam Cannabis 
de forma medicinal. Para isso, a associação 
apoia a pesquisa científica e a educação e a 
representação social nas políticas públicas, 
além de apoio jurídico a pacientes e 
pesquisadores. A entidade é frequentemente 
procurada por mães e pais de pacientes 
pediátricos com diagnóstico de epilepsia não 
controlada pelas alternativas farmacológicas 
disponíveis. Além disso, pacientes com dor 
crônica, doenças degenerativas e mesmo 
médicos procuram a associação para saber 
mais sobre o uso medicinal da Cannabis.19
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8. Conclusão 
Baseado nas informações aqui reunidas, 
pode-se concluir que profissionais da saúde 
devem manter-se abertos a novas 
possibilidades de tratamentos para doenças que 
têm opções farmacológicas limitadas ou que as 
opções disponíveis apresentam mais riscos do 
que benefícios ao estado de saúde do paciente. 
Há diversos estudos que mostram que 
os compostos canabinóides podem ser eficazes 
nos tratamentos de diversas doenças 
neurológicas e, em alguns casos, o paciente não 
tem acesso a um tratamento promissor por 
preconceitos ou tabu. É muito importante que 
haja imparcialidade na hora de definir a terapia 
adequada ao paciente, ou seja, nem encarar os 
compostos canabinóides como a solução de 
todos os problemas e muito menos rejeitá-los 
sem uma breve análise do risco-benefício. 
A ANVISA reconhece a cannabis 
sativa como planta medicinal e registrou o 
primeiro medicamento a base desta planta para 
tratamento espasticidade moderada a grave. 
Autoriza ainda a importação de produtos a 
base de canabidiol, sob uma série de critérios, 
procedimentos e autorizações. Apesar do rígido 
controle, isso é, reconhecidamente, um avanço 
na perspectiva do acesso à saúde, uma vez que 
a produção, distribuição e o consumo para fins 
terapêuticos serão facilitados, ratificando que a 
escolha terapêutica deve ser focada no 
bem-estar do paciente, visando sempre a cura 
ou a melhora de sua qualidade de vida.
PÁGINA 8
9. Referências
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art and new challenges for therapeutic 
applications, Pharmacology & Therapeutics 
(2017).
 
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<http://www.who.int/features/qa/55/en/>. 
Acesso em: 01 jun. 2017.
 
3. FERNANDES, Paulo Dias. Revisão Clínica 
das Enxaquecas. 2017. Disponível em: 
<http://oldfiles.bjorl.org/conteudo/acervo/pri
nt_acervo.asp?id=1803>. Acesso em: 25 abr. 
2017.
 
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Arquivos de neuro-psiquiatria, v. 73, n. 4, p. 
371-374, 2015.
 
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neuro-psiquiatria, v. 72, n. 11, p. 881-888, 
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6. BARON, Eric P. Comprehensive review of 
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headache: What a long strange trip it's 
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Face Pain, v. 55, n. 6, p. 885-916, 2015.
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Informação e Educação em Saúde
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Gedde, M., & Borgelt, L. M.. Effects of 
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Pharmacology and Drug Therapy, v. 36, n. 5, 
p. 505-510, 2016.
8. Babalonis, Shanna, Haney, Margaret, 
Malcolm, Robert J., Lofwall, et al. Oral 
cannabidiol does not produce a signal for 
abuse liability in frequent marijuana smokers. 
Drug and Alcohol Dependence. Disponível em: 
<http://dx.doi.org/10.1016/j.drugalcdep.201
6.11.030>.
 
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Jutras-Aswad, D. (2015). Cannabidiol as an 
Intervention for Addictive Behaviors: A 
Systematic Review of the Evidence. 
Substance Abuse: Research and Treatment, 9, 
33–38. Disponível em 
<http://doi.org/10.4137/SART.S25081>.
 
10. BRASIL. AGÊNCIA NACIONAL DE 
VIGIL NCIA SANITÁRIA. Atualizada lista 
de produtos com canabidiol importados. 
2016. Disponível em: 
<http://bit.ly/2hPquo8>. Acesso em: 15 jun. 
2017.
 
11. HempMeds® (Estados Unidos). Produtos. 
2017. Disponível em: 
<https://hempmeds.com.br/produtos/>. 
Acesso em: 18 jun. 2017.
 
12. HempMeds®. Disponível em 
<https://hempmedspx.com/>.
PÁGINA 9
13. BRASIL. ANVISA. Resolução da 
Diretoria Colegiada - RDC nº 17 de 
06/05/2015. Disponível em 
<http://portal.anvisa.gov.br/legislacao#/visu
alizar/29340>. 
14. BRASIL. ANVISA. Passo a passo para 
importação de produtos a base de Canabidiol. 
Disponível em 
<http://portal.anvisa.gov.br/importacao-de-c
anabidiol>.
15. BRASIL. EXAME. Maconha é 
reconhecida como planta medicinal pela 
Anvisa. Disponível em 
<http://exame.abril.com.br/brasil/maconha-e-
reconhecida-como-planta-medicinal-pela-anvis
a/>.
 
16. BRASIL. ANVISA. Nota Técnica nº 
01/2017/GMESP/GGMED/ANVISA. 
Esclarecimentos a respeito do registro do 
medicamento Mevatyl. Disponível em 
<http://portal.anvisa.gov.br/documents/3383
6/351923/NT++01+-+2017+-+Mevatyl.
pdf/4e02e67a-34b6-48d6-9c34-d0aa4a5dd1f
d>.
 
17. BRASIL. ANVISA. Registrado primeiro 
medicamento à base de Cannabis sativa. 
Disponível em 
<http://portal.anvisa.gov.br/noticias/-/asset_
publisher/FXrpx9qY7FbU/content/agencia-ap
rova-primeiro-remedio-a-base-de-cannabis-sati
va/219201/pop_up?_101_INSTANCE_FXrp
x9qY7FbU_viewMode=print&_101_INSTA
NCE_FXrpx9qY7FbU_languageId=pt_BR>.
 
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Uso de Canabidiol em Doenças Neurológicas
Informação e Educação em Saúde
18. BRASIL. EXAME. Anvisa registra 
primeiro remédio à base de maconha no 
Brasil. Disponível em 
<http://exame.abril.com.br/brasil/anvisa-regi
stra-primeiro-remedio-a-base-de-maconha-no-
brasil/?utm_source=worldsense&utm_term=
propriedades+terap%C3%AAuticas&utm_me
dium=retention&utm_content=creative.deskt
op>. 
19. BRASIL. ABRA Cannabis. Associação 
Brasileira para Cannabis. Disponível em 
<http://abracannabis.org.br/>
 
PÁGINA 10
Vol. 01, n. 201701
PÁGINA 11
Volume 01, Número 201701, 11 Páginas, Ano 2017
Ficha Técnica:
Coordenação Docente: Profa. Dra. Sílvia Storpirtis
Farmacêutica Responsável: Dra. Maria Aparecida Nicoletti
Orientação: Patricia Melo Aguiar
Elaboração: Bruna R. Belem, Débora F. Savino, Mauricio L. de Rezende e 
Rafaela Landucci A. C. Pires
Endereço FARMUSP:
Rua da Praça do Relógio, n° 74. CEP 05508-900 São Paulo – Capital
Telefone: (11) 2648.0681 
E-mail: farmusp@usp.br

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