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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE BIBLIOTECONOMIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA FLÁVIO RODRIGO SILVA DE FREITAS TÉCNICAS DE PRESERVAÇÃO DOCUMENTAL EMPREGADAS NO NUCLEO TEMÁTICO DA SECA E DO SEMI-ÁRIDO DA UNIVERSIDADE DO RIO GRANDE DO NORTE NATAL 2011 FLÁVIO RODRIGO SILVA DE FREITAS TÉCNICAS DE PRESERVAÇÃO DOCUMENTAL EMPREGADAS NO NUCLEO TEMÁTICO DA SECA E DO SEMI-ÁRIDO DA UNIVERSIDADE DO RIO GRANDE DO NORTE Monografia apresentada ao Curso de Biblioteconomia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte em cumprimento às exigências legais como requisito parcial a obtenção do título de Bacharel em Biblioteconomia. ORIENTADORA: Profª. Ms. Mônica Marques Carvalho NATAL 2011 Ficha Catalográfica Freitas, Flávio Rodrigo Silva de. Técnicas de preservação documental empregadas no Núcleo Temático da seca e do semi-árido da Universidade Federal do Rio Grande do Norte / Flávio Rodrigo Silva de Freitas. – Natal, RN, 2011. 47 f. : il. Orientadora : Profa. Ma. Mônica Marques Carvalho. Monografia (Graduação em Biblioteconomia) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Biblioteconomia. 1. Preservação Digital - Monografia. 2. Estratégias de Preservação Documental - Monografia. 3. Ciência da Informação - Monografia. 4. NUT-SECA - Monografia. I. Autor. II. Título. CDU: 025 FLÁVIO RODRIGO SILVA DE FREITAS TÉCNICAS DE PRESERVAÇÃO DOCUMENTAL EMPREGADAS NO NUCLEO TEMÁTICO DA SECA E DO SEMI-ÁRIDO DA UNIVERSIDADE DO RIO GRANDE DO NORTE Monografia apresentada ao Curso de Biblioteconomia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte em cumprimento às exigências legais como requisito parcial a obtenção do título de Bacharel em Biblioteconomia. Aprovado em: ____ /_ ___ / 2011. BANCA EXAMINADORA __________________________________________ Profª. Ma. Mônica Marques Carvalho Orientadora __________________________________________ Profª. Ma. Renata Passos Filgueira de Carvalho Professora da disciplina __________________________________________ Profª. Ma. Jacqueline de Araújo Cunha Examinadora A Deus por tudo que me proporciona na vida. Aos meus pais e irmãos pelo apoio e carinho oferecidos em todos os momentos de minha vida. AGRADECIMENTOS A Deus, pelas pessoas que colocou em minha vida e por todas as oportunidades. Aos meus pais Gabriel e Luzinete, pelo constante apoio e por me proporcionarem os meios de realizar meus sonhos, com todo amor e incentivo necessário para que eu pudesse seguir em frente. Meus irmãos Lillyan e Gutto, cuja companhia sempre encontro conforto e companheirismo. A professora Monica Marques Carvalho, pela paciência, dedicação, e valorosa orientação, indicando os erros e mostrando uma maneira correta de seguir. As professoras Renata Passos Filgueira de Carvalho e Jaqueline de Araújo Cunha por aceitarem participar da banca e ao Departamento de Biblioteconomia Ao meu tio Abimael, pelos livros fornecidos durante esta caminhada. A todos que de alguma forma contribuíram para este momento. Tudo tem seu tempo. Há um momento oportuno para cada coisa debaixo do céu: tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou (Ecl 3, 1-2). RESUMO A partir do advento da Sociedade da Informação com a ampliação da circulação da informação se torna necessário estabelecer estratégias de preservação documental e digital com vistas a perpetuar a vida útil da informação nesta sociedade. Diante disso o presente trabalho visa em identificar as técnicas de preservação documental empregadas no Núcleo Temático da Seca e do Semi-árido do Rio Grande do Norte (Nut-Seca). Especificamente visa analisar e levantar informações a respeito da sociedade da informação e do panorama que levou a existência da sociedade digital; realiza uma descrição do ambiente do estudo, identifica a existência de uma pratica de preservação digital no Nut-Seca, descreve o processo de tratamento dos objetos digitais no referido núcleo, por fim, identifica as competências necessárias para a realização da Preservação Documental no Nut-Seca. A metodologia empregada foi a de pesquisa bibliográfica em fontes de informação relevantes tais como artigos científicos em meio convencionais e eletrônicos, livros, sites entre outros. Foi feito um estudo de caso através de visitas dirigidas in loco no Nut-Seca. Para a consecução da pesquisa foram abordados assuntos tais como a Evolução da Sociedade da Informação, Preservação Documental e Digital, um capitulo sobre o Nut-Seca e por fim as Considerações Finais. Ao final é possível inferir que a informação deve ser organizada, tratada com vistas a uma difusão mais eficiente para que as pessoas possam transformar este artefato em conhecimento fazendo com que haja maior evolução, social política e econômica da sociedade. Palavras-chave: Sociedade da Informação. Tecnologia da informação. Digitalização. Preservação Documental. Preservação Digital. . SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 9 2. EVOLUÇÃO DA SOCIEDADE RUMO A SOCIEDADE DA INFORMACÃO .... 11 2.1. GLOBALIZAÇÃO .............................................................................................. 13 2.2. SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO ...................................................................... 15 2.3. TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO .................................... 16 3 PRESERVAÇÃO DOCUMENTAL E DIGITAL ................................................. 22 3.1. PRESERVAÇÃO DIGITAL .............................................................................. 26 3.1.1. Preservação Tecnológica .............................................................................. 29 3.1.2. Refrescamento ............................................................................................... 30 3.1.3. Migração ......................................................................................................... 30 3.1.4. Emulação ........................................................................................................ 31 3.1.5. Encapsulamento ............................................................................................ 32 3.1.6. Normalização .................................................................................................. 32 4. NÚCLEO TEMÁTICO DA SECA E DO SEMI-ÁRIDO: CONTEXTUALI- ...........ZAÇÃO DO AMBIENTE DA PESQUISA ......................................................... 34 4.1. TÉCNICAS DE PRESERVAÇÃO UTILIZADAS NO NÚCLEO TEMÁTICO ...........DA SECA ......................................................................................................... 37 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 43 6. REFERÊNCIAS ............................................................................................... 45 9 1 INTRODUÇÃO Podemos dizer que a sociedade vem evoluindo a passos largos, as transformações ocorridas tem causado impactos em varias esferas da sociedade, entre elas podemos mencionar a política, econômica, social e cultural, essas transformações estão pautadas no uso consciente da informação e no desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação, que por sua vez possibilita o surgimento de redes de informação. Neste cenário de avanços tecnológicos que vivemos nos dias de hoje ainda destacamos dois elementos que vem causando expressivo impacto sobre o modo de vida das pessoas são eles a Computação e as Telecomunicações. A partir desses avanços tecnológicos, deparamo-nos com uma carga de informações cada vez maior. Por outro lado a internet possibilitou o intercambio de documentos através da rede. Aumenta a oferta de acesso a documentos integrais em formato digital na rede. Portanto, suscita-se questões relacionados a preservação documental e digital destes documentos. Há uma preocupação em torno da necessidade de se preservar as informações para sua posterior recuperação. Diante deste cenário, este trabalho tem a intenção de abordar e Identificar as técnicas e etapas de preservação digital utilizadas no Núcleo Temático da Seca e do Semiárido (NUT-SECA) da UFRN. Especificamente visa promover uma reflexão teórica na literatura da área; identificar as técnicas existentes de preservação documental e digital, descrever o NUT-SECA enquanto lócus de realização do trabalho bem como analisar quais estratégias de preservação documental e digital que estão sendo empregadas no referido Núcleo. Inicialmente serão utilizadas como procedimento metodológico as pesquisas bibliográficas e eletrônicas com materiais pertinentes ao assunto, no intuito de obter embasamento teórico para o desenvolvimento concreto da pesquisa, Por outro lado foi um estudo de caso no Núcleo Temático da Seca e do Semi-Árido, o NUT-SECA. Foram feitas visitas para observação e descrição 10 dos processos utilizados neste setor referentes às técnicas de preservação digital praticada neste ambiente. A motivação da pesquisa deu-se através de visitas realizadas na disciplina Representação Descritiva II, ministrada pela Professora Mônica Carvalho, onde foi possível conhecer projetos de preservação documental e digital existentes. A monografia esta dividida em capítulos para melhor efeito didático. O primeiro capítulo trata da parte introdutória e pretende esclarecer ao leitor o tema abordado. O segundo capítulo, o referencial teórico, objetiva justificar conceitos que fazem parte da temática apresentada através da consulta da literatura de autores e pesquisadores. Inicialmente serão enfocados os assuntos relacionados a Globalização, Sociedade da informação e as Novas tecnologias de informação e comunicação, para em seguida serem abordados os assuntos Preservação documental e digital e as técnicas de preservação digital. No terceiro capitulo tratará sobre o NUT-SECA. Serão expostas as metodologias utilizadas e características da pesquisa desenvolvida. Por fim no quarto capitulo, serão tecidas as considerações finais. 11 2. EVOLUÇÃO DA SOCIEDADE RUMO A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO Este capítulo tem como objetivo abordar os conhecimentos necessários para embasar as idéias propostas neste trabalho. Faz-se necessário uma vez que torna-se importante contextualizar a evolução da Sociedade da Informação. Percebemos que o inicio da agricultura e da domesticação de animais marcaram um período importante na evolução da sociedade primitiva. A caça e a coleta deixavam de ser as únicas maneiras de assegurar a sobrevivência e aos poucos o homem deixou pra trás a forma de vida nômade para uma forma de vida sedentária onde através da agricultura o homem conseguiu aumentar a oferta de alimentos e assim diminuiu os efeitos da escassez da caça e coleta. O homem passou a valorizar a terra e a produzir ferramentas para trabalhar essa terra, surgiam assim os primeiros proprietários da terra. Nascia com tudo isso uma nova cultura e uma nova sociedade, mais complexa e rica. Para Toffler (1980), a revolução agrícola marcou a transição da caça e coleta para a agricultura nas sociedades campesinas do passado caracterizando a primeira onda de mudanças. Neste período a forma de gerar riqueza era cultivando a terra. A partir dessa forma de produção de riqueza ocorreram transformações sociais, culturais e políticas. Segundo Toffler (1980), com o colapso do antigo sistema de cultivo feudal desencadeou a liberação de excessiva mão-de-obra vinda do campo para as cidades em busca de meios para sobrevivência, caracterizando assim, na mão-de-obra que seria treinada para a indústria que surgia. A primeira onda ainda não se tinha exaurido pelo fim do século XVII quando a revolução industrial irrompeu através da Europa e desencadeou a segunda grande onda de mudanças planetária. Esse novo processo – a industrialização – começou a marchar muito mais rapidamente através de nações e continentes. (TOFFLER, 1980, p. 27) A Revolução Industrial desencadeou um processo que repercutiu em transformações radicais em todas as áreas da atuação humana. A 12 industrialização e suas propostas de divisão do trabalho, produção em massa e padronizada com seu sistema de produção fabril ligado a evolução tecnológica transformaram a estrutura da sociedade com suas mudanças. Neste modo de produção, o trabalho humano foi transformado em um bem econômico onde sua força de trabalho era trocada por um salário. As instituições de poder da sociedade industrial nasceram no contexto histórico da sociedade agrícola, mas apesar de baseadas no modelo de representação por base territorial oriundo de uma época em que a propriedade da terra era a chave para o poder, rapidamente os revolucionários da sociedade industrial passaram a associar seus modelos de organização política e institucional à matriz fabril (TOFFLER, 1980, p. 82). A Revolução Industrial transformou o modo de produção e fez com que as pessoas deixassem o campo para viverem nos centros urbanos e trabalharem nas fábricas o que aumentou a densidade demográfica na área causando a urbanização. Entre seus efeitos nas famílias surgiu o conceito de famílias nucleares como explica Toffler: A produção econômica deslocou-se do campo para a fábrica, a família não mais trabalhava junta como uma unidade. Para liberar trabalhadores para o serviço na fábrica, funções básicas da família eram distribuídas para novas instituições especializadas. A educação da criança era entregue às escolas. O cuidado dos idosos era entregue a asilos de indigentes ou casas de saúde (...). A chamada família nuclear – pai, mãe e algumas crianças, sem o estorvo de parentes – tornou-se o modelo padrão „moderno‟, socialmente aprovado em todas as sociedades industriais, capitalistas ou socialistas (TOFFLER, 1980: 41-2). Conforme apresentado esta é a nova ambiência que caracteriza a passagem da segunda para a terceira onda, de acordo com a teoria de Toffler (1980) ou a transição da modernidade para a pós-modernidade como trata Kumar (1997) que situa essas idéias em seu contexto histórico em que apresenta os três paradigmas do pensamento social contemporâneo que são a idéia de sociedade de informação e as teorias do pós-fordismo e da pós- modernidade. No entanto Cardoso (1996) evidencia a simultaneidade das três 13 civilizações no mundo, em que os produtos a qual ele chama de primários são fornecidos pelas sociedades da primeira onda. A segunda onda forneceria mão-de-obra barata e uma produção em massa, enquanto a terceira onda responderia pelos novos modos de produção e pesquisa do conhecimento e da informação. Assim como as três ondas para Toffler, a sociedade, segundo Pierre Levy (1999), passou por três etapas sendo a primeira etapa quando as sociedades eram fechadas e voltadas à cultura oral, a segunda etapa com as sociedades civilizadas, imperialistas e com o uso da escrita e a terceira etapa com a Cibercultura1, relativa à globalização econômica que tende a uma comunidade mundial desigual e conflitante. Em observância as teorias apresentadas essas mudanças serviram para os teóricos como inspiração e embasaram seus trabalhos segundo suas linhas de pensamento. Em todas as teorias se observa que a sociedade se transforma a cada dia convergindo para uma sociedade que se baseia na informação pautada nas inovações tecnológicas. Em seguida veremos como se deu o processo de Globalização em si. 2.1. GLOBALIZAÇÃO Com a desmassificação dos meios de comunicação em uma tendência que está se consolidando para sua desfragmentação, a mídia sofre alterações em ritmo acelerado através do aumento da concorrência e por meio dos novos formatos e alternativas inovadoras que são utilizados para atingir seu publico em qualquer lugar de formas criativas e diversificadas. A revolução dos meios de comunicação, e da Internet permitiu o acesso instantâneo à informação e por causa do desenvolvimento das tecnologias da informação e comunicação e consequentemente da redução das distâncias levaram a humanidade a um mundo globalizado como avalia Ianni: 1 Cibercultura é uma expressão criada por Pierre Levy para resumir o mundo digital centralizando múltiplos usos. 14 Os meios de comunicação, informação, locomoção ou intercâmbio reduzem as distâncias, obliteram as barreiras, equalizam os pontos dos territórios, harmonizam os momentos da velocidade, modificam os tempos da duração, dissolvem os espaços e tempos conhecidos e codificados, inaugurando outros, desconhecidos e inesperados. (IANNI, 1995, p.168). Assim mesmo existindo fronteiras tem se a impressão que foram anuladas as distâncias mesmo sem sofrer nenhuma alteração foram encurtadas, os sentidos de tempo e espaço foram alterados a partir da redução do tempo-espaço causados pelos desenvolvimentos científicos e tecnológicos tornando o mundo um lugar único através da tendência a homogeneização cultural. Esse processo pelo qual o espaço mundial adquire unidade é dado o nome de globalização, esse fenômeno teve inicio com as grandes navegações européias a mais de quatrocentos anos. Este fenômeno e definido por Giddens como: A globalização pode assim ser definida como a intensificação das relações sociais em escala mundial, que ligam localidades distantes de tal maneira que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitas milhas de distancia e vice-versa.(GIDDENS, 1991, p.69). Assim dessa forma, a globalização caminha rumo a mundialização da vida com a relação dos eventos e relações sociais à distância com contextualidades locais. Hoje com a internet e as tecnologias disponíveis é possível ter acesso a quase todas as informações do mundo instantaneamente. A globalização é um processo que intensifica as relações sociais, e contribui para uma rede comunicacional que configura a sociedade da informação. A seguir, trataremos do assunto Sociedade da Informação por entender que este assunto contextualiza e está em consonância com o tema abordado por este trabalho. 15 2.2. SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO A sociedade atual é também conhecida como sendo a Sociedade da Informação. Isto se dá uma vez que nesta sociedade a informação assume a condição de recurso indispensável para a evolução da própria sociedade. Esta condição de ter o recurso informação como elemento principal só foi possível uma vez que houve uma evolução natural das condições tecnológicas e sociais para se atingir este novo espectro. A partir dos trabalhos de Alain Touraine (1969) e Daniel Bell (1973) surgiu o desenvolvimento da idéia de uma sociedade da informação. Bell argumentava que as atividades baseadas no conhecimento viriam se tornar a espinha dorsal de uma economia pós-industrial e de uma sociedade baseada na informação. A geração, disseminação e uso efetivo da informação estavam se tornando fatores decisivos na dinâmica da sociedade. Esta tendência ganhou ímpeto nas décadas seguintes, e deu lugar à idéia da "Sociedade do Conhecimento". Intimamente relacionada à "Sociedade da Informação", esta idéia estabelece uma ligação entre informação e conhecimento, mas dentro de um ambiente orientado para a competição de mercado (CRIS, 2003). Esta relação entre sociedade do conhecimento e sociedade da informação acontece na forma que para o conhecimento contribuir para a realização do saber é necessário uma realização tecnológica, isto é, a sociedade do conhecimento precisa da infra-estrutura da sociedade da informação. A sociedade da informação traz uma proposta nova de organização da economia e da sociedade. Nesse modelo novo de organização a informação seria o elemento principal causador de mudanças nessa nova sociedade, moldada pelo novo meio tecnológico, pois na medida em que as pessoas geram, armazenam e disseminam informações e tem acesso a informações de outras pessoas tudo isso funcionaria como um catalisador acelerando o processo de globalização podendo levar a mudanças na cultura e nos costumes da sociedade. Na sociedade da informação as pessoas aproveitam as vantagens da tecnologia em sua vida e neste ambiente a evolução ocorre através dos meios de comunicação como a televisão e a Internet. Essas 16 mudanças visam tirar a sociedade da indiferença preparando-a para enfrentar e tomar responsabilidade das tendências de transformações técnico- econômicas. A sociedade da informação e a rede tecnológica que permite o acesso aos conteúdos informacionais para todos os usuários de uma realidade. Para se entender melhor o assunto, temos que Sociedade da Informação se refere a um: Modo de desenvolvimento social e económico em que a aquisição, armazenamento, processamento, valorização, transmissão, distribuição e disseminação de informação conducente à criação de conhecimento, desempenham um papel central na actividade económica, na criação de riqueza, na definição da qualidade de vida dos cidadãos e das suas práticas culturais. (Livro Verde para a Sociedade da Informação em Portugal) A partir da definição acima se percebe que a sociedade da informação se caracteriza pelo uso de tecnologias quanto a produção, armazenamento e distribuição da informação e do conhecimento que acontece graças as transmissões de dados de baixo custo e as tecnologias de armazenamento que são bastante utilizadas. Nesta sociedade se tem o uso intenso das novas tecnologias de informação e comunicação. Nas palavras de Giannasi (1999, p.21) temos que A definição mais comum de Sociedade da Informação enfatiza as inovações tecnológicas. A idéia-chave é que os avanços no processamento, recuperação e transmissão da informação permitiram aplicação das tecnologias de informação em todos os cantos da sociedade, devido a redução dos custos dos computadores, seu aumento prodigioso de capacidade de memória, e sua aplicação em todo e qualquer lugar, a partir da convergência e imbricação da computação e das telecomunicações (GIANNASI, 1999, p.21). Portanto vemos que uma definição do que vem a ser Sociedade da Informação perpassa a questão do uso maciço de tecnologia juntamente com o avanço na área das telecomunicações. Diante desse cenário torna-se necessário entender como se deu a evolução da Tecnologia da Informação e Comunicação 17 2.3. TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO Como vimos, são características da sociedade da informação a utilização intensiva das tecnologias de informação e comunicação (TICs) onde a informação é utilizada como recurso estratégico e a interação entre indivíduos e instituições é predominantemente digital. A sociedade da informação corresponde a uma sociedade cujo funcionamento recorre crescentemente as redes digitais de informação. Na sociedade da informação o setor de informação e intensivo em conhecimento e não em mão-de-obra desta forma o valor agregado de conhecimento e incorporado ao bem e a informação adquire valor econômico, pois se a informação gera conhecimento e esse quando acumulado possibilita a produção e o avanço cientifico e tecnológico que são responsáveis pela geração de bens e serviços. Assim a informação passou a ser matéria prima para o novo meio tecnológico que passou a ser instrumento das relações humanas e subsídio das novas tecnologias nos tempos atuais. Com o uso maciço das TICs há uma maior promoção de cultura e o desenvolvimento da sociedade da informação alem de produzir ferramentas que auxiliam na organização e disseminação do conhecimento. Pacievitch (2009)2 coloca que “tecnologia da informação e comunicação [...] pode ser definida como um conjunto de recursos tecnológicos, utilizados de forma integrada, com um objetivo comum”. As TICs passaram a exercer uma enorme influência na sociedade e nas relações entre os indivíduos principalmente na maneira como se comunicam tendo um papel importante na transformação e difusão do conhecimento. Com a utilização das novas tecnologias foi possível a troca de informações em curto espaço de tempo, através do acesso às redes e aos avanços das telecomunicações que mudaram os conceitos de presença e distância. Com o mundo globalizado os avanços das tecnologias da informação e comunicação ocorrem de forma acelerada como avalia Dertouzos: 2 Documento on-line não paginado. 18 Essas transformações se manifestam na transmissão de dados à velocidade da luz, no uso de satélites, na revolução da telefonia, na difusão da informática na maioria dos setores da produção e dos serviços e na miniaturização dos computadores e sua conexão em redes à escala planetária.(DERTOUZOS, 1997, p. 106). A revolução das novas tecnologias da informação e comunicação e o conhecimento tecnológico constituem num dos principais meios da globalização e só aceleram o processo devido ao modo como as novas tecnologias são geradas, transmitidas e difundidas. As NTICs caracterizam-se por serem ágeis e por tornarem a informação facilmente transportável. Tal fenômeno se observa por meio da digitalização e comunicação em redes para captação, transmissão e distribuição das informações (texto, imagem estática, vídeo e som). As tecnologias da informação ajudam a humanizar a sociedade na medida que reforça o reconhecimento e o valor do indivíduo. Nos dias de hoje as tecnologias de informação são os principais suporte para a produção e armazenamento de informação. A informação produzida em meio eletrônico e mantida e recuperada através do sistema software e hardware demanda a necessidade de um plano de preservação digital se dá por causa da obsolescência tecnológica típico da indústria de informática. A toda hora são lançadas coisas novas, fazendo com que as tecnologias mais antigas fiquem facilmente obsoletas. O avanço propiciado atualmente pela tecnologia da informação e comunicação só foi possível devido a grande evolução das redes de informação, sobretudo da Internet. Brito (1997) considera que a evolução das Tecnologia da informação está direcionada aos avanços científicos e tecnológicos na área de informática e também relacionada as pressões de um ambiente cada vez mais competitivo. Desse modo com a competitividade globalizada crescente o emprego das Tecnologias da Informação são utilizados para trazer benefícios e resultados desejados. Neste sentido, torna-se oportuno retomar o contexto histórico em que deu a evolução da web, sobre a qual dissertamos a seguir. 19 A história da internet teve inicio durante a guerra fria. Segundo Zevallos (2009)3 A Internet começou em 1969 com o projeto do governo americano chamado ARPANET, que tinha como objetivo interligar universidades e instituições de pesquisa e militares. Na década de 70 a rede tinha poucos centros, mas o protocolo NCP (Network Control Protocol), foi visto como inadequado, então, o TCP/IP foi criado e continua sendo o protocolo base da Internet. No início a Internet tinha poucos serviços, sendo o E-mail, o serviço mais utilizado. O FTP (transferência de arquivos), Telnet (acesso de sessões em hosts) e outros foram criados. A Internet que conhecemos como hoje, foi sendo criada ao longo da década de 80, onde diversas instituições dos EUA e de outros países foram se interligando, criando uma grande rede, mas ainda sem o cunho comercial. A pressão para que empresas pudessem também participar da rede mundial, fez com que no início dos anos 90 fosse aberta para o uso comercial então, que começou um novo mundo. Em 1991, Tim Berners-Lee do CERN, lança o WWW (World Wide Web), que foi a base para que Marc Andreesen, lança- se em o Mosaic para Unix em fevereiro de 1993 e em agosto do mesmo ano, eles lançaram a versão para o Windows. Com a internet criou-se um novo espaço para o conhecimento a expressão e comunicação humana. A internet e considerada o maior sistema de comunicação desenvolvido pelo homem. Figura 1 – Internet Fonte: Documento eletrônico não paginado 3 Documento on-line não paginado. 20 A Internet é um conglomerado de redes em escala mundial de milhões de computadores interligados pelo Protocolo de Internet que permite o acesso a informações e todo tipo de transferência de dados. A Internet e as TI tem transformado a maneira como as pessoas buscam e interatuam no mundo virtual. A World Wide Web é um sistema interligado de documentos acessados via Internet que com um navegador da Web, torna possível a visualização de páginas Web. A web pode ser caracterizada como uma teia como bem explica Leão: O que faz da Web uma teia, uma rede na qual uma complexa malha de informações se interligam, é a própria tecnologia hipertextual que permite os elos entre os pontos diversos. Cada página, cada site, traz em si o potencial de se intercomunicar com todos os outros pontos da rede. (LEÂO, 2001, p. 24) A Word Wide Web também conhecida como teia mundial, e uma nova estrutura de navegação pelos diversos itens de dados em vários computadores diferentes. A web trata os dados da Internet como hipertexto, através de links e hiperlinks entre as diferentes partes do documento permitindo assim que as informações sejam exploradas interativamente e não apenas de forma linear. A utilização da web só acontece quando se esta navegando através das homepages para acessar um site e outras páginas que fazem parte deste conjunto de páginas escritos em uma linguagem de marcação chamada Hyper Text Markup Language (HTML). Concluindo a Internet é a rede de computadores e a web é a interface gráfica da Internet, pois e possível acessar a Internet, transferir arquivos e realizar outras operações básica sem precisar de uma interface gráfica. A revolução contemporânea das comunicações da qual o espaço virtual, por intermédio da tecnologia, permite que a comunicação ocorra de um modo não presencial e a manifestação mais marcante, e exemplificada abaixo por Levy: Um computador e uma conexão telefônica dão acesso a quase todas as informações do mundo, imediatamente ou recorrendo a redes de pessoas capazes de remeter a informação desejada. Essa presença virtual do todo em qualquer ponto encontra, talvez, o seu paralelo físico no fato de que um edifício qualquer de uma cidade grande 21 contém elementos materiais vindos de todas as partes do mundo, concentrando conhecimentos, competências, processos de cooperação, uma inteligência coletiva acumulada ao longo dos séculos, com a participação, de alguma maneira, dos mais diversos povos (LEVY, 1998, p.40). A rede mundial de computadores tornou-se uma poderosa ferramenta de comunicação devido a facilidade de acesso e a amplitude de cobertura da nova tecnologia. tornando possível a circulação praticamente instantânea de informações em escala global. A Internet tornou-se o principal serviço de conectividade e esta cada vez mais presente nas vidas das pessoas. Como foi colocado anteriormente, uma das vantagens que tem propiciado a Internet é justamente a possibilidade de se gerar maior difusão da informação. Porem, paradoxalmente quanto mais informações coloca-se na rede mais necessidade se tem de organizá-la, tratá-la e preservá-la. Diante disse, debatermos em seguida a questão de como se dá a preservação documental e digital da informação. 22 3 PRESERVAÇÃO DOCUMENTAL E DIGITAL A necessidade de perpetuar a informação devido a sua importância fez com que o homem tivesse a necessidade de preservar os suportes documentais onde a informação esta contida, pois preservando o suporte se preserva também a informação. Dessa forma é possível se preservar o patrimônio histórico alem de garantir o enriquecimento cultural das futuras gerações. Preservar é manter vivo o patrimônio memorial e cultural de um povo. A idéia da preservação reside em guardar esta produção intelectual e cultural para posteridade. Preservar e ter memória, é estar apto para conservar os acertos e evitar os erros, pois através da preservação evoluímos, quando preservamos temos sempre um ponto de partida para algo novo e melhor. Em se tratando de informação e conhecimento a preservação se dá sobretudo pelo registro A preservação documental se propõe a preservar os documentos. O conceito de documento segundo Soares é: toda informação registrada em um suporte material, suscetível de ser utilizado para consulta, estudo, prova e pesquisa, pois comprovam fatos, fenômenos, formas de vida e pensamentos do homem numa determinada época ou lugar. (SOARES 2003, p. 6) A partir da definição apresentada se percebe a união estabelecida pela informação e seu suporte. O conceito de documentos pode ser estendido a todos os suportes físicos para registro da informação existente apresentados nas formas impressa, visual, eletrônica e etc. A Preservação documental tem por objetivo contribuir com a integridade dos materiais através de medidas e estratégias que interrompam ou amenizem a degradação dos documentos permitindo um aumento da vida útil e garantindo a qualidade do acesso as informações. Christo (2006) explica a preservação como sendo: o conjunto de técnicas e métodos que visam conservar os documentos de arquivos e bibliotecas e as informações neles contidas, assim como as atividades financeiras e administrativas 23 necessárias, os equipamentos, as condições de armazenagem e a formação de pessoal. (CHRISTO, 2006, p. 22) De acordo com a explicação acima a preservação e a política que estipula os resultados a serem obtidos junto aos processos e atividades que serão desenvolvidas para a preservação do acervo. A preservação são as medidas que garantem o acesso ao patrimônio documental. Os termos preservação e conservação já foram usados no passado para definir o mesmo conjunto de ações, com o desenvolvimento de novas tecnologias para o registro da informação, novos conceitos foram desenvolvidos para preservação e conservação. A preservação e a conservação de um documento consideram alem de sua estrutura física o conteúdo e o seu valor como obra. A conservação esta relacionada a integridade dos documentos que visa minimizar a deterioração, seu conceito e explicado por Christo como: o conjunto de ações que visam estabilizar, desacelerar ou interromper o processo de degradação de documentos de arquivos e bibliotecas, por meio de controle ambiental e procedimentos técnicos específicos. (CHRISTO 2006, p. 22), A partir da definição acima a conservação também pode ser definida como aquelas ações que oferecem subsídios para que os documentos possam ser utilizados, considerando as condições necessárias para este fim isto é as condições climáticas adequadas, a limpeza, o acondicionamento e etc. A história dos documentos e consequentemente a necessidade de sua preservação teve inicio quando o homem através da utilização de ferramentas e instrumentos descobriu suportes que poderiam ser aplicados para registrar o conhecimento. Nos primórdios da humanidade as imagens estavam presentes em representações nas cavernas através das pinturas rupestres. Os homens das cavernas pintavam suas figuras, muitas vezes, diretamente sobre a superfície das rochas. O homem compreendeu que conservar as informações adquiridas era vital para o desenvolvimento individual e coletivo. Mesmo os povos mais primitivos que não desenvolveram uma linguagem escrita encontraram outros meios de comunicar-se entre si. Em seu caminho rumo a escrita o homem fez 24 uso de pictogramas4 e aos poucos foi desenvolvendo o alfabeto ao juntar letras, o homem criava palavras, ao juntar estas palavras formava frases e assim a sua historia e idéias foram transmitidas para os seus semelhantes e descendentes. Enquanto a linguagem evoluía, os suportes e meios de comunicação também se aperfeiçoavam. A pedra esteve entre os primeiros suportes utilizados pelo homem, mas também foram utilizados diversos outros suportes ao longo das épocas segundo HUNTER (1978), como a madeira, metais, pedras, troncos, tecidos, papiro, pergaminho e, finalmente, papel. O papiro foi muito usado no Egito e é um dos suportes mais famoso da Antiguidade. De acordo com as informações obtidas na Enciclopédia do Estudante sobre o papiro: Planta aquática do rio Nilo, o papiro é uma espécie de junco. Os antigos egípcios usavam seu talo para fabricar uma espécie de papel 5 , no qual escreviam com uma pena de junco. [...] embora outros povos da antiguidade houvessem feito uso de tabuas de argila, o papiro mostrou-se mais conveniente para a escrita. Essa vantagem fez com que os egípcios deixassem uma quantidade maior de escritos. (PAPIRO, c1973, p.1039) Entre os fatores que colaboraram para o que se sabe sobre essa civilização esta a escolha do suporte, que pode chegar ate nós através dos rolos de papiro que se mantiveram conservados graças ao clima bastante seco do Egito. Desta forma ajudando a conservar e preservar a historia desta civilização. Ao longo dos séculos ainda foram usados por diversas civilizações como suporte: madeira, tecido, cortiça e etc. O papel substituiu outros materiais usados nos períodos precedentes sua origem e descrita de acordo com a informações da Enciclopédia do Estudante: O papel foi inventado no ano 105 d.C. por Ts‟ai Lun, funcionário imperial chinês. Em sua fabricação, a matéria-prima, como cortiça, trapos de pano, redes de pescar e fibras vegetais, era macerada e as fibras resultantes dissolvidas na água, formando uma pasta. Essa pasta era depois colocada num molde, onde se escoava a água , obtendo a folha. A dissolução e seu remanejamento em folhas de 4 Pictograma é um símbolo que representa um conceito ou objeto na forma de ilustração. 5 A palavra papel vem de papiro 25 papel é que diferençavam o produto daqueles materiais que até então eram usados. (PAPEL, c1973, p.1038) Com o tempo se descobriu que a produção de papel poderia ser feita através da polpa da madeira a partir daí a madeira passou a constituir a matéria-prima principal. O papel tornou-se o suporte mais utilizado e assim através desses suportes a informação e o conhecimento passaram pelas épocas e chegaram a atualidade. Com o advento das tecnologias surgiram novos suportes e novas possibilidades de conservação e preservação documental. No quadro 1 e apresentado um breve histórico sobre a evolução dos suportes. Quadro 1 - Fases de evolução dos documentos DOCUMENTOS Período Suporte utilizado Mensagem Antes de 6.000 AC Material disponível na natureza: ossos, cascas de animais, madeira. Sinais, desenhos e marcas mnemônicas. 6000 AC e final do séc. XIX Material elaborado para uso especifico: argila, pergaminho, papiro e o papel. O conteúdo da mensagem se apresenta estruturado mas apresentado sob a forma de texto ou ilustrações e pinturas. Desde o final do séc. XIX até hoje Material elaborado para uso especifico com maior grau de sofisticação: papel moderno, películas, mídias magnéticas e ópticas. Além do conteúdo estruturado, há uma miríade enorme de formas de apresentação além do textual: imagens fixas e em movimento, bancos de dados, planilhas e etc. Fonte: (BODÊ, 2008 p.42) A partir da tabela pode-se inferir que com o surgimento das mídias magnéticas e ópticas o acesso a esses conteúdos só poderia ser feito através de maquinas e a partir daí surgiriam novas consequências para a preservação destes documentos. A seguir abordaremos a questão da preservação digital. 26 3.1. PRESERVAÇÃO DIGITAL Como vimos, ao longo dos tempos o homem vem deixando marcas isto é, registros do que fez ou faz, seja através de pinturas rupestres, papiros, papeis e atualmente suportes digitais como: CDs, DVDs, pen drives, ambientes virtuais e etc. Os materiais que eram tradicionalmente produzidos em meio analógico com a chegada das tecnologias da informação passaram a ser produzidos no meio digital onde a possibilidade de comunicação e difusão e maior mas por outro lado existe o risco de perdas e danos e degradação de uma forma geral. Com o surgimento dos computadores e o desenvolvimento da eletrônica surgiram também as tecnologias aplicáveis aos documentos onde os conteúdos passaram a ser armazenados sob a forma digital tornando-o um objeto digital. Para Ferreira, (2006, p. 21) “Um objeto digital pode ser definido como todo e qualquer objeto de informação que possa ser representado através de uma sequência de dígitos binários”. A definição abrange e engloba todos os documentos que possam ser representados digitalmente. Os objetos digitais podem ser documentos de texto, fotografias digitais, bases de dados, e etc. Um documento digital e composto por bits e necessita de um ambiente tecnológico composto por componentes físicos (hardware) e por componentes lógicos (software) para permitir o acesso e a interpretação dos conteúdos. Figura 2 – cadeia de interpretação do nível físico ao conceptual Fonte: (FERREIRA, 2006, p. 24) 27 Os softwares interpretam a informações contidas nos suportes para que possam ser interpretadas pelo ser humano entre os diferentes suportes físicos que o documento digital pode ser inscrito estão: CD-ROM, DVD, Hard Drive, pen drive e etc. A dependência do ambiente tecnológico é a maior ameaça e a maior vulnerabilidade dos documentos digitais, onde os softwares e os equipamentos informáticos passam por constantes evoluções que os tornam expostos a obsolescência técnica e comercial e os suportes são mais susceptíveis à deterioração e degradação física, quando comparados com os suportes analógicos. Ao longo dos anos a expectativa de vida de cada suporte diminuiu, os suportes analógicos também se tornaram perecíveis com o passar do tempo como observa Schellenberg: Os documentos antigos e medievais eram feitos de argila, papiro, pergaminho e velino, materiais resistentes e de grande durabilidade. Mesmo os documentos da idade moderna, ate meados do século XIX eram feitos de papel fabricado de trapos (algodão, linho e cânhamo) também relativamente resistentes e duráveis. (SCHELLENBERG, 1974, p.202-203) O meio analógico por ter maior durabilidade e confiabilidade por já ter as técnicas de conservação e preservação destes materiais bem consolidadas comparada com a preservação em meio digital, este meio por outro lado tem maior poder de difusão custo mais baixo e onde sua preservação esta no poder de preservar as fontes em diversos locais. A informação que esta registrada em meio digital não esta segura este risco e reduzido através das estratégias e alternativas da preservação digital. A preservação digital esta relacionada com a aplicação de estratégias e técnicas capazes de tornar possível a permanência continuada de informações para uso das futuras gerações sem perder de vista os impactos das mudanças tecnológicas. Para Arellano (2004) a preservação digital é definida como mecanismos que permitem o armazenamento em repositórios de dados digitais que garantam a perenidade dos seus conteúdos, integrando a preservação física, lógica e intelectual dos objetos digitais. Ferreira define a preservação digital como a capacidade de: 28 Garantir que a informação digital permaneça acessível e com qualidades de autenticidade suficientes para que possa ser interpretada no futuro, recorrendo-se a uma plataforma tecnológica diferente da utilizada no momento de sua criação. (FERREIRA, 2006, p.20). Através dessas duas definições pode se constatar que o propósito da preservação digital é conseguir manter os documentos digitais acessíveis para serem recuperados posteriormente. Preservação digital e o conjunto de metodologias para conservação desses suportes visando a transmissão destes para as gerações futuras. O desafio da preservação digital é manter ativa a informação em meio digital visto que a preservação digital não e apenas preservar a base o suporte onde a informação esta, mas também conservar o código lógico o software que foi gerado pra produzir esta informação. A preservação física, lógica e intelectual é esclarecida por Arellano: A preservação física está centrada nos conteúdos armazenados em mídia magnética (fitas cassete de áudio e de rolo, fitas VHS e DAT etc.) e discos óticos (CD-ROMs, WORM, discos óticos regraváveis). A preservação lógica procura na tecnologia formatos atualizados para inserção dos dados (correio eletrônico, material de áudio e audiovisual, material em rede etc.), novos software e hardware que mantenham vigentes seus bits, para conservar sua capacidade de leitura. [...] No caso da preservação intelectual, o foco são os mecanismos que garantem a integridade e autenticidade da informação nos documentos eletrônicos. (ARELLANO, 2004, p.17) As questões relacionadas à preservação digital vão alem da seleção do que deve de ser preservado. Esta problemática abrange um grande numero de elementos a serem considerados: as circunstâncias de como preservar esses objetos, se a longo ou curto prazo, quem será o responsável pela preservação, os custos envolvidos durante o processo, a necessidade de política e estratégias que assegurem a eficiência durante o ciclo de vida do recurso digital. Arellano chama atenção para dois métodos para preservação de objetos digitais: Os principais métodos recomendados para a preservação dos objetos digitais podem ser agrupados em dois tipos: os estruturais e os operacionais. Os estruturais tratam dos investimentos iniciais por parte das instituições que estão se preparando para implementar algum processo de preservação e que adotam ou adaptam um dos 29 modelos de metadados existentes ou seu próprio esquema. As atividades operacionais são as medidas concretas aplicadas aos objetos digitais. (ARELLANO, 2004, p.18) A seguir serão apresentadas algumas estratégias de preservação digital com seus conceitos e mais adiante as dimensões do objeto digital preservada. 3.1.1. Preservação Tecnológica Nesta técnica e possível a apresentação dos objetos digitais graças às boas condições de hardware e software isto é mantendo disponível para uso a tecnologia em que o objeto digital foi criado. Ferreira a descreve como: Uma das primeiras estratégias de preservação a ser proposta consiste na conservação do contexto tecnológico utilizado originalmente na concepção dos objetos digitais que se procuram preservar (FERREIRA, 2006, p.32). A característica principal desta técnica e a preservação do objeto digital e seu ambiente (níveis físico e lógico). É uma opção bastante dispendiosa e tecnologicamente complexa. Considera-se indispensável manter competências para operar com sistemas mas subsiste o risco de descontinuidade no fabricante. “Apesar de na pratica ainda ser uma opção utilizada por muitas organizações, podemos considerá-la em declínio” (SARAMAGO, 2002, p.61). Entre os riscos nesta estratégia estão: a perda de suporte, custos de manutenção elevados, incompatibilidades com novas tecnologias e etc. 3.1.2. Refrescamento O refrescamento e a técnica que consiste em transferir a informação que se encontra em um suporte digital (disquete, CD-ROM, DVD e etc.) para outro de mesmo tipo ou mais atual podendo ainda este novo suporte ser de uma tecnologia diferente e com maior capacidade. “Garantir a integridade do 30 suporte é fundamental para que a informação nele armazenada possa ser corretamente interpretada” (FERREIRA 2006, p.33).Para evitar que o suporte físico se deteriore ou mesmo fique obsoleto levando consigo a perda da informação o refrescamento surge como uma atividade necessária no contexto da preservação. O refrescamento e uma técnica de preservação digital a nível do objeto físico/lógico, e um processo que não envolve grandes investimentos com equipamentos nem requer um elevado nível de conhecimento técnico para sua realização. Embora afirmem que o refrescamento não seja considerado uma estratégia de preservação por resolver apenas o problema da degradação/obsolescência do suporte é uma técnica importante para a preservação digital. 3.1.3. Migração Neste processo ocorre a transferência de um documento de arquivo de um sistema ou suporte de armazenamento para outro, para garantir a acessibilidade mantendo os objetos digitais compatíveis com as tecnologias atuais e evitando que o sistema ou suporte se degrade ou se torne obsoleto. E a estratégia mais utilizada atualmente pelas instituições que buscam preservar os objetos digitais. Sobre a migração Arellano (2008, p.63) explica que: O propósito da migração é preservar a integridade dos objetos digitais e assegurar a habilidade dos clientes para recuperá-los, expô-los e usá-los de outra maneira diante da constante mudança da tecnologia. A importância da migração é transferir para novos formatos enquanto for possível, preservando a integridade da informação. A transferência para novos formatos, preserva a integridade da informação original. Para preservar, é necessário estabelecer um formato padrão para o metadado, para que qualquer software seja possível abri-lo. Mazzarollo (2008, p.4) acrescenta que: A partir desse modelo padronizado, é necessário estabelecer normas e critérios que regulam os procedimentos, passo a passo, adequados 31 para salvar os arquivos. Para questões de segurança de dados, a migração também pode ser feita para suportes analógicos como papel e microfilme; apenas objetos digitais estáticos, como textos ou imagens, podem usufruir desse método de migração (objetos dinâmicos ou interativos não podem ser simplesmente impressos em papel, por exemplo). Outro método de migração consiste na versão mais atualizada do software gerador de dados que, apesar de sua facilidade de uso e aplicação, é bastante dispendioso e caro. Entre as vantagens da migração esta o acesso rápido aos recursos graças ao formato padrão em que se encontra o documento. Esta é uma estratégia de preservação que pode ter algumas desvantagens, como um alto custo, o tempo que se leva a realizar o processo, a falta de progressão. Apesar destas desvantagens, e uma das estratégias mais aplicadas devido à sua eficácia. 3.1.4. Emulação A emulação é uma estratégia bastante importante para a preservação digital. Arellano (2008, p.68), a descreve como: As técnicas de emulação sugerem a preservação do dado no seu formato original, por meio de programas emuladores que poderiam imitar o comportamento de uma plataforma de hardware obsoleta e emular o sistema operacional relevante. O processo consiste na preparação de um sistema que funcione da mesma forma que o outro do tipo diferente, para conseguir processar programas. Neste processo se reproduz o comportamento e o resultado de um material digital obsoleto através do desenvolvimento de novo hardware e/ou software para permitir a execução da antiga aplicação de software em computadores no futuro. Segundo Ferreira (2006), “essa estratégia tem a vantagem de preservar as características e as funcionalidades do objeto digital original com um grau elevado de fidelidade”. Os emuladores permitem uma experimentação fidedigna. A emulação pode ocorrer a nível de software onde se emula a aplicação original e o sistema operacional onde a aplicação ocorre, e a nível de hardware onde se emula o ambiente de hardware emulado em software através de informação que respeite suas características. O uso de emuladores pressupõe que no futuro os utilizadores serão capazes de operar as aplicações e sistemas operativos obsoletos e desaparecidos. 32 3.1.5. Encapsulamento A técnica do encapsulamento mantém a aparência original do recurso digital para seu uso no futuro. O encapsulamento salvaguarda o interesse do usuário para o futuro. Ferreira (2006 p. 43) descreve como: A estratégia de encapsulamento consiste em preservar, juntamente com o objeto digital, toda a informação necessária e suficiente para permitir o futuro desenvolvimento de conversores, visualizadores ou emuladores. Esta informação poderá consistir, numa descrição formal e detalhada do formato do objeto preservado. também fazem parte das informações a serem encapsuladas os elementos necessários para visualização do objeto digital como também os sistemas operacionais que devem ser usados em conjunto. A finalidade do encapsulamento é prevenir que os dados que foram criados hoje e são ignorados possam ser preservados para que no futuro quando necessário sejam recuperados como foram criados. 3.1.6. Normalização A normalização tem como objetivo simplificar o processo de preservação reduzindo o número de formatos distintos sendo esta característica que o diferencia da migração. A normalização também tem como objetivo a redução dos custos da preservação. A escolha do formato de normalização é vital no sucesso desta estratégia. As estratégias digitais até o momento foram apenas conceituadas, a seguir, na figura 3, será apresentada a aplicação de cada estratégia como também a ênfase no objeto em questão preservado seja físico, lógico ou conceitual. 33 Figura 3 – classificação das diferentes estratégias de preservação digital Fonte: (FERREIRA, 2006, p. 32) A partir da figura pode se constatar que em nenhuma estratégia se preservar simultaneamente todas as dimensões (física, lógica e conceitual) dos objetos digitais. Dessa forma nenhuma estratégia e por si só completa apenas através da combinação de todas e possível preservarem a informação digital. A escolha das estratégias de preservação digital que garantam o acesso aos objetos digitais será definida de acordo com as características dos objetos digitais os custos envolvidos e etc. A seguir traçaremos um panorama do lócus onde foi realizado este trabalho a fim de caracteriza-lo e identificar as práticas relacionadas a preservação documental e digital. 34 4. NÚCLEO TEMÁTICO DA SECA E DO SEMI-ÁRIDO: CONTEXTUALIZA- ÇÃO DO AMBIENTE DA PESQUISA O Núcleo Temático da Seca e do Semi-árido do Rio Grande do Norte (NUT-SECA), é um Centro de Documentação especializado na temática seca e semi-árido e sociedade sertaneja norte-rio-grandense. Sobre o NUT-SECA sua origem e sua historia são caracterizados pela professora Renata de Carvalho em sua dissertação de mestrado: O Núcleo Temático da Seca - NUT-SECA iniciou com o Projeto Rio Grande do Norte – PRN, inserido no Plano de Ação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN para o período 1980-1983. Nesse Projeto foram definidos três temas considerados como pesquisa de base: 1 – Sistema Produtivo, 2 – Sistema de Poder e 3 – Sistema de sobrevivência e reprodução da população norte-rio- grandense. Além das pesquisas de base o projeto apresentava pesquisas auxiliares que abordavam problemas derivados dos temas mais diversos. Entre as pesquisas auxiliares detectou-se uma denominada “A Problemática da Seca” cujo objetivo geral buscava estudar as mudanças decorrentes do impacto da seca. ... No Projeto “A Problemática da Seca”, ficou evidenciada a preocupação com a execução do ensino, da pesquisa e da extensão, consideradas como as funções básicas da Universidade. A melhoria do ensino seria atingida com a ampliação das informações disponíveis sobre o fenômeno da seca e de modo especial com as suas repercussões no estado do Rio Grande do Norte; a pesquisa seria realizada através da elaboração de um novo saber sobre a seca; a extensão seria efetuada com a transferência de informações para a comunidade sobre esse fenômeno, através de Feiras de Arte, Ciência e Tecnologia e Encontros Municipais. Os trabalhos de pesquisa tinham como eixo central a realização de uma avaliação diagnóstica qualitativa sobre a Seca e Semi-árido do estado do Rio Grande do Norte, onde a seca é uma ocorrência cíclica e fator condicionante do desenvolvimento econômico. ... Em 1992 o Projeto “A Problemática da Seca” passou a ser chamado Núcleo Temático da Seca – NUT-SECA, dando início ao processo de institucionalização de Núcleos Temáticos na UFRN. (CARVALHO,1998) Diante do que foi apresentado O NUT-SECA surgiu de um programa acadêmico e tem como objetivo estudar o fenômeno da Seca em seus aspectos físico, sociais, econômicos e políticos, fornecendo dessa forma informações sobre esta temática, em especial as decorrentes no estado do RN. Seu acervo e rico e diversificado sobre a temática da seca e referência para 35 estudiosos e pesquisadores com interesse nessa problemática. Em 1992 o Projeto A Problemática da Seca passou a se chamar Núcleo Temático da Seca - NUT-SECA em conseqüência das diretrizes da Pró-Reitoria de pesquisa e pós-graduação que decidiu pela institucionalização dos núcleos temáticos na UFRN. Com a sua institucionalização tornou-se um órgão vinculado ao Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O desenvolvimento do NUT-SECA aconteceu devido ao levantamento de documentos sobre a temática da seca realizado por grupos de professores e pesquisadores na qual se destaca a importância da professora Terezinha de Queiroz Aranha que dedicou anos de sua vida a pesquisa deste tema e foi a idealizadora do núcleo. Seus objetivos são definidos por Carvalho (1998): a) oferecer a comunidade universitária e norte-rio-grandense informações sobre a temática seca e semi-árido; b) apoiar os programas de ensino, pesquisa e extensão em suas necessidades de acesso à informação especializada em seca e semi-árido; c) dinamizar a produção científica concernente a seca e semi-árido. O NUT-SECA encontra-se dentro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e oferece aos seus usuários inúmeros trabalhos realizados pelos próprios pesquisadores do Núcleo além de orientação, pesquisa bibliográfica e acesso a informação tanto impressa como digital. O Núcleo encontra-se aberto ao público de segunda a sexta das 8:00 às 12:00hs e das 14:00 às 18:00hs. Seu endereço eletrônico é: www.ccsa.ufrn/NUT- SECA. Atualmente o NUT-SECA dispõe de uma equipe formada por: Coordenação: Profª. Mônica Marques Carvalho - Diretora; Profª. Renata Passos Filgueira de Carvalho – Vice-Diretora. 36 Comitê Científico: Profª. Terezinha de Queiroz Aranha; Profª. Luciana Moreira Carvalho; Profª. Isa Maria Freire; Profª. Raimunda Gonçalves de Almeida; Profº. Silvio Bezerra. Secretraria: Maria de Fátima Carvalho. Carlos Alberto Meireles Processamento de Dados: Lúcia Maranhão. E Bolsistas Midinay Gomes Bezerra Carlos Andre Cruz Bezerra Sebastião Carlos dos Santos Silva Sua documentação esta organizada em Coleções Temáticas tais como: A Universidade e a Questão Nordestina; Seca e Semi-Árido; Coleção da Carnaúba; Vale do Assú ou Projeto Baixo-Assú A presença desses materiais serve para apoiar pesquisadores, usuários que necessitem de informação sobre o assunto e também serve de Laboratório para os Pesquisadores Aprendizes; Tradicionalmente o Núcleo tem sido considerado um lócus de pesquisa e Laboratório de Praticas de Documentação 37 e historicamente tem realizado diversas publicações cientificas em forma de livros, artigos de periódicos, monografias, teses e dissertações, entre outros. O Núcleo contempla em sua estrutura um Laboratório de Tecnologia da Informação, o Liber/DEBIB fundado através de parceria firmada entre UFRN e UFPE; Este laboratório serve de apoio às praticas relacionadas ao tratamento digital da informação através da manipulação de objetos digitais. O referido núcleo também serve de Laboratório de Praticas de Documentação por parte dos alunos de Biblioteconomia Para garantir o cumprimento dos objetivos propostos o Núcleo trabalha em torno da tríplice função da Universidade: Ensino, Pesquisa e Extensão; Diante disso trabalha em projetos pontuais que visam a produção de novos conhecimentos a partir de práticas de tratamento, organização e difusão da informação. 4.1. TÉCNICAS DE PRESERVAÇÃO UTILIZADAS NO NÚCLEO TEMÁTICO DA SECA No Nut-seca enquanto Centro de Documentação são realizadas algumas ações de Preservação Documental e Digital. Em relação à Preservação Documental são realizadas operações tais como organização, tratamento, higienização, acondicionamento e guarda do acervo presente no Núcleo. Neste sentido, todas as operações realizadas em torno da preservação documental são no sentido de se coletar informações de interesse dos usuários no sentido de perpetuar a memória relacionado a temática central e temas adjacentes a seca e semi-árido. Para a perpetuação dos registros são realizadas procedimentos de digitalização dos documentos que se constitui na transformação dos objetos físicos, impressos digitalização em objetos digitais. Diante desses tipos mencionados anteriormente, a etapa de digitalização de documentos se reveste como a ação principal de preservação documental neste ambiente. Entendemos que a digitalização não é o simples ato de 38 transformar os objetos em artefatos digitais, na realidade trata-se de organizar, tratar, representar adequadamente as informações contidas nos itens para que se torne recuperável em um ambiente digital. Entendemos que a digitalização promove além do acesso a informação, a preservação, conservação e guarda do material em meio digital. A digitalização do acervo do NUT-SECA faz parte da rede de Projetos de Revitalização que será disponibilizado através da Biblioteca Digital e do Portal de Informação sobre a Seca. Este Projeto teve o apoio do Centro de Ciências Sociais Aplicadas em projetos científicos submetidos a FINEP6, que contribuíram com os recursos necessários para a compra dos materiais que seriam utilizados no processo de digitalização do acervo. O NUT-SECA tem em seu acervo quatro grandes coleções: A Universidade e a Questão Nordestina Seca e Semi-Árido Carnaúba Vale do Assú ou Projeto Baixo-Assú. Com o projeto de digitalização do seu acervo, ficará disponível além do formato impresso o formato digital. Antes de prosseguir vejamos o conceito do que vem a ser a digitalização. A digitalização é a conversão de documentos impressos para arquivos digitais, seguido por um processo de classificação de documentos, que garante a rápida localização das informações. Sobre a importância da digitalização para o Nut-Seca, Carvalho comenta: A digitalização do acervo do Nut-Seca, com fins pragmáticos de preservar a memória documental do referido Núcleo e de proporcionar uma difusão mais ampliada destas informações, se faz necessária para nos adequarmos à sociedade atual, que se encontra pautada no elemento informação. (CARVALHO 2004, p. 111-112) 6 Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) do Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil. 39 O aumento de produtividade, por conta do acesso rápido à informação é um dos principais fatores a realizar a digitalização. Além disso, a logística de documentos e maior segurança das informações armazenadas também são benefícios bastante valorizados por quem busca uma solução de digitalização. A digitalização esta sendo realizada pelo Laboratório de Tecnologia da Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LIBER) que esta sob a Coordenação das professora Mônica Marques Carvalho e Renata Passos Filgueira de Carvalho do Departamento de Biblioteconomia da UFRN. Segundo Aguiar (2005, p. 4), “o objetivo do Laboratório Líber/UFRN é a realização de trabalhos voltados à digitalização com o intuído de promover o acesso remoto às informações contidas nos materiais impressos.” Dessa forma a digitalização realizada pelo Laboratório LIBER visa promover o acesso dos usuários a materiais que antes só eram encontrados em formato impresso. Para facilitar no momento da digitalização, Bezerra (2010) sugere os seguintes passos: 1. A organização e armazenamento documental do material impresso para que se possa da inicio ao processo da digitalização; 2. Escolha dos equipamentos tanto hardware como software a serem utilizado no processo, ou seja, o uso da tecnologia da informação; 3. Organizar o acervo digital de acordo com impresso para facilitar a busca do material em loco; 4. Criar possíveis descritores que os usuários usarão para busca e a recuperação da informação; 5. Disponibilização desse material na rede mundial de computadores. O processo de digitalização pode ser separado em três etapas: Scanear/Digitalizar documentos (com um equipamento scanner) Classificar Recuperar informações Durante a etapa da digitalização alguns elementos devem ser levados em conta para que o resultado obtido seja satisfatório: 40 Formatos de arquivo – os dados em um computador são armazenados em unidades chamadas arquivos que por sua vez são formados por uma sequencia de bits (0 ou 1). Dessa forma e possível os mais diversos tipos de arquivos que são diferenciados entre si por suas extensões. A forma como esses arquivos podem ser organizados define algumas de suas propriedades como número de cores, resolução, etc. Por isso e necessário a escolha do formato de arquivo mais adequado. Resolução – e a característica que determina a qualidade de um documento digital. Qualidade – visa garantir a melhor imagem por meio dos recursos do software que realiza a digitalização e/ou ferramentas de edição de imagem. Estas ações permitem eliminar ou minimizar efeitos negativos da digitalização. Cores – As cores são um aspecto importante, pois podem ser influenciadas pelo nível de iluminação no momento da captura, capacidades do sistema de digitalização e etc. Todas essas características são decisivas no resultado final da digitalização. A seguir rotina promovida pelos os estagiários do LIBER da UFRN inscritos no fluxograma criado por Carlos Bezerra que exemplifica a rotina da digitalização e da busca e recuperação da Coleção Carnaúba do NUT-SECA. 41 Figura 4 - Fluxograma do processo de digitalização Fonte: (BEZERRA, 2010, p.11) Neste fluxograma esta representado de forma dinâmica a rotina ou a sequencia normal de trabalho na digitalização. O material é previamente selecionado e antes de ser digitalizado e observado seu estado de 42 conservação que definira onde será a digitalização se a folhas estiverem soltas será no ADF (alimentador de documentos automático), se estiverem unidas ou o material estiver danificado será na mesa de scanner. Em seguida é preciso saber se o documento vai ter OCR (reconhecimento ótico de caracteres) nos documentos digitalizados com OCR isso permite que o texto do documento digitalizado seja utilizado, por exemplo, para ser copiado em um documento do Word ou em um email. Em seguida converte o formato Word para PDF (Portable Document Format) para representar documentos de texto estruturado. Se por outro lado for decidido que o material não vai ter OCR então o objeto digital será uma imagem e será tratado num editor de imagens no caso em questão o Adobe Photoshop 7.0. logo após o material passa por tratamento técnico antes de ser disponibilizado para os usuários. A digitalização de documentos tem sido uma importante ferramenta para o melhor gerenciamento de documentos e conteúdos em papel, por permitir que se tenha mais segurança no armazenamento dos conteúdos e ao mesmo tempo facilitar o acesso aos objetos digitais diminuindo o tempo de recuperação da informação. A digitalização também dinamiza o acesso e a disseminação da informação, mas para isto é necessário promover estratégias que permitam o tratamento, a guarda e preservação do material informacional isto e um gerenciamento eletrônico dos documentos visando garantir a permanência do conteúdo para disponibilização e uso em ocasiões futuras. No NUT-SECA todas as ações de digitalização objetivam a melhor e mais estratégica difusão da informação, acredita-se que o rico manancial documental encontrado no núcleo deva ser socializado para que novos conhecimentos sejam produzidos a partir dessas informações causando impactos positivos para a sociedade atual. 43 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do que foi exposto este trabalho teve como objetivo Identificar na literatura as técnicas existentes de preservação digital, Identificar a existência de praticas de preservação documental no Nut-Seca, descrever o processo de tratamento dos objetos digitais no Nut-Seca, Identificar as competências necessárias para a realização da Preservação Digital no Nut-Seca. A realização da presente monografia apresentou o primeiro capitulo que tratou da parte introdutória onde foi esclarecido ao leitor o tema abordado. O segundo capítulo, o referencial teórico, teve como objetivo justificar os conceitos que fazem parte da temática apresentada através da consulta da literatura de autores e pesquisadores. Foram enfocados os assuntos relacionados a Globalização, Sociedade da informação e as Novas tecnologias de informação e comunicação, para em seguida serem abordados os assuntos Preservação documental e digital e as técnicas de preservação digital que foram conceituadas e demonstradas quanto a sua aplicabilidade e ênfase. No terceiro capítulo tratou sobre o Nut-Seca, onde foi apresentado um breve histórico do Núcleo para em seguida ser apresentado o acervo e a digitalização que está sendo realizada pelo Laboratório Líber. Sabemos que as informações que encontram-se registradas em papel estão limitadas a um espaço físico que as mantém, alem de estar sujeitas a deterioração pelo manuseio e pela ação de agentes ambientais. Para facilitar o acesso aos documentos pelo público e contribuir para sua preservação e para um maior alcance publico o Nut-Seca esta realizando a digitalização do acervo. Neste sentido a digitalização foi a solução encontrada para questões relacionadas a preservação uma vez que o acervo físico pode-se tornar restritivo em relação ao acesso ao documento original. Uma vez que as informações são difundidas as pessoas podem ter acesso de forma remota através de um computador com internet permitindo agilidade ao conteúdo pelo publico. No que diz respeito a digitalização as maiores dificuldades encontradas é a obsolescência das mídias bem como formas seguras de salvaguarda do 44 material. Como a tecnologia evolui muito rapidamente, dispositivos capazes de ler determinada mídia permanecem pouco tempo no mercado antes de serem substituídas por outras mídias. Para remediar este problema e necessário o estabelecimento de rotinas permanentes de migração do suporte digital. Diante de tudo isso pode-se inferir que o Núcleo Temático da Seca realiza ações adequadas de preservação documental e digital que trabalha em torno da socialização das informações contidas em seu acervo. Recomenda-se estudos futuros que versem sobre a questão da Organização e Representação de Informação para ampliar o leque de pesquisas que estão sendo realizadas no referido local. 45 REFERÊNCIAS AGUIAR, Andréa Vasconcelos Carvalho de. Projeto de implantação do laboratório de tecnologia da informação LIBER/UFRN. Natal: UFRN, 2005. ARAUJO, Eliany Alvarenga de. Sociedade de Informação: espaço da palavra onde o silencio mora?. São Paulo – APB, 1996. ARELLANO, Miguel Angel. Preservação de documentos digitais. Ciência da Informação, Brasília, v. 33, n. 2, 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ci/v33n2/a02v33n2.pdf. Acesso em: 25 set. 2011. BEZERRA, Carlos André Cruz. 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