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Atos e Fatos Jurídicos

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Ministério da Educação - MEC
Faculdade Anhanguera de Pelotas
Curso de Direito
Atividade Prática Supervisionada 01:
Atos e Fatos Jurídicos
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Requisitos de Validade do Negócio Jurídico
Discente: José Francisco Assumpção da Luz
Registro Acadêmico: 6814018246
Disciplina: Direito Civil II - Atos e Fatos
Docente: Caroline Gomes Charqueiro
Semestre: 3º	Turno: Manhã
Março de 2017
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1- Distinção entre Atos e Fatos Jurídicos:
São considerados atos jurídicos, humanos ou juríneos, todos os eventos originados e emanados de uma vontade, quer tenham intenção precípua de ocasionar efeitos jurídicos ou não (VENOSA, 2006, p.338).
Os atos jurídicos subdividem-se em lícitos e ilícitos. São considerados atos jurídicos lícitos,todos os atos praticados pelo homem sem a intenção direta de ocasionar efeitos jurídicos (VENOSA,2006). Já os atos jurídicos ilícitos geram efeitos jurídicos contrários ao ordenamento, direta ou indiretamente a vontade do agente, ocasionando dano a outrem (VENOSA, 2006, p. 339).
(PEREIRA,2010) Nem todas as ações humanas constituem atos jurídicos, apenas as que traduzem conformidade com a ordem jurídica,sendo que as contravenientes ao ordenamento integram a categoria dos atos ilícitos,cabendo ao direito regular os efeitos destes,e dos atos lícitos.
Fato jurídico é o acontecimento que impulsiona a criação da relação jurídica (PEREIRA,2010,p.391).Quando este repercute no campo do direito,independente da sua origem,sendo dentre os pressupostos materiais o mais importante.
Fato jurídico é o acontecimento em virtude do qual começam ou terminam as relações jurídicas¹.
¹-SAVIGNY, Droit Romain, vol.III,§ 103. In: PEREIRA, 2010, p.391.
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1.1- Fato Jurídico em sentido amplo:
Todo acontecimento da vida que o ordenamento jurídico considera relevante no campo do direito (GONÇALVES, 2013). Qualquer fato,evento ou conduta,relevante à vida humana,poderá ser suporte fático de norma jurídica e receber um sentido jurídico (GONÇALVES,2013,p.316).
O fato é o elemento gerador do direito subjetivo mesmo quando se apresenta tão singelo que mal se perceba, mesmo quando ocorra dentro do ciclo rotineiro das eventualidades quotidianas, de que todos participam sem darem atenção (PEREIRA, 2010, p.391).
Fato jurídico em sentido amplo (lato sensu) é todo e qualquer acontecimento humano ou natural gerador de efeitos jurídicos. O fato jurídico é um dos elementos constitutivos da Teoria Tridimensional, fato, norma e valor, elaborada pelo jurista brasileiro Miguel Reale.
1.2- Fato Jurídico em sentido estrito:
São os fatos naturais (stricto sensu) e dividem-se em Ordinários e Extraordinários (GONÇALVES, 2013, p.317). Fatos naturais e eventos que independem da vontade humana, e que podem acarretar efeitos jurídicos, tais como, o falecimento e o terremoto (VENOSA 2006).
Ordinário: quando é esperado e inevitável, por exemplo, a morte de um indivíduo, que gera efeitos jurídicos, como, extinção da personalidade, partilha de bens, quitação de dívidas entre outros.
Extraordinário: que se enquadram em geral, na categoria do fortuito e da força maior: Terremoto, raio, tempestade etc (GONAÇLVES, 2013, p.317). Por exemplo, a destruição de uma propriedade por um raio, é um acontecimento natural, eventual e imprevisível, e que gera conseqüências jurídicas, tal como, o pagamento de seguro.
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1.3- Ato-fato jurídico:
Trata-se de uma categoria peculiar e complexa, inicialmente desenvolvida por Pontes de Miranda, considerando-se todas as ações humanas inconscientes ou involuntárias, que ocasionem efeitos jurídicos. Por exemplo, um incapaz mental que adquire um artigo. O fato seria classificado como ato-fato jurídico.
O ato-fato jurídico é qualificado pela ação humana. Sendo irrelevante para o direito se a pessoa teve ou não a intenção de praticá-lo(VENOSA,2006,p.338).
“em alguns momentos, torna-se bastante difícil diferenciar o ato-fato jurídico do ato jurídico em sentido estrito, categoria abaixo analisada. Isso porque, nesta última, a despeito de atuar a vontade humana, os efeitos produzidos pelo ato encontram-se previamente determinados pela lei, não havendo espaço para a autonomia da vontade” (STOLZE, GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2002:306 In: VENOSA, 2006, p.339).
1.4- Ato jurídico em sentido estrito (Strictu sensu):
É toda ação humana, voluntária e consciente que acarreta conseqüências jurídicas pré-estabelecidas por lei. Sendo o efeito jurídico automático e inevitável,não podendo o individuo eximir-se dele. Ou seja, tem seus efeitos por força legal, não pelo livre arbítrio do individuo.
No ato jurídico em sentido estrito, o efeito da manifestação da vontade está predeterminado na lei, como ocorre com a notificação, que constitui em mora o devedor, o reconhecimento de filho, a tradição, a percepção dos frutos, a ocupação, o uso de uma coisa etc. não havendo, por isso, qualquer dose de escolha da categoria jurídica (GONÇALVES, 2013p. 318).
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1.5- Negócio Jurídico:
VENOSA, 2006 preleciona, que a terminologia Negócio jurídico, origina-se na doutrina alemã, e fora assimilada inicialmente pela Itália, e a posteriori por outros países. Basicamente funda-se, institui-se através da manifestação da vontade, visando à produção de determinado efeito jurídico.
A expressão “negócio jurídico” não é empregada no Código Civil no sentido comum de operação ou transação comercial, mas como uma das espécies em que subdividem os atos jurídicos lícitos (GONÇALVES, 2013, p.319).
MIGUEL REALE, por sua vez, preleciona que “negócio jurídico” é aquela espécie de ato jurídico que além de se originar de um ato de vontade, implica a declaração expressa da vontade, instauradora de uma relação entre dois ou mais sujeitos tendo em vista um objetivo protegido pelo
ordenamento jurídico (GONÇALVES, 2013, p.320).
Para VENOSA (2006), negócio jurídico é aquele, onde o agente persegue o efeito jurídico de sua declaração de vontade.
2-	Requisitos de validade do Negócio jurídico:
O código civil brasileiro de 2002, em seu artigo 104, define os elementos de validade do negócio jurídico.
Art. 104. A Validade do Negócio Jurídico requer:
I-	Agente Capaz;
II- Objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III- Forma prescrita ou não defesa em lei.
O negócio jurídico origina a chamada Tricotomia do Negócio jurídico, ou a Escada Ponteana. Que resultam nos planos da existência, validade e eficácia do negócio jurídico.
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2.1-	Agente Capaz:
Capacidade do agente é uma condição subjetiva, trata-se da capacidade necessária para uma pessoa exercer por si própria os atos inerentes a vida civil. O código civil brasileiro de 2002, em seu artigo 3º, define quem são os absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil; em seu artigo 4º define os relativamente incapazes a certos atos, e à maneira de exercê-los; e em seu artigo 5º define quando uma pessoa fica habilitada a pratica de todos os atos da vida civil.
Absolutamente incapaz: São representados:
Menores de 16(dezesseis) anos;
Os que por enfermidade, ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento;
E os que não puderem exprimir sua vontade, mesmo que por causa transitória.
Relativamente incapaz: São assistidos:
os maiores de 16(dezesseis) e menores de 18(dezoito) anos;
ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que por deficiência mental tenham o discernimento reduzido;
os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
os pródigos.
Agente capaz: aptos ao exercício da vida civil:
maiores de 18(dezoito) anos;
Quanto aos menores de 18(dezoito) e maiores de 16(dezesseis) anos:
pela concessão dos pais, mediante instrumento público (emancipação);
pelo casamento;
colação de grau em curso de ensino superior;
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pelo estabelecimento civil, ou comercial, ou pela relação de emprego, em que o menor de 16(dezesseis) anos completos tenha economia própria.
Agente capaz, portanto, é o que tem capacidade de exercício de direitos, ou seja, aptidão para exercer direitos e contrair obrigações na ordem civil (GONÇALVES, 2013, p.358).
2.2-	Objeto lícito, possível, determinado, determinável:
Objeto lícito é o que não atenta contra a lei, a moral ou os bons costumes(GONÇALVES, 2013, p.360).
O Objeto deve ser idôneo, isto é, apto a regular os interesses sobre os quais recai o negócio(VENOSA, 2006, p.382).
Trata-se de condição objetiva para a validade do negócio jurídico.
O objeto deve ser possível, física e juridicamente. A impossibilidade física resulta das leis físicas ou naturais(GONÇALVES, 2013). Pode ser absoluta (atinge a todos), ou relativa (alcança apenas um, ou parte dos agentes).
Já a impossibilidade jurídica são as defesas por lei, exemplo o artigo 426 do código civil.
O objeto do negócio jurídico deve ser determinado ou determinável, indeterminado relativamente ou suscetível de determinação no momento da execução(GONÇALVES, 2013, p.361). Conforme artigo 243 do código civil é possível a venda de coisa incerta, sendo esta indicada ao menos pelo gênero e pela quantidade.
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2.3-	Forma:
A forma do negócio jurídico é o meio técnico, que o direito instituiu para a externação da vontade(VENOSA, 2006, p.417).
Já GONÇALVES(2013) preleciona que existem dois sistemas relativos à forma como requisito no campo de validade do negócio jurídico. O Consensualismo, que seria a forma livre, e o Formalismo, que seria a forma obrigatória.
No direito brasileiro a forma é, em regra, livre(GONÇALVES, 2013, p.362).
2.4-	Manifestação da vontade livre e de Boa-Fé:
Sendo a vontade de caráter subjetivo, e elemento essencial ao negócio jurídico, faz-se imprescindível sua exteriorização pelo agente(GONÇALVES, 2013).
A vontade pode ser manifesta de forma expressa, por meio da palavra escrita, gestos, sinais, de maneira explícita; de forma tácita, a que se aduz através do comportamento do agente; ou presumida, derivada igualmente através do comportamento do agente.
À vontade, uma vez manifesta, obriga o contratante. Principio Pacta Sunt Servanda, é o principio da obrigatoriedade dos contratos, onde o contrato tem força de lei entre as partes e não pode ser modificado pelo judiciário.
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2.5-	Análise de julgado:
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. Negócio jurídico que não tem validade,pois praticado por agente incapaz,sem o necessário discernimento para os atos da vida civil.Decisão de nulidade do negócio que merece manutenção. A existência de outras anotações negativas em nome do autor, anteriores à discutida nos autos, afasta a configuração de dano moral e o dever de indenizar. Incidência da Súmula nº 385 do STJ.Indenização afastada.Sentença parcialmente reformada.Sucumbência invertida e redimensionada.DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO APELO.UNÂNIME.(Apelação Cível Nº 70063869002,Décima Oitava Câmara Cível,Tribunal de Justiça do RS,Relator: Giuliano Viero Giuliato,julgado em 24/11/2016).
2.6-	Conclusão:
O tema escolhido para análise e sucinto relato acerca do mesmo, fora sobre os requisitos de capacidade do agente para efetivação de negócio jurídico à luz do ordenamento jurídico brasileiro.
O presente julgado versa acerca de ação indenizatória e de nulidade de negócio jurídico, as quais a Décima Oitava Câmara Cível do TJ/RS de forma unânime deferiu parcial provimento. Quanto ao negócio jurídico,o mesmo foi considerado nulo,pois,o apelado é considerado juridicamente incapaz,portando,de acordo com o artigo 104 do código civil,não preenche os requisitos legais para validação do negócio jurídico. Referente ao pedido indenizatório por registro negativado em órgão de proteção do crédito o Tribunal reformou a sentença, com base no disposto na Súmula 385 do STJ, pois, o apelado já possuía registro negativado anterior ao registro efetuado pelo apelante o que descaracteriza o pedido de indenização por dano moral.
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2.7-	Referências bibliográficas:
BRASIL. TRIBUNAL DE JUSTIÇA/RS. Apelação cível. Ação declaratória de nulidade de débito c/c indenização por danos morais. Apelação Cível nº 70063869002,Décima Oitava Câmara Cível,Tribunal de Justiça do RS,Pedro José Oliveira dos Santos e Lojas Volpato LTDA.Relator: Giuliano Viero Giuliato,julgado em 24/11/2016,publicado no Diário da Justiça em 30/11/2016.
BRASIL. Senado Federal. Senador Paulo Paim. Código Civil brasileiro e legislação correlata.Brasília:SEGRAF,2015.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, vol.1: parte geral/Carlos Roberto Gonçalves. 11ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2013. Ed. Customizada-Anhanguera educacional.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil, vol. 1: Introdução ao direito civil: teoria geral do direito civil. 23ª Ed.Rio de Janeiro:Forense,2010.
REALE, Miguel. In: GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, vol.1: parte geral/Carlos Roberto Gonçalves. 11ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2013. Ed. Customizada-Anhanguera educacional.
SAVIGNY In: PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil, vol. 1: Introdução ao direito civil: teoria geral do direito civil. 23ª Ed.Rio de Janeiro:Forense,2010.(p.391).
STOLZE, GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2002:306 In: VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral/Silvio de Salvo Venosa. 6ª Ed.3ª reimp.São Paulo:Atlas,2006.Coleção direito civil;vol.1.(p.339).
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral/Silvio de Salvo Venosa. 6ª Ed.3ª reimp.São Paulo:Atlas,2006.Coleção direito civil;vol.1.
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