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VIVEMOS NA ERA DO “PROCESSO JUSTO”?: O CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 2015 COMO MARCO SUBSTANCIAL DO PROCESSO JUSTO BRASILEIRO

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Como citar: MÖLLER, Guilherme Christen. Vivemos na era do “processo justo?”: O Código de Processo 
Civil de 2015 como marco substancial do processo justo brasileiro. Empório do Direito, v. 2018, p. 1-
8, 2018. Disponível em: 
<http://emporiododireito.com.br/leitura/vivemos-na-era-do-processo-justo-o-codigo-de-processo-civil-
2015-como-marco-substancial-do-processo-justo-brasileiro-por-guilherme-christen-moller>. 
 
**Qualquer reprodução (integral ou parcial) deste artigo que não esteja em conformidade com o 
art. 46, inc. I, da Lei n.º 9.610/1998, bem como sem a anuência do autor, estará sujeita às 
sanções civis e penais aplicáveis. 
 
 
 
Pág. 1 
VIVEMOS NA ERA DO “PROCESSO JUSTO”?: O CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
2015 COMO MARCO SUBSTANCIAL DO PROCESSO JUSTO BRASILEIRO 
 
Guilherme Christen Möller 
 
O processo justo mostra-se mais do que uma mera característica processual, 
pois é uma garantia à justiça social e o meio de acesso ao pronunciamento estatal 
conferido por intermédio de um instrumento, o processo, que respeitará direitos 
fundamentais durante toda essa relação, a fim de que se atinja mais do que a mera 
pacificação social, garantam-se os direitos das pessoas, especialmente quando versar 
sobre direitos fundamentais, o que, por muito tempo, mesmo que assim fosse 
defendido por doutrinadores e legisladores, não passara de palavras vagas. 
É importante, porém, ressaltar que a característica “processo justo” deva ser 
dividida em um binômio, o processo justo enquanto característica de um instrumento 
de prestação da justiça, proposta para a definição feita no parágrafo anterior, e, o 
processo justo enquanto característica de um resultado justo. 
Para esta breve digressão, focar-se-á na primeira vertente deste binômio, 
afinal, precisar-se-ia de inúmeros tomos para tratar do segundo, isso na proporção em 
que a busca pela definição do que é “justo”, ou seja, da própria “justiça”, recai em uma 
discussão tão antiga – quiçá mais antiga – do que o próprio Direito. 
Para responder à pergunta formulada no título deste ensaio, precisar-se-á 
realizar um breve, todavia pontual, recorte histórico partido dos primórdios dos 
Códigos de Processo Civil Brasileiros. 
 
 Mestrando em Direito Público pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade do Vale 
do Rio dos Sinos (UNISINOS). Bolsista do Programa de Excelência Acadêmica (PROEX) da 
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Bacharel em Direito pela 
Universidade Regional de Blumenau (FURB). Autor, coordenador e organizador de obras jurídicas e 
autor de mais de duas dezenas de artigos científicos relacionados ao Direito Processual Civil, Teoria 
Geral do Processo e Direito Constitucional. Membro do Instituto Brasileiro de Direito Processual 
(IBDP) e da Associação Brasileira de Direito Processual (ABDPro). Advogado (OAB/SC nº 51.682) e 
Consultor Jurídico. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0168074867678392. E-mail: 
contato.guilhermemoller@gmail.com. 
 
Como citar: MÖLLER, Guilherme Christen. Vivemos na era do “processo justo?”: O Código de Processo 
Civil de 2015 como marco substancial do processo justo brasileiro. Empório do Direito, v. 2018, p. 1-
8, 2018. Disponível em: 
<http://emporiododireito.com.br/leitura/vivemos-na-era-do-processo-justo-o-codigo-de-processo-civil-
2015-como-marco-substancial-do-processo-justo-brasileiro-por-guilherme-christen-moller>. 
 
**Qualquer reprodução (integral ou parcial) deste artigo que não esteja em conformidade com o 
art. 46, inc. I, da Lei n.º 9.610/1998, bem como sem a anuência do autor, estará sujeita às 
sanções civis e penais aplicáveis. 
 
 
 
Pág. 2 
O Direito Processual Civil Brasileiro marca, em sua história, três codificações 
(deixando-se, o Decreto-Lei n.º 737/50, à limiar), os CPCs de 1939, 1973 e 2015, 
codificações singularmente distintas, cada qual carregando marcas peculiares dos 
momentos em que foram concebidas. 
Curioso é o fato de que a tentativa inicial de estabelecer um CPC no Brasil já 
começa como um tremendo fracasso, sentimento que se associa ao fato da frustrada 
experiência de delegação de competência legislativa de matéria processual aos 
Estados do Brasil, afinal, esperava-se que cada Estado do país possuísse seu 
respectivo código (similar os que se tem atualmente nos EUA). 
Diversos fatores contribuíram para esse marcante fracasso, todavia, dentre 
todos o mais interessante, quiçá principal, consiste na quantidade ínfima de 
especialistas da área que cada Estado possuía no início do século XX. O resultado 
não seria outro senão àquele obtido.1 
Em decorrência disso, inicia-se um projeto de unificação da competência 
legislativa de matéria processual à União, objetivando, especialmente, a 
uniformização das mais diversas normas processuais existentes em cada Estado, 
afinal, essa vasta quantidade foi outro dos tantos fatores que as tornaram obsoletas e 
incapazes de alcançar o que se esperava essencialmente de uma codificação 
processual civil: a tutela efetiva aos direitos dos particulares.2 
Fruto desse cenário é o CPC/39, a primeira codificação processual civil, 
destinada para esse fim – vale destacar –, do Brasil. Inspirada, em parte, em 
características doutrinárias modernas do direito europeu, guarda uma característica 
de uma dualidade de sentimentos em seu texto (uma parte moderna e outra com 
traços peculiarmente medievais). 
 
1 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. 57ª. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2016, v. I. 
2 PINHO, Humberto Dalla Berdina de. Direito Processual Civil Contemporâneo. 5ª. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2013. 
 
Como citar: MÖLLER, Guilherme Christen. Vivemos na era do “processo justo?”: O Código de Processo 
Civil de 2015 como marco substancial do processo justo brasileiro. Empório do Direito, v. 2018, p. 1-
8, 2018. Disponível em: 
<http://emporiododireito.com.br/leitura/vivemos-na-era-do-processo-justo-o-codigo-de-processo-civil-
2015-como-marco-substancial-do-processo-justo-brasileiro-por-guilherme-christen-moller>. 
 
**Qualquer reprodução (integral ou parcial) deste artigo que não esteja em conformidade com o 
art. 46, inc. I, da Lei n.º 9.610/1998, bem como sem a anuência do autor, estará sujeita às 
sanções civis e penais aplicáveis. 
 
 
 
Pág. 3 
Entretanto, o que aqui expõe-se não são suas diversas discussões ou 
modificações, mas, apresentar que é nesse momento que nasce o que se denomina 
de caráter publicista (similar ao CPC Italiano/1940), uma consagração do direito 
processual como instrumento almejante do bem-comum, instrumento de busca pela 
verdade dos fatos e, consequentemente, a atribuição do status de “vencedor” ao que 
tivesse a verdade em seu favor, realizando-se, assim, uma justiça ideal, sem apegar-
se ao fato do jurisdicionado ter ou não contribuído para tal, até porque, a postura do 
julgador era ativa, de modo que não era a mera iniciativa probatória daqueles sujeitos 
que bastava para a satisfação do processo.3 
Essa peculiaridade publicista dessa antiquíssima codificação enseja ao que 
se denominada, décadas mais tarde, de processo justo – o objetivo do presente 
estudo, especialmente no cenário do CPC/15 –, afirmando-se que foi, o caráter 
publicista do processo, o berço do processo justo. 
O publicismo processual, porém, não passara de mera falácia formal, uma 
falsa promessa do processo, afinal, havia-se um embargo momentâneo que impedira 
sua substancialidade, o regime de exceção, afinal, concebeu-se o CPC/39 nesse 
momento, caracterizando-se por um empírico formalismo, conforme viu-se anos mais 
tarde.4 
Regendo-se pelo CPC/39, seguiu-se com esse falso caráter publicistado 
processo pelas próximas décadas, permeando-se cruciais momentos de instabilidade 
política e social no país5, até que, na perspectiva da evolução do Direito Processual 
Civil Brasileiro e da visão publicista do processo, viu-se que se disseminou uma grave 
doença em todo território, o excessivo formalismo processual, de modo que, àquela 
ocasião, se observou que o processo deveria ser imediatamente direcionado ao fim 
 
3 GRECO, Leonardo. Publicismo e Privatismo no Processo Civil. In: Revista de Processo. vol. 
164/2008. Out/2008. 
4 AGUIAR, Renan; MACIEL, José Fabio Rodrigues. História do Direito. 7ª. ed. São Paulo: Saraiva, 
2016. 
5 SOARES, Gláucio Ary Dillon. A democracia interrompida. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 
2001. 
 
Como citar: MÖLLER, Guilherme Christen. Vivemos na era do “processo justo?”: O Código de Processo 
Civil de 2015 como marco substancial do processo justo brasileiro. Empório do Direito, v. 2018, p. 1-
8, 2018. Disponível em: 
<http://emporiododireito.com.br/leitura/vivemos-na-era-do-processo-justo-o-codigo-de-processo-civil-
2015-como-marco-substancial-do-processo-justo-brasileiro-por-guilherme-christen-moller>. 
 
**Qualquer reprodução (integral ou parcial) deste artigo que não esteja em conformidade com o 
art. 46, inc. I, da Lei n.º 9.610/1998, bem como sem a anuência do autor, estará sujeita às 
sanções civis e penais aplicáveis. 
 
 
 
Pág. 4 
de buscar resultados substancialmente justos, nascendo nesse momento, no Brasil, o 
período do instrumentalismo processual.6 
Propusera-se a necessidade de alteração legislativa da codificação 
processual civil para adequar-se corretamente à essa nova visão processual, em que, 
entendendo-se que era necessária tal mudança para obter um aperfeiçoamento da 
sua técnica, resultando no CPC/73, considerado pela perfectibilidade processual 
alcançada.7 
Essa redefinição dos sentidos epistemológicos do processo civil não apenas 
resultou no aperfeiçoamento da lei, mas, especialmente, culminou no 
aperfeiçoamento do publicismo processual, propondo uma busca pela 
substancialidade e do processo como uma técnica de pacificação social, o que até 
então era uma falsa premissa, dando-se espaço ao processo justo. 
Havia-se, porém, um grande problema atacando o resultado obtido – sendo o 
problema deste trabalho –, o processo justo, haja vista que além de, como no anterior, 
o CPC/73 foi concebido a partir de um regime de exceção, sendo sua marca um 
elevado aspecto individualista.8 Como poderia, então, buscar a pacificação social por 
meio do processo se o mesmo mostrava possuir uma característica individualista? Na 
perspectiva prática, como poderia, então, um instrumento de pacificação social não 
zelar pelo coletivo? 
Ao passo em que se formulou esse problema, constitucionalistas buscavam a 
efetivação substancial da Constituição, o que obtiveram com o fim do autoritarismo 
em 1985 e deu espaço à um novo sistema para o Estado Brasileiro, pautado em um 
Estado Democrático de Direito. Inicia-se, a partir do fim do regime autoritário, um novo 
 
6 DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de Direito Processual Civil. 19ª. ed. São Paulo: Atlas, 2016. 
7 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. 57ª. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2016, v. I. 
8 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. 57ª. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2016, v. I. 
 
Como citar: MÖLLER, Guilherme Christen. Vivemos na era do “processo justo?”: O Código de Processo 
Civil de 2015 como marco substancial do processo justo brasileiro. Empório do Direito, v. 2018, p. 1-
8, 2018. Disponível em: 
<http://emporiododireito.com.br/leitura/vivemos-na-era-do-processo-justo-o-codigo-de-processo-civil-
2015-como-marco-substancial-do-processo-justo-brasileiro-por-guilherme-christen-moller>. 
 
**Qualquer reprodução (integral ou parcial) deste artigo que não esteja em conformidade com o 
art. 46, inc. I, da Lei n.º 9.610/1998, bem como sem a anuência do autor, estará sujeita às 
sanções civis e penais aplicáveis. 
 
 
 
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Direito Constitucional Brasileiro, o neoconstitucionalismo, inspirado em um modelo 
europeu-continental, valorizando-se a democracia e impulsionando-se o coletivo.9 
Esse divisor de águas do Estado Brasileiro, atrelando-se ao fenômeno da 
constitucionalização dos direitos, resulta em uma reinterpretação dos próprios 
sentidos dos ramos infraconstitucionais do direito, o que serve como um exemplo de 
autopoietica10, afinal, um sistema infraconstitucional, pautado em um viés 
individualista, CPC/73, quando confrontado com uma norma hierarquicamente 
superior11, Constituição, pautada em viés extremamente oposto, afinal, belamente 
desenhada na perspectiva democrática do coletivo, entra em colapso e deve ser 
revista para adequar-se às perspectivas dessa norma superior – nunca o contrário –, 
como, aqui, é o caso, a Constituição, afinal, essa norma não apenas serve de 
condicionante formal para todo o resto do sistema, mas, a partir da reformulação do 
Direito Constitucional Brasileiro, possui força normativa material/substancial.12 
Essa revisão do Direito Processual Civil Brasileiro, a partir da CF/88, acaba 
por, em um primeiro momento, alterar os sentidos da instrumentalidade do processo, 
a aperfeiçoando, de certo modo, porém, em um segundo momento, findar esse 
momento do direito processual e iniciar a atual fase denominada de Direito Processual 
Civil Constitucional, analisando-se o processo a partir da epistemologia contida da CF. 
Nesse cenário, incongruente, mostra-se, o pensamento de parcela doutrinária 
que observou a mera consolidação dos pilares democráticos-sociais da CF no texto 
do CPC/73, afinal e como demonstrou-se acima, o cenário individualista do CPC/73 é 
divergente ao do cenário coletivo da CF. 
 
9 BARROSO, Luís Roberto. Neoconstitucionalismo e Constitucionalização do Direito (O Triunfo Tardio 
do Direito Constitucional no Brasil). In: Revista da EMERJ, Rio de Janeiro, v. 9, n. 33, 2006. 
10 ROCHA, Leonel Severo. Direito e autopoiese. In: Constituição, Sistemas Sociais e Hermenêutica: 
Anuário do Programa de Pós-Graduação em Direito da UNISINOS. n.º 13. ENGELMANN, Wilson; 
ROCHA, Leonel Severo; STRECK, Lenio Luiz. (orgs.). Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2017. 
11 KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 8ª. ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009. 
12 BARROSO, Luís Roberto. Neoconstitucionalismo e Constitucionalização do Direito (O Triunfo Tardio 
do Direito Constitucional no Brasil). In: Revista da EMERJ, Rio de Janeiro, v. 9, n. 33, 2006. 
 
Como citar: MÖLLER, Guilherme Christen. Vivemos na era do “processo justo?”: O Código de Processo 
Civil de 2015 como marco substancial do processo justo brasileiro. Empório do Direito, v. 2018, p. 1-
8, 2018. Disponível em: 
<http://emporiododireito.com.br/leitura/vivemos-na-era-do-processo-justo-o-codigo-de-processo-civil-
2015-como-marco-substancial-do-processo-justo-brasileiro-por-guilherme-christen-moller>. 
 
**Qualquer reprodução (integral ou parcial) deste artigo que não esteja em conformidade com o 
art. 46, inc. I, da Lei n.º 9.610/1998, bem como sem a anuência do autor, estará sujeita às 
sanções civis e penais aplicáveis. 
 
 
 
Pág. 6 
Oportuno, portanto, pensar-se em elaborar uma nova codificação processual 
civil para abarcar essas novas premissas basilares do Direito Brasileiro, afinal, a 
atividade de codificação mostra-se necessário uma vez que concludente a ineficiência 
teórica e prática, em especial da primeira, da atividade de consolidação.13 
Isso levou, no ano de 2010, a iniciar-se um desenho democrático de uma novacodificação de processo civil, significativamente diversa das que a antecederam, 
afinal, nos seus aproximados cinco anos de discussão, vê-se claramente essa 
preocupação em recepcionar as premissas do neoconstitucionalismo do Brasil e dos 
valores contidos na CF/1988. 
Findadas as discussões no ano de 2015 e aprovado, no dia 18 de março 
daquele ano, o CPC/15, Lei n. 13.105/15. O resultado obtido com essa nova 
codificação é entusiasmante, afinal, mostra fina sintonia com a CF e as propedêuticas 
do Novo Direito Constitucional Brasileiro, citando-se, como exemplos extraídos dessa 
codificação, a ordem, disciplina e interpretação conforme a CF (art. 1º), 
inafastabilidade da tutela jurisdicional (art. 3º), duração razoável do processo com a 
necessária atividade satisfativa (art. 4º), boa-fé (art. 5º), cooperação (art. 6º), efetivo 
contraditório (art. 9º), dentre outros (todos do CPC). 
Visível, apenas com os artigos destacados acima, resta, a conclusão de que 
há uma iminente preocupação com as normativas constitucionais, em especial 
premissas fundamentais, na proporção em que são ratificados pela nova codificação, 
bem como, uma sensível preocupação com a visão de um processo cooperativo, 
rompendo-se com o paradigma individualista construído no CPC/73. 
Curioso é o sentimento que fica, quando da análise do CPC/15, de que há um 
elemento intrínseco nessa codificação. De fato, há, e o nome desse elemento é 
processo justo. 
Como, para o instrumentalismo, o processo deve servir de instrumento de 
pacificação social, nesse momento democrático e cooperativo do processo, o Direito 
 
13 MARINONI, Luiz Guilherme. MITIDIERO, Daniel. O projeto do CPC: Críticas e propostas. São Paulo: 
Editora Revista dos Tribunais, 2010. 
 
Como citar: MÖLLER, Guilherme Christen. Vivemos na era do “processo justo?”: O Código de Processo 
Civil de 2015 como marco substancial do processo justo brasileiro. Empório do Direito, v. 2018, p. 1-
8, 2018. Disponível em: 
<http://emporiododireito.com.br/leitura/vivemos-na-era-do-processo-justo-o-codigo-de-processo-civil-
2015-como-marco-substancial-do-processo-justo-brasileiro-por-guilherme-christen-moller>. 
 
**Qualquer reprodução (integral ou parcial) deste artigo que não esteja em conformidade com o 
art. 46, inc. I, da Lei n.º 9.610/1998, bem como sem a anuência do autor, estará sujeita às 
sanções civis e penais aplicáveis. 
 
 
 
Pág. 7 
Processual Civil Brasileiro entra, finalmente, em sintonia com o processo justo, e não 
só isso, o aperfeiçoa com base nas premissas neoconstitucionais do Brasil. 
É possível observar que, com base na construção elaborada neste ensaio, 
que o CPC/15 transmite as premissas do Estado Democrático de Direito que se vive, 
bem como, serve como espécie de instrumento legislativo de efetivação e 
potencialização dessas bases que fundam o neoconstitucionalismo. 
Com isso, há de se afirmar que é o CPC/15 o marco inicial da substancia do 
processo justo, apresentando mais do que um processo que visa a pacificação social, 
mas que garanta um processo igualitário, respeitando-se as pessoas que o utilizam 
conforme suas condições, zelando-se por suas garantias fundamentais que lhes 
concede a Constituição Federal de 1988. A busca pela discussão sobre o 
aprimoramento do processo justo nunca foi tão intensa quanto na contemporaneidade 
do Direito Processual Civil Brasileiro.14 Respira-se um novo ar na seara processual! 
 
REFERÊNCIAS 
 
AGUIAR, Renan; MACIEL, José Fabio Rodrigues. História do Direito. 7ª. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2016. 
 
BARROSO, Luís Roberto. Neoconstitucionalismo e Constitucionalização do Direito (O 
Triunfo Tardio do Direito Constitucional no Brasil). In: Revista da EMERJ, Rio de 
Janeiro, v. 9, n. 33, 2006. 
 
DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de Direito Processual Civil. 19ª. ed. São Paulo: 
Atlas, 2016. 
 
 
14 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. 57ª. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2016, v. I. 
 
Como citar: MÖLLER, Guilherme Christen. Vivemos na era do “processo justo?”: O Código de Processo 
Civil de 2015 como marco substancial do processo justo brasileiro. Empório do Direito, v. 2018, p. 1-
8, 2018. Disponível em: 
<http://emporiododireito.com.br/leitura/vivemos-na-era-do-processo-justo-o-codigo-de-processo-civil-
2015-como-marco-substancial-do-processo-justo-brasileiro-por-guilherme-christen-moller>. 
 
**Qualquer reprodução (integral ou parcial) deste artigo que não esteja em conformidade com o 
art. 46, inc. I, da Lei n.º 9.610/1998, bem como sem a anuência do autor, estará sujeita às 
sanções civis e penais aplicáveis. 
 
 
 
Pág. 8 
GRECO, Leonardo. Publicismo e Privatismo no Processo Civil. In: Revista de 
Processo. vol. 164/2008. Out/2008. 
 
KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 8ª. ed. São Paulo: Editora WMF Martins 
Fontes, 2009. 
 
MARINONI, Luiz Guilherme. MITIDIERO, Daniel. O projeto do CPC: Críticas e 
propostas. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. 
 
PINHO, Humberto Dalla Berdina de. Direito Processual Civil Contemporâneo. 5ª. 
ed. São Paulo: Saraiva, 2013. 
 
ROCHA, Leonel Severo. Direito e autopoiese. In: Constituição, Sistemas Sociais e 
Hermenêutica: Anuário do Programa de Pós-Graduação em Direito da UNISINOS. 
n.º 13. ENGELMANN, Wilson; ROCHA, Leonel Severo; STRECK, Lenio Luiz. (orgs.). 
Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2017. 
 
SOARES, Gláucio Ary Dillon. A democracia interrompida. Rio de Janeiro: Fundação 
Getúlio Vargas, 2001. 
 
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. 57ª. ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2016, v. I.