Buscar

Faculdade Estácio trabalho de conclusão de curso ARTIGO concluido

Prévia do material em texto

Faculdade Estácio Pós Graduação
COMISSÕES DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA 
 Claudete Mikuni
 Trabalho apresentado como exigência de conclusão do curso de Pós –Graduação de Direito do trabalho/ Direito processual do trabalho e direito previdenciário pela faculdades Estácio.Sob orientação da Profª Cristiane Guimarães.
Obs: segunda pagina capa de rosto (por)
 Cuiabá –Mt
 
 Resumo
Nos últimos anos, a necessidade da submissão obrigatória das demandas trabalhistas perante as Comissões de Conciliação Prévia tem sido deveras debatida, não só pela doutrina, também com reflexos na jurisprudência de nossas 24 Regiões Laborais, tanto em primeira como em segunda instância.�Assim, vislumbramos que o Brasil busca superar seu arcaico modelo de relações de trabalho, caracterizado por forte intervenção do Estado e pela prevalência do direito individual sobre o coletivo. Para gerar e preservar empregos, busca também aperfeiçoar instituições que interferem no mercado de trabalho.
Nesse Sentido a modernização da legislação trabalhista, seguindo a diretriz que privilegia o reforço à via negocial para a solução dos conflitos entre o Capital e o Trabalho, e ao mesmo tem po fortalece a atuação dos agentes sociais, tendo os sindicatos, nesse aspecto, papel de extrema relevância, estimulando a redução da intervenção estatal nesse processo.
 O Brasil está entre os países que mais normatiza sobre a defesa do trabalhador. Entre as normas protetivas de caráter material e processual do trabalho, vem o legislador pátrio buscado na inteligência de preceitos do direito comparado, com o intuito de engrandecer o ordenamento trabalhista, objetivando a defesa do trabalhador e do emprego.
Palavras chaves:Conciliação Prévia,Principios norteadores,Conciliação de conflito
 Introdução
As Comissões de Conciliação Prévia criadas através da Lei 9.958/2000 implementaram um novo modelo na busca da solução dos conflitos trabalhistas extra Poder Judicante.
A Justiça do Trabalho, ao longo dos anos vem passando por diversas transformações em seu ordenamento, objetivando acompanhar as mudanças trabalhistas oriundas do desenvolvimento tecnológico, dos fatores econômicos e principalmente das crises sociais. 
Diante destas transformações que se fazem necessárias, o arquétipo estabelecido com as CCPs, vem como meio de auxiliar a Justiça do Trabalho, evitando que muitas demandas sejam ajuizadas, acumulando o seio jurisdicional, como também, estabelecer um novo conceito na solução dos conflitos trabalhistas.Nesse Sentido a modernização da legislação trabalhista, seguindo a diretriz que privilegia o reforço à via negocial para a solução dos conflitos entre o Capital e o Trabalho, e ao mesmo tempo fortalece a atuação dos agentes sociais, tendo os sindicatos, nesse aspecto, papel de extrema relevância, estimulando a redução da intervenção estatal nesse processo
.As Comissões de Conciliação Prévia, são uma forma extrajudicial de resolver as demandas trabalhistas. Associadas à Lei do Rito Sumaríssimo n.º 9.957, também de 12.01.2000, que veio acelerar a tramitação dos processos judiciais trabalhistas.
Assim, vislumbramos que o Brasil busca superar seu arcaico modelo de relações de trabalho, caracterizado por forte intervenção do Estado e pela prevalência do direito individual sobre o coletivo. Para gerar e preservar empregos, busca também aperfeiçoar instituições que interferem no mercado de trabalho.Nesse Sentido a modernização da legislação trabalhista, seguindo a diretriz que privilegia o reforço à via negocial para a solução dos conflitos entre o Capital e o Trabalho, e ao mesmo tem po fortalece a atuação dos agentes Na verdade, as Comissões de Conciliação Prévia, visam diminuir a enorme carga sobre a Justiça do Trabalho, beneficiando o trabalhador que busca proteção, o qual teria que esperar, por vezes, vários anos até a solução definitiva da demanda, e ganha também o empregador, hoje onerado pela necessidade de manter uma estrutura jurídica complexa e pelos custos de sucumbência. O Ministério do Trabalho e Emprego através da Portaria n.º 264, de 5 de junho de 2002, dispõe sobre o acompanhamento e levantamento de dados sobre essas Comissões e juntamente com Tribunal Superior do Trabalho, com o Ministério Público do Trabalho, com as Centrais Sindicais CGT, SDS e Força Sindical, com a Associação Nacional dos Sindicatos da Micro e Pequena Indústria, e com as Confederações Patronais CNC, CNT, CNF e CNA, cuida da fiscalização trabalhista em face da conciliação, para promover o aprimoramento do instituto.Assim, podemos vislumbrar de forma sucinta, como nossos juristas, hodiernamente, têm se posicionado acerca da matéria, tanto em caráter doutrinário como na seara jurisprudencial, notadamente com a finalidade de chegarmos à conclusão acerca do tratamento a ser dado quando tal argüição for ventilada, preliminarmente, em eventual defesa patronal numa lide trabalhista. 
Desenvolvimento
 Na busca por alternativas para soluções de Conflitos laborais, as Comissões de Conciliação Prévia, foram insertas no ordenamento jurídico através da lei 9.958/2000.�
De composição paritária, contando com representantes de empregados e empregadores o instituto tem como finalidade precípua solidificar-se como via célere e eficaz à conciliação de interesses opostos entre as classes.
Desde o seu principio, muito se tem discutido sobre a constitucionalidade do regramento no que concerne ao acesso à Justiça, posto que o artigo 625-D da legislação consolidada preceitua que qualquer demanda de natureza trabalhista deve ser submetida à Comissão anteriormente ao trânsito pelo judiciário.
Em contra-partida, parcela da doutrina não vê não vê qualquer agressão à Carta, entendendo ainda que o preceito in lume consubstancia condição de ação trabalhista, sendo que, inobservado, sufragaria por falta de interesse para agir qualquer reclamatória que não se submetesse anteriormente ao procedimento legislado.
A conciliação, como forma de solução de conflitos, não é um instituto exclusivo do Direito 
Processual do Trabalho, embora neste ramo do direito alcance sua expressão máxima. Isto porque, via de regra, o que se discute nas lides trabalhistas são verbas de natureza alimentar. Com efeito, a principal fonte de renda do trabalhador é seu salário, resultado do seu trabalho. Em conseqüência, a prestação jurisdicional buscada na Justiça do Trabalho, deve ser célere e efetiva, embora tal desiderato nem sempre seja atingido. A necessidade de agilização da prestação jurisdicional ensejou a inclusão no art. 5º da CF/88, pelo legislador constituinte derivado, através da EC nº 45/04, do inciso LXXVIII, assegurando a todos a razoável duração do processo. 
Ao contrário do que ocorre nas demais controvérsias, nas quais se presume a igualdade entre os opositores, nos conflitos trabalhistas o confronto se dá sempre, em regra, entre litigantes desiguais: o trabalhador subordinado (ou, em situação ainda mais desvantajosa, desempregado) e seu empregador subordinante (ou ex-patrão). Esta circunstância impõe imediata e ampla aplicação da norma que agora assume feição constitucional. Não se pode perder de vista que um dos princípios norteadores do Direito do Trabalho - o da indisponibilidade dos direitos - impede, em princípio, a renúncia pelos empregados (matéria regulada na CLT, em pelo menos dois artigos - 9º e 468). Por esta razão, a conciliação, como exceção, historicamente foi admitida apenas no âmbito do processo, vale dizer, como solução da lide proposta. A presença do magistrado impede que o estado de subordinação do trabalhador e os possíveis vícios na manifestação de sua vontade maculem o ato da transação. 
��	
A importânciada conciliação pode ser visualizada e m diversas disposições das constituições pátrias e da CLT, merecendo destaque a denominação do órgão
de primeiro grau, até a promulgação da EC nº 24/99, que extinguiu a representação classista na Justiça do Trabalho: Juntas de Conciliação e Julgamento. 
Quando a atual Constituição foi promulgada, estabelecia o art. 114: "Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos...". A CLT, por sua vez, dispõe, no art. 649 que: "As Juntas poderão conciliar, instruir ou julgar ... ". Como se observa, é priorizada a conciliação. 
Com relação ao caput do artigo 114 da CF, merece referência o fato de que, com a edição da EC nº 45/04, assou a ter a seguinte redação: "Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:...", o que levou alguns juristas - poucos e apressados - a afirmarem que não mais haveria a necessidade de formulação de proposta conciliatória nas lides trabalhistas. Ora, não se pode imaginar que, em razão desta nova redação, a conciliação - que, segundo alguns doutrinadores, é considerada um princípio do Direito Processual Trabalhista - tivesse sido desprestigiada. Ressalta-se que o parágrafo 2º do artigo em comento prevê a possibilidade de ajuizamento de dissídio coletivo de natureza econômica, havendo comum acordo entre as partes, o que, expressa o valor atribuído pelo legislador à conciliação. 
A propósito de lides coletivas, deve ser destacado que estas, tanto quanto as individuais, devem se submeter à conciliação. Com efeito, a CLT inicia a regência do Processo Judiciário do Trabalho estabelecendo, no art. 764 e seus parágrafos, que o
s dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação, independentemente da fase em que se encontram e mesmo após o encerramento do juízo conciliatório (§ 3º). Assim como os arts. 649 e 652 da CLT referem-se, ao dispor sobre o funcionamento e competência 
das Juntas de Conciliação e Julgamento (atualmente Juízes do Trabalho), à função de conciliar, o art. 678, I, a, da CLT e o art. 6º da Lei n° 7.701/ 88, ao fixarem competência em matéria de dissídio coletivo, mencionam expressamente conciliatória. Também o art. 682, V, da CLT, refere a competência do Presidente do Tribunal Regional do Trabalho para presidir as audiências de conciliação nos dissídios coletivos. 
o parágrafo único desse artigo estabelece que o termo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível, salvo para a Previdência Social quanto às contribuições que lhe forem devidas. Além disso, a jurisprudência cristalizou o entendimento consubstanciado na Súmula 259 do TST que "somente por Ação Rescisória é impugnável o termo de conciliação previsto no que pertine ao dissídio individual, a CLT prevê os dois momentos em que deve ser proposta a conciliação: o primeiro, ao dispor no art. 846 que,aberta a audiência, o juiz proporá a conciliação, procedimento reiterado no art. 847 (a defesa será apresentada após a frustração do acordo); e o segundo, ao estabelecer no art. 850 que, terminada a instrução, o juiz renovará a proposta de conciliação. 
Tais disposições não podem ser tomadas como simples indicativo ao juiz. Embora haja divergências doutrinárias quanto a serem obrigatórias a primeira, a segunda ou ambas propostas conciliatórias, a jurisprudência tende a considerar nulo o processo quando ausente a segunda proposta conciliatória. Também nesta linha de importância da conciliação, a Lei nº 9.957/00, ao instituir o Rito Sumaríssimo na Justiça do Trabalho, introduziu na CLT o art. 852-E que diz: "Aberta a sessão, o juiz esclarecerá as partes presentes sobre as vantagens da conciliação e usará os meios adequados de persuasão para a solução conciliatória do litígio, em qualquer fase da audiência”. A conduta imposta neste dispositivo, sem dúvida, já constituía prática comum do magistrado, que não se limitava a observar os dois momentos previstos, buscando, de forma permanente, a composição dos conflitos. 
Ainda no tocante à relevância da conciliação no Processo do Trabalho, merece algumas considerações o art. 831 da CLT. A uma, porque, no caput, que a sentença será proferida apenas após rejeitada pelas partes a conciliação. E, a duas, pela eficácia dada à conciliação, caso ocorra, uma vez que parágrafo único do art. 831 da CLT”. Por outro lado, o art. 876 da CLT empresta ao acordo homologado eficácia de título executivo, demonstrando a natureza célere e efetiva desta via de solução do conflito. Não se olvide a possibilidade de o magistrado negar homologação ao acordo, quando este, por exemplo, impor flagrante prejuízo ao trabalhador ou atentar contra a dignidade e a moralidade que deve presidir a atividade processual (lide simulada). A importância do instituto ora comentado pode ser percebida também pela previsão contida no art. 514, “c”, da CLT, incluindo entre os deveres do Sindicato, “promover a conciliação nos dissídios de trabalho ”, sem a intervenção do Poder Judiciário. Por certo, apresença da entidade de representação dos trabalhadores garante a proteção que a eles deve ser outorgada, pelas razões já apontadas.
 
Ainda a prestigiar a conciliação, em ousada inovação, a edição da Lei nº 9.958/00, possibilita a constituição de Comissões de Conciliação Prévia, no âmbito das empresas ou dos sindicatos, com composição paritária, e precípua atribuição de tentar conciliar os conflitos individuais de trabalho (art. 625-A da CLT), se que seja cionada a estrututa judiciári.Estabelece o art. 625-E, parágrafo único, da CLT, que o termo de conciliação lavrado perante à Comissão é título executivo extrajudicial (reprisado no art. 876 da CLT) e terá eficácia geral, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas. O êxito da conciliação neste foro pode significar, em alguns casos, a extinção integral das controvérsias oriundas de uma determinada relação laboral, pelas próprias partes, o que enseja conseqüências importantes, reduzindo a litigiosidade submetida ao poder Judiciário
Ao propalar da nova lei muitos operadores afrontaram a obrigatoriedade da submissão do empregado às Comissões de Conciliação instituídas, sob o argumento que no momento em que o legislador utilizou-se da expressão “qualquer demanda” e não “toda demanda”, deu-se ao procedimento facultatividade ou idéia de possibilidade, o que não implicaria ser defeso ao empregado, num primeiro momento, adentrar pelos salões do judiciário propugnando por seus direitos.
Aparenta, no entanto, ser sensível a razão de direito invocada ao passo que numa interpretação do sistema aposto pelo legislador quando da concepção do instituto jurídico, denota-se em primeira vista o seu pensamento de criar procedimento conciliatório cogente e irreverente à jurisdição estatal. 
Neste esteio é o art. 625-D da Legislação Consolidada, que assevera:
“Qualquer demanda de natureza trabalhista será submetida à Comissão de Conciliação Prévia se, na localidade da prestação de serviços houver sido instituída a Comissão no âmbito da empresa ou do sindicato da categoria.”�
Tal pensamento se desnubla no próprio regramento como nos § 2º e § 3º do dispositivo que prevêem, respectivamente:
“Não prosperando a conciliação, será fornecida ao empregado e ao empregador declaração da tentativa de conciliação frustrada com a descrição de seu objeto, firmada pelos membros da Comissão, que deverá ser juntada à eventual reclamação trabalhista.”
“Em caso de motivo relevante que impossibilite a observância do procedimento previsto no caput deste artigo, será a circunstância declarada na petição inicial da ação intentada perante a Justiça do Trabalho.”�
Assim, tanto no dever de ser acostado na reclamatória a declaração da tentativa de conciliação, como na exigência de ser delineado no conteúdo fático, motivo relevante que tenha impossibilitado a observância do procedimento, vê-se que o pensamento do legislador não foi outro senão o de fazerdas Comissões de Conciliação caminho comum a todos os empregados para suscitarem suas pretensões.
Por outro lado, em argumento mais saliente, outros operadores sustentam que em função do art. 625-A facultar aos sindicatos e às empresas a instituição das Comissões, como também, estar condicionado no art. 625-D a submissão da demanda somente às Comissões estabelecidas na localidade da prestação de serviço, haveria assim tratamento desigual entre trabalhadores, vez que, se na primeira hipótese, para determinada categoria fosse obrigatório o trâmite extrajudicial, para outra, em razão da inexistência de CCP, nenhum óbice emergiria.
Interessa, porém, frisar que mesmo diante da presença frágil dos sindicatos no momento contemporâneo, não há que ser desprezado que continuam estes legitimados à representação das respectivas categorias, sendo assim, se houve expressão de vontade para a formação da respectiva Comissão, houve liberalidade.
Eduardo Gabriel Saad, comenta: “A lei não obriga os empregadores a organizar uma CCP: trata-se de mera faculdade legal.�
Contrariados no seu desejo de organizar uma CCP, os empregados nada podem fazer, uma vez que a Justiça do Trabalho está impedida de exercer, na hipótese, seu poder normativo, pois a matéria é regulamentada por lei. É válida a recíproca: o empregador pretende instalar uma CCP, mas os empregados não aceitam.
Três são as espécies de CCP:
 a) de empresa;
 b) de um grupo de empresas; 
c) entre sindicatos de empregados e de patrões.
A primeira constitui-se por meio de entendimentos diretos entre as partes; a segunda por um Acordo Coletivo de Trabalho, e, a terceira, por Convenção Coletiva de Trabalho. ”�
Frise-se que, conforme o artigo 625-A, as comissões constituídas no âmbito das empresas devem obrigatoriamente ter a participação dos respectivos sindicatos.
Ao contrário, considerando inexistir qualquer mazela ao princípio, doutrinadores do porte de Valentin Carrion, entendem que o preceituado no artigo “coloca-se como condição de ação trabalhista, já que, inobservado esse requisito, faltaria interesse para agir”.�
No que compete a assertiva, vem ressoando nos tribunais jurisprudência cuja inteligência afirma que a norma supracitada, para fulminar a pretensão, deveria expressamente prever em si tal cominação, ou seja, não guardando a mesma tal previsão, como também, não agasalhando o art. 267 do código de processo, subsidiariamente aplicado ao processo do trabalho, hipótese tal, imprópria à .
No que compete ao direito cidadão de invocar a atividade jurisdicional, assevera o constituinte originário, que precisamente prevê que a lei não excluirá da apreciação do poder judiciário lesão ou ameaça a direito. 
Nesta esteira, medita José Afonso da Silva:
“A primeira garantia que o texto revela é a de que cabe ao Poder Judiciário o monopólio da jurisdição, pois sequer se admite mais o contencioso administrativo que estava previsto na Constituição revogada. A segunda garantia consiste no direito de invocar a atividade jurisdicional sempre que se tenha como lesado ou simplesmente ameaçado um direito, individual ou não (...)”�
Fica evidente que o direito de obter a prestação jurisdicional, procurando no Judiciário a primeira guarida para a solução de controvérsias, deve ser arrostado mediatamente como prerrogativa para a satisfação do direito subjetivo do cidadão, mas também, imediatamente, infere-se que o constituinte creditou e concebeu no Terceiro Poder a forma mais eficaz à pacificação social e neste esteio, à concretização dos objetivos fundamentais da República, tal como a construção de uma sociedade mais livre, justa e solidária.
Discorrido os argumentos e em se tratando de tema constitucional que abriga dentre outras inteligência política dos seus princípios, submetida a questão ao Tribunal Superior do Trabalho, em arresto colacionado, demonstrou o Egrégio que na forma do art. 625-D e dos seus parágrafos, não constitui a previsão qualquer violação do direito cidadão do acesso à Justiça, pois vejamos:
	
“Na forma do art. 625-D e seus parágrafos, é obrigatória a fase prévia de conciliação, constituindo-se em pressuposto para desenvolvimento válido e regular do processo. Historicamente a conciliação é fim institucional e primeiro da Justiça do Trabalho e, dentro do espírito do art. 114 da Constituição Federal, está a extensão dessa fase pré-processual delegada a entidades paraestatais. O acesso ao Judiciário não está impedido ou obstaculizado com a atuação da Comissão Prévia de Conciliação, porque objetivamente o prazo de 10 dias para realização da tentativa de conciliação não se mostra concretamente como empecilho ao processo judicial, máxime quando a parte tem a seu favor motivo relevante para não se enquadrar na regra. Revista conhecida, mas não provida.( Tribunal: TST - decisão: 30 10 2002 - numeração única proc: rr - � HYPERLINK "http://ext01.tst.gov.br/pls/ext01/ap_num_unico.inicio?num_unico=RR;58279-2002-900-04-00" �58279-2002-900-04-00� - Recurso de Revista - Turma: 03 órgão julgador - Terceira Turma, Fonte: DJ, data: 22-11-2002, Relatora Juíza Convocada Terezinha Célia Kineipp Oliveira)”�
Esposada a controvérsia e com respeito à propriedade de conhecimento de operadores e órgãos judiciários, no alusivo à constitucionalidade do dispositivo em capítulo, ainda que inocente exsurja, reside a solução jurídica na rememoração do conceito de princípio e na sua aplicabilidade. 
Para maior clarividência carece revisitar o pensamento dos insignes mestres do Direito Público acerca da conceitualização do termo. 
Luís Diez Picazo conceitualiza princípio como derivativo da geometria, “onde designa as verdades primeiras”. São princípios “porque estão ao princípio”, sendo as premissas de todo um sistema que se desenvolve more geométrico.�
A Corte Constitucional italiana, em seus arrestos iniciais, tecia a seguinte consideração:
 “Faz-se mister assinalar que se devem considerar como princípios do ordenamento jurídico aquelas orientações e aquelas diretivas de caráter geral e fundamental que se possam deduzir da conexão sistemática, da coordenação e da íntima racionalidade das normas, que concorrem para formar assim dado momento histórico, o tecido do ordenamento jurídico.”�
	
Guastini aludindo ao vocábulo e ao seu sentido jurídico considera: 
os juristas usam o vocábulo princípio para desginar normas (ou disposições normativas) que desempenham uma função “importante” e “fundamental” no sistema jurídico ou político unitariamente considerado, ou num ou noutro subsistema do sistema jurídico conjunto (o Direito Civil, o Direito do Trabalho, o Direito das Obrigações).�
Na doutrina nacional a obra de José Afonso da Silva textualiza: 
princípios são ordenações que se irradiam e imantam os sistemas de normas, “são [como observam Gomes Castilho e Vital Moreira}, núcleos de condensações’ nos quais confluem valores e bens constitucionais”. Mas, como disseram os mesmos autores, “os princípios, que começam por ser a base de normas jurídicas, podem estar positivamente incorporados, transformando-se em normas-princípio e constituindo preceitos básicos da organização constitucional.” �
Versado o conhecimento, deduz-se que em seu âmago o termo “princípio” possui a natureza de valor primeiro, fundamento de um ordenamento que orienta a interpretação das demais normas jurídicas, não sendo alheia a sua função de fonte em caso de insuficiência de lei ou de costume.
Frisando a natureza valorativa dos princípios, ao passo que inseridos na Constituição, tais ocupam dimensão enormíssima no ordenamento jurídico posto derivarem da expressão popular primeira, ou seja, da assembléia nacional constituinte.
Para realce, oportuna a letra iconizada de Paulo Bonavides: 
De antiga fonte subsidiária de terceiro grau nos Códigos, os princípios gerais, desde as derradeiras Constituições da segunda metade deste século, se tornaram fonte primária de normatividade,corporificando do mesmo passo na ordem jurídica os valores supremos ao redor dos quais gravitam os direitos, as garantias e as competências de uma sociedade constitucional.�
Ao asseverar o constituinte originário que é dado a todo cidadão recorrer a Justiça para a defesa dos seus direitos, encerra o enunciado valor comum eleito pela sociedade como princípio norteador do arcabouço jurídico nacional, não podendo, por expressar, - como já fixado - valor originário, sofrer por parte da legislação ordinária qualquer limitação por mais sensível que seja.
Tal inteligência dos princípios e dos valores que encerram, deve, por conseguinte, servir de azimute à interpretação do §1º do art. 5º da Constituição Federal, disposição constitucional que regula a aplicabilidade dos direitos e garantias fundamentais, posto que, ao afirmar o mencionado serem tais normas de aplicação imediata.
Ademais, tal imediatismo não somente descobre a sua eficácia plena, não carecendo de regramento ordinário para serem passíveis de aplicação, mas óbice ao legislador ordinário de condicionar a sua aplicabilidade a qualquer procedimento exógeno às disposições derivadas derivadas da assembléia constituinte.
Em que pese o esforço do legislador ordinário em municiar o sistema laboral de ferramenta hábil à pacificação das classes obreira e empresária, como também, a tentativa dos operadores de inculcar facultatividade ao procedimento estatuído, o instituto jurídico das Comissões de Conciliação Prévia.
Portanto, resta claro que tal obrigatoriedade carece de constitucionalidade quando obriga o obreiro a tentativa de conciliação extrajudicial, devendo desta forma prosperar a jurisprudência alhures, de que tal estipulação não pode consubstanciar obstáculo ao aforamento de reclamatória, prestigiando-se assim, mesmo que silente, os valores contidos na Carta da República, em especial, o direito cidadão do acesso à Justiça. 
 As Comissões de Conciliação Prévia criadas através da Lei 9.958/2000 implementaram um novo modelo na busca da solução dos conflitos trabalhistas extra Poder Judicante.�
A Justiça do Trabalho, ao longo dos anos vem passando por diversas transformações em seu ordenamento, objetivando acompanhar as mudanças trabalhistas oriundas do desenvolvimento tecnológico, dos fatores econômicos e principalmente das crises sociais. 
Diante destas transformações que se fazem necessárias, o arquétipo estabelecido com as CCPs, vem como meio de auxiliar a Justiça do Trabalho, evitando que muitas demandas sejam ajuizadas, acumulando o seio jurisdicional, como também, estabelecer um novo conceito na solução dos conflitos trabalhistas.
As CCPs ingressaram no ordenamento jurídico brasileiro com o fito de auxiliar ao processo conciliatório trabalhista não só para buscar uma solução extrajudicial da questão reclamada, como também, no caso de não houver sido celebrado o acordo entre as partes, a matéria já terá ido a juízo com pelos menos uma tentativa de acordo, ou seja, com uma ata que trará em bojo uma questão analisada fora da esfera judicial e mais próxima da realidade. 
E por corolário, a intenção precípua das CCPs, e promover o acordo, posto que no caso, o empregado receberá ainda mais cedo as verbas a que tem direito e com isso, a solução trabalhista é atingida. 
Assim, resta necessária a demonstração da importância das CCPs para a solução dos conflitos trabalhistas, traçando um paralelo entre o modelo conciliatório utilizado antes e depois da Lei das Comissões, como também a analisar os reflexos para a ceara trabalhista.
Do arrazoado, devemos considerar que os elementos acima descritos de maneira bem resumida, enfatizam o objeto a ser discutido, priorizando a real necessidade que possui as Comissões de Conciliação Prévia para o trabalhador brasileiro, quando da sua utilização para atender a solução de conflitos individuais trabalhistas, extrajudicialmente.
O Brasil está entre os países que mais normatiza sobre a defesa do trabalhador. Entre as normas protetivas de caráter material e processual do trabalho, vem o legislador pátrio buscado na inteligência de preceitos do direito comparado, com o intuito de engrandecer o ordenamento trabalhista, objetivando a defesa do trabalhador e do emprego. �
Para tanto, a solução dos conflitos trabalhistas deve atender as necessidades trazidas com a evolução social do trabalho e demais transformações de ordem política, econômica e tecnológica, pois todos estes fatores repercutem no aumento ou na diminuição do emprego e da renda de um país.
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), de 1943, um instrumento de grande importância para o trabalhador brasileiro, está passando por diversas modificações para atender melhor os interesses das sociedades que vivem em pleno século XXI. 
Afinal, a norma consolidada não pode reger uma sociedade, presa a princípios e regras que eram adequadas a realidade do século passado.
Por isso, dentre tantas questões normatizadas pelo Direito do Trabalho na busca de proteger o trabalhador e as relações de trabalho, a solução dos conflitos, principalmente os individuais, merecem atenção, uma vez que a forma como a lide é desfeita, poderá impulsionar ou retardar determinado ramo da economia.
Diante da realidade brasileira, tanto jurídica, como social e econômica e por iniciativa do Tribunal Superior do Trabalho, as Comissões de Conciliação Prévia saíram da esfera das idéias e passaram a integrar o corpo da CLT, nos seus artigos 625-A a 625-H, acrescidos através da Lei 9.958/2000, determinando uma faculdade conciliatória para os dissídios individuais, que poderá ser instalada tanto no corpo dos sindicatos, como também das empresas.�
Os objetivos são simples, ou seja, diminuir as demandas trabalhistas ajuizadas na Justiça do Trabalho, manter as relações de trabalho (quando possível) e buscar a celeridade no recebimento dos direitos do trabalhador. Com a Lei, a busca pela adequação da norma trabalhista aos novos tempos foi um passo importante e o começo para uma nova roupagem no ordenamento jurídico trabalhista brasileiro.
Conclusão
Com base nas considerações descritas acima, pode-se especificar as seguintes conclusões sobre o tema abordado:
O novo paradigma trazido pela criação legal das Comissões de Conciliação Prévia traz consigo um diferencial esperado pelos trabalhadores, empregadores e pela própria Justiça do Trabalho, uma vez que este modelo positivo de conciliação extrajudicial facilita no processo conciliatório entre as partes da relação de trabalho, sem a necessidade das demandas trabalhistas serem ajuizadas. 
Outrossim, facilita o andamento processual já existente na Justiça Laboral, vez que, as demandas que encontram solução nas CCPs, tem grande chance de não serem ajuizadas, com isso, o número de feitos diminui naquela especializada, contribuindo para a solução mais célere dos processos já em apreciação judicial.
O Brasil em matéria de Direito do Trabalho, ou ainda, em sede da Justiça do Trabalho, reporta para uma realidade muito recente, no entanto, não deixa a desejar em relação aos demais países, uma vez que o princípio protecionista em relação ao trabalhador é uma grande característica do ordenamento trabalhista nacional. 
A conjuntura atual é de um país em desenvolvimento constante e com uma série de questões problemáticas na ceara trabalhista, pois os problemas de exploração do trabalhador, o atraso na solução das demandas trabalhistas, o desemprego, evidenciam os problemas do trabalhor. 
 
O país está acompanhando as mudanças, para no futuro contar com uma Justiça do Trabalho mais célere e condizente com a realidade brasileira. 
A solução dos conflitos trabalhistas via Comissão de Conciliação Prévia é uma realidade brasileira, cuja idéia principal, já vinha sendo realizada por algumas entidades sindicais, que conduziam os acordos entre empregados e trabalhadores. 
Assim, temos que as Comissões são um grande avanço para Justiça e para a sociedadelaborativa, pois a atribuição concedida possibilita uma maior celeridade na aplicação do direito. 
Diante das conclusões formadas, a importância deste novo paradigma no processo conciliatório em matéria trabalhista, merece atenção e manutenção, para que os interesses do trabalhador estejam sempre em primeiro lugar. 
O que se reporta o presente trabalho é na defesa das Comissões de Conciliação Prévia, diante da nova realidade do direito e da sociedade, para que possamos garantir ao trabalhador uma condição de igualdade, no momento em que se estiver sendo questionado o direito trabalhista ao qual faz jus.
No entanto, problemas existem e devem ser solucionados, dentre eles podemos citar a falta de mecanismos que inibam a demissão imotivada, pois o trabalhador que reclamar qualquer pendência trabalhista pode sofrer a mesma punição de quando ele entra na Justiça do Trabalho, ou seja, a demissão.
Assim, devemos evitar que a CCP seja uma forma de flexibilizar direitos os direitos do trabalhador e se constitua uma fraude trabalhista.
Em que pese o esforço do legislador ordinário em municiar o sistema laboral de ferramenta hábil à pacificação das classes obreira e empresária, como também, a tentativa dos operadores de inculcar facultatividade ao procedimento estatuído, o instituto jurídico das Comissões de Conciliação Prévia carece de constitucionalidade ao obrigar o obreiro a tentativa de conciliação extrajudicial.
Dessa forma, insofismável que deve prosperar a jurisprudência alhures, de que tal estipulação não pode consubstanciar obstáculo ao aforamento de reclamatória, prestigiando-se assim, mesmo que silente, os valores contidos na Carta da República, em especial, o direito cidadão do acesso à Justiça.
Quanto às críticas, e melhorias a serem observadas, elas existem e devem ser feitas, mas a sua continuidade deve ser mantida, pois o maior vitorioso com a criação das CCPs foi o trabalhador brasileiro.
Concluindo, é possível constatar, do quanto exposto, que o Direito Processual do Trabalho dá grande ênfase à conciliação, como forma de atingir os objetivos de justiça e de paz social. Interessa ao Estado que as próprias partes em litígio encontrem, elas mesmas, o caminho de compor suas divergências, o que justifica serem os órgãos judiciários especializados em questões do trabalho, dotados de amplo poder-dever de conciliar, mesmo no cenário posterior à recente reforma constitucional, que subtraiu do texto do art. 114, caput, a expressão conciliar
Referências Bobliográficas
AROUCA, José Carlos. Comissões de Conciliação Prévia e sua Disciplinação Ministerial - Portaria no 329, de 14 de agosto de 2002 - Inconstitucionalidade, in Revista LTr-66-11/1320-1323. São Paulo: LTr, 2 
ARRUDA, Kátia Magalhães. Justiça do Trabalho, Evolução Histórica e perspectivas. Maranhao: TRT da 16a Regiao, 1999.
CARVALHO, Luiz Inácio Barbosa, MARANHAO, Délio. Direito do Trabalho. 17a ed., Rio de Janeiro: Ed. da Fundação Getúlio Vargas, 1993.
PINTO, José Augusto Rodrigues. O Direito do Trabalho e as Questões do Nosso Tempo. São Paulo: LTr, 19 RODRIGUES, Aluisio. Direito Constitucional do Trabalho. São Paulo: LTr, 1993.
RODRIGUES, Aluisio. Direito Constitucional do Trabalho. São Paulo: LTr, 1993.
SAAD, Eduardo Gabriel. Comissões de Conciliação Prévia: Teoria e Prática. São Paulo: LTr, 2000.
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. 20a ed., São Paulo, SP : Malheiros, 2002.98.002.

Continue navegando