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CLASSES SOCIAIS SEGUNDO MARX E WEBER

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RESUMO DO VÍDEO 
Ciência USP responde: o que são classes sociais?
Rogério Barbosa – sociólogo e pesquisador do Centro de Estudos da Metrópole – afirma que as classes sociais são a forma de classificar os distintos grupos de pessoas na sociedade. Segundo o vídeo, há várias formas de abordar as classes sociais, sendo que a abordagem de classes relacionada com o extrato de renda não faz parte dos objetivos de interesse da Sociologia.
A idéia de Classe começa com Marx, onde há uma classe relacionada com a propriedade e outra com a não-propriedade. A classe média se consolida no século XX, onde as pessoas que a compõem estão entre estes dois grupos.
Os dados estatísticos nem sempre levam em conta pontos importantes a respeito de uma abordagem voltada para explicar um fenômeno distinto, como a transformação estrutural da sociedade, como as pessoas se agrupam. Em Sociologia, as abordagens relacionadas a fenômenos distintos - como as mudanças de rural para urbano, de industrial para o setor de serviços – são mudanças históricas e a abordagem de classe é uma expressão de múltiplos objetivos na sua análise. 
As definições conflituosas de classe são expressões de objetivos múltiplos. Rogério Barbosa ainda afirma que alguns economistas abordam a classe pelo extrato de renda. Isto leva a pensar que, se o salário aumentar, a renda de todos aumenta. Mas, se a renda cair ou se perder o emprego, o benefício adquirido tem o mesmo patamar? Pode continuar com o mesmo nível de vida se ficar desempregado? Pode se qualificar para encontrar um novo emprego? Quanto à formação de coletividade, como se movimentam? Com manifestações, filiações a partidos ou organizando sindicatos. 
Estas perguntas do sociólogo são totalmente diferenciadas da abordagem de classe baseada pela renda. São questões que levam a crer que a renda não é um fator específico para determinar a classe.
A DIFERENCIAÇÃO DA TEORIA DE CLASSES DE MARX E DE WEBER
Marx não se preocupou com a definição de classe, enquanto Weber busca defini-la. Para Weber, Marx trata sobre classe como um fenômeno econômico e os conflitos de classes como o resultado de choques inevitáveis de interesses materiais.
As discussões de Weber sobre os conceitos de classe, status e partido dão o tipo de análise conceitual, a qual falta em Marx. Porém, são discussões abstratas e inacabadas. Os escritos históricos de Weber trazem detalhes de várias formas de conexão entre diferentes tipos de relações de classe, e entre relações de classe e filiações de grupos de status.
Em Weber, classe se refere a interesse de mercado e existe independentemente da consciência dos homens e é uma característica objetiva, influenciando as chances de vida humana. 
O contraste de classes e grupos de status, segundo Weber, não é geralmente uma distinção entre aspectos subjetivos e objetivos de diferenciação, embora seja retratado, às vezes, como o contraste entre o objetivo e o subjetivo. 
Ao passo em que a classe é baseada em diferenciais de interesses econômicos nas relações de mercado, os grupos de status têm importância pelo fato de se construírem sobre critérios diferentes dos originados pelo mercado. O contraste entre classes e grupos de status está entre de produção e consumo. Pois a classe é expressa nas relações de produção, enquanto os grupos de status são expressos nas relações do consumo, especificamente no estilo de vida. 
Quanto a Marx, este elaborou sua teoria de classes como tentativa de explicar a natureza das mudanças ocorridas que transformaram as estruturas sociais tradicionais da Europa. O conflito de classes não se refere ao “ajustamento defeituoso de funções” do surgimento da sociedade industrial, como pensavam os positivistas franceses, mas tem sua expressão no caráter intrínseco do capitalismo. Marx faz crítica ao caráter contraditório do capitalismo, afirmando que este deriva de sua estrutura de classes. 
Marx não dá uma definição formal do conceito de classe, embora em sua análise crítica haja somente duas classes – a burguesia e o proletariado. O conflito de classes no capitalismo deriva da incompatibilidade de uma técnica produtiva já existente, como a manufatura industrial, com outros aspectos do modo de produção, isto é, com a organização do mercado capitalista. A ascensão de uma nova classe ao poder cria condições em que a propriedade privada é abolida. O proletariado, assim, se torna a única classe da sociedade e essa hegemonia decreta o desaparecimento de outras classes. 
Marx afirma que o surgimento de classe é um produto da burguesia. As classes são baseadas em relação de mútua dependência, no modelo abstrato do capitalismo que Marx cria. Esse modelo revela que a essência do capitalismo se expressa na relação de classes entre o capital e o trabalho assalariado, em que a classe operária vende sua força de trabalho ao capitalista, em troca dos meios de subsistência, Daí vem a exploração da mais-valia extraída pelo dono dos meios de produção. Esta é a apropriação da mais-valia pela classe capitalista.
Marx estabelece critérios nítidos das características entre a classe trabalhadora assalariada e as demandas estruturais do mercado capitalista. O trabalhador é tratado como qualquer outro produto a ser vendido e comprado no mercado.
Assim se estabelece que enquanto Marx refere-se à classe em relação ao mercado capitalista, relacionando o caráter econômico, de forma dicotômica entre propriedade e não-propriedade, onde os conflitos de classe são resultantes de choques de interesses materiais, Weber distingue uma pluralidade de classes e as relaciona à produção, enquanto o grupo de status está relacionado com o consumo. Para Weber, o poder é assim mais facilmente acessado pela classe ( pela posição na sociedade no sistema produtivo) e pelo grupo de status ( conforme o consumo).

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