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A NULIDADE DO ENUNCIADO N.º 165 DO FONAJE (FÓRUM NACIONAL DE JUIZADOS ESPECIAIS) A PARTIR DA TEORIA GERAL DO DIREITO E SUA INEFICIÊNCIA PRÁTICA

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Artigo Científico decorrente do resumo apresentado no II Congresso de Direito UNISUL (2017) 
 
Como citar: MÖLLER, Guilherme Christen. A nulidade do Enunciado n.º 165 do FONAJE (Fórum 
Nacional de Juizados Especiais) a partir da Teoria Geral do Direito e sua ineficiência prática. In: II 
Congresso de Direito UNISUL, Florianópolis. Anais do II Congresso de Direito UNISUL. Florianópolis: 
UNISUL, 2017. 
 
**Qualquer reprodução (integral ou parcial) deste artigo que não esteja em conformidade com o art. 46, 
inc. I, da Lei n.º 9.610/1998, bem como sem a anuência do autor, estará sujeita às sanções civis e 
penais aplicáveis. 
 
 
 
Pág. 1 
A NULIDADE DO ENUNCIADO N.º 165 DO FONAJE (FÓRUM NACIONAL DE 
JUIZADOS ESPECIAIS) A PARTIR DA TEORIA GERAL DO DIREITO E SUA 
INEFICIÊNCIA PRÁTICA 
 
THE NULLITY OF THE STATEMENT N.º 165 OF FONAJE (FÓRUM NACIONAL DE 
JUIZADOS ESPEICIAS) FROM THE GENERAL THEORY OF LAW AND ITS 
PRACTICAL INEFFICIENCY 
 
Guilherme Christen Möller 
 
Resumo: Com o objetivo investigar a nulidade existente no Enunciado n.º 165 do 
FONAJE, bem como sua ineficiência prática, por meio de um estudo misto (utilização 
de método dedutivo e indutivo), abordar-se-á neste artigo os principais pontos acerca 
da temática, para tanto, iniciando-se tecendo considerações sobre o Enunciado n.º 
165 do FONAJE a partir da Lei n.º 9.099/95 e do Código de Processo Civil de 2015, 
seguindo-se para a análise de um dos objetos deste estudo, a nulidade do Enunciado 
n.º 165 do FONAJE a partir da Teoria Geral do Direito, e, ao fim, fechando esta 
digressão com a observação acerca da ineficácia da celeridade processual na 
utilização de prazos corridos, fundamento do enunciado objeto deste estudo a partir 
de dados práticos. Nessa perspectiva, conclui-se que, com base na Teoria Geral do 
Direito, o Enunciado n.º 165 do FONAJE é nulo, além de ser ineficiente na prática, 
devendo-se o mesmo ser cancelado o quanto antes a fim de que não mais induza em 
erro os atuantes do Direito com a sua utilização. 
 
 
 Graduando em Direito pela Universidade Regional de Blumenau (FURB), Blumenau, Santa Catarina, 
Brasil. Autor de livros e de artigos científicos relacionados ao Direito Processual Civil, Teoria Geral do 
Processo e Direito Constitucional. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0168074867678392. E-mail: 
contato.guilhermemoller@gmail.com. Membro da Associação Brasileira de Direito Processual 
Constitucional (ABDPC). 
Pág. 2 
Palavras-chave: Código de Processo Civil de 2015; Juizado Especial; FONAJE, 
Enunciado n.º 165 do FONAJE; Prazo. 
 
Abstract: In order to investigate the nullity existing in Statement n.º. 165 of FONAJE, 
as well as its practical inefficiency, by means of a mixed study (use of deductive and 
inductive method), this article will address the main points on the subject, therefore, 
starting by making considerations about the Statement n.º 165 of FONAJE from the 
Law n.º 9.099/95 and the Code of Civil Procedure 2015, followed by the analysis of 
one of the objects of this study, the nullity in Statement n.º 165 of FONAJE from the 
General Theory of Law, and, at the end, closing this digression with the observation 
about the inefficiency of procedural celerity in the use of continuous terms, basis of the 
statement object of this study from practical data. From this perspective, we conclude 
that, based on the General Theory of Law, the Statement n.º 165 of FONAJE is nil, in 
addition to being inefficient in practice, and should be canceled as soon as possible so 
as not to mislead law-abiding persons with their use. 
 
Keywords: Code of Civil Procedure 2015; Small clains courts; FONAJE; Statement 
n.º 165 of FONAJE; Term. 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Em março do ano de 2015 aprova-se a Lei Ordinária n.º 13.105/2015, o 
Código de Processo Civil de 2015. Essa codificação é marcada por romper com muitas 
das técnicas instrumentais que vinham sendo utilizadas no período em que vigorou o 
Código Buzaid (Código de Processo Civil de 1973, Lei n.º 5.869/73). 
Dentre tantas modificações e novidades, encontra-se a disposição relativa ao 
computo dos prazos dos atos/fatos processuais, os quais passam a ser contados em 
dias úteis, suspendendo-se a contagem nos finais de semana, feriados e recesso 
forense (art. 219 do CPC). 
Essa regra, no entanto, aplica-se em todos os procedimentos, seja comum ou 
especial, enquanto não houver disposição, especial, que o contrarie, isso inclusive 
nos procedimentos especiais previstos em leis esparsas, ocasião em que se aplica a 
disposição especial, afinal, a disposição especial sobrepõe à disposição geral, 
seguindo-se o critério da especialidade. 
Pág. 3 
Nesse cenário, surge o Fórum Nacional de Juizados Especiais e elabora um 
enunciado, qual seja Enunciado n.º 165 do FONAJE, com base no princípio da 
celeridade processual (art. 2º da Lei dos Juizados Especiais), sustentando que nos 
processos que tramitarem pelo procedimento do juizado especial, serão os prazos 
computados de forma continua, ou seja, similar ao Código de Processo Civil de 1973. 
A posição adotada pelo FONAJE estaria correta se a Lei n.º 9.099/95 
apresentasse norma-regra que assim dispunha, o que em momento algum é possível 
observar no corpo dessa lei. 
Desse modo, a fim de zelar por uma “falsa” celeridade processual, utiliza-se 
um enunciado para sobrepor uma disposição de lei ordinária, rejeitando-se a 
hierarquia de normas e induzindo as Unidades Jurisdicionais, que detenham 
competência da Lei dos Juizados Especiais, a seguir a contagem dos prazos 
processuais de forma continua. 
Ver-se-á neste estudo que não bastasse uma violação à Teoria Geral do 
Direito, o Enunciado n.º 165 do FONAJE nada mais representa do que uma “falsa”, 
como já pontuado, celeridade processual, afinal, pelos dados colhidos e que aqui 
serão apresentados, não há prejuízo a celeridade processual tutelada na utilização de 
prazos em dias úteis em vez de prazos corridos. 
 
2. PARA ENTENDER O ENUNCIADO N.º 165 DO FONAJE: BREVÍSSIMA 
ANÁLISE DA LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS E DO CÓDIGO DE PROCESSO 
CIVIL DE 2015 
 
O presente capítulo tem por mera finalidade apresentar solidas bases para 
entender o problema que será investigado no presente estudo, de modo que se 
abordará, incialmente, a Lei dos Juizados Especiais (Lei n.º 9.099/95) – com enfoque 
na parte cível da lei –, passando-se para a análise do Código de Processo Civil – 
nesse momento focando-se exclusivamente na nova disposição acerca da forma de 
contagem de prazo processuais –, e, ao fim deste introito, analisando o Enunciado n.º 
165 do FONAJE com base na Lei n.º 9.099/95 e no Código de Processo Civil de 2015. 
Pág. 4 
A Lei dos Juizados Especiais (Lei n.º 9.099/951) surge como sucedâneo da 
revogada Lei dos Juizados Especiais de Pequenas Causas (Lei n.º 7.244/842), 
inclusive, essa conclusão é acessível na proporção em que se observar a revogação 
operada pela primeira lei sobre a segunda, isso na perspectiva da disposição do art. 
97, in fine, da Lei n.º 9.099/953. 
Inspirada, no início da década de oitenta do século passado, na iniciativa 
individual de juízes de direito, guiados pela small clains courts do sistema jurídico 
norte-americano4, formando os denominados “conselhos de conciliação e 
arbitramento”, é caracterizado por ser uma técnica processual diferenciada, na 
proporção em que é vista como um procedimento especial, considerado que sua 
natureza especial decorre do fator que é oriundo de uma lei especial, o contrário do 
que ocorre no Código de Processo Civil, afinal, o último, mesmo que uma lei de 
mesma hierarquia – lei ordinária – (art. 59 da ConstituiçãoFederal5), trata-se de uma 
lei geral, responsável por regular o campo das relações processuais civis brasileiras.6 
Numa perspectiva instrumental, sua diferenciação em relação ao Código de 
Processo Civil está no fato de que se respalda em critérios como oralidade, 
simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, com o objetivo 
primordial – e sempre que assim for possível – a obtenção de um resultado processual 
por vias de autocomposição (art. 2º da Lei n.º 9.099/95)7. 
 
Em razão da técnica processual diferenciada, o procedimento previsto na Lei 
n.º 9.099/1995, interpretado conjuntamente com as disposição especificas da 
Lei n.º 10.259/2001 e da Lei n.º 12.153/2009, tem natureza especial. O direito 
posto em causa não assume qualquer relevo nessa definição. O 
procedimento nos juizados especiais caracteriza-se pela oralidade em grau 
 
1 BRASIL. Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Juizados Especiais Cíveis e Criminais. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm>. Acesso em: 1 out. 2017. 
2 BRASIL. Lei nº 7.244, de 7 de novembro de 1984. Juizado Especial de Pequenas Causas. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1980-1988/L7244.htm>. Acesso em: 1 out. 
2017. 
3 Art. 97. Ficam revogadas a Lei nº 4.611, de 2 de abril de 1965 e a Lei nº 7.244, de 7 de novembro de 
1984. BRASIL. Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Juizados Especiais Cíveis e Criminais. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm>. Acesso em: 1 out. 2017. 
4 VIDAL, Jane Maria Köhler. Origem do Juizado Especial de Pequenas Causas e seu estágio atual. In: 
Revista dos Juizados de Pequenas Causas. N. 1. Abr/1991. DECOMAIN, Pedro Roberto. Juizados 
especiais da fazenda pública (Lei n.º 12.153/09). In: Revista Dialética de Direito Processual (RDDP). 
N. 84. Mar/2010. 
5 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 1 out. 
2017. 
6 ASSIS, Araken de. Processo Civil Brasileiro. 2ª. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, 
v. I. 
7 BRASIL. Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Juizados Especiais Cíveis e Criminais. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm>. Acesso em: 1 out. 2017. 
Pág. 5 
máximo [...] – ou procedimento por audiências – e pela influência dos 
princípios diretores – simplicidade, informalidade, economia e celeridade 
objetivando, “sempre que possível a conciliação ou a transação” (art. 2.º da 
Lei n.º 9.099/1995. 8 
 
Diferentemente do Código de Processo Civil de 2015 (Lei n.º 13.105/2015), 
em que se consagra como norma fundamental do processo (art. 4º do CPC) a garantia 
fundamental constitucional (art. 5º, inc. LXXVIII, da CF) de razoável duração do 
processo, a Lei dos Juizados Especiais impõe que a relação processual que esteja 
sob guarda desse procedimento especial deva ser célere (art. 2º da Lei n.º 9.099/95), 
de modo a entender a necessidade do processo que tramita por esse rito ter de 
tramitar e ser julgado o mais rápido possível. 
 
O direito de acessar a ordem jurídica justa exige uma prestação qualificada 
que, dentre outros atributos, há de ser concedida em um prazo razoável. Este 
o teor do art. 5º, inciso LXXVIII, da Constituição Federal de 1988, por meio da 
Emenda Constitucional 45 de 2004: a todos, no âmbito judicial e 
administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios 
que garantam a celeridade de sua tramitação. O dispositivo constitucional em 
comento explicita o direito fundamental a um processo com duração razoável, 
nos âmbitos judicial e administrativo, bem como os meios que garantam esta 
sua qualidade, de sorte a integrar o rol dos direitos fundamentais previstos 
em nossa Carca Constitucional. Considerando a inegável morosidade na 
tramitação dos processos no Brasil, o legislador constitucional positivou a 
duração razoável do processo, mas sem definir qual seria o tempo de 
tramitação para que se verificasse o comando constitucional – e, por certo, 
não poderia ser de outra forma Tem-se, portanto, um conceito indeterminado 
que compete à doutrina tentar encontrar a maneira de (i) aferi-lo e (ii) efetivá-
lo, caso a caso, sem que se possa, a priori, fixar um número como sendo 
aquele o “prazo razoável”. Portanto, ainda que se considerem os critérios 
acima mencionados e as peculiaridades de cada causa, não é possível, de 
antemão, afirmar qual seria o prazo razoável de duração de determinado 
processo. Impõe-se, pois, nos dias atuais, a atualização e revisitação do 
próprio princípio do acesso à justiça, princípio este que hoje já não mais se 
exaure na possibilidade do exercício do direito de ação, mas abarca também, 
e principalmente, o direito conferido ao jurisdicionado à obtenção de uma 
tutela adequada à natureza do direito material controvertido e que venha a 
conferir ao jurisdicionado, num prazo razoável e observado o devido processo 
legal, exatamente aquilo a que tem direito de obter. 9 
 
Na mesma proporção em que se encontra indeterminabilidade para definir o 
lapso temporal que corresponderia à razoável duração do processo, encontra-se 
indeterminabilidade para definir o lapso temporal correspondente à celeridade 
 
8 ASSIS, Araken de. Processo Civil Brasileiro. 2ª. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016, 
v. I, p. 114. 
9 CARACIOLA, Andrea Boari. Duração razoável do processo. In: Teoria Geral do Processo 
contemporâneo. 1ª. ed. ASSIS, Carlos Augusto de; CARACIOLA, Andrea Boari; DELLORE, Luiz; 
FERNANDES, Luís Eduardo Simardi; SOUZA, André Pagani, p. 80-82. 
Pág. 6 
processual. Pensa-se, no entanto, que o lapso temporal dessa celeridade deva ser – 
no mínimo – infimamente considerável em relação ao lapso da duração razoável. 
Não bastasse divergências existentes entre essas leis, há, porém, 
determinadas ocasiões em que ocorrerão omissões no procedimento da Lei dos 
Juizados Especiais. Frente à essa omissão legislativa, socorre-se ao Código de 
Processo Civil para fins de suprir a vista lacuna (art. 1.046, § 2º, do CPC). Numa 
perspectiva comparativa entre disposições existentes em cada uma dessas leis, 
vislumbra-se a situação aqui exposta na questão da contagem dos prazos dos 
atos/fatos do processo. 
É, prazo, “a distância de tempo que medeia entre dois atos ou fatos”10 do 
processo, com a finalidade de fixar quantidade razoável de tempo para a realização 
desses atos do processo. Sua existência é necessária para que o processo não seja 
eterno, afinal, deve iniciar (dies a quo) e finalizar (dies ad quem).11 
Na legislação processual civil anterior, os prazos eram regulados a partir do 
art. 177 e obedeciam ao princípio da continuidade (art. 178 do CPC/73)12, ou seja, vez 
que iniciada a contagem do prazo correspondente ao ato/fato processual, não seria 
ela suspensa ou interrompida sem relevante motivo13. 
Essa metodologia não se manteve no Código de Processo Civil de 2015, 
afinal, a proposta para essa “nova” codificação seria a de tratar a “contagem de prazo 
em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz” computando-se “somente os dias úteis” (art. 
219 do CPC)14, representando, desse modo, duas consideráveis modificações: 1) 
Computo em dias úteis; 2) Suspensão dos prazos em feriados, finais de semanas e 
recesso forense.15 No Código de Processo Civil de 2015, as disposições relativas aos 
 
10 GONÇALVES, Marcus Vinicíus Rios. Novo Curso de Direito Processual Civil. 12ª. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2015, p. 302. 
11 GONÇALVES, Marcus Vinicíus Rios. Novo Curso de Direito Processual Civil. 12ª. ed. SãoPaulo: 
Saraiva, 2015, p. 302. 
12 BRASIL. Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Código de Processo Civil. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm. Acesso em: 1 out. 2017. 
13 NERY, Rosa Maria de Andrade; NERY JÚNIOR, Nelson. Código de Processo Civil comentado e 
legislação extravagante. 13ª. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013, p. 537. 
14 BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 1 out. 2017. Art. 
219. 
15 MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. O projeto do CPC: crítica e propostas. São Paulo: 
Editora Revista dos Tribunais, p. 94. 
Pág. 7 
prazos processuais foram regulados na seção I, capítulo III, do título I, do livro IV, a 
partir do seu art. 218.16 
 
Diferentemente do CPC/1973, que estabelece a continuidade dos prazos 
processuais sem levam em consideração a sua interrupção em razão de 
feriados (art. 178 do CPC/1973), a nova lei processual é expressa ao 
estabelecer que na contagem dos prazos legais ou judiciais computar-se-ão 
somente os dias úteis (art. 219). 17 
 
Tal modificação não deve ser vista como algo irrisório, afinal, trata-se de algo 
significativamente democrático, na medida em que se atendeu as reivindicações da 
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), empregando o respeito pelo papel do 
advogado na proporção de lhe garantir descanso nos finais de semana, feriados e 
recesso forense, o que não acontecia outrora, pois havia a necessidade de tal 
profissional ficar à disposição de um eventual prazo.18 
 
Sendo advogado militante no contencioso cível, não tenho como deixar de 
saudar efusivamente a novidade legislativa. Nem é preciso muita experiência 
forense para compreender que, com prazos em trâmite durante o final de 
semana, o advogado simplesmente não tem descanso. Basta imaginar o 
termo inicial de contestação numa ação cautelar numa quarta-feira como 
feriado na quinta e na sexta.19 
 
Além disso, na seara dos prazos processuais, buscou-se a tentativa da 
uniformização, determinando um prazo padrão em dia, por conta da forma de sua 
contagem, para regular os atos/fatos processuais.20 
Ocorre que a regra do art. 1.003, § 5º21 (unificação de prazos), do CPC, não 
se aplica a todos os prazos legais, tampouco faz alguma referência a eventual prazo 
 
16 BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 1 out. 2017. Art. 
219. 
17 DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de Direito Processual Civil. 19ª. ed. São Paulo: Atlas, 2016, 
p. 435. 
18 FERREIRA, Antonio Oneildo. A Advocacia sob uma perspectiva temporal. In: O Novo CPC: As 
conquistas da Advocacia. COÊLHO, Marcus Vinicius Furtado; FERREIRA, Antonio Oneildo; 
LAMACHIA, Claudio Pacheco Prates; SOUZA NETO, Cláudio Pereira; RIBEIRO, Cláudio Stábile. 
(coord). Brasília: OAB, Conselho Federal, 2015, p. 97. 
19 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil comentado. 1ª. ed. Salvador: 
Juspodivm, 2016, p. 348. 
20 FERREIRA, Antonio Oneildo. A Advocacia sob uma perspectiva temporal. In: O Novo CPC: As 
conquistas da Advocacia. COÊLHO, Marcus Vinicius Furtado; FERREIRA, Antonio Oneildo; 
LAMACHIA, Claudio Pacheco Prates; SOUZA NETO, Cláudio Pereira; RIBEIRO, Cláudio Stábile. 
(coord). Brasília: OAB, Conselho Federal, 2015, p. 93-94. 
21 Art. 1.003, § 5º, do CPC: “Art. 1.003 [...] § 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para 
interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias. BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de 
março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 1 out. 2017. 
Art. 219. 
Pág. 8 
decorrente da fixação pelo juiz (prazo judicial) ou convencional, mesmo que seguindo 
a linha do CPC de 1973 e se aplicando aos três casos.22 
Em outras palavras, a proposta marcante – quiçá principal – acerca da forma 
de contagem de prazos a partir da vigência do CPC de 2015, em 18 de março de 
2016, foi a de considerar apenas os dias que forem úteis daquele prazo, excluindo-se 
os finais de semana, feriados e recesso forense. 
Assim, tecido essas considerações acerca da Lei n.º 9.099/95 e da Lei n.º 
13.105/15, a inexistência de norma regulamentadora sobre a contagem de prazos na 
Lei dos Juizados Especiais, faz recorrer-se à lei geral (art. 1.046, § 2º, do CPC)23, no 
caso o Código de Processo Civil de 2015, ocasionando-se na aplicação da contagem 
nos estritos moldes do art. 219 desse diploma ao procedimento especial da Lei n.º 
9.099/95. 
 
Dentre tantos pontos controvertidos, alguns deles ocupam posição central no 
debate. O tema aqui tratado é precisamente um deles: a nova sistemática de 
contagem de prazos processuais instituída pelo art. 219 do CPC/2015 e sua 
(in)aplicabilidade ao Sistema dos Juizados Especiais. A simples leitura das 
leis que disciplinam o Sistema dos Juizados Especiais (Lei nº 9.099/1995; Lei 
nº 10.259/2001; e Lei nº 12.153/2009) conduz a uma única e irrefutável 
conclusão: nenhuma delas traz qualquer dispositivo sobre a contagem dos 
prazos processuais. Pode até haver outras controvérsias, mas tal questão é 
incontestável.24 
 
Contudo, insurge, nesse, até então, “pacífico campo”, o Fórum Nacional de 
Juizados Especiais (FONAJE), manifestando-se, por intermédio de um enunciado, 
que inobstante a inexistência de regulamentação acerca da contagem de prazos na 
Lei dos Juizados Especiais (Lei n.º 9.099/95), a disposição contida no Código de 
Processo Civil deva ser deixada à limiar por conta da celeridade (art. 2º) que rege 
essa lei especial, ocasionando a utilização da contagem de forma continua, 
similarmente ao Código de Processo Civil de 1973, conforme dispõe o Enunciado n.º 
165 do FONAJE: “Nos Juizados Especiais Cíveis, todos os prazos serão contados de 
 
22 ALVIM, Arruda; ALVIM, Eduardo Arruda; ASSIS, Araken de. Comentários ao Código de Processo 
Civil. 3ª. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 390. 
23 “Permanecem em vigor as disposições especiais dos procedimentos regulados em outras leis, aos 
quais se aplicará supletivamente este Código”. BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código 
de Processo Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 1 out. 2017. 
24 DIAS, Alisson de Souza. Os Juizados Especiais e o novo CPC: A questão da contagem dos prazos. 
In: Portal Jurisprudência. Disponível em: <http://portaljurisprudencia.com.br/2016/08/07/os-juizados-
especiais-e-o-novo-cpc-questao-da-contagem-dos-prazos/>. Acesso em: 2 out. 2017. 
Pág. 9 
forma contínua (XXXIX Encontro - Maceió-AL)”25, afinal, a utilização da contagem dos 
prazos em dias úteis seria prejudicial à celeridade processual tutelada por essa lei 
especial. 
 
Ref.: Artigo 219 do Código de Processo Civil de 2015, que trata da contagem 
de prazos processuais em dias úteis. Os Magistrados integrantes da Diretoria 
e Comissões do FONAJE – Fórum Nacional de Juizados Especiais, reunidos 
ordinariamente, nas dependências do Tribunal de Justiça do Estado de Santa 
Catarina, na cidade de Florianópolis, em data de 04 de março de 2016, 
convictos de que as disposições do artigo 219 do Novo CPC, relativas à 
contagem de prazos processuais, não se aplicam ao Sistema de Juizados 
Especiais, deliberaram por elaborar e divulgar a presente Nota Técnica, já 
como indicativo de proposta de enunciado específico a ser apreciada por 
ocasião do XXXIX Encontro do FONAJE, a ter lugar em Maceió-AL, de 08 a 
10 de junho de 2016,dada a flagrante incompatibilidade com os critérios 
informadores da Lei 9.099/1995.26 
 
Na linha da nota “técnica”, foi o entendimento do XXXIX Encontro do FONAJE, 
realizado em Maceió, Estado do Alagoas, nos dias 8 a 10 de junho do ano de 2016, 
resultando no enunciado protagonista deste trabalho, o Enunciado n.º 165 do 
FONAJE. 
 
Os magistrados dos Juizados Especiais do Brasil, reunidos no XXXIX 
Encontro do Fórum Nacional de Juizados Especiais – FONAJE, nos dias 8, 9 
e 10 de junho de 2016, em Maceió, capital do Estado de Alagoas, sob o tema 
‘A Autonomia dos Juizados Especiais’, vêm a público para: 1. Reafirmar a 
necessidade de preservação da autonomia e da independência do Sistema 
de Juizados Especiais em relação a institutos e a procedimentos 
incompatíveis com os critérios informadores definidos no art. 2º da Lei 
9.099/95, notadamente os previstos no Novo Código de Processo Civil; e 
ressaltar que, por suas peculiaridades, os Juizados Especiais, órgãos 
constitucionais (art. 98, inc. I, da CF/88), são vocacionados a contribuir 
positiva e decisivamente para a redução dos índices de congestionamento 
processual da Justiça Brasileira; [...].27 
 
Em outras palavras, descartou-se o Código de Processo Civil – quiçá a própria 
Teoria Geral do Direito, conforme será visto a frente – e criou-se um enunciado para 
sobrepor essa lei ordinária – frisa-se: enunciado sobrepondo disposição de lei 
ordinária –, pautando-se meramente em princípios, e não numa norma-regra prevista 
na Lei dos Juizados Especiais, o que implicando, fatidicamente, na aplicação desse 
enunciado nas varas competentes pelos Juizados Especiais Cíveis do Brasil, isso sem 
contar a ambiguidade que daí emanou, com Unidades Jurisdicionais aplicando o 
 
25 BRASIL. FONAJE, Fórum Nacional de Juizados Especiais. Enunciados. Disponível em: 
<http://www.amb.com.br/fonaje/?p=32>. Acesso em: 2 out. 2017. 
26 BRASIL. FONAJE, Fórum Nacional de Juizados Especiais. Nota técnica n.º 01/2016. Disponível em: 
<https://drive.google.com/file/d/0B0ZgIqiDzc7yeXNMakdwMGRpQkk/view>. Acesso em: 2 out. 2017. 
27 BRASIL. FONAJE, Fórum Nacional de Juizados Especiais. Carta de Maceió – XXXIX FONAJE. 
Disponível em: <http://www.amb.com.br/fonaje/?p=634>. Acesso em: 2 out. 2017. 
Pág. 10 
enunciado em questão, bem como outras tanto seguindo a disposição do Código de 
Processo Civil28. 
 
3. A CONCLUSÃO DA LEITURA DO ENUNCIADO N.º 165 DO FONAJE A 
PARTIR DA TEORIA GERAL DO DIREITO: NULIDADE! (UM EXEMPLO DA 
NECESSIDADE DA LEITURA INTERDISCIPLINAR DO DIREITO PROCESSUAL 
CIVIL) 
 
O sistema jurídico brasileiro adota uma hierarquização de normas, na 
proporção em que existe um sistema e, para a composição desse sistema, existem 
diversas camadas que o sustentarão, cada uma representando um nível normativo 
nessa hierarquia.29 
Nessa perspectiva, há, no topo desse sistema, a Constituição Federal, norma 
suprema do sistema, seguindo-se para baixo, encontram-se, respectivamente, as Leis 
Complementares, Leis Ordinárias, Medidas Provisórias e leis delegadas, e, ao fim 
dessa cadeia – do qual se prefere a denominação de sistema normativo – estão as 
Resoluções, Portarias e Enunciados, compondo a base do sistema. Essa é a 
denominada “pirâmide Kelseniana”30. 
Ironicamente, uma “norma” – se é que a atribuição, à um enunciado, do termo 
“norma” estaria correto – de última camada, v.g., um Enunciado, v.g., oriundo do 
Fórum Nacional de Juizados Especiais, não poderia ir em sentido contrário à uma 
disposição contida em camadas superiores desse sistema, como por exemplo, um 
Enunciado contrariando disposição contida em uma determinada – v.g., Código de 
Processo Civil (Lei n.º 13.105/2015) – Lei Ordinária. A hierarquização dessas normas 
 
28 Até o advento da I Jornada de Direito Processual Civil, criou-se um turbulento cenário no tema aqui 
proposto – quiçá contraditório –, haja vista que, enquanto, de um lado, o Enunciado n.º 165 do FONAJE 
sustenta que os prazos nos Juizados Especiais devam ser contados de forma contínua, o Enunciado 
n.º 45 da ENFAM sustenta que “a contagem dos prazos em dias úteis aplica-se ao sistema dos juizados 
especiais”, e, por fim, o Enunciado n.º 175 do FONAJEF dispõe que, “por falta de previsão legal 
específica nas leis que tratam dos juizados especiais, aplica-se, nestes, a previsão da contagem dos 
prazos em dias úteis (CPC/2015, art. 219)”. BRASIL. FONAJE, Fórum Nacional de Juizados Especiais. 
Enunciados. Disponível em: <http://www.amb.com.br/fonaje/?p=32>. Acesso em: 2 out. 2017. 
BRASIL. ENFAM, Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados. Enunciados 
Aprovados. Disponível em: <http://www.enfam.jus.br/wp-content/uploads/2015/09/ENUNCIADOS-
VERSÃO-DEFINITIVA-.pdf>. Acesso em: 2 out. 2017. BRASIL. FONAJEF, Fórum Nacional de Juizados 
Especiais Federais. Enunciados. Disponível em: 
<http://www.ajufe.org/static/ajufe/arquivos/downloads/fonajef-enunciados-compilados-i-ao-xiii-
definitivo-1151152.pdf>. Acesso em: 2 out. 2017. 
29 KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 8ª. ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009. 
30 KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 8ª. ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009. 
Pág. 11 
pressupõe subordinação entre elas, de modo que, uma “norma” da base não poderia 
contraria a norma do topo, tampouco ser utilizada como instrumento jurídico para 
alterar o sentido daquela norma. Caso isso ocorra, aplica-se o denominado “critério 
da hierarquia”, ou seja, em ocorrendo uma das hipóteses aqui destacadas, nessa 
perspectiva, das normas conflitantes, a de mais alto grau hierárquico prevalece, sendo 
a outra deixada à limiar. 
A proposta desse sistema parte de Hans Kelsen31, sendo adotado e 
incorporado pelo sistema jurídico do Brasil no art. 59 da Constituição Federal de 
198832, sendo que o fundamento de todo esse sistema hierárquico encontra escopo 
na chamada “norma hipotética fundamental”33. 
Aplicando-se esse brevíssimo introito sobre hierarquia de normas ao caso em 
comento, veja-se que de um lado, há uma disposição contida em Lei Ordinária 
Federal, qual seja o art. 219 do Código de Processo Civil de 2015 (Lei Ordinária n.º 
13.105/2015)34, arguindo que os prazos processuais serão computados em dias úteis, 
excluídos os finais de semanas, feriados e recesso forense, e, por outro lado, há um 
Enunciado que dispõe em sentido contrário àquela norma, qual seja o Enunciado n.º 
165 do FONAJE (Fórum Nacional de Juizados Especiais), arguindo, por sua vez, que 
os prazos processuais, na Lei dos Juizados Especiais (Lei n.º 9.099/1995)35, deverão 
ser contados de forma corrida, afinal, a redação do art. 219 do CPC vai em sentido 
contrário às propedêuticas dessa lei especial. 
 Destaca-se, no entanto, que o diálogo conflitante sobre a questão é esse, 
ou seja, um Enunciado (base da hierarquia das “normas”), contrariando disposição 
contida em Lei Ordinária (“terceira camada” da hierarquia das normas). 
O problema, porém, é que não há qualquer disposição sobre forma de 
contagem de prazos processuais na Lei dos Juizados Especiais, ou seja, dever-se-ia, 
pelo menos, seguir a orientação do Código de Processo Civil de 2015, vez que não 
 
31 KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 8ª. ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009. 
32 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 1 out. 
2017. 
33 KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 8ª. ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009. 
34 BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de ProcessoCivil. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 1 out. 2017. 
35 BRASIL. Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Juizados Especiais Cíveis e Criminais. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm>. Acesso em: 1 out. 2017. 
Pág. 12 
há uma aplicação de um critério de especialidade (lex specialis derogat lex generalis) 
para desempate dessa questão.36 
A discussão consiste puramente no fator de que uma norma, 
hierarquicamente inferior, é utilizada como instrumento para contrariar o disposto em 
outra norma, no entanto, hierarquicamente superior àquela. 
Nessa perspectiva, a conclusão que se tira não é outro do que a do Enunciado 
n.º 165 do FONAJE ser nulo, afinal, não poderia contraria o Código de Processo Civil, 
vez que está hierarquicamente subordinado à disposição contida no último. 
Em entendendo que seria necessário essa adaptação – adaptação 
necessária, conforme será visto na sequência – deveria ser seguido as vias ordinárias 
do processo legislativo que dispõe a Constituição Federal37 e propor uma mudança 
no próprio texto da Lei dos Juizados Especiais (Lei n.º 9.099/95) para a adição de 
redação no sentido do enunciado. 
Caso assim fosse, a discussão aqui seria meramente acerca da sua eficiência, 
afinal, não haveria uma nulidade a ser destacada, haja vista que, no conflito de normas 
entre leis de mesma hierarquia, no caso em comento o Código de Processo Civil e a 
Lei dos Juizados Especiais, aplica-se a disposição da lei especial (critério da 
especialidade, lex specialis derogat lex generalis), conforme destacou-se alhures. 
Nessa perspectiva, correto é o posicionamento do Enunciado n.º 19 da I 
Jornada de Direito Processual Civil, do Enunciado n.º 45 do ENFAM e do Enunciado 
n.º 175 do FONAJEF, sendo que o errado nessa história é o posicionamento defendido 
pelo Enunciado n.º 165 do FONAJE, objeto contestado neste estudo.38 
 
36 KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 8ª. ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009. 
37 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 1 out. 
2017. 
38 Dispõe o Enunciado n.º 19 da I Jornada de Direito Processual Civil que “o prazo em dias úteis previsto 
no art. 219 do CPC aplica-se também aos procedimentos regidos pelas Leis n. 9.099/1995, 10.259/2001 
e 12.153/2009, por outro lado, o Enunciado n.º 165 do FONAJE sustenta que os prazos nos Juizados 
Especiais devam ser contados de forma contínua, já, o Enunciado n.º 45 da ENFAM sustenta que “a 
contagem dos prazos em dias úteis aplica-se ao sistema dos juizados especiais”, e, por fim, em mesmo 
sentido ao último, o Enunciado n.º 175 do FONAJEF dispõe que, “por falta de previsão legal específica 
nas leis que tratam dos juizados especiais, aplica-se, nestes, a previsão da contagem dos prazos em 
dias úteis (CPC/2015, art. 219)”. BRASIL. FONAJE, Fórum Nacional de Juizados Especiais. 
Enunciados. Disponível em: <http://www.amb.com.br/fonaje/?p=32>. Acesso em: 2 out. 2017. 
BRASIL. ENFAM, Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados. Enunciados 
Aprovados. Disponível em: <http://www.enfam.jus.br/wp-content/uploads/2015/09/ENUNCIADOS-
VERSÃO-DEFINITIVA-.pdf>. Acesso em: 2 out. 2017. BRASIL. FONAJEF, Fórum Nacional de Juizados 
Especiais Federais. Enunciados. Disponível em: 
<http://www.ajufe.org/static/ajufe/arquivos/downloads/fonajef-enunciados-compilados-i-ao-xiii-
definitivo-1151152.pdf>. Acesso em: 2 out. 2017. BRASIL. I Jornada de Direito Processual Civil. 
Enunciados. Disponível em: 
Pág. 13 
Não há, porém, vencedores ou vencidos nessa história39, afinal, deva ser 
tirada a lição dessa “aventura jurídica” realizada pelo FONAJE de que o 
aperfeiçoamento da técnica processual40 não contempla um fim em si, de modo que 
deve recorrer a categorias basilares do Direito, como, aqui o caso, a Teoria Geral do 
Direito. O fato de não se concordar com o Código de Processo Civil em determinados 
pontos não significa que os sentidos das suas disposições possam ser alterados, seja 
doutrinariamente, seja de forma ativista, tampouco deva ser aplicado com olhos no 
código passado, Código de Processo Civil de 1973, o que dá uma ideia de complexo 
de curupira41. 
Ao que tudo indica, o Enunciado n.º 165 do FONAJE restou cancelado em 
decorrência do Enunciado n.º 19 da I Jornada de Direito Processual Civil, todavia, 
preocupante é o raciocínio de que, a um, um enunciado, como o em comento, é capaz 
de invalidar disposição em uma lei ordinária, ora Código de Processo Civil, bem como, 
a dois, o fato de um enunciado estar anulando outro enunciado (???), dando a ideia 
da semeação de uma cultura de “jurisdição enunciativa”, o que é demasiadamente 
preocupante para o panorama jurídico brasileiro contemporâneo.42 
 
4. E SE NÃO BASTASSE TODO O EXPOSTO NESTE ESTUDO, A 
FUNDAMENTAÇÃO DO ENUNCIADO N.º 165 DO FONAJE É EFICIENTE? 
(CELERIDADE PROCESSUAL X DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO SOB A 
PERSPECTIVA DA “JUSTIÇA EM NÚMEROS”) 
 
Embora já se tratou acerca do diálogo distintivo entre celeridade processual e 
duração razoável do processo – mesmo que de forma supérflua –, compreender a sua 
distinção é primordial para a investigação da “eficiência” do Enunciado n.º 165 do 
FONAJE, afinal, encontra sua fundamentação na diretriz celeridade que rege a Lei 
dos Juizados Especiais (Lei n.º 9.099/95). 
 
<http://www.cjf.jus.br/cjf/noticias/2017/setembro/copy_of_Enunciadosaprovadosvfpub.pdf>. Acesso 
em: 2 out. 2017. 
39 STRECK, Lenio Luiz. Enunciado cancela enunciado; uma “jurisdição enunciativa”? Quo vadis? 
In: CONJUR, Consultor Jurídico. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2017-set-14/senso-
incomum-enunciado-cancela-enunciado-jurisdicao-enunciativa-quo-vadis>. Acesso em: 5 out. 2017. 
40 MARINONI, Luiz Guilherme. Técnica Processual e Tutela dos Direitos. 4ª. ed. São Paulo: Editora 
Revista dos Tribunais, 2013. 
41 MOREIRA, José Carlos Barbosa. O poder judiciário e a efetividade da nova Constituição. In: Revista 
Forense, n. 304, 1988. 
42 STRECK, Lenio Luiz. Enunciado cancela enunciado; uma “jurisdição enunciativa”? Quo vadis? 
In: CONJUR, Consultor Jurídico. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2017-set-14/senso-
incomum-enunciado-cancela-enunciado-jurisdicao-enunciativa-quo-vadis>. Acesso em: 5 out. 2017. 
Pág. 14 
Há divergência doutrinária sobre a questão aqui proposta, afinal, não são 
raros os casos de autores que optem por entender celeridade processual e duração 
razoável do processo como sinônimos43. 
Entretanto, a duração razoável do processo, garantia fundamental do 
processo (art. 4º do CPC) e fundamental da constituição (art. 5º, inc. LXXVIII, da CF), 
possui sintonia com a ideia da obtenção de tutela jurisdicional justa sem dilações 
processuais indevidas44, todavia, não necessário que sua atividade deva ser obtida 
de forma rápida, mas, que deva ser obtida respeitando a estrutura das normas 
processuais constitucionais, como ampla defesa, contraditório efetivo, devido 
processo legal, dentre outros45. 
Nesse panorama, a duração razoável do processo não deve ser atrelada com 
a ideia de um lapso temporal previamente determinado, mas, que lhe seja 
determinável conforme o caso concreto, afinal, dever-se-ão respeitar as condições 
naturais de cada relação processual. Cada processo é diferente doutro, de modo que 
errado seria o pensamento de sua rígida padronização procedimental, o que, caso 
contrário fosse, violaria uma percepção de processualismo constitucional e de 
policontexturalidade46 processual. 
Assim, quando se falasobre celeridade processual, não significa que o 
processo que assim for norteado deva desrespeitar as premissas fundamentais 
constitucionais, mas que as respeite por meio de um procedimento diferenciado, como 
é o caso da Lei n.º 9.099/95, em que se assegura tal rapidez do processo por meio de 
um procedimento “infimamente burocrático”, pautando-se em oralidade, simplicidade, 
informalidade e economia processual (art. 2º da Lei n.º 9.099/9547), o que seria, de 
certo modo, improvavelmente aplicável quando da utilização de um, v.g., 
procedimento comum (art. 318 e ss do CPC). 
 
A razoável duração do processo não é o mesmo que a celeridade processual, 
são coisas distintas, como fica claro pela simples leitura do inciso LXXVIII do 
art. 5º da Constituição pátria. Verifica-se pela leitura do art. 8º, inciso 1 do 
Pacto de São José da Costa Rica que a razoável duração do processo vem 
acompanhada das garantias processuais, na Constituição brasileira, a 
 
43 Como exemplo: CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 18.ª ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 
44 DIAS, Ronaldo Brêtas de Carvalho. Processo Constitucional e Estado Democrático de Direito. 
Belo Horizonte: Del Rey, 2010. 
45 NUNES, Dierle José Coelho. Processo jurisdicional democrático. Curitiba: Juruá Editora, 2010. 
46 MELEU, Marcelino da Silva. Jurisdição Comunitária: A efetivação do acesso à justiça no 
policontexturalidade. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2014. 
47 BRASIL. Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Juizados Especiais Cíveis e Criminais. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm>. Acesso em: 1 out. 2017. 
Pág. 15 
razoável duração também foi prevista em conjunto com inúmeras garantias 
processuais e com os princípios institutivos do processo, evidentemente que 
o referido princípio deve ser lido em conjunto com as garantias e princípios 
institutivos do processo consagrados pela Constituição. Assim, a razoável 
duração do processo significa o processo célere, sem dilações indevidas, 
porém, asseguradas as garantias processuais constitucionais e os princípios 
institutivos do processo. Em suma, a razoável duração do processo poderá 
ser representada pelo binômio celeridade X garantias processuais inerentes 
ao devido processo legal. Assim, somente terá duração razoável o processo 
que tenha tramitado de forma célere (sem dilações indevidas) mas que tenha 
obedecido aos princípios e garantias do devido processo constitucional, 
permitindo que as partes tenham participado efetivamente da construção do 
provimento jurisdicional. Conclui-se, portanto, que a razoável duração do 
processo figura como o centro gravitacional entre a celeridade processual e 
as garantias constitucionais do processo democrático. Assim, o processo não 
deve visar a celeridade pela celeridade, o que o converteria em instrumento 
de vingança, mas buscar exterminar as etapas mortas e garantir a 
participação dos sujeitos na construção do provimento. Se de um lado exige-
se rapidez, de outro há a demanda de tempo para a maturação do provimento 
a ser construído pelas partes.48 
 
Justamente por essa ínfima burocracia que rege a Lei dos Juizados Especiais, 
o que se espera por sua celeridade processual é que os processos que tramitem por 
tal procedimento tenham mínima duração até, pelo menos, o seu julgamento em 
primeiro grau de jurisdição, isso em comparação à um processo, v.g., tramitando pelo 
procedimento comum numa vara estadual de competência comum. 
Neste momento, mostra-se necessário a extração e análise de alguns dados 
a respeito desse lapso de tramitação de um processo pelo procedimento nos Juizados 
Especiais e nas Varas Estaduais Comuns até, pelo menos, o seu julgamento em 
primeiro grau de jurisdição, a fim de averiguar se essa celeridade processual que 
fundamenta o Enunciado n.º 165 do FONAJE é realmente eficiente, ou seja, se a 
utilização de dias corridos em vez de dias úteis apresenta um resultado significante. 
Da análise da “Justiça em números do ano de 2016”49, a qual tem como ano-
base o ano de 2015 – ou seja, ano em que vigorava o Código de Processo Civil de 
197350 e houve a aprovação do “novo” CPC – extrai-se que o lapso de duração de um 
processo de conhecimento que tramita, em primeiro grau de jurisdição, perante uma 
Unidade Jurisdicional Estadual Comum (Juízo Comum) leva aproximados 1 (um) ano 
 
48 SANTIAGO NETO, José de Assis. Razoável duração do processo não é sinônimo de processo 
célere. In: Empório do Direito. Disponível em: <http://emporiododireito.com.br/razoavel-duracao-do-
processo-nao-e-sinonimo-de-processo-celere-por-jose-de-assis-santiago-neto/>. Acesso em: 3 out. 
2017. 
49 CNJ, Conselho Nacional de Justiça. Justiça em números 2016: ano-base 2015. Brasília: CNJ, 2016. 
50 BRASIL. Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Código de Processo Civil. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869.htm>. Acesso em: 1 out. 2017. 
Pág. 16 
e 9 (nove) meses51 até que seja sentenciado, um processo de conhecimento que 
tramita perante a Unidade Jurisdicional Estadual Especial (Juizado Especial) leva 
aproximados 9 (nove) meses52 para ser sentenciado, de modo a ser possível concluir 
que um processo que tramita pelo procedimento da Lei n.º 9.099/95 é julgado, 
aproximadamente53, 1 (um) ano a menos do que um processo que tramitava pelos 
procedimentos ordinário e sumário – isso considerando que não há dados distintivos 
para cada um dos antigos procedimentos da Lei n.º 5.869/73. 
Ainda, nessa linha, a distinção dos lapsos de tramitação em cada um desses 
procedimentos é ainda maior quando versar sobre processos de cunho executivo, haja 
vista que, enquanto um processo de execução, em primeiro grau de jurisdição, que 
tramita perante uma Unidade Jurisdicional Estadual Comum (Juízo Comum) leva 
aproximados 4 (quatro) anos e 3 (três) meses54 para ser sentenciado, um processo 
de execução que tramita perante uma Unidade Jurisdicional Estadual Especial 
(Juizado Especial) leva aproximados 1 (um) ano e 1 (um) mês55 para ser sentenciado. 
Já, da análise da “Justiça em números do ano de 2017”56, a qual tem como 
ano-base o ano de 2016 – ou seja, ano em que vigorou até o mês de março o Código 
de Processo Civil de 1973 e nos meses subsequentes o Código de Processo Civil de 
2015 – extrai-se que o lapso de duração de um processo de conhecimento que tramita, 
em primeiro grau de jurisdição, perante uma Unidade Jurisdicional Estadual Comum 
 
51 CNJ, Conselho Nacional de Justiça. Justiça em números 2016: ano-base 2015. Brasília: CNJ, 2016, 
p. 126. 
52 CNJ, Conselho Nacional de Justiça. Justiça em números 2016: ano-base 2015. Brasília: CNJ, 2016, 
p. 127. 
53 “Por ser a primeira coleta de dados relativa ao tempo do processo, alguns tribunais não 
encaminharam as informações ao CNJ, o que justifica a presença de alguns vazios nos gráficos que 
serão apresentados a seguir. Antes de iniciarmos as análises que seguem, é importante ter em mente 
as limitações metodológicas ainda existentes. Neste relatório trataremos da média como medida 
estatística para representar o tempo. Apesar de extremamente útil, ela é limitada, pois resume em uma 
única métrica os resultados de informações que sabemos ser extremamente heterogêneas. Para 
adequada análise de tempo, seria necessário estudar curvas de sobrevivência, agrupando os 
processos semelhantes, segundo as classes e os assuntos. Tais dados ainda não estão disponíveis, e 
são complexos para serem obtidos, mas o CNJ, por meio do Selo Justiça em Números, está 
trabalhando no aperfeiçoamento do Sistema de Estatística do Poder Judiciário, e planeja obter as 
informações necessárias paraprodução de estudos mais aprofundados sobre o tempo de tramitação 
processual. A divisão da aferição do tempo do processo por fases processuais faz sentido na medida 
em que os marcos temporais usados para os cálculos são bem claros. Assim, na apuração do tempo 
médio dos processos até a sentença de mérito, sabe-se exatamente quando o processo começa 
(protocolo) e qual o termo final de apuração (última sentença proferida)”. CNJ, Conselho Nacional de 
Justiça. Justiça em números 2016: ano-base 2015. Brasília: CNJ, 2016, p. 125. 
54 CNJ, Conselho Nacional de Justiça. Justiça em números 2016: ano-base 2015. Brasília: CNJ, 2016, 
p. 126. 
55 CNJ, Conselho Nacional de Justiça. Justiça em números 2016: ano-base 2015. Brasília: CNJ, 2016, 
p. 127. 
56 CNJ, Conselho Nacional de Justiça. Justiça em números 2017: ano-base 2016. Brasília: CNJ, 2017. 
Pág. 17 
(Juízo Comum) leva aproximados 2 (dois) anos e 1 (um) mês57 até que seja 
sentenciado, um processo de conhecimento que tramita perante a Unidade 
Jurisdicional Estadual Especial (Juizado Especial) leva aproximados 10 (dez) meses58 
para ser sentenciado, concluindo-se que um processo que tramita pelo procedimento 
da Lei n.º 9.099/95 é julgado, aproximadamente59, 1 (um) ano e 5 (cinco) meses a 
menos do que um processo que tramitava pelos procedimento comum. 
Além disso, a distinção dos lapsos de tramitação em cada um desses 
procedimentos é ainda maior quando versar sobre processos de cunho executivo, haja 
vista que, enquanto um processo de execução, em primeiro grau de jurisdição, que 
tramita perante uma Unidade Jurisdicional Estadual Comum (Juízo Comum) leva 
aproximados 5 (cinco) anos e 4 (quatro) meses60 para ser sentenciado, um processo 
de execução que tramita perante uma Unidade Jurisdicional Estadual Especial 
(Juizado Especial) leva aproximados 1 (um) ano e 2 (dois) meses61 para ser 
sentenciado. 
Indiscutivelmente é a conclusão, com base nesses dados, que as Unidades 
Jurisdicionais que operam sob o procedimento da Lei dos Juizados Especiais (Lei n.º 
9.099/95) cumprem a premissa de um processo célere, porém, indaga-se se é 
eficiente pensar que a utilização da contagem de prazos em dias úteis traria efetivo 
 
57 CNJ, Conselho Nacional de Justiça. Justiça em números 2017: ano-base 2016. Brasília: CNJ, 2017, 
p. 129. 
58 CNJ, Conselho Nacional de Justiça. Justiça em números 2017: ano-base 2016. Brasília: CNJ, 2017, 
p. 129. 
59 “Essas estimativas guardam limitações metodológicas. A principal delas está no uso da média como 
medida estatística para representar o tempo. A média é fortemente influenciada por valores extremos 
e, ao resumir em uma única métrica os resultados de informações que sabemos serem extremamente 
heterogêneas, torna-se uma medida limitada. Para análise de tempo mais adequada, seria necessário 
recorrer aos quantis e às curvas de sobrevivência, por exemplo, sempre considerando o agrupamento 
de processos semelhantes, segundo classe e assunto. Para possibilitar essas análises, seria preciso 
recorrer aos dados de cada processo individualmente. O CNJ, por meio do Selo Justiça em Números, 
já recebe essas informações de alguns tribunais, e, a partir de 2017, o encaminhamento dos dados 
processuais individuais passou a ser obrigatório, de acordo com a Portaria n. 46/2017, aperfeiçoando 
o Sistema de Estatísticas do Poder Judiciário. A divisão da aferição do tempo do processo por fases 
processuais faz sentido na medida em que os marcos temporais usados para os cálculos são bem 
claros. Assim, na apuração do tempo médio dos processos até a sentença de mérito, sabe-se 
exatamente quando o processo começa (protocolo) e qual o termo final de apuração (última sentença 
proferida). Importante esclarecer que a apuração dos tempos médios se deu pela avaliação da duração 
em cada fase ou instância. Por exemplo, na execução, conta-se o tempo a partir do início da execução 
ou liquidação ou cumprimento, até a data da última sentença em execução. No conhecimento, conta-
se a partir da data do protocolo”. CNJ, Conselho Nacional de Justiça. Justiça em números 2017: ano-
base 2016. Brasília: CNJ, 2017, p. 128. 
60 CNJ, Conselho Nacional de Justiça. Justiça em números 2017: ano-base 2016. Brasília: CNJ, 2017, 
p. 129. 
61 CNJ, Conselho Nacional de Justiça. Justiça em números 2017: ano-base 2016. Brasília: CNJ, 2017, 
p. 129. 
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prejuízo aos números aqui expostos: De práxis, a resposta que vem à mente é 
negativa. 
 
A Lei Federal 9.099/95, ao delimitar a data da audiência de instrução como 
termo final para a apresentação da contestação, restringe-se a prever os 
seguintes possíveis prazos para as partes: cinco dias para embargos de 
declaração (artigo 49) e mais cinco dias para a resposta (CPC, parágrafo 2º 
do artigo 1023); 10 dias para o recurso inominado (caput do artigo 42) e mais 
10 dias para contrarrazões ao recurso inominado (parágrafo 2º do artigo 42). 
Assim, no processo onde houver embargos de declaração, contrarrazões aos 
embargos de declaração, recurso inominado, contrarrazões ao recurso 
inominado, o tempo total de prazo em curso será de 40 dias (5+5+10+10). Se 
esses 40 dias forem computados em dias úteis, haverá um incremento, no 
máximo, de cinco finais de semana, ou seja, os 40 dias úteis corresponderão 
a 50 dias corridos.62 
 
Não bastasse a nulidade do Enunciado n.º 165 do FONAJE a partir da Teoria 
Geral do Direito, conforme destacou-se alhures, o mesmo mostra-se antidemocrático, 
na medida em desrespeitar prerrogativas básicas da figura dos Advogados, na 
proporção em que lhe retira o repouso dos finais de semana, feriados e recesso 
forense – aliás, isso prejudica o próprio resultado da peça processual, afinal, a mesma 
não poderá ser trabalhada com maior cautela63 –, bem como é ineficiente na prática, 
afinal, o aperfeiçoamento dessa premissa da Lei dos Juizados Especiais que é a 
celeridade processual será ainda mais aperfeiçoada e respeitada se o seu principal 
“vilão” for corretamente combatido, qual seja o “tempo de prateleira”, ou seja, o tempo 
que o processo permanece inerte esperando movimentação para que os atos do 
processo sejam cumpridos e o processo possa ser ”solvido”. 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Buscou-se, com esta breve digressão, após analisar o Código de Processo 
Civil de 2015 (Lei n.º 13.105/2015), a Lei dos Juizados Especiais (Lei n.º 9.099/95) e 
o Enunciado n.º 165 do FONAJE (Fórum Nacional de Juizados Especiais), a partir da 
Teoria Geral do Direito, demonstrar que o enunciado objeto deste trabalho é nulo. 
 
62 ABBOUD, George; APRIGLIANO, Ricardo de Carvalho; CAMARGO, Luiz Henrique Volpe. 
Enunciado 165 do Fonaje, sobre prazos nos juizados, deve ser cancelado. In: CONJUR, Consultor 
Jurídico. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2017-ago-29/opiniao-fonaje-cancelar-enunciado-
165-prazos-juizados>. Acesso em: 3 out. 2017. 
63 ABBOUD, George; APRIGLIANO, Ricardo de Carvalho; CAMARGO, Luiz Henrique Volpe. 
Enunciado 165 do Fonaje, sobre prazos nos juizados, deve ser cancelado. In: CONJUR, Consultor 
Jurídico. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2017-ago-29/opiniao-fonaje-cancelar-enunciado-
165-prazos-juizados>. Acesso em: 3 out. 2017. 
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Um enunciado não pode contrapor disposição contida numa norma 
hierarquicamente superior, como é o caso em questão, de modo que, pelo critério da 
hierarquia, aplicar-se-á a disposição contida na norma superior, ora Código de 
Processo Civil, e não a disposição contida no enunciado, ora Enunciado n.º 165 do 
FONAJE. 
Caso houvesse a real necessidade de adaptar a Lei dos Juizados Especiais 
ao Código de Processo Civil no tocante à modificação na forma de contagem de 
prazos processuais (art. 219 doCPC), dever-se-ia observar o processo constitucional 
legislativo, disposto a partir do art. 59 da Constituição Federal de 1988, ou seja, pela 
via ordinária, e não seguir pelos rumos propostos pelo FONAJE, com um peculiar 
ativismo, além do mais, o enunciado em comento não merecia o estudo que aqui foi 
elaborado por um simples fator: O FONAJE não detêm competência para legislar 
sobre matéria processual! 
Além disso, o enunciado objeto deste estudo, além de nulo pela hierarquia 
normativa (pirâmide kelseniana), mostra-se ineficiente na medida em que, pelo 
procedimento proposto na Lei dos Juizados Especiais, contar os prazos de forma 
corrida no lugar da contagem em dias úteis acarretará na salvação de míseros dias a 
menos no conjunto de todo do lapso de duração do processo. 
Combata-se, assim, o seu real vilão, o chama “tempo de prateleira”, o tempo 
que o processo fica aguardando movimentação pelos servidores do Poder Judiciário, 
e não se ceife um Direito democraticamente conquistado pela Ordem dos Advogados 
do Brasil (OAB) nesse vigente Código de Processo Civil, ou seja, os prazos em dias 
úteis (art. 219 do CPC). 
Ademais, ressalta-se que não há vencedores ou vencidos nessa história, de 
modo que deva ser tirada a lição dessa “aventura jurídica” realizada pelo FONAJE de 
que o aperfeiçoamento da técnica processual não contempla um fim em si, afinal, deve 
recorrer a categorias basilares do Direito, como, aqui o caso, a Teoria Geral do Direito. 
Desse modo, o fato de não se concordar com o Código de Processo Civil em 
determinados pontos não significa que os sentidos das suas disposições possam ser 
alterados, seja doutrinariamente, seja de forma ativista, tampouco deva ser aplicado 
com olhos no código passado, Código de Processo Civil de 1973. 
Felizmente e ao que tudo indica, o Enunciado n.º 165 do FONAJE restou 
cancelado em decorrência do Enunciado n.º 19 da I Jornada de Direito Processual 
Civil. Entretanto, por toda essa experiência que vem se tirando acerca desse vasto 
Pág. 20 
“oceano” de enunciados que são constantemente elaborados no Brasil, dois pontos 
são extremamente preocupantes, a um enunciado invalidando disposição de uma lei 
ordinária, a dois, o fato de um enunciado estar anulando outro enunciado, dando a 
ideia da semeação de uma cultura de “jurisdição enunciativa”, o que é 
demasiadamente preocupante para o panorama jurídico brasileiro contemporâneo. 
Retomemos a aplicação dos prazos em dias úteis, ou seja, o art. 219 do 
Código de Processo Civil, no procedimento dos juizados especiais! 
 
REFERÊNCIAS DAS FONTES CITADAS 
 
ABBOUD, George; APRIGLIANO, Ricardo de Carvalho; CAMARGO, Luiz Henrique 
Volpe. Enunciado 165 do Fonaje, sobre prazos nos juizados, deve ser cancelado. 
In: CONJUR, Consultor Jurídico. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2017-ago-
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