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RESENHA - Direito Tutelar do Trabalho

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
Pós-graduação em Direito e Processo do Trabalho e 
Direito Previdenciário 
 
 
 
 
Resenha do Artigo ou Caso: Prospecção Internacional em 
Calçado Esportivo: Nike e Reebok 
 
 
 
 
Nome do aluna: Monize Ferreira de França 
 
Trabalho da disciplina: Direito Tutelar do Trabalho 
 Tutor: Prof. Eliana Conde Peixoto da Costa Neto 
 
 
 
 
 
 
Americana/SP. 
2020 
 
 
http://portal.estacio.br/
 
 
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Em 1992 mais de 374 milhões de pares de sapatos esportivos foram vendidos nos 
Estados Unidos, Nike e Reebok eram as empresas mais conhecidas, pois investiam em 
campanhas publicitárias e tinham o apoio dos mais conhecidos atletas do mundo, “em 1993, a 
Nike ganhou $365 milhões de dólares em vendas e teve uma rentabilidade líquida de 24,5%. A 
Reebok ganhou $223 milhões em vendas e atingiu um resultado líquido de 27,2%”. 
A Nike e a Reebok, se concentravam e realizavam os desenhos dos produtos e as 
campanhas publicitárias enquanto que a confecção era realizada por contratadas na Coreia do 
Sul, Taiwan, China, Indonésia, Tailândia e Filipinas, cuja qualidade dos produtos eram altas e 
a mão-de-obra era de baixo custo. 
Em 1990, a questão sobre a exploração de trabalhadores e direitos humanos foi 
levantada, pois com a revelação de que as fábricas asiáticas de calçados esportivos tinham 
condições desagradáveis de trabalhos, que os trabalhadores trabalhavam por longas horas em 
troca de salários baixos, ambas as empresas negavam tais acusações. 
No início a maior parte dos produtos da Nike vinham de Taiwan e da Coreia do Sul. 
Um gerente da Empresa declarou que a qualidade de seus produtos, se dava porque trabalhavam 
de perto com as contratadas. A Nike, havia enviado seus técnicos para trabalhar em conjunto 
com os gerentes locais, em 1982 apenas 7% dos calçados eram fabricados pela Nike em suas 
fábricas que eram em New Hampshire e Maine, enquanto que 93% eram importados. 
A Empresa New Balance Athletic Shoe Inc. operava 4 fábricas nos EUA, seus 
funcionários recebiam um salário base de $7.50 dólares por hora, incluindo os benefícios esse 
valor variava entre $8 e $12 dólares a hora, devido a esses custos a Empresa relatou “que era 
incapaz de produzir calçados de forma lucrativa vendidos a menos de $50.10 dólares”. 
Na década de 1980 a Coreia do Sul e Taiwan prosperavam, os salários dos 
trabalhadores das fábricas de calçados aumentou, em 1990 chegavam a ganhar $24.40 dólares 
por dia, enquanto que em 1986 o valor que recebiam eram de $9.71 dólares. Diante deste 
aumento os custos de mão-de-obra tinham se tornado muito alto. 
“Para manter as relações de trabalho com as contratadas de Taiwan e da Coreia do Sul, 
a Nike ofereceu investimentos para que mudassem suas operações para países com custo de 
mão-de-obra mais baixo”, a proposta era que mantivessem suas administrações e em troca 
 
 
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ganhariam “x” quantidade de pedidos, com isso as empresas passaram a se mudar para a China 
e para a Indonésia. 
A maioria dos indonésios tinham pouco mais que a educação básica, não podendo 
realizar trabalhos especializados, por isso sua mão-de-obra era barato. 
Em 1990 a Nike obtinha calçados da Indonésia, cujos fabricantes eram sul-coreanos e 
indonésios, as fábricas pertencentes aos sul-coreanos, foram acusadas de pegar menos do que 
o salário mínimo diário, que era aproximadamente $1.00 dólar, também foram acusadas de 
“forçar seus empregados a trabalharem além do horário, violar leis de trabalho infantil e não 
respeitar regras especiais de trabalho para mulheres”, uma trabalhadora relatou que cortavam 
seus salários caso respondessem seus gerentes sul-coreanos. 
Os executivos da Nike se esquivavam das acusações, dizendo que as fábricas eram 
pertencentes e operadas por contratadas independentes e não por eles, que deste modo eles não 
tinha acesso as condições de trabalho daqueles trabalhadores. 
No final de 1992, a Nike desenvolveu um Memorando para suas contratadas e 
fornecedores, que só passou a ser adotado em 1993, a orientação era para que suas contratadas 
respeitassem as leis locais, segurança e saúde ocupacional. Suas contratadas tinham que se 
certificar de que não exploravam o trabalho infantil nem faziam discriminação de sexo, raça ou 
outras diferenças, também foi solicitado que aderissem às práticas ambientais da Nike, 
incluindo a proibição do uso de clorofluorcabonatos (CFCs). 
Mesmo após o Memorando a CBS relatou as condições de trabalho em uma das 
contratadas da Nike na Indonésia. Os trabalhadores recebiam 19 centavos por hora, esse valor 
não era suficiente nem para cobrir as comprar de necessidades básicas. As mulheres viviam em 
barras e só tinham permissão para sair aos domingos e desde que tivessem uma carta de 
permissão do gerente. 
O Representante do AAFIL disse: “Seria necessário apenas aproximadamente 1% do 
orçamento de publicidade da Nike, que é de quase $ 180 milhões por ano, para tirar 15.000 
trabalhadores da linha da pobreza”. Mesmo diante dessas acusações a Nike negava que sua 
empresa estivesse envolvida com a exploração de trabalhadores. 
A Reebok já havia tomado uma posição pública em apoio aos direitos humanos, 
entretanto o Fundo de Pesquisa e Educação de Direitos Laborais (ILRERF) a criticava por 
 
 
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fabricar seus calçados com trabalho infantil, “o diretor do ILRERF, Pharis Harvey, foi crítico 
com a empresa: ‚A integridade corporativa da Reebok seria bem melhor serivda se a empresa 
utilizasse sua energia moral para limpar sua própria indústria antes de procurar por heróis de 
direitos humanos em outros lugares”. 
Em 1993 a Reebok, desenvolveu e apresentou os Padrões de Produção em Direitos 
Humanos da Reebok e declarou que sempre monitorou as condições de trabalho daqueles que 
fabricavam seus produtos e que recentemente estabeleceu um conjunto de diretrizes. 
Dentro dessas diretrizes, havia a proibição do trabalho infantil ou obrigatório, ninguém 
deveria ser discriminado ou forçado a trabalhar horas extras sem compensação, garantia a 
liberdade de associação e que o ambiente de trabalho deveria ser saudável e seguro. 
Em 1993 a Reebok realizou a primeira auditoria em 45 fábricas de suas contratadas, 
para se certificar das condições de trabalho. Foram realizadas entrevistas com os trabalhadores, 
inspeção do local de trabalho, alojamentos e cafeterias. Em 1994 a Empresa reconheceu que 
deixou de trabalhar ao menos com uma contratada. 
Tanto a Nike quando a Reebok, se preocupavam com as campanhas publicitárias para 
promover seus produtos, patrocinavam eventos especiais e atletas para promover seus produtos. 
Infelizmente não é muito diferente do que temos nos dias de hoje, a exploração da 
mão-de-obra barato, como por exemplo o trabalho dos bolivianos ou das pessoas mais simples 
que muitas vezes não possuem nem o ensino básico. 
Nos dias de hoje não basta investir apenas na publicidade, é necessário investir na 
função social de sua empresa, hoje os consumidores estão de olho nesta parte.

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