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FACULDADE SERRA DA MESA CURSO BACHAREL EM FARMÁCIA RAYSSA NYKOLLY GUENNES DE OLIVEIRA SORRENTINO BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO COMO COADJUVANTE PARA O TRATAMENTO DE DIABETES MELLITUS TIPO II URUAÇU/GO 2017 RAYSSA NYKOLLY GUENNES DE OLIVEIRA SORRENTINO BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO COMO COADJUVANTE PARA O TRATAMENTO DE DIABETES MELLITUS TIPO II Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Serra da Mesa - FASEM, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Farmácia. Orientadora: Prof.ª Liliane de Souza Tolêdo Adôrno. URUAÇU/GO 2017 Dedico este trabalho primeiramente a “DEUS” que me tem sustentado com seu fôlego de vida e forças, pra que eu pudesse superar todas as dificuldades ocorridas em minha jornada; Aos meus pais Cássia Roberta G. de O. Sorrentino e Antônio de Pádua Sorrentino por mesmo longe estarem sempre me apoiando; Ao meu esposo Ricardo Luis e aos meus filhos Richard Nykollas e Ryllary Nykaelly por terem sido pacientes, compreensivos e meu alicerce durante minha luta em toda a jornada acadêmica. Dedico também a Profª Liliane de Souza Toledo Adorno pelo apoio que me foi dado no início deste. Dedico a todos que me apoiaram mesmo que indiretamente, mas que fizeram parte da minha conquista. AGRADECIMENTOS É difícil agradecer a todos que contribuíram de algum modo para que eu chegasse até aqui, a todos que fizeram parte de minha vida, agradeço de coração; Agradeço aos meus pais, Antonio de Pádua Sorrentino e Cássia Roberta Sorrentino, pela oportunidade da vida, pela competência com que me criaram, pelo privilégio de tê- los como meu espelho, por carinho e apoio em cada etapa da minha vida, pelo amor incondicional, por não medirem esforços para minha felicidade e meu sucesso por terem batalhado a vida inteira pelo meu crescimento, sempre com dedicação, por terem me mostrado que o caminho era árduo, mas que estavam preparados para me amparar se eu caísse, por me ajudar a levantar nos momentos difíceis, por rezar sempre por mim e por contribuir para minha formação pessoal e profissional; Ao meu esposo, Ricardo Luis Lima, a minha filha Ryllary Sorrentino e ao meu filho Richard Sorrentino, simplesmente por terem nascido e mudado completamente a minha vida; Jamais poderia deixar de agradecer as funcionárias da Biblioteca Antonia Francisca de Almeida e Ana Cláudia da Silva Vaz pelo carinho e apoio a que se prestaram; As professoras Cláudia Rachid e Gislene Batista por dedicarem seu tempo ao meu auxilio em trabalhos anteriores; Aos professores de modo geral da Faculdade Serra da Mesa que contribuíram com seus ensinamentos para que eu pudesse realizar o curso; Agradeço em especial a Professora Liliane de Souza Tolêdo Adôrno pela paciência e forma como “me abraçou” para a realização deste diante de tantas dificuldades e obstáculos surgidos durante o percurso. Agradeço a todos que direta e indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigado. ‘’Procure descobrir o seu caminho na vida. Ninguém é responsável por nosso destino, a não ser nós mesmos. ’’ Chico Xavier LISTA DE QUADROS Quadro 1 Valores de glicemia plasmática (mg/dl) para diagnóstico da Diabetes Mellitus.......................................................................................................................23 Quadro 2 Classificação da intensidade do exercício.................................................31 Quadro 3 Diretrizes para prescrição de exercícios em pacientes com Diabetes Mellitus tipo II, emitidos por várias organizações científicas......................................35 Quadro 4 Resultados organizados a partir de título, autores, local de realização, ano de publicação, tipo de documento e principais ideias................................................46 Quadro 5 Discussão organizada a partir de temas e conteúdo dispostos no referencial teórico.......................................................................................................54 LISTA DE FLUXOGRAMA Fluxograma 1: Característica de exercício aeróbico para portadores de Diabetes Mellitus tipo II..............................................................................................................33 Fluxograma 2: Característica de exercício resistido para portadores de Diabetes Mellitus tipo II..............................................................................................................34 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Material básico utilizado para exercícios....................................................38 Figura 2: Marcha lenta (leve).....................................................................................39 Figura 3: Marcha moderada.....................................................................................39 Figura 4: Marcha vigorosa.........................................................................................40 Figura 5: Exercícios moderados................................................................................40 Figura 6: Exercícios resistidos...................................................................................41 Figura 7: Exercícios de agilidade..............................................................................41 Figura 8: Exercícios de flexibilidade..........................................................................42 LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES ACSM Colégio Americano de Medicina Esportiva ACSM Colégio Americano de Medicina Esportiva ADA Associação Americana de Diabetes AHA Associação Americana do Coração BPTA Associação Belga de Terapia Física CDA Associação Canadense de Diabetes DAC Doença Arterial Crônica DAOP Doença Arterial Obstrutiva Periférica DCV Doença cardiovascular DM TIPO II Diabetes Mellitus tipo II DPP Diabetes Prevention Program EASD Associação Européia para o Estudo da Diabetes ESC ESSA Sociedade Européia de Cardiologia Exercise and Sports Science Austrália FDS Sociedade Francófona da Diabetes HDL High Density Lipoprotein IDF Federação Internacional de Diabetes LDL Low Density Lipoprotein O2 Oxigênio SNIPH Instituto Nacional Sueco de Saúde Pública VLDL Very Low Density Lipoprotein RESUMO A Diabetes Mellitus tipo II é uma patologia metabólica causada pela disfunção insulínica, decorrente da resistência de seus receptores teciduais, que acomete uma grande parte da população mundial. Estima-se que 5,9% da população brasileira seja portadora de Diabetes Mellitus tipo II, sendoisso causador de grande impacto à saúde pública. Neste estudo foi exposta a importância da prática de exercício físico como coadjuvante no tratamento desta referida patologia. Para isso, foi feita uma pesquisa bibliográfica básica, a qual apresentou a importância da prática de exercícios físicos para controle da Diabetes Mellitus tipo II, sendo os exercícios aeróbicos, os mais indicados, por favorecer a redução dos níveis glicêmicos e as complicações advindas da descompensação dessa patologia, e a consequente promoção da melhora no estilo de vida. Diante do exposto conclui-se que o exercício físico consiste em um elemento essencial na composição do tratamento da Diabetes Mellitus tipo II. Palavras chaves: Diabetes Mellitus tipo II, Diabetes e Exercícios físicos, Tratamento da Diabetes Mellitus tipo II. ABSTRACT Type II Diabetes Mellitus is a metabolic pathology caused by insulin dysfunction, due to the resistance of its tissue receptors, which affects a large part of the world population. It is estimated that 5.9% of the Brazilian population is a carrier of Type II Diabetes Mellitus, which causes a great impact on public health. In this study it was exposed the importance of the practice of physical exercise as a coadjuvant in the treatment of this pathology. For this, a basic bibliographical research was done, which presented the importance of the practice of physical exercises for the control of Type II Diabetes Mellitus, being the aerobic exercises, the most indicated, favoring the reduction of the glycemic levels and the complications resulting from the de compensation Of this pathology, and the consequent promotion of improvement in lifestyle. In view of the above, it is concluded that physical exercise is an essential element in the treatment composition of Type II Diabetes Mellitus. Keywords: Diabetes Mellitus type II, Diabetes and Exercise, Treatment of Type II Diabetes Mellitus SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 14 2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................ 16 3 OBJETIVOS .................................................................................................. 17 3.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................... 17 3.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS ........................................................................ 17 4 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................. 18 4.1 CONCEITO DA DIABETES MELLITUS TIPO II ............................................ 18 4.2 HISTÓRICO DA DIABETES MELLITUS ....................................................... 18 4.3 EPIDEMIOLOGIA DA DIABETES MELLITUS TIPO II ................................... 20 4.4 SINTOMAS, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DO DIABETES MELLITUS TIPO II .............................................................................................................. 21 4.5 COMPLICAÇÕES CLÍNICAS DA DIABETES MELLITUS TIPO II .................. 24 4.6 EFEITOS BENÉFICOS DOS EXERCÍCIOS FÍSICOS PARA TRATAMENTO DO DIABETES MELLITUS TIPO II .................................................................... 26 4.7 A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS DIANTE DAS COMPLICAÇÕES DECORRENTES DO DIABETES MELLITUS TIPO II ......................................... 29 4.8 PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO FÍSICO PARA DIABETICO TIPO II ............ 31 4.9 TIPOS DE EXERCICIOS FÍSICOS USADOS NO TRATAMENTO DE DIABETES MELLITUS TIPO II. .......................................................................... 32 4.9.1 Exercícios Aeróbicos.........................................................................................32 4.9.2 Exercícios Resistidos (Musculação)..................................................................33 4.9.3 Exercício De Flexibilidade.................................................................................34 5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................................ 43 5.1 TIPO DE PESQUISA ................................................................................... 43 5.2 POPULAÇÃO .............................................................................................. 43 5.3 AMOSTRA .................................................................................................. 43 5.4 ELABORAÇÃO DO PROJETO ..................................................................... 43 5.5 RISCOS E BENEFÍCIOS ............................................................................. 44 5.6 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO .................................................. 44 5.7 PROCESSAMENTO E ANÁLISE DE DADOS .............................................. 45 5.8 QUESTÃO NORTEADORA ......................................................................... 45 6 RESULTADO E DISCUSSÃO ........................................................................ 46 6.1 CARACTERÍSTICAS DO DIABETES MELLITUS TIPO II ............................. 55 6.2 OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍCIO FÍSICO PARA O TRATAMENTO DA DIABETES MELLITUS TIPO II. .......................................................................... 56 6.3 TIPOS DE EXERCÍCIOS FÍSICOS RECOMENDADOS NO TRATAMENTO DE DIABETES MELLITUS TIPO II. .......................................................................... 57 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 59 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 60 14 1 INTRODUÇÃO O Diabetes Mellitus tipo II ou não-insulinodependente é uma patologia comum, caracterizada pela deficiência de ação da insulina, ou seja, o indivíduo a produz, mas esse hormônio não exerce o controle adequado da glicose no sangue. Isso ocorre, devido à resistência corpórea dos receptores de insulina, o que provoca o consequente aumento dos níveis de glicose sanguínea (BARBOSA, 2013; SILVA, 2011). E ainda é um distúrbio metabólico associado diretamente ao estilo de vida levado pelo indivíduo como: alimentação inadequada, stress, sedentarismo obesidade (SOUZA; SOUZA; MOREIRA 2016). E por se tratar de uma patologia silenciosa e de diagnóstico tardio acomete mais pessoas na fase adulta (ARSA et al. 2009). Cerca de 382 milhões de pessoas em todo o mundo são diagnosticados como portadores de Diabetes Mellitus tipo II, sendo esta patologia representativa de aproximadamente 85-95% de todos os casos de diabetes no mundo. Em decorrência do elevado número de indivíduos diabéticos tipo II, esta patologia é considerada um importante problema de saúde pública, pelo seu grande potencial de morbidade e mortalidade (MENDES et al., 2016; BRASIL, 2013). O Diabetes Mellitus tipo II encontra-se na quarta posição no ranking de doenças crônicas, ficando somente atrás de doenças do aparelho circulatório, neoplasias e doenças do sistema nervoso (BRASIL, 2013). O exercício físico regular deve fazer parte do tratamento do portador de Diabetes Mellitus tipo II, uma vez que promove benefícios como controle de peso e melhora da ação insulínica. Além disso, contribui com queda da glicemia, favorecendo a circulação cardíaca e periférica no organismo, ocorrendo o fortalecimento e nutrição dos tecidos, melhorando a disposição e sensação de bem- estar, o que converge na redução dos riscos cardiovasculares(VANCEA, 2009). Dentre os exercícios físicos estabelecidos no tratamento da Diabetes Mellitus tipo II, o mais indicado é o aeróbico, por apresentar influência direta na baixa dos níveis glicêmicos (CARDOSO et al. 2009). Justifica-se o presente trabalho pelo aumento crescente dos casos de Diabetes Mellitus tipo II em nível mundial, assim como o impacto na saúde de seu portador. Isso ressalta a necessidade de se apresentar os efeitos benéficos da prática de exercícios físicos como fator auxiliador para o tratamento dessa patologia. 15 Nesse contexto, objetivo do presente estudo será caracterizar o Diabetes Mellitus tipo II, além de descrever os benefícios e identificar os exercícios físicos adequados para o tratamento dessa patologia. 16 2 JUSTIFICATIVA O Diabetes Mellitus tipo II destaca-se como uma das patologias crônicas mais frequentes, sendo considerada, na atualidade, como uma epidemia mundial. Estima-se que cerca de 11 milhões de indivíduos, no Brasil, sejam portadores de Diabetes Mellitus tipo II. Isto representa uma média de 5,9% da população brasileira, acometida por essa patologia. Em torno de 90 a 95% dos casos de Diabetes Mellitus tipo II surgem na idade adulta. No Brasil, cerca de 7,6% desse tipo de diabetes ocorre em indivíduos de 30 a 69 anos e 20% acima de 70 anos (SOUZA E SOUZA, 2012). Aproximadamente 4 milhões de óbitos no mundo, ou seja, 9% da mortalidade mundial, ocorre devido ao descontrole da Diabetes Mellitus. Os portadores de Diabetes Mellitus tipo II, podem desenvolver problemas cardiovasculares, tendo uma média de 65% dos óbitos decorrentes desse tipo de complicação. Além disso, é possível apresentar cegueira irreversível, doença traumática crônica, amputações não traumáticas de membros inferiores e uma redução em 5 anos, da expectativa de vida (BRASIL, 2006; SOUZA et al., 2012). O Diabetes Mellitus tipo II é uma doença cujo tratamento requer mudanças no estilo de vida, incluindo a prática constante de exercícios físicos, reeducação alimentar e adesão à terapia medicamentosa, fatores estes, de grande relevância na prevenção das complicações decorrentes dessa clínica (ARSA et al., 2009). Diante disto, o presente estudo é importante por apresentar os benefícios da prática de exercícios físicos como um dos fatores que auxiliam no tratamento da Diabetes Mellitus tipo II. 17 3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL Conhecer os benefícios do exercício físico como coadjuvante para o tratamento de Diabetes Mellitus tipo II. 3.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS Caracterizar o Diabetes Mellitus tipo II Descrever os efeitos benéficos do exercício físico para tratamento de Diabetes Mellitus tipo II Identificar os possíveis tipos de exercícios físicos recomendados no tratamento de Diabetes Mellitus tipo II 18 4 REFERENCIAL TEÓRICO 4.1 CONCEITO DA DIABETES MELLITUS TIPO II A Diabetes Mellitus tipo II é uma doença crônica não transmissível – DCNT idiopática, podendo estar associada a fatores genéticos ou ambientais (SBD, 2007). Diabetes é uma palavra de origem grega cujo significado é “passando por” e Mellitus uma expressão latina que está associada ao “mel” (CARDOSO et al., 2007). A Diabetes Mellitus tipo II ou não-insulino-dependente, acomete mais indivíduos na fase adulta, sendo reconhecida por hiperglicemia decorrente de distúrbios na secreção/ação insulínica (CAMPOS, 2004; BRASIL, 2013). Esta patologia apresenta elevação insulínica plasmática, secretada pelas células β pancreáticas, associada à diminuição da sensibilidade dos tecidos alvo diante dos efeitos do metabolismo da insulina (SOUZA; SOUZA e MOREIRA, 2016). É ainda caracterizada pela resistência à insulina, devido à diminuição da resposta dos tecidos periféricos e por disfunção das células β pancreáticas relacionada à secreção inadequada desse hormônio, na presença de hiperglicemia (SBD, 2009; CRAIG; STITZEL, 2011). De acordo com Brasil (2006) a Diabetes Mellitus tipo II é identificada pela resistência à insulina ou distúrbio da secreção insulínica, refletindo na disfunção do metabolismo do carboidrato, das proteínas e dos lipídios, cujo objetivo é a produção de glicose (CRAIG; STITZEL, 2011). Segundo ANAD (2007) esta patologia tem como atributo a resistência à insulina, isto é, o pâncreas continua a produzir a insulina, no entanto, as células adiposas e musculares não conseguem efetivar a absorção da glicose presente na corrente sanguínea, provocando seu consequente aumento nessa via. 4.2 HISTÓRICO DA DIABETES MELLITUS Em 1872 o alemão Georg Ebers, na cidade de Tebas no Egito descobriu um papiro que apresentava informações da sintomatologia de uma patologia que descrevia algumas características, entre elas a emissão abundante de urina, a qual era tratada com plantas e frutos da região. No século II D.C, na cidade da Grécia, antiga essa doença veio a receber o nome de “Diabetes” que significa “passar por 19 um sifão” devido à diurese diária intensa. Alguns anos depois, dois médicos indianos ao notarem presença de moscas e formigas na urina de pacientes atendidos por eles deram início a estudos e pôde-se verificar a doçura da urina. Essa teoria só foi comprovada no século XVII por Willis e Dobsonna Inglaterra. No século XVIII (1769) o pesquisador Cullen sugeriu o nome “Mellitus” que significa “mel”, pois era associada a doçura da urina ao mel, sendo então denominada a patologia, como Diabetes Mellitus (TSCHIEDEL, [2016?]). De acordo com Rezende (2004), no ano de 1889 dois estudiosos determinaram que a Diabetes Mellitus (DM) era causado devido à disfunção pancreática, após estudos realizados no pâncreas canino. Posteriormente Schaefer defendeu a responsabilidade das ilhotas de Langherans na produção de insulina, secreção necessária para que a glicose produzida seja transportada do sangue para as células (GUYTON; HALL, 2011). SBD (2007) relata que diante das descobertas sobre o Diabetes Mellitus, os estudiosos direcionaram as atenções aos estudos de forma detalhada para o pâncreas e a sua relação com o Diabetes Mellitus. Subsequentemente no ano de 1910, Sharpey-Shafer, um fisiologista de origem inglesa, constatou que indivíduos diabéticos manifestavam carência de determinada substância produzida pelo pâncreas, cuja denominação é insulina. Desse modo a descoberta proveu suporte para que estudos fossem realizados em busca de outro tipo de tratamento à base de insulina. Por volta do século XIX, Lanceraux e Bouchardat, sugeriram a existência de dois tipos de Diabetes Mellitus, um tipo com características mais severas e agressivas que acometiam indivíduos mais jovens denominada, portanto como “Diabetes Mellitus tipo I” e outro tipo, com características não tão severas, no entanto mais frequentes em indivíduos com sobre-peso. Estes requeriam atenção constante, sendo, portanto identificado como “Diabetes Mellitus tipo II” (TSCHIEDEL, [2016?]). O Diabetes Mellitus é uma enfermidade milenar, que vem acometendo a humanidade até os dias atuais. Um grande e importante problema mundial de saúde, tanto em quantidade de pessoas acometidas, como em gastos utilizados para auxiliar no controle e tratamento de suas complicações (SILVA, 2008). 20 4.3 EPIDEMIOLOGIA DA DIABETES MELLITUS TIPO IIO Diabetes Mellitus é visto como a maior das epidemias do século XXI em países desenvolvidos e subdesenvolvidos, apresentando um crescimento desenfreado, tornando-se um grave problema de saúde pública (SBD, 2007). Dados apresentados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) determinam que até o ano de 2030, ocorrerá um crescimento significativo e preocupante de indivíduos portadores de Diabetes Mellitus. Cerca de 50% desses indivíduos desconhecem serem portadores da doença, por falta de entendimento sobre o assunto ou por não apresentarem sintomatologia. Mesmo sendo assintomática, pode ocorrer hiperglicemia em grau suficiente, a ponto de causar-lhe alterações fisiológicas (COBAS; GOMES, 2010; SBD, 2009). Estima-se que 40 milhões de pessoas sejam diagnosticadas com Diabetes Mellitus tipo II nos países da América Central e América do Sul até o ano de 2030. Nos Estados Unidos da América e na Europa, esse aumento se dará em pessoas com idade mais avançadas, devido à elevação da expectativa de vida em países que estão em desenvolvimento. Poderá ainda acometer todas as idades, sendo que nos indivíduos entre 45 e 64 anos a prevalência será triplicada e entre os de 20 e 44 anos e acima de 65 anos será duplicada (BRASIL, 2013). Para Silva (2008) a prevalência da Diabetes Mellitus tipo II está aumentando de forma significativa, adquirindo características epidêmicas em vários países, principalmente os países em desenvolvimento com aumento crescente na morbimortalidade da população (MOLENA-FERNANDES et al., 2005). Torres et al. (2009) referem que esta patologia vem apresentando crescimento em proporção epidêmica, com severa intensidade indivíduos entre 30 e 69 anos de idade. A Diabetes Mellitus tipo II corresponde a 95% dos casos de Diabetes sendo mais facilmente diagnosticada em indivíduos com idade média de 40 anos, quando apresentam fatores predisponentes como: hipertensão arterial sistêmica (HAS), obesidade, fatores hereditários ou até mesmo casos de Diabetes Gestacional (DG) (BRASIL, 2013; ANAD, 2007). Ferreira e Pititto ([2012?]) relatam que a prevalência da Diabetes Mellitus tipo II é de 7,6% na população brasileira, urbana, adulta entre 30 e 69 anos, comparado a vários outros países, inclusive com os mais desenvolvidos. 21 Durante o Fórum Pan-Americano de Ação contra as Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) ocorrido na cidade de Brasília, foi apresentado o estudo realizado em 26 capitais e no Distrito Federal mostrando que a Diabetes Mellitus tipo II é comumente diagnosticada em indivíduos que apresentam pouco tempo de estudo. Baseado nisto, um percentual de 3,7% dos brasileiros que têm mais de 12 (doze) anos de estudo declararam ser diabéticos, enquanto 7,5% dos indivíduos com menos de 8 (oito) anos de escolaridade dizem ter a doença (BRASIL, 2014). Dados apresentados pelo Ministério da Saúde (2014) apontam que a cidade de Fortaleza (CE) aparece como a capital com o maior percentual de diabéticos, com 7,3%, seguida por Vitória (ES), com 7,1%, e Porto Alegre (RS), com 6,3%. As capitais com os menores índices são Palmas (TO), com 2,7%, Goiânia (GO), com 4,1%, e Manaus (AM), com 4,2%. Ainda de acordo com dados apresentados pelo Ministério da Saúde, aproximadamente 8% dos brasileiros em fase adulta são acometidos pela Diabetes Mellitus tipo II, e estima-se que 6,2% correspondente a um total de 409.862 de indivíduos em todo estado de Goiás sejam portadores da patologia. Os dados acima citados podem ser ainda maiores pois a Diabetes Mellitus tipo II é assintomática na maioria dos casos o que dificulta o diagnóstico (SEG, 2016). DATASUS (2017) aponta que nos últimos 10 (anos), foram notificados 4153 (quatro mil cento e cinquenta e três) casos de Diabetes Mellitus em todo Estado de Goiás, sendo as mulheres mais acometidas, com 2223 casos (dois mil duzentos e vinte e três) e homens 1930 casos (mil novecentos e trinta) o que representa um total de 53,52% de mulheres e 46,47% de homens com essa patologia. 4.4 SINTOMAS, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA DIABETES MELLITUS TIPO II Os principais sintomas da Diabetes Mellitus tipo II (DM II) são poliúria (aumento do volume urinário), polidipsia (sede excessiva), polifagia (fome excessiva), perda ponderal. Esses sintomas são semelhantes aos dos demais tipos, a diferença consiste no fato da Diabetes Mellitus tipo II desenvolver-se com mais lentidão, podendo ser diagnosticado em situação mais tardia (REGULA SUS, [2016?]). 22 SBD (2015) ainda apresentam como sintomas dessa doença, a visão turva, fadiga, feridas que não cicatrizam formigamento e “alfinetadas” nos pés, pele seca e nas mulheres surgem frequentes infecções vaginais. Souza; Souza e Moreira (2016) apontam o adormecimento nas pernas, pés e mãos, infecção constante na pele, irritabilidade, náuseas, vômito, fraqueza, gengiva e bexiga, como sintomas da Diabetes Mellitus tipo II, apesar de não serem muito pronunciados. Para diagnóstico da Diabetes Mellitus tipo II são comumente utilizados quatro tipos distintos de exames, sendo eles: Glicemia Capilar, Glicemia de Jejum, Teste de Tolerância à Glicose e Hemoglobina Glicada (FRAZÃO, 2016). A Glicemia Capilar ou Hemoglicoteste (HGT) é um exame muito utilizado em consultas médicas, por apresentarem resultado imediato, favorecendo a rapidez no diagnóstico, visto que o material coletado para realização do mesmo se dá através da punção digital ou seja, uma pequena “picada” na extremidade dos dedos (CALISTA, 2012). Na Glicemia de Jejum o paciente é mantido em jejum de 8 à 14hs, sendo realizado quando não há urgência no resultado. Esse exame é importante para o diagnóstico para a Diabetes Mellitus tipo II. Uma nova avaliação deve ser feita através do exame de Teste de Tolerância à Glicose 75mg (BRASIL, 2013). No Teste de Tolerância a Glicose 75 mg (TTG - 75 mg), no paciente em jejum de 8 à 14 hs, é coletada uma amostra sanguínea. Logo, é administrada via oral, uma sobrecarga de Dextrose (solução com alta concentração de glicose), e duas horas depois, nova coleta sanguínea é realizada. Observa-se o resultado obtido, sendo que valores maiores ou iguais à 200mg/dl são determinantes para Diabetes Mellitus e valores entre 140mg/dl e 200mg/dl representam baixa tolerância a glicose (CALISTA 2012; BRASIL, 2013). A Hemoglobina Glicada (Hba1c) é um exame utilizado tanto para o diagnóstico quanto para o acompanhamento da Diabetes Mellitus tipo II. O Hba1c determina a quantidade de hemoglobina que se encontra ligada à glicose no intervalo de até 90 dias. É um dos exames mais importantes, pois além do diagnóstico, favorece também o controle do paciente com Diabetes Mellitus tipo II (SBD, 2015). 23 Segue abaixo o quadro com valores de referência de glicemia plasmática. Quadro 1- Valores de Glicemia Plasmática (mg/dL) para Diagnóstico de Diabetes EXAME RESULTADO DIAGNÓSTICO Glicemia de jejum (G.J) menor que 110 mg/dl Normal maior que 126 mg/dl Diabetes Glicemia Casual (G.C) menor que 200 mg/dl Normal maior que 200 mg/dl Diabetes Hemoglobina Glicada (Hba1C) menor que 5,7% Normal maior que 6,5% Diabetes Teste tolerância à glicose (TTG) menor que 140 mg/dl Normal maior que 200 mg/dl Diabetes Fonte: Adaptado de SBD 2015. O tratamento da Diabetes Mellitus tipo II pode ser realizado através da terapia medicamentosa ou não medicamentosa (SBD, 2009). Um determinante no tratamento da Diabetes Mellitus não medicamentoso é a mudança no estilo de vida, já que o mesmo é um dos principais causadores da doença. O tratamento compreende na realizaçãode atividade física, hábitos alimentares adequados e saudáveis, o uso correto de hipoglicemiantes orais e insulinoterapia quando necessário (BRITO; BUZO; SALADO, 2009). Cerca de 80% dos indivíduos diagnosticados com Diabetes Mellitus tipo II são obesos. Para alcançar melhor eficácia no tratamento, a dieta deve ser adequada e balanceada de forma a prevenir e evitar complicações. Por este motivo, o acompanhamento deve ser realizado por um profissional especializado (COTTA et al., 2009). O acompanhamento clínico minucioso é indispensável para o tratamento da Diabetes Mellitus. A adesão a uma dieta saudável é imprescindível, para que o paciente consiga reduzir a glicose absorvida e assim o favoreça a perda de peso (FIGUEREDO; VIANA; MACHADO, 2008). 24 A prática de atividade deve ser adotada diariamente uma vez que ela além de aumentar o efeito da insulina, reduz a glicemia e previne o excesso de peso proporcionando melhor disposição e sensação de bem-estar, reduzindo o risco de doenças cardiovasculares (FIGUEREDO; VIANA; MACHADO, 2008). A adaptação de um novo estilo de vida não é algo de fácil aceitação em determinadas situações e devido a essas dificuldades, utiliza-se a terapêutica medicamentosa através da insulinoterapia e/ou hipoglicemiantes orais (VANCEA et al., 2009). O tratamento da Diabetes Mellitus tipo II objetiva atingir os níveis glicêmicos adequados, precaver os pacientes de complicações crônicas (doenças cardiovasculares, neuropatia, nefropatia, retinopatia e o pé diabético) e complicações agudas (hiperglicemia e hipoglicemia) (CALISTA, 2012; SBD, 2009; ARSA et al., 2009). 4.5 COMPLICAÇÕES CLÍNICAS DA DIABETES MELLITUS TIPO II Brasil (2010) apresenta que o descontrole da Diabetes Mellitus pode acarretar em longo prazo alterações e falência dos órgãos, como rins, nervos, coração, olhos e vasos sanguíneos. Se não tratada de forma adequada, a Diabetes Mellitus tipo II pode ocasionar cegueira, insuficiência renal e até mesmo a amputação dos membros principalmente os inferiores. Ainda estudos apresentados por Brasil (2010), apontam que o alto nível da glicose na corrente sanguínea está ligado a doenças cardiovasculares aumentando as complicações macrovasculares e microvasculares, contribuindo com grande índice de mortalidade. No que se refere às complicações da Diabetes Mellitus tipo II citam-se as complicações agudas e crônicas. Dentre os fatores de complicações agudas, estão a síndrome hiperosmolar hiperglicêmica e a hipoglicemia. Elas devem ser identificadas e tratadas rapidamente (GOMES; COBAS; 2011). Para Brasil (2013) a síndrome hiperosmolar não cetótica é caracterizada por um estado de hiperglicemia acima de 600 mg/dl a 800 mg/dl, alteração na função mental e desidratação severa. Essa complicação pode ser desencadeada pela alta concentração de glicose na circulação. Também estão envolvidos fatores como disfunção endotelial, estado pré-trombótico e inflamação. Gomes e Cobas (2011) mostram que as complicações crônicas da Diabetes Mellitus tipo II podem ser retinopatia diabética, nefropatia diabética, pé-diabético, 25 Doenças Cardiovasculares (DCV), Doença Arterial Coronariana (DAC) e a Doença Obstrutiva Periférica (DAOP). SBD (2007) aponta que problemas de visão em pacientes portadores de Diabetes Mellitus tipo II são frequentes tendo a retinopatia diabética como um dos agravos, podendo ocasionar cegueira definitiva. Não existe ainda a comprovação para cura da retinopatia diabética, permanecendo somente a terapêutica para evitar o agravamento da doença e no tratamento cirúrgico das lesões com alto risco de perda visual completa (SBD, 2007). A nefropatia diabética é uma implicação microvascular que está relacionada com a morte prematura do indivíduo acometido por Diabetes Mellitus tipo II, por uremia e problemas cardiovasculares (LENARDT et al., 2008; BRASIL, 2013). Gomes e Cobas (2011) afirmam que pacientes portadores de Diabetes Mellitus tipo II são causadores de 25% dos registros de diálise no Brasil, cuja média de 20 a 30% dos pacientes diagnosticados com Diabetes Mellitus apresentam indício de nefropatia. SBD (2015) determina que dentre os problemas relacionados à Diabetes Mellitus, encontra-se a neuropatia diabética que pode acometer cerca 80% a 100% dos pacientes em longo prazo. Ainda SBD (2015) aponta que 2/3 (dois terços) de amputações não traumáticas (acidentes ou fatores externos), são devido a neuropatia diabética, podendo ela ser silenciosa e prosseguir lentamente. As sequelas da neuropatia não se evidenciam somente nas amputações e ulcerações. Pode ainda ocasionar problemas cardiovasculares, o que impacta na qualidade de vida dos indivíduos (SBD, 2015). O pé-diabético é uma das complicações crônicas mais significativas na Diabetes Mellitus, devido à grande probabilidade de amputação do membro. Ensinar sobre a importância dos cuidados com os pés é o principal meio de prevenção do pé diabético (COELHO; SILVA; PADILHA, 2009). Se diagnosticada antecipadamente a neuropatia diabética, o paciente consegue adiar suas complicações fazendo o controle glicêmico severo e os cuidados necessários com seus membros inferiores (pés) (COBAS e GOMES, 2010). Indivíduos diagnosticados com Diabetes Mellitus tipo II apresentam maior risco de desencadear Doença Cardiovascular (DCV). Os fatores de risco estão presentes nestes pacientes, uma média de doze anos antes de apresentar sintomas/sinais da Diabetes Mellitus. Em cerca de 25% dos portadores de Diabetes 26 Mellitus tipo II já se evidenciou a Doença Arterial Coronariana (DAC) no momento do diagnóstico, sendo que estes indivíduos têm uma maior probabilidade de óbito após incidente cardiovascular, do que o não portador de Diabetes Mellitus tipo II (GOMES; COBAS, 2011). A obstrução aterosclerótica das artérias dos membros inferiores ocasiona a Doença Arterial Obstrutiva Periférica (DAOP), podendo ser assintomática em algumas pessoas. Aproximadamente em12% da população atingida pelo DAOP, a Diabetes Mellitus tipo II está relacionada como fator de risco (MOTA et al., 2008). Fatores genéticos e metabólicos podem ser o motivo das complicações crônicas da Diabetes Mellitus tipo II, e o acompanhamento deve ser efetivo desde o momento do diagnóstico (SBD, 2007). 4.6 EFEITOS BENÉFICOS DOS EXERCÍCIOS FÍSICOS PARA TRATAMENTO DA DIABETES MELLITUS TIPO II O tratamento para a Diabetes Mellitus tipo II não se resume exclusivamente na terapia medicamentosa a base e hipoglicemiantes orais ou até mesmo da insulinoterapia. Como todas as doenças crônicas, a Diabetes Mellitus tipo II requer mudanças no estilo de vida exigindo assim, um acompanhamento por vários profissionais especializados, entre eles: médicos, enfermeiros, farmacêuticos, endocrinologistas e profissional de educação física (MOLENA-FERNANDES et al., 2005). Borges, Araújo e Cunha (2010) demonstram que exercícios aeróbicos e resistidos são os mais utilizados no auxílio para o tratamento e controle da Diabetes Mellitus tipo II, pois segundo Diabets Prevention Program (DPP), indivíduos diabéticos que praticam exercícios físicos, obtêm melhores resultados no controle desta patologia, em relação aos que fazem só uso da terapia medicamentosa. Desde o ano de 1935, quando foi reconhecido que a prática de exercícios físicos é importante para a redução da glicemia em indivíduos portadores de Diabetes Mellitus tipo II, vários estudos vêm sendo realizados com o propósito de alcançar resultados satisfatórios inerentes ao tratamento desta patologia, concluindo que este efeito é compensatório, e por isso, o exercício físico temseu lugar definido para o dia a dia no tratamento do paciente portador de Diabetes Mellitus tipo II (DIAS et al., 2007). 27 Arsa et al. (2009) demonstram em seu estudo que a prática de exercícios físicos promove modificações consideráveis na redução dos níveis glicêmicos após sua execução, bem como redução da glicemia de jejum, hemoglobina glicada e melhora das funções vasculares. A prática regular de exercícios físicos, além de favorecer o retardo do envelhecimento, controla a glicose sanguínea, reduz riscos da Diabetes Mellitus tipo II, melhorando a sensibilidade à insulina, reduzindo risos cardiovasculares pelo aumento do High Density Lipoprotein (HDL) e diminuição do Low Density Lipoprotein (LDL) (BORGES; ARAUJO; CUNHA, 2010). O exercício físico promove um equilíbrio entre a insulina e a glicose, sendo o desequilíbrio, entre eles o desencadeador dos sintomas da Diabetes Mellitus tipo II (SOUZA; SOUZA e MOREIRA, 2016). Existem comprovações que a prática de exercícios físicos exerce função essencial na prevenção da Diabetes Mellitus tipo II, por reduzir em média de 20 a 30% dos casos, assim como suas complicações. A Diabetes Mellitus tipo II pode ser evitada ou retardada e seu tratamento pode ser menos agressivo, podendo-se evitar as complicações crônicas, caso o indivíduo opte pela adesão de um novo estilo de vida (CASTRO, 2009). O exercício físico adequado contribui de forma significativa para o controle do metabolismo, auxiliando positivamente o portador de Diabetes Mellitus tipo II, tanto em aspectos fisiológicos quanto psicológicos (SILVA, 2011). Souza; Souza e Moreira (2016) relatam que o exercício físico é essencial para o indivíduo portador de Diabetes Mellitus tipo II, pois está relacionado a melhora do nível de glicemia plasmática e a sensibilidade da ação da insulina, o que reduz os riscos de doenças coronarianas. A prática constante de exercícios físicos atua no controle da Diabetes Mellitus tipo II, por influenciar na redução dos níveis glicêmicos (GHORAYEB, 2013). Segundo SBD (2015) a prática de atividade física possibilita uma maior capilarização das fibras musculares e melhora a função mitocondrial, proporcionando um aumento na sensibilidade tecidual à insulina. É notório o aumento da sensibilidade à insulina entre 24 e 72 horas após prática de exercício físico, pois ocorre a melhora aumento da absorção da glicose pelos músculos e adipócitos, diminuindo, portanto, a glicose sanguínea. O exercício físico favorece o controle dos níveis da glicemia, melhorando a ação da insulina no organismo, favorecendo na diminuição do risco de doenças 28 cardiovasculares. A redução da glicose sanguínea durante a realização dos exercícios físicos ocorre devido a captação de glicose sanguínea exercida pelos músculos esqueléticos (BARBOSA, 2013). As vantagens existentes a curto e longo prazo relacionadas à prática de exercícios físicos para a patologia antes mencionada são a diminuição da doença cardiovascular através de alterações que induzem a melhora do perfil lipídico, regularização da pressão arterial, diminuição da frequência cardíaca e aumento da circulação. Esse pressuposto contribui para uma melhor condição de vida (MERCURI; ARRECHEA, 2006; MOLENA-FERNANDES et al., 2005). O exercício físico é essencial, uma vez que auxilia na perda de peso, aumentando a sensibilidade à insulina, fortalecendo os efeitos anti-lipemiantes, reduzindo a concentração de triglicerídeos e apresentando valores satisfatórios de HDL-c. No decorrer do exercício físico a contração muscular aumenta a translocação de GLUT-4 (regulador e transportador de glicose no músculo durante a atividade) independente da disponibilidade da insulina (CARDOSO et al., 2007; DIAS et al., 2007). Durante o exercício físico ocorre a transferência da glicose para dentro das células o que ocasiona a redução glicêmica, efeito mais rápido e marcante da insulina. Para ativação por insulina, o mecanismo envolvido é a mobilização das moléculas de permease, que ficam armazenadas em vesículas membranosas no interior da célula para membrana plasmática (DIAS et al., 2007). Severo (2014) determina que a prática de exercícios físicos além dos efeitos benéficos sobre a glicose, são também favoráveis na redução de peso e gordura abdominal, melhorando assim os níveis de colesterol. Isto integrado com a prática de exercícios físicos diminui a resistência insulínica e consequentemente, o desenvolvimento da Diabetes Mellitus tipo II (MOLENA-FERNANDES et al., 2005). Molena-Fernandes et al. (2005) retratam que a prática constante de exercícios físicos promove a elevação do tunover (renovação da proteína corporal que integra os processos de síntese e degradação) da insulina por maior capação hepática e melhor sensibilidade dos receptores periféricos. Diante da realização adequada dos exercícios físicos por indivíduos diabéticos tipo II, dentro da intensidade correta, os níveis de hemoglobina glicada podem ser reduzidos em uma média de 10 a 20%, ocorrendo também melhora no transporte de oxigênio pela corrente sanguínea (ARSA et al., 2009). 29 O exercício físico praticado de forma correta é eficaz na redução dos níveis de colesterol LDL (Low density lipoprotein) e VLDL (Very low density lipoprotein) contribuindo simultaneamente para a elevação do colesterol HDL (High density lipoprotein). Medidas simples como a realização frequente de exames de sangue, dieta saudável, uso adequado de sapatos, tornam a prática de exercícios físicos mais eficiente, proporcionando ao portador de Diabetes Mellitus tipo II melhor eficácia em seu tratamento (SILVA, 2011). Ghorayeb (2013) cita que os benefícios da prática do exercício físico podem ser classificados de dois tipos: à curto prazo,como aumento da ação insulínica, aumento da captação da glicose nos músculos e, portanto, a redução da glicose no sangue e a longo prazo, com a melhora na função cardiorrespiratória, aumento do HDL e diminuição do LDL, diminuição dos triglicerídeos e da gordura corporal. O exercício físico deve ser realizado no mínimo 5 vezes por semana com tempo médio de 150 minutos/semana (BARBOSA, 2013). O programa de exercício físico deve ser bem planejado para o portador de Diabetes Mellitus tipo II, pois se feito de forma inadequada pode causar severos problemas ao indivíduo, como hipoglicemia, sangramento na retina, complicações cardíacas e até morte súbita. Diante disto o paciente diabético deve manter seus níveis glicêmicos dentro da normalidade, a fim de obter os benefícios da prática do exercício físico enquanto método de tratamento para a Diabetes Mellitus tipo II (DIAS et al., 2007). 4.7A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS DIANTE DAS COMPLICAÇÕES DECORRENTES DA DIABETES MELLITUS TIPO II Os exercícios físicos assim como qualquer outra opção de tratamento devem ser prescritos de forma individualizada, respeitando as características fisiológicas de cada indivíduo portador de Diabetes Mellitus tipo II, de forma a evitar riscos e favorecer assim, os benefícios (MERCURI; ARRECHEA, 2006; GHORAYEB, 2013). Ao prescrever a prática de exercícios físicos ao indivíduo diabético tipo II o profissional deve estar atento a alguns aspectos de extrema importância para o bom aproveitamento e principalmente de forma a não trazer consequências severas aos portadores de complicações diabéticas (D’ANGELO; LEATTE; DEFANI, 2015). 30 É importante ressaltar a necessidade de se estar atento, no momento da prática de exercícios físicos, às complicações decorrentes da DM tipo II como os citados a seguir. A retinopatia diabética pode ser moderadanão proliferativa ou retinopatia proliferativa. Pacientes com essa complicação devem ser expostos a cargas mais baixas. Exercícios físicos que envolvam movimentos rápidos da cabeça e exercícios aeróbicos vigorosos devem ser evitados para esses tipos de indivíduos, uma vez que pode ocorrer hemorragia vítrea, deslocamento da retina e deslocamento ocular (BRASIL, 2013). Esses indivíduos devem buscar atendimento especializado para um melhor acompanhamento, mantendo seu tratamento de forma correta e adequada, sendo indicada visita ao oftalmologista no intervalo de 4-6 meses para portadores de retinopatia não proliferativa e 2-4 meses para portadores de retinopatia proliferativa (SBD, 2015). Além desta, a neuropatia periférica é o principal fator de risco de ulceração e amputação dos pés em indivíduos diabéticos tipo II. Deve-se observar a sensibilidade com os pés e manter sempre o indivíduo bem informado com os cuidados necessários a serem tomados diante da prática dos exercícios físicos e com a importância da utilização dos calçados adequados (D’ANGELO, LEATTE, DEFANI, 2015). Devem ser estipuladas atividades que não exijam impactos severos nos membros inferiores, sendo indicadas a natação, hidroginástica e bicicleta (SBD, 2015). Tem-se também a retinopatia autonômica que segue de forma isolada, podendo acometer múltiplos órgãos e sistemas levando o indivíduo diabético tipo II a óbito. É recomendado que esse paciente antes da prática do exercício físico busque realizar avaliações cardiológicas (D’ANGELO, LEATTE, DEFANI, 2015). Requer severo controle durante a realização dos exercícios físicos, pois pode ocorrer o aumento de eventos cardíacos devido a diminuição da resposta cardíaca ao exercício, visão turva, maior risco de hipoglicemia. Recomenda-se o aquecimento prolongado e maior hidratação (MENDES et al., 2011). Ademais, a nefropatia ou microalbuminúria, caracterizada por insuficiência renal crônica causada pela Diabetes Mellitus é a principal causadora de doença renal no mundo. A prática de exercício físico aumenta a excreção de urina. Não 31 existem relatos afirmando que a prática, em maior intensidade, desses tipos de atividades seja prejudicial ao diabético tipo II (SBD, 2015). Neste contexto a desidratação consiste em uma complicação provável, visto que o diabético tipo II apresenta sinais de poliúria e a prática de exercícios físicos pode agravar esse quadro. Por isto, devem ingerir uma quantidade de aproximadamente 0,4 à 0,8 litros de água por hora além de dar início a prática já bem hidratado (MENDES et al., 2011). 4.8 PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO FÍSICO PARA DIABETICO TIPO II A intensidade, frequência e tipo de exercício físico devem ser executados com cautela. O American College Sports Medicine (ACSM) sugerem que indivíduos portadores de Diabetes Mellitus tipo II sejam disciplinados quanto a prática dessas atividades. É recomendado quanto à frequência, ao menos 3 dias consecutivos durante cinco dias na semana. Já para intensidade, é indicado que seja de forma moderada, o correspondente a 40-70% VO2max, com duração de sessões entre 10 a 15 minutos de duração, sendo gradualmente aumentado conforme resistência do indivíduo, até alcançar ritmo de 60 minutos de prática constante (VANCINI; LIRA, 2004). A SBD (2015) estipula a classificação de valores para determinar a intensidade dos exercícios que devem ser prescritos ao indivíduo diabético tipo II durante sua execução. Segue abaixo quadro exemplificando esses valores: Quadro 2: Classificação de intensidade de exercícios PORCENTAGEM DA *VO2MÁX PORCENTAGEM DA *FC MÁX MODERADO 40-60 50-70 VIGOROSO >60 >70 Fonte adaptada: SBD, 2015 *VO2max: Consumo máximo de O2. *FCmax: Frequência cardíaca medida no teste ergométrico 32 4.9 TIPOS DE EXERCÍCIOS FÍSICOS USADOS NO TRATAMENTO DE DIABETES MELLITUS TIPO II. Os exercícios físicos mais recomendados para indivíduos diabéticos tipo II são: natação, ciclismo, remo, caminhada e exercícios de cadeira. Os que não são indicados: trilhas, caminhadas prolongadas, Cooper e exercícios de steep (D’ANGELO; LEATTE; DAFANI, 2015). É sabido que a prática de exercício físico é eficaz para o tratamento da Diabetes Mellitus tipo II, mas requer determinada atenção, pois esses indivíduos podem sofrer mal súbito vindo a óbito durante esta atividade. Diante disto, se faz necessária a avaliação cardíaca, avaliação da pressão arterial e avaliação dos níveis glicêmicos antes e depois da realização dos exercícios. Indivíduo diabético tipo II, que possua complicações nos membros inferiores devem ser preservados de atividades impactantes e que envolvam estresse gravitacional (BARBOSA, 2013). Mendes et al.(2011) apresentam como prática de exercícios físicos para portadores de Diabetes Mellitus tipo II, três tipos de classificação de exercícios, sendo: Exercício Aeróbico, Exercício Resistido e Exercício de Flexibilidade. 4.9.1 Exercícios Aeróbicos Os Exercícios Aeróbicos englobam uma grande parte dos grupos musculares, podendo ser mantido por tempo prolongado. São indicados para serem praticados diariamente ou a cada dois dias consecutivos (MENDES et al., 2011; SBD, 2015). A duração dos exercícios é dependente da frequência realizada semanalmente. Recomenda-se uma média de 150 minutos semanais de forma moderada a fim de favorecer a melhora do controle da glicemia, reduzindo os riscos de doenças cardiovasculares e o peso corpóreo. Diante disto, faz-se necessária a prática regular das atividades (D’ANGELO, LEATTE; DEFANI, 2015). De acordo com Mercuri; Arrechea (2006) os exercícios físicos aeróbicos prescritos para portadores de Diabetes Mellitus tipo II, devem possuir as características como mencionadas no fluxograma a seguir apresentado. 33 Fluxograma 1: Características de exercícios aeróbicos para portadores de Diabetes Mellitus tipo II. Fonte: Mercuri; Arrechea, 2006. * No caso de obesidade ** O tempo sugerido deve ser acrescentado de 5-10minutos de exercício de alongamento e mobilidade antes e após os exercícios. 4.9.2 Exercícios Resistidos (Musculação) São caracterizados como exercícios de resistência, cujos músculos reagem diante de uma força aplicada, o que implica em seu fortalecimento e resulta no aumento da força e na resistência muscular (MENDES et al., 2011). Esse tipo de exercício físico favorece no fortalecimento localizado dos músculos, envolvendo a maior quantidade de grupos musculares melhorando a circulação geral e periférica e a assimilação insulínica pelo organismo (D’ANGELO, LEATTE; DEFANI, 2015). Nesse contexto, deve ser realizado de duas a três sessões durante a semana com duração média de 30 minutos. Cada sessão deve evidenciar treinamento nos músculos dos braços e das pernas, como demonstrado no fluxograma 2 abaixo demonstrado. Não se recomenda exercícios de musculação para indivíduos diabéticos tipo II portadores de problemas oculares devido à alta pressão provocado nessa região (GHORAYEB, 2013). Exercícios Aeróbicos Característica Frequência Duração Intensidade Todos os dias* ou 3 a 4 vezes por semana 20-30 min. diários** ou 45-60 min. por semana Moderada 50 a 80% da frequência cardíaca máxima segundo a condição física, idade, e grau de treinamento. 34 Fluxograma 2: Características de exercícios resistidos para portadores de Diabetes Mellitus tipo II.Fonte: Adaptada Mendes et al., 2011. 4.9.3 Exercício de Flexibilidade Estes são destinados ao aumento da força e do movimento nas articulações, e ainda para facilitar as atividades diárias e melhorar a adesão às demais modalidades de exercícios físicos, proposto para o indivíduo diabético tipo II (MOLENA-FERNANDES et al., 2005). Os exercícios de flexibilidade favorecem o equilíbrio, agilidade e a elasticidade, de forma a reduzir riscos de quedas e prevenção de demais complicações (MENDES et al., 2011). Devido ao efeito benéfico apresentado pelo físico na saúde, todos os indivíduos que busquem a melhorada Diabetes Mellitus tipo II devem praticar essa modalidade de exercício físico, pois reduz os riscos de doenças crônicas, diminui os agravos da doença e aumenta a amplitude da flexibilidade do indivíduo (MENDES et al., 2011). Pode-se observar no quadro abaixo os exercícios descritos pelas principais organizações científicas internacionais indicados para a Diabetes Mellitus tipo II como: Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM); Associação Americana de Diabetes (ADA); Associação Americana do Coração (AHA); Associação Belga de Terapia Física (BPTA); Associação Canadense de Diabetes (CDA); Associação Européia para o Estudo da Diabetes (EASD); Sociedade Européia de Cardiologia Exercícios resistidos Característica Frequência Duração Intensidade Realizar 2 a 3 vezes por semana. Duração média de 30 minutos por sessão. 8 a 10 repetições. .máximas 35 (ESC); Exercise and Sports Science Austrália (ESSA); Sociedade Francófona Da Diabetes (FDS); Federação Internacional de Diabetes (IDF); Instituto Nacional Sueco de Saúde Pública (SNIPH). Quadro 3: Diretrizes para a prescrição de exercícios em pacientes com diabetes tipo II, emitidas por várias organizações científicas. Organização Tipo Modo Duração Intensidade Frequência ACSM e ADA Aeróbico Qualquer forma que usa grandes grupos musculares (por exemplo, caminhada rápida) Mínimo de 150 min / semana Moderado a vigoroso Pelo menos 3 dias / semana sem mais de 2 dias consecutivos sem exercício Resistência Máquinas de resistência e pesos livres envolvendo grandes grupos musculares 1-4 conjuntos 8-15 repetições 5-10 exercícios em cada sessão Moderado a vigoroso Pelo menos duas vezes por semana em dias não consecutivos Flexibilidade Incluído como parte de um programa de atividade física; Não deve substituir outros tipos de exercício FDS Aeróbico Mínimo de 150 min / semana Pelo menos moderado Pelo menos 3 dias / semana com não mais de dois dias consecutivos sem exercício Resistência Exercícios envolvendo grandes grupos musculares 3 séries 8-10 repetições 5-10 exercícios em cada sessão Moderado a vigoroso Pelo menos 2 vezes por semana em dias não consecutivos BPTA Aeróbico Mínimo de 150 min / semana Baixa a moderada 3-5 dias / Semana Resistência 3 séries 10-15 repetições 5-10 exercícios em cada sessão Moderado Combinado com exercício aeróbio 36 Organização Tipo Modo Duração Intensidade Frequência ESSA Aeróbico Grandes atividades musculares (por exemplo, andar, correr, andar de bicicleta e nadar) Mínimo de 150 min / semana OU Moderado Não mais de dois dias consecutivos sem exercício Mínimo de 90 min / semana Vigoroso Resistência Multi exercícios articulares envolvendo grandes grupos musculares 2-4 conjuntos 8-10 repetições 8-10 exercícios em cada sessão 60 min / seman a OU Moderado Duas ou mais sessões por semana 35 min / sem ana Vigoroso CDA Aeróbico Grandes atividades musculares (por exemplo, ciclismo, caminhada rápida e natação contínua) Mínimo de 150 min / semana Moderado a vigoroso Pelo menos 3 dias / semana com não mais de dois dias consecutivos sem exercício Resistência Máquinas de resistência ou pesos livres 3 séries 8 repetições Moderado a vigoroso Pelo menos 2 vezes por semana AHA Aeróbico Atividades de grandes músculos Mínimo de 150 min / semana Moderado 3-7 dias/ Semana Mínimo de 90 min / semana Vigoroso 3 dias / Semana Resistência Multi exercícios conjuntos; Grupos musculares grandes 2-4 séries 8-10 repetições Exercícios para todos os grupos musculares em cada sessão Moderado a vigoroso 3 dias / Semana ADA Aeróbico Por exemplo, caminhar Mínimo de 150 min / semana Moderado Pelo menos 3 dias / semana com não mais de dois dias consecutivos 37 Organização Tipo Modo Duração Intensidade Frequência sem exercício Resistência Pesos livres ou máquinas de peso envolvendo grandes grupos musculares Pelo menos 1 conjunto de 5 ou mais exercícios diferentes em cada sessão Pelo menos 2 vezes por semana SNIPH Aeróbico Por exemplo, caminhada rápida, ciclismo Mínimo de 30 min Moderado Diariamente Por exemplo, tênis, natação 20-60 min Vigoroso 3-5 dias / semana Resistência Body weight, elásticos, pesos livres ou máquinas de peso 8-12 repetições de cada exercício 8-10 exercícios em cada sessão 2-3 dias/ semana Flexibilidade 5-10 min no final das sessões de exercícios aeróbicos e de resistência IDF Aeróbico Mínimo de 150 min / semana Moderado 3-5 dias / semana Resistência 3 dias / Semana ADA e EASD Aeróbico Resistência Mínimo de 150 min / semana Moderado Flexibilidade ESC e EASD Aeróbico Mínimo de 150 min / semana Moderado a vigoroso Resistência Fonte: Mendes et al., 2016. 38 Barbosa (2013) apresenta em seu estudo, outros tipos de exercícios físicos não muito conhecidos, mas utilizados para o tratamento da Diabetes Mellitus tipo II. O Exercício de Endurance é muito eficaz para o tratamento da Diabetes Mellitus tipo II, mas não é muito utilizado. Caracteriza-se por exercício de longa duração com baixa intensidade. O Exercício Passivo que pode ser realizado com o auxílio de outro indivíduo fazendo a utilização do corpo como ferramenta de atividade. Por fim, a Yoga, que apesar de alguns estudos apresentados por Barbosa (2013) relatarem melhora no controle glicêmico com essa prática, esses resultados não são muito conhecidos, mas continuam sendo utilizados. Mendes et al. (2011); Mendes et al. (2013) apresentam em seus estudos uma proposta de sequências de exercícios físicos que auxiliam no tratamento da Diabetes Mellitus tipo II,utilizando materiais de fácil acesso e sem altos custos como cadeiras, garrafas com areia, garrafas com água, bexigas como representados Figura 1. Figura 1: Material básico utilizado para exercícios Fonte: Mendes et al., 2011. Na modalidade de exercícios aeróbicos o mais indicado é a marcha, pois pode variar de intensidade sendo leve, moderada e vigorosa. Abaixo as figuras indicadas ilustram o exposto. A Figura 2 representa, marcha normal, podendo ser realizada média de 5 minutos para aquecimento dos exercícios (MENDES et al., 2011). 39 Figura 2: Marcha normal (leve) Fonte: Mendes et al., 2011A Figura 3 representa marcha moderada, devendo ser praticada por 50 minutos (MENDES et al., 2011). Figura 3: Marcha moderada Fonte: Mendes et al., 2011 A Figura 4 representa a marcha vigorosa devendo ser realizada por 20 minutos (MENDES et al., 2011). 40 Figura 4: Marcha vigorosa Fonte: Mendes et al., 2011. Na Figura 5, estão sendo realizada uma variedade de estafetas (objetos de passagem como: bastões, garrafas, bolas) alternando, portanto, as marchas moderadas e vigorosas (MENDES et al., 2013). Figura 5: Exercícios moderados Fonte: Mendes et al. 2013 41 O exercício resistido representado na Figura 6 demonstra o trabalho de fortalecimento da musculatura, devendo ser realizado por 20 minutos. Pode ser divido em sessões de treinamento primeiro de membros superiores, segundo de membros inferiores e terceiro de tronco (MENDES et al., 2013). Figura 6: Exercícios resistidos Fonte: Mendes et al., 2013. O exercício de agilidade representado na Figura 7 deve ser realizado por 10 minutos, utilizando-se de bolas e bexigas como instrumento de incentivo (MENDES et al., 2011). Figura 7: Exercício de agilidade Fonte: Mendes et al., 2013. 42 Os exercícios de flexibilidade representados na Figura 8 devem ser realizados por 5 minutos e ao término, o indivíduo retornará ao estado de calma. Toda prática dos exercícios físicos deve ser monitorada observando-se a frequência cardíaca e níveis glicêmicos. A hidratação para pacientes diabéticos tipo II é imprescindível em qualquer modalidade de exercício físico (MENDES et al., 2013). Figura 8: Exercício de flexibilidade Fonte: Mendes et al., 2013. 43 5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 5.1 TIPO DE PESQUISA O presente estudo contempla procedimentos técnicos metodológicos de uma pesquisa bibliográfica, sendo esta quanto a sua natureza, uma pesquisa básica, que objetiva descrever os benefícios do exercício físico como coadjuvante para o tratamento de Diabetes Mellitus tipo II. Quanto à problemática trata-se de uma pesquisa exploratória, havendo o estudo e avaliação de informações para explicar o contexto de uma questão norteadora. 5.2 POPULAÇÃO Consiste em bibliografias referentes aos benefícios do exercício físico como coadjuvante para o tratamento de Diabetes Mellitus tipo II. 5.3 AMOSTRA A amostra foi baseada em artigos indexados e referências relativas à prática de exercícios físicos e seus benefícios diante do tratamento de indivíduos portadores de Diabetes Mellitus tipo II. 5.4 ELABORAÇÃO DO PROJETO A princípio buscas foram realizadas através do acesso on-line em aos bancos de dados e sistemas de busca Scientific Eletronic Library On-line (SCIELO), Biblioteca Virtual da Saúde (BVS), Google acadêmico e outras fontes eletrônicas que contenham informações condizentes ao tema e objetivo proposto no trabalho como Manuais, Cadernos do Ministério da Saúde, Revistas Eletrônicas referentes ao assunto, páginas eletrônicas de organização governamental e não governamentais de caráter científicos. Para detalhar a pesquisa foram utilizados os seguintes descritores: Diabetes Mellitus tipo II, Exercício físico e Diabetes Mellitus tipo II, Exercício físico e doenças crônicas, Tratamento da Diabetes Mellitus tipo II. 44 Os levantamentos bibliográficos também ocorreram em forma de consulta a livros de publicações nacionais disponíveis na biblioteca Dom José Chaves da Faculdade Serra da Mesa (FASEM). Esta fase ocorreu no período de junho e julho de 2017. As bibliografias levantadas foram separadas em ordem de: Artigos, Livros, Manuais, e Páginas eletrônicas governamentais e não-governamentais. Em seguida à separação do referencial, foi desenvolvido o processo de inclusão e exclusão de textos inerentes ao contexto dos objetivos geral e específicos do presente trabalho. Deste modo foi realizada a impressão das referências para facilitar o destaque das informações com canetas marca texto colorida, classificando os dados importantes para a pesquisa. Em seguida às marcações, foi feito uma nova leitura para confrontamento das informações Foram escolhidas e lidas 71 referências, sendo: 40 artigos, 17 manuais, 08 livros, 06 páginas eletrônicas. Com o processo de exclusão, selecionou-se o material compatível com o estudo. Foram utilizadas para execução do mesmo, 50 referencias sendo: 27 artigos, 11 manuais, 06 livros e 06 páginas eletrônicas. 5.5 RISCOS E BENEFÍCIOS Por se tratar de uma pesquisa realizada a partir da revisão bibliográfica, não obteve riscos para a coleta de dados, uma vez que se tratou de leitura e análise de obras. Dentre os benefícios, o maior deles foi à aquisição de novos conhecimentos sobre o assunto e estímulo para que novas pesquisas sejam realizadas relacionadas ao tema. 5.6 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO A partir da leitura foi realizada a delimitação do referencial teórico, isso significa que o processo de inclusão dependeu do tipo de publicação, da relação que foi estabelecida entre a obra e a temática, estabelecendo como ano de referência de publicação a partir de 2007, salvo as referências que extrapolaram o ano de publicação por conter em importantes conceitos e informações pertinentes ao estudo, sendo: 45 Artigo com base cientifica, demonstrando a importância da atividade física para o tratamento da Diabetes Mellitus tipo II. Artigos com até 10 anos de publicação salvo aquelas referências com bases conceituais e de grande importância para a composição do trabalho. Foram inclusas todas as referências que atendiam aos objetivos do trabalho. Como critérios de exclusão foram utilizados: Referências que não atendiam aos objetivos propostos pelo presente estudo; Publicação anterior ao ano de 2007, Artigos de bases não confiáveis que fugiram ao tema e ao título do trabalho. 5.7 PROCESSAMENTO E ANÁLISEDE DADOS Os dados foram elucidados através de uma apreciação da literatura inclusa no estudo, expressando os resultados que foram condizentes com o propósito do estudo. Para os resultados foi construído o primeiro quadro que identifica as referências inclusas no presente estudo. O segundo quadro foi referente aos temas preponderantes de acordo com objetivos e as referências utilizadas na composição. A construção da discussão aconteceu de forma integrada entre as ideias e o tema de cada referência inclusos, de acordo com os quadros presentes e já mencionados. 5.8 QUESTÃO NORTEADORA Quais os benefícios da atividade física no tratamento de indivíduos portadores de Diabetes Mellitus tipo II. 46 6 RESULTADO E DISCUSSÃO O presente trabalho transcorreu em forma de pesquisa bibliográfica, sendo que para a construção do mesmo, foram compatíveis com os objetivos propostos um total de 50 referências, sendo 27 artigos, 11 manuais, 06 livros, 06 páginas eletrônicas. Dos 100% de bibliografias utilizadas para construção do presente trabalho 54% corresponde aos artigos; 22% correspondem aos manuais; 12% correspondem aos livros; 12% correspondem às páginas eletrônicas. Quadro 4 - Resultados organizados a partir de: título, autores, local de realização, ano de publicação, tipo de documento e principais ideias abordadas. TÍTULO AUTORES LOCAL ANO DOC PRINCIPAIS IDEIAS 1. Diabetes Mellitustipo II: Aspectos fisiológicos, genéticos e formas de exercício físico para seu controle ARSA ,Gisela; LIMA,Laila; ALMEIDA, Sandro Soares de; MOREIRA, Sérgio Rodrigues; CAMPBELL, Carmen Sílvia; SIMÕES, Herbert Gustavo São Paulo SP 2009 ARTIGO Apresentar fatores genéticos da Diabetes Mellitus tipo II e benefícios do exercício físico diante do tratamento e controle da patologia. 2. Papel da atividade física no tratamento da Diabetes Mellitus tipo II BARBOSA, Edna de Jesus Litenski Rev. Plos One Curitiba PR 2013 ARTIGO Apresentar a melhora no controle dos níveis glicêmicos diante da pratica do exercício físico. 3. Os benefícios do tratamento resistido para portadores de Diabetes Mellitus tipo II BORGES, Gisleide Alves; ARAUJO, Siomara Freire de; CUNHA, Raphael Martins. Goiânia GO 2010 ARTIGO Relatar os benefícios do treinamento de força no tratamento da Diabetes mellitus tipo II a fim de relativizar a importância do treinamento de força na atenuação das alterações metabólicas no 47 paciente Diabético tipo II. 4. Estilo de vida e hábitos alimentares de pacientes diabéticos. BRITO, Keila Mara de.; BUZO, Roberta Aparecida Cruz; SALADO, Gersislei Antônia. Rev. Saúde e Pesquisa 2009 ARTIGO Caracterizar estilo de vida de indivíduos portadores de DM II. 5. Conduta terapêutica para o tratamento da Diabetes Mellitus tipo II: Uma revisão da literatura. CALISTA, Andréa Abreu Revista Saúde e Pesquisa. Campina Grande-PB 2012 ARTIGO Apresentar e discutir os aspectos centrais envolvidos na trajetória da patologia e a importância da terapêutica adequada ao tratamento. 6. Aspectos importantes na prescrição do exercício físico para a Diabetes Mellitus tipo II CARDOSO, Leda Márcia; OVANDO, Ramon Gustavo de Moraes; SILVA, Sabrina Fernanda; OVANDO, Luiz Alberto. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo 2007 ARTIGO Descrever conceito de Diabetes Mellitus tipo II e principais exercícios físicos recomendados para o tratamento da patologia. 7. Exercício e Diabetes Mellitus tipo II. CASTRO, Manuel Henrique. Porto 2009 ARTIGO Estabelecer a eficácia do exercício físico diante do controle do Diabetes Mellitus tipo II e a redução dos níveis glicêmicos. 8. Diabetes Mellitus. COBAS, Roberta GOMES, Marília de B. Revista Hospital Universitári o Pedro Hernesto. 2010 ARTIGO Ressaltar conceitos e definição de Diabetes Mellitus. 9. Representaç ões sociais de pé diabético para pessoas com Diabetes Mellitus tipo II. COELHO, Maria Seloi; SILVA, Denise Maria Guerreiro Vieira; PADILHA, Maria Itayra de Souza Revista Esc. Enfer. USP [São Paulo?] 2009 ARTIGO Determinar as causas e consequências do pé diabético bem como o conhecimento dos indivíduos diante da patologia. 10. Hábitos e práticas alimentares de hipertensos e diabéticos: repensando o cuidado a partir da atenção primária. COTTA, Rosângela Minardi Mitre; REIS, Roberta Sena; BATISTA, Kelly Cristina Siqueira; DIAS, Glauce; ALFENAS, Rita de Cássia Revista. Nutricional Campinas 2009 ARTIGO Identificar hábitos e práticas alimentares inadequados apresentados por hipertensos e diabéticos usuários da ESF em ma cidade de MG. 48 Gonçalves; CASTRO, Fátima Aparecida Ferreira de 11. Exercício Físico como Coadjuvante no Tratamento da Diabetes. D’ANGELO, Flavia Ariane; LEATTE, Elen Paula; DEFANI, Marly Aparecida. Maringá, PR 2015 ARTIGO Ressaltar os benefícios da prática do exercício físico diante do tratamento do Diabetes Mellitus tipo II. 12. A importância da execução da atividade física orientada: uma alternativa para o controle de doença crônica na atenção primaria. DIAS, Jônatas Antonio; PEREIRA, Tayná Rita Mateus; LINCOLN, Patrícia Barbosa; SOBRINHO, Reinaldo Antonio da Silva. Paranavaí, PR 2007 ARTIGO Reconhecer os benefícios do exercício físico quanto a promoção da redução dos níveis glicêmicos dos indivíduos portadores de Diabetes Mellitus tipo II. 13. O idoso portador de nefropatia diabética e o cuidado de si. LENARDT Maria Helena; HAMMERSCHM IDT, Karina Silveira de Almeida ; BORGHI, Ângela Cristina da Silva; VACCARI, Élide; SEIMA, Márcia Daniele. Revista Texto Contexto Enfermage m Florianópoli s 2008 ARTIGO Descrever cuidados que o indivíduo tem frente ao Diabetes Mellitus tipo II e suas práticas no tratamento. 14. Prescrição de exercícios para pacientes com diabetes tipo II - síntese de recomendações internacionais: revisão narrativa MENDES, Romeu; SOUSA, Nelson; ALMEIDA, António; SUBTIL, Paulo; MARQUES, Fernando Guedes; REIS,Victor Machado; BARATA, José Luís Themudo., British Journal of Sports Medicine 2016 ARTIGO TRADUZID O Descreve programa de intervenção dos exercícios físicos para determinação dos benefícios diante do controle do Diabetes Mellitus tipo II. 15. Programa de exercício físico na Diabetes Mellitus tipo II. MENDES, Romeu; REIS, Vitor; SOUSA, Nelson; BARATA, José Luís Themudo. Revista Portuguesa de Diabetes; Covilhã 2013 ARTIGO Identifica principais exercícios físicos utilizados para o tratamento de indivíduos diabéticos tipo II. 16. Diabetes em movimento. MENDES, Romeu; REIS, Rev. Medicina 2011 ARTIGO Demonstra que a prática de 49 Programa comunitário de exercícios para pessoas com Diabetes Mellitus tipo II. Vitor; SOUSA, Nelson; BARATA, José Luís Themudo. Desportiva, Vila Real Portugal exercício físico influencia na redução dos níveis glicêmicos sendo essencial par ao tratamento e controle do Diabetes Mellitus tipo II. 17. Atividade Física e Diabetes Mellitus MERCURI, Nora; ARRECHEA, Viviana. Buenos Aires, Argentina 2006 ARTIGO Demonstrar a importância do exercício físico para tratamento do Diabetes Mellitus tipo II 18. A importância da associação de dieta e de atividade física na prevenção e controle do Diabetes Mellitus tipo II. MOLENA- FERNANDES, Carlos Alexandre; JÚNIOR, Nelson Nardo; TASCA, Raquel Soares; PELLOSSO, Sandra Marisa e CUMAN, Roberto Kenji Nakamura Maringá 2005 ARTIGO Analisar a importância do novo estilo de vida com a inserção da pratica de exercício físicos na prevenção e controle do Diabetes Mellitus tipo II. 19. Lipoproteína (a) em pacientes portadores de doença arterial obstrutiva periférica e/ou Diabetes Mellitus tipo II. MOTA, Ana Paula Lucas; CARVALHO, Maria das Graças; LIMA, Luciana Moreira; SANTOS, Maria Elisabeth Rennó de Castro; SOUZA, Marinez de Oliveira. Belo Horizonte 2008 ARTIGO Identificar fatores de risco associados à progressão do Diabetes Mellitus tipo II, dentre eles o aumento da lipoproteína. 20. O exercício aeróbio como intervenção terapêutica no controle da Diabetes Mellitus tipo II. SILVA, Franciele Cascaes da. Tubarão 2008 ARTIGO Determinar risos
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