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1 1 UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE Curso de Engenharia de Materiais e Química DISCIPLINA: Engenharia Econômica CÓDIGO: 6735/9119 CRÉDITOS: 02 CARGA HORÁRIA: 72 PROFESSOR (A): RICARDO DEIBLER ZAMBRANO PERÍODO: 2012/1 UNIDADE I - INTRODUÇÃO À ECONOMIA As definições contemporâneas de Economia, superando a clássica trilogia da produção, distribuição e consumo das riquezas, procuram evidenciar que esta é, em ultima analise, a ciência da escassez. Em todas as sociedades, os recursos humanos e patrimoniais são sempre escassos para atender às crescentes exigências de consumo e bem-estar. Em contrapartida, enquanto a escassez dos recursos produtivos constitui uma limitação à produção de bens e serviços, parece não haver limites para as necessidades e desejos humanos. Contrapondo então, de um lado, com a escassez de recursos e, de outro lado, com a ilimitação dos desejos humanos, as sociedades têm de optar pela melhor canalização dos recursos para os diversos setores produtivos, a ainda decidir sobre como deverá ser organizada a atividade econômica. A economia é a ciência que administra um paradoxo, entre os escassos recursos disponíveis para satisfação das ilimitadas necessidades humanas, partindo desta afirmação a essência de uma das coordenadas dos problemas econômicos: a lei da escassez. O problema seria resolvido se uma quantidade infinita de um dos bens desejados pela sociedade pudesse ser obtida, satisfazendo plenamente as necessidades e os desejos da coletividade. Nenhum sistema econômico conseguiu até hoje satisfazer a todas as necessidades da coletividade. A escassez é a mais severa das leis milenares. Entretanto, modernamente os sistemas econômicos dicutem se esta lei é valida ou se todas as dificuldades de satisfação das necessidades humanas apontadas anteriormente são resultado da má distribuição dos recursos pela mesma sociedade. Apesar de que, em varias sociedades e economias, o reconhecimento de que a má distribuição dos recursos é uma realidade, aumentando sensivelmente o desnível social e econômico de seus membros (criando classes sociais cada vez mais distantes), este fator não invalida as duas teses anteriores: de um lado os recursos “mal distribuídos” continuam a serem escassos (exemplo dos recursos naturais, mão 2 2 de obra e capital), do outro lado, as necessidades humanas continuam a ser ilimitadas. Portanto, ainda assim será necessário estabelecer escolhas entre os vários e ilimitados desejos humanos, optando por aqueles que possuam mais alto nível de necessidades e, buscar a eficiência produtiva dos bens e serviços necessários ao seu atendimento. Esta segunda opinião permite teorizar que é perfeitamente possível melhorar os efeitos perversos da distribuição sem, contudo resolver o paradoxo da administração econômica: necessidades x recursos escassos, conflito que cresce mesmo com a grande expansão e aperfeiçoamento dos recursos de produção, puxados pela tecnologia, os desejos e as necessidades humanas crescem mais que proporcionalmente. 1.1 EFICIENCIA PRODUTIVA E O PLENO EMPREGO A eficiência máxima, o pleno emprego dos recursos disponíveis frente a canalização dos limitados recursos podem ser explicados de forma simples: a eficiência máxima e o pleno empregos são alcançados quando se mobilizam todas as possibilidades de produção da economia; e a escolha das melhores alternativas depende das opções sociais ou políticas feitas pela própria sociedade ou pelos seus governantes. Sejam quais forem essas opções, haverá sempre um limite máximo para seu atendimento, pois devido à limitação ou má distribuição dos recursos, jamais será possível produzir quantidades infinitas de todos os bens e se3rviços desejados. Alias, como regra geral, o aumento da produção de dada classe de bens implica, necessariamente, redução da produção de uma outra classe, a não ser que tenha ocorrido um aumento nos recursos acumulados, fator que só pode ser imaginado a médio ou longo prazo. 1.2 – A TRÍADE DOS PROBLEMAS CENTRAIS ➢ O que e quanto produzir? ➢ Como produzir? ➢ Para quem produzir? Além da decisão sobre segurança ou bem-estar, sobre bem-estar imediato ou produção de base para expansão do bem-estar no futuro, são dilemas básicos 3 3 enfrentados pelas sociedades, existem outras questões que existirão seja qual for a opção básica acima descrita: ➢ Nível econômico: Decisão sobre o que e quanto produzir; Adoção de opções lógicas, que satisfaçam plenamente às necessidades e aos desejos da coletividade. Pressupõe que as fronteiras de produção sejam atingidas; ➢ Nível tecnológico: Decisão sobre como produzir; Obtenção de eficiência produtiva. Pressupõe eficiente combinação, ótima alocação dos recursos e maximização dos níveis de produção pela plena mobilização dos fatores disponíveis. ➢ Nível social: Decisão sobre para quem produzir; Obtenção de eficiência distributiva. Pressupõe que as fronteiras do bem-estar individual e social sejam alcançadas. A constituição de um sistema econômico ideal implica a gradativa ampliação da área de interconexão entre os três problemas fundamentais, a adoção de opções que satisfaçam plenamente às necessidades coletivas, a combinação eficiente e ótima alocação dos recursos e a correta repartição da produção obtida com vistas à justiça social. TEXTO – INTRODUÇÃO GERAL AOS PROBLEMAS ECONOMICOS – ROSSETTI, JOSÉ PASCHOAL – VIDE BIBLIOGRAFIA; 1.3 – CONCEITOS BASICOS A - ECONOMIA: Ciência que estuda a atividade produtiva. Focaliza os problemas referentes ao uso mais eficiente de recursos materiais escassos para a produção de bens; estuda as variações e combinações na alocação dos fatores de produção (terra, capital, trabalho e a remuneração), na distribuição de renda, na oferta e procura e nos preços das mercadorias. B - CONCEITO GENÉRICO DE ECONOMIA: A economia é a ciência que trata da administração eficiente de recursos escassos com vistas à satisfação dos 4 4 ilimitados desejos e necessidades humanas. A economia é uma técnica de correlação dos recursos e meios de que dispõe uma sociedade para satisfazer suas necessidades de bem- estar e progresso. Este é o seu princípio geral, válido em qualquer época e em todos os lugares. Suas leis, teorias, regras e diretivas são frutos - em cada província humana - de experiências singulares. Não podem, portanto, ser aplicadas a sistemas diversos, cada um com sua própria cultura. C - OBJETIVO: O objetivo maior da ciência econômica reside na otimização da satisfação do indivíduo quanto aos bens e serviços de que ele necessita e na maximização da eficiência produtiva destes bens e serviços. Em sentido amplo, tal fato refere-se ao desenvolvimento econômico, conseqüência direta da produtividade e de sua apropriação pelos agentes do processo. D - ECONOMIA POLÍTICA: Ciência que estuda as relações sociais de produção, circulação e distribuição de bens materiais, definindo as leis que regem tais relações. Procura também analisar o caráter das leis econômicas, sua especificidade, sua natureza e suas relações mútuas. Nesse sentido, é uma ciência fundamentalmente teórica, valendo-se dos dados fornecidos pela economia descritiva e pela história econômica. E - ECONOMIA QUANTITATIVA: Parte da economia que trata da quantificação e análise dos fenômenos econômicos passíveis de mensuração. Para isso recorre à matemática e à estatística. F - MICROECONOMIA:Ramo da ciência econômica que estuda o comportamento das unidades de consumo representadas pelos indivíduos e pelas famílias; as empresas, suas produções e seus custos; a produção e o preço de diversos bens, serviços e fatores produtivos. Em outras palavras, a microeconômia ocupa-se da forma como as unidades individuais que compõem a economia - consumidores privados, empresas comerciais, trabalhadores, latifundiários, produtores de bens e serviços particulares, etc. - agem e reagem umas sobre as outras. G - MACROECONOMIA: Parte da ciência econômica que focaliza o comportamento do sistema econômico como um todo. Tem como objeto de estudo as relações entre os grandes agregados estatísticos: a renda nacional, o nível de emprego e dos preços; o consumo, a poupança e o investimento. 5 5 1.4 - COMPOSIÇÃO E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA • FATORES DE PRODUÇÃO: Recursos naturais, trabalho, capital, tecnologia e capacidade gerencial; • REMUNERAÇÃO DOS FATORES: Lucro, salários, juros, aluguéis, royalties; • SETORES DA ECONOMIA: • PRIMÁRIO: Abrange o conjunto de unidades produtoras de bens que se apresentam com um grau mínimo de transformação, sendo quase matéria bruta, ou seja, produtos espontâneos da natureza. São as atividades agropecuárias e extrativistas. • SECUNDÁRIO: Inclui as unidades produtoras de bens que já apresentam um grau razoável de transformação, acusando uma manipulação efetiva dos recursos naturais. É representado pelas indústrias. • TERCIÁRIO: Agrupa o conjunto de unidades produtoras de serviços. É subdividido em vários subsetores - empresas financeiras, comércio, transporte, comunicação, produção de energia, saúde, educação, etc. • AGENTES ECONÔMICOS: Família, empresa, governo e resto do mundo (os mesmos agentes residentes em outros paises); • FORÇA DE TRABALHO: É a energia desprendida do trabalhador que é exercida sobre um produto inerte qualquer e o transforma em uma mercadoria com mais valor. É a única mercadoria que o trabalhador tem para vender em troca de um salário de subsistência. • CLASSIFICAÇÃO DOS BENS: Os bens finais podem ser destinados a satisfazer diretamente as necessidades humanas, sendo para tanto entregues ao consumidor (roupas, alimentos, bebidas), ou podem não atender diretamente as necessidades do consumidor. Neste caso, destina-se a multiplicar a eficiência do trabalho (máquinas e equipamentos). São bens de consumo no primeiro caso e bens de capital no segundo. • OS BENS DE CONSUMO: São não duráveis quando se esgotam com pouco uso (roupas e alimentos); são duráveis quando o seu uso se prolonga por um tempo maior (automóveis e eletrodomésticos em geral com vida útil superior a um ano). 6 6 • OS BENS INTERMEDIÁRIOS OU INSUMOS: São transformados em novos produtos por outras unidades produtoras (ferro, aço, plástico, couro e trigo) • CAPITAL: Trabalho cristalizado (acumulado), uma relação social; mais valia. Em sua forma mais simples, capital significa o conjunto de bens produzidos e acumulados como instrumentos para novas produções. 1.5 - RELAÇÕES ENTRE ECONOMIA E SOCIEDADE; A - RELAÇÕES SOCIAIS DE PRODUÇÃO: Conceito que designa o conjunto de relações econômicas que se estabelecem entre os homens, independentemente de sua consciência e sua vontade, no processo de produção e reprodução de sua vida social. No capitalismo, a relação de produção fundamental é a que ocorre entre capitalista (comprador da força de trabalho) e proletário (vendedor da força de trabalho). A base das relações de produção está nas relações de produção sobre os meios de produção. As relações de produção se desenvolvem diretamente vinculadas e em dependência das forças produtivas da sociedade. A conjugação das primeiras e das últimas, forma um modo de produção. B - FORÇAS PRODUTIVAS: Forças naturais (inclusive o próprio homem) apropriadas pelo homem para a produção e reprodução de sua vida social. A parte material das forças produtivas, isto é, os instrumentos de trabalho e os objetivos de trabalho constituem a base material e técnica da sociedade. A principal força produtiva, no entanto é o próprio homem, que cria instrumentos de trabalho cada vez mais poderosos, aperfeiçoa seus objetos de trabalho e combina ambos no sentido de ampliar constantemente a produção. Essa expansão opera modificações nas relações de produção e no modo de produção. C - MODO DE PRODUÇÃO: Definido pelo conjunto das forças produtivas e das relações de produção. D - MEIOS DE PRODUÇÃO: Conjunto formado pelos meios de trabalho e pelo objetivo de trabalho. Os meios de trabalho incluem os instrumentos de produção (ferramentas, máquinas), as instalações (edifícios, silos, armazéns), as diversas formas de energia e combustível e os meios de transportes. O objeto de trabalho é o elemento sobre o qual ocorre o trabalho humano; a terra e as matérias primas, as jazidas minerais e outros recursos naturais. 7 7 E - INFRA-ESTRUTURA: Designa a base econômica da sociedade, o modo de produção dominante e, mais especificamente, o conjunto das relações de produção. Essa infra-estrutura econômica determina a superestrutura político-social historicamente correspondente. F - SUPERESTRUTURA: Conjunto das instalações político-jurídicas e das formas de consciência sociais, (arte, religião, filosofia) correspondentes historicamente à determinada base econômica ou infra-estrutura. Essa relação entre base e superestrutura não ocorreria de forma mecânica, mas dialética. O texto acima poderá ser utilizado como unidade introdutória tanto para a cadeira de Introdução à Economia como para Economia Micro e Macro, neste último caso servindo como unidade de revisão conceitual. UNIDADE II – FORMAÇÃO E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA ECONOMICO NACIONAL: 2- FORMAÇÃO E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA ECONÔMICO NACIONAL 2.1) Fatores Produtivos A descoberta e a exploração de recursos naturais, a mobilização da população em idade de produzir, a escolha dos bens de capital, a definição dos padrões tecnológicos que serão empregados – enfim, a mobilização, a aglutinação e a combinação dos demais fatores de produção pressupõem a existência de determinada capacidade de empreendimento. É através dela que os recursos disponíveis são reunidos, organizados e acionados para o exercício de atividades produtivas. Na realidade, a existência de recursos humanos aptos para o exercício de atividades produtivas, a disponibilidade de capital, a dotação de reservas naturais e a capacidade tecnológica acumulada só geram fluxos de produção, quando mobilizados e combinados. Isoladamente, cada um por si, não é suficiente para que se desencadeie o processo de produção. Caso não sejam idealizados, implantados e mantidos empreendimentos capazes de absorver e combinar esses recursos, eles serão apenas potencialmente relevantes. Adquirem importância efetiva, não apenas potencial, quando empregados conjuntamente. É de seu emprego, de sua aglutinação em torno de determinado empreendimento, de sua adequada combinação, bem 8 8 como da organização e da direção a que se submetem que resultam os fluxos de produção. E todo esse esforço de mobilização e coordenação é atribuível ao “quinto fator de produção”, a capacidade empresarial. Independentemente, porém, das concepções e posturas envolvidas, nenhuma economia pode prescindir da capacidade empresarial como fator de produção, seja esta atribuída preponderantemente a agentes e a grupos privados, seja a organismos governamentais.As motivações do Estado, de grupos empresariais e do empreendedor independente não são iguais. Também não é a mesma a recompensa. E podem ainda variar amplamente os resultados alcançados por estas diferentes fontes de empresariedade. Mas, sejam quais forem os propósitos e os resultados, a capacidade empresarial, de interesse público ou privado, estará sempre presente quando se mobilizam fatores de produção. O processo de produção, em seus fundamentos, dá-se pela mobilização combinada dos fatores terra, trabalho e capital, sob determinado padrão tecnológico. E o fator mobilizador é a capacidade empresarial. Os agentes dotados de capacidade empresarial reúnem um conjunto de qualificações que os diferenciam em relação aos contingentes economicamente mobilizáveis. As principais, destacadas por Leibenstein, são as seguintes: Ter visão estratégica, orientada para o futuro, capaz de antever novas realidades e seus desdobramentos. Ter baixa aversão aos riscos inerentes ao ambiente de negócios. Ter espírito inovador, quebrando paradigmas, abrindo novas fronteiras, propondo novas soluções para satisfazer às ilimitáveis necessidades humanas. Ter sensibilidade para farejar oportunidades de investimento ou de reunir e processar informações que os levam a descobri-las. Ter energia suficiente para implantar projetos de empreendimento, animando tanto investidores quantos sejam necessários para sua execução. Ter acesso aos quatro fornecedores de produção, bem como capacidade para combiná-los e motivá-los, levando adiante os projetos implantados. Ter capacidade de organizar o empreendimento, adquirindo ou contratando os fatores necessários, transferindo 9 9 subseqüentemente a gestores competentes a coordenação permanente das operações. Há autores, como Hailstones, que destacam a capacidade empresarial como “o mais importante dos fatores de produção; sua persistente busca pelo lucro e por outros elementos motivadores, inerentes à produção e distribuição de bens e serviços, é a principal força propulsora do processo econômico”. A empresariedade seria, assim, a energia mobilizadora da economia. A carência de espírito empresarial retarda movimentos inovadores e inibe o processo de crescimento econômico. Em contrapartida, nações dotadas de energia empreendedora mobilizam as potencialidades existentes, desenvolvem esforços de complementação de suas deficiências naturais e emergem em pouco tempo como potências competitivas. A disponibilidade de agentes dotados de capacidade empresarial está associada a fatores culturais, sociais, econômicos e institucionais. Como regra, considerando-se como inatas as qualificações requeridas que definem os empreendedores, é escassa a dotação de fator. Em economias de desenvolvimento tardio, apesar das oportunidades de investimentos existentes, a falta de espírito empresarial é uma das principais barreiras para a promoção do crescimento. Sob condições de atraso acentuado, a aceitação fatalística das condições vigentes, contrasta com as motivações encontradas nas sociedades economicamente mais avançadas. As atitudes que conduzem a empresariedade ocorrem geralmente em sistemas avançados; são mais escassas em sistemas tardios. É como se a capacidade empresarial também resultasse da emulação social que estimula a busca por inovações e da cultura que valoriza a conquista, a liderança e o êxito no ambiente de negócios. Fatores culturais adversos, associados à baixa mobilidade social, podem dificultar a emergência e o desenvolvimento do espírito empreendedor. Contrariamente, quando se criam motivações sociais suficientemente fortes para impulsionar agentes dotados de capacidade empreendedora, remove-se uma das barreiras institucionais que mais dificultam a ocorrência e a atuação desse fator. A capacidade empresarial é condicionada por bases institucionais que não reprimem nem condenam a ascensão social derivada do êxito em negócios. A ambição que move empreendedores justifica-se socialmente à medida que contribui para gerar empregos e dotar economia de uma das precondições relevantes para o bem-estar social – a expansão da produção. 10 10 2.2- SETORES PRODUTIVOS Os cinco fatores que acabamos de conceituar e descrever – terra, trabalho, capital, capacidade tecnológica e capacidade empresarial – são mobilizados e combinados entre si pelo diversificado conjunto das unidades que integram o aparelho de produção das economias nacionais. Todos eles estão, de alguma forma, presentes em todos os fluxos resultantes das atividades de produção. As proporções com que cada um desses fatores contribui no processo produtivo variam de setor para setor. Há atividades intensivas do fator terra; outro trabalho-intensivas ou capital-intensivas; a capacidade tecnológica como fator de produção e como produto, é intensiva nas unidades de P&D; e mesmo a importância relativa da empresariedade não é igual para diferentes categorias de atividades produtivas. Mas, direta ou indiretamente, não há atividade produtiva que possa prescindir de qualquer um dos fatores básicos de produção. Sua disponibilidade é a condição sine qua non para que se desencadeiem os fluxos de produção das economias nacionais. A intensividade com que se dá o emprego e cada um deles e as diferentes categorias de produtos resultantes são os dois critérios de referência para classificação das atividades de produção. Estas são usualmente classificadas em atividades primárias, secundárias e terciárias. As atividades primárias de produção compreendem a agropecuária; nestas, é alta a intensividade do fator terra. As secundárias incluem a indústria extrativa mineral e as indústrias de transformação e de construção; nestas, embora as proporções variem entre os principais ramos industriais, á alta a intensividade do fator capital. E as atividades terciárias, geralmente caracterizadas pela intensividade do fator trabalho, compreendem o comércio, a intermediação financeira, os transportes, as comunicações e outras categorias de prestação de serviços. Mais especificamente é esta a classificação usualmente adotada: ATIVIDADES PRIMÁRIAS DE PRODUÇÃO Lavouras – Culturas permanentes. Culturas temporárias extensivas. Horticultura. Floricultura. Produção animal – Criação e abate de gado e aves. Pesca. Caça. Derivados da produção animal. Extração vegetal – Produção florestal: silvicultura e reflorestamento para usos múltiplos. Extração de recursos florestais nativos. 11 11 ATIVIDADES SECUNDÁRIAS DE PRODUÇÃO Indústria extrativa mineral – Extração de minerais metálicos e não metálicos. Indústria de transformação – Transformação de minerais não metálicos. Siderurgia e metalurgia. Material eletroeletrônico e de comunicações. Material de transporte. Beneficiamento de madeira e mobiliário. Celulose, papel e papelão. Química. Produtos farmacêuticos e veterinários. Borracha. Produtos de matéria plástica. Produtos de higiene e limpeza. Têxtil, vestuário, calçados e artefatos de couro. Produtos alimentares. Bebidas. Fumo. Editorial e gráfica. Indústria da construção – Obras públicas. Construções e edificações para fins residenciais e não residenciais. Atividades semi-industriais – Produção, transmissão e distribuição de energia elétrica. Gás encanado. Tratamento e distribuição de água. ATIVIDADES TERCIÁRIAS DE PRODUÇÃO Comércio – Comércio atacadista e varejista, sub-agrupado segundo ramos principais. Intermediação financeira – Bancos comerciais e de desenvolvimento. Sociedades de crédito, financiamento e investimento. Seguros. Capitalização. Atividades complementares do mercado de capitais. Transportese comunicações – Transportes aéreos, ferroviários, hidroviários e rodoviários. Comunicações. Telecomunicações. Governo – Administração pública direta e autarquias, das diferentes esferas de governo: central, estadual, municipal. Outros serviços – Assistência à saúde. Educação e cultura. Cultos religiosos. Hospedagem e alimentação. Conservação e reparação de máquinas, veículos e equipamentos. Lazer. Atividades profissionais liberais. O conjunto desses setores e subsetores compõe o aparelho de produção da economia nacional. No decurso das atividades de produção, eles mobilizam os fatores básicos, processando e reprocessando produtos de utilização intermediária, até chegar aos produtos finais disponibilizados em diferentes mercados. Cada um desses setores e subsetores está, direta ou indiretamente, interligado com todos os demais, numa quase indescritível 12 12 sucessão de transações econômicas interdependentes. Interligando-os, formam-se redes e cadeias de interdependência intersetoriais e intra- setoriais. Por meio dessas redes e cadeias de inter e intra-relações, todo o conjunto se movimenta, articuladamente, através de unidades de produção – uma expressão genérica que engloba todas as empresas e todas as demais categorias organizacionais que participam do processo produtivo. Interconectadas por conjuntos de cadeias produtivas, as unidades de produção caracterizam-se por sua alta heterogeneidade. Diferenciam-se não só quanto a suas formas jurídicas de constituição e quanto as suas modalidades de operação, mas ainda quanto a suas dimensões e também quanto à natureza dos produtos que processam. Todas, porém, têm como traço comum a capacidade de empregar e de combinar os fatores de produção de que a economia dispõe. Todo o processo tem como núcleo de referência o aparelho de produção, constituído por unidades interconectadas. Estas, não importa quais sejam suas dimensões, atividades a que se dediquem ou formas institucionais de organização, empregam e combinam os fatores ativos disponíveis, dotados de determinado padrão tecnológico e das qualificações necessárias ao exercício do processo produtivo. Mobilizados, dirigidos e interarticulados nas unidades de produção, esses recursos exercem pressões primárias sobre as reservas naturais. Primariamente, desenvolvem-se atividades que se caracterizam pela alta intensividade do fator terra, estabelecendo-se então o contato inicial dos recursos ativos com as dádivas da natureza. A partir de atividades primárias, desencadeiam-se outras, classificadas como secundárias, caracterizadas pelo reprocessamento e transformação das reservas naturais extraídas, já então multiplamente combinadas entre si. Estabelecem-se então, fluxos contínuos de emprego de recursos, de extração, de processamento e reprocessamento de materiais, apoiados por atividades terciárias. E o resultados de todos esses processos e fluxos contínuos é a geração de produtos, tangíveis e intangíveis, que atendam às necessidades de consumo e de acumulação da sociedade. 13 13 2.3- O Sistema Econômico:Uma Visão de Conjunto - Funcionamento Os principais elementos constitutivos dos sistemas econômicos são: Um estoque de fatores de produção. Um quadro de agentes econômicos interativos. Um complexo de instituições. O primeiro conjunto, o estoque dos fatores de produção, constitui a própria base da atividade econômica. Já vimos que sem terra, trabalho, capital, tecnologia e empresariedade não se realiza a atividade econômica fundamental, da qual dependem todas as demais categorias de fluxos econômicos, como os de consumo e acumulação. Os estoques desses elementos condicionam a existência e as dimensões do aparelho de produção. Suas qualificações e as formas com que são combinados condicionam a eficiência. E de decisões sobre as alternativas de geração de produtos finais decorrem os padrões de eficácia do sistema como um todo. As formas de emprego e de destinação dos recursos e a composição dos produtos gerados são decididas pelos agentes econômicos. Eles decidem e mobilizam os recursos. Produzem. Geram e se apropriam de diferentes categorias de rendas. Transacionam. Consomem. Acumulam. E agem de acordo com um complexo de instituições que dão respaldo e forma as suas interações. As relações que se estabelecem entre o segundo conjunto dos elementos constitutivos do sistema, o quadro dos agentes econômicos, são definidas pelo terceiro conjunto, o complexo das instituições. Nenhum sistema econômico é possível sem que um conjunto de normas jurídicas discipline os deveres e as obrigações dos detentores dos recursos e das unidades que o empregarão. Também não há como prescindir de um conjunto de instituições políticas, que definam as esferas de competência de cada agente, e de instituições sociais, que estabeleçam valores de referência e regras de conduta. Estes três conjuntos de elementos, recursos, agentes e instituições, formam um todo intercomplementar para compreender os movimentos, os fluxos e a dinâmica da organização econômica. 14 14 • Reservas naturais • Recursos humanos • Capital • Capacidade tecnológica • Capacidade empresarial A operacionalidade do sistema visto como um todo envolve, por procedimentos que se intercruzam, todos os elementos básicos relacionados. Aprofundando em seguida o conceito e as funções de cada um dos agentes econômicos. FIGURA I FIGURA I ESTOQUE DE FATORES DE PRODUÇÃO • Unidades familiares • Empresas • Governo QUADRO DE AGENTES ECONÔMICOS • Jurídicas • Políticas • Sociais COMPLEXO DE INSTITUIÇÕES Recursos, agentes e instituições: as três categorias que formam as bases de qualquer sistema econômico. Elementos constitutivos do sistema econômico como um todo: recursos, agentes e instituições 15 15 2.4- OS AGENTES ECONÔMICOS: QUALIFICAÇÕES E FUNÇÕES Como foi sintetizado na figura 1.1, há três diferentes grupos de agentes econômicos que interagem, participando direta ou indiretamente de todas as transações que se realizam dentro de determinado sistema econômico: As unidades familiares As empresas O governo O conceito econômico de unidades familiares engloba todos os tipos de unidades domésticas, unipessoais ou familiares, com ou sem laços de parentesco, segundo as quais a sociedade como um todo se encontra segmentada. O conceito tem raiz sociológica. Sua qualificação econômica resulta de que essas unidades possuem e fornecem os recursos de produção, apropria-se de diferentes categorias de rendas e decidem como, quando, onde e em que as rendas recebidas serão despendidas. A maior parte das unidades familiares tem uma ou mais pessoas economicamente ativas, diretamente empregadas, fornecendo recursos para o processamento das atividades primárias, secundárias ou terciárias de produção. São proprietários de terras, de fábricas ou de unidades de prestação de serviços. São empregadores ou empregados. Ou, ainda, agentes que trabalham por conta própria. Mas há unidades familiares que não têm pessoas efetivamente empregadas nas atividades de produção. Estas se mantêm, participando também dos fluxos econômicos, com recursos que a sociedade lhes transfere, de que são exemplos os pagamentos dos sistemas de previdência social, públicos e privados. Na destinação de seus recursos de produção e das diferentes formas de renda ou de transferênciarecebidas, cada uma das unidades familiares possui amplo poder decisório. Elas administram, de forma independente, seus próprios orçamentos. Decidem sobre seus dispêndios correntes de consumo, sobre o aumento de seus ativos ou a diminuição de seus passivos. Este poder decisório é uma das principais características econômicas desse agente. Dele decorre, em grande parte, o montante, o direcionamento e a composição do fluxo global de dispêndio da economia. 16 16 A origem dos rendimentos e destinação dos dispêndios, as unidades familiares do Brasil. Em 1990, elas totalizavam pouco mais de 38 milhões de diferentes categorias de grupamentos. Para uma população de 147,3 milhões, o número médio de pessoas por unidade familiar era de 3,9. A maior parte das diferentes categorias de grupamentos era de casais, com ou sem filhos, convivendo ou não com outros parentes. Estes tipos de agrupamentos totalizavam mais de 73% do total. As unidades unipessoais representavam pouco menos de 7%. Outros 20% distribuíam-se entre outros tipos de unidades familiares. O rendimento médio do conjunto de todas essas unidades era de 7,9 salários mínimos, variando segundo os diferentes tipos de agrupamentos, de uma média máxima de 10,5 para uma média mínima de 4,4. A maior parte dos rendimentos provinha do emprego do fator trabalho, quase 74%. As diferentes categorias de transferências atingiam quase 12%. De outras origens provinham 14%. Quanto à estrutura dos dispêndios, os gastos correntes com consumo chegavam a mais de 75%. Para o aumento de ativos ou diminuição de passivos, destinavam-se pouco menos de 16%. O restante, quase 9%, ia para outros dispêndios correntes, entre os quais o pagamento de contribuições e impostos. FONTE: ANUARIO ESTATISTICO DO BRASIL DE 1992 2.5- OS FLUXOS ECONOMICOS – FLUXO REAL E MONETÁRIO - INTERLIGAÇÕES Sabemos que o produto nacional surge como resultado da colaboração de vários fatores, que são: trabalho, recursos naturais, capital e o esforço coordenador dos empresários e administradores; os proprietários destes fatores, por sua vez, e em virtude da contribuição que prestaram, vão receber uma remuneração correspondente, a qual toma denominações diversas: o trabalhador empregado recebe salários os ordenados, os donos de terras e prédios recebem arrendamentos ou aluguéis e por isso se costuma apresentá-los sob a classificação mais geral de rentistas, o prestador de cotas de capital obtém juros e dividendos e o empresário empreendedor – aquele que enfrenta o risco da atividade econômica e põe em funcionamento o mecanismo da produção – recebe uma quota residual, quando bem sucedido em seu esforço, e que se denomina de lucros. O conjunto destes rendimentos percebidos – salários, aluguéis, juros e lucros 17 17 – constituem a renda nacional e seu valor vem a ser a contrapartida pelo esforço produtivo de cada um dos fatores em jogo. Esta renda agora vai afluir ao mercado, onde servirá de instrumento para a aquisição dos diferentes bens e serviços de que necessita a comunidade. Os mesmos proprietários dos fatores de produção e que perceberam rendimentos por sua colaboração produtiva, vão assim, despender seus ingressos para comprar o complexo de bens e serviços que ajudaram a produzir. Constatamos, deste modo, que o circuito econômico se estabelece entre dois pólos: as entidades de produção (também designadas por empresas) de um lado e o público (composto pelos proprietários dos fatores de produção) de outro lado. Temos aí um circuito fechado em que os proprietários de fatores põem à disposição das empresas os elementos necessários ao esforço produtivo; as empresas, em conseqüência, remuneram os serviços prestados por estes diversos fatores. Depois, esta renda retorna às empresas, quando os mesmos proprietários dos fatores produtivos – agora consumidores – adquirem os bens e serviços produzidos pelas empresas. Tal situação pode ser figurada no seguinte diagrama: Na parte de cima temos o mercado primário dos fatores de produção, com duas setas em sentido contrário: a contribuição que os proprietários dos fatores prestam às empresas e a remuneração que estas pagam àqueles. Na parte de baixo aparece o mercado secundário dos bens produzidos, também com duas setas em direções opostas: as empresas vendem aos consumidores sua produção e recebem, pela venda, o preço correspondente. Venda de bens e serviços aos consumidores Dinheiro gasto pelos consumidores renda paga aos proprietários dos fatores (salários, aluguéis, juros, lucros) contribuição dos fatores de produção empresas proprietários dos fatores consumidores 18 18 Do esboço acima podemos tirar três conclusões importantes: a) As pessoas em geral, em nossa estrutura econômica, desempenham duplo papel; no mercado primário são supridoras de serviços produtivos, mas logo em seguida aparecem no mercado secundário como adquirentes e consumidores dos bens que produziram. b) Os gastos de um indivíduo tornam-se, no período imediato, em renda de outro. Assim, as despesas de operação que a empresa deve enfrentar (custos de produção) são as rendas daqueles que deram a ela sua variada contribuição; e as despesas dos consumidores para adquirir os bens e serviços (custo de vida) constituem-se em rendas para as empresas. c) Esta economia de mercado só é possível graças à intervenção do dinheiro, que encadeia e padroniza todos os tipos de transações. Tanto na contabilidade privada como na contabilidade social, ele surge como elo de união entre o mercado primário e o secundário. Daí por que o fluxo real de bens e serviços é inseparável do fluxo monetário, pois é este que torna possível mensurar a grandeza econômica daquele. Nas páginas que se seguem, nossa análise em geral se limitará ao comportamento do fluxo monetário, como expressão numérica do produto nacional; o fluxo real de bens e serviços só esporadicamente será objeto de estudo e, quando tal ocorrer, será feita menção expressa. Mas, embora inseparáveis, o estudante deve atentar com clareza para sua distinção. O que realmente importa do ponto de vista social é o fluxo real de bens e serviços, já que ninguém pode comer ou vestir dinheiro; todavia, o fenômeno econômico exige que se faça uma quantificação monetária para sua melhor análise. Ocorre que ambos – fluxo real e fluxo monetário – podem variar e esta variação nem sempre se opera de modo correspondente; se a moeda não sofresse alterações em seu valor, tal distinção poderia ser ignorada, mas não é isso que acontece comumente e, por esta razão, o pesquisador deve sempre tomar uma atitude cautelosa quando estuda a renda nacional como expressão monetária do produto nacional. 19 19 2.6- Vazamento do Sistema Econômico A observação da realidade quotidiana sugere-nos que os consumidores, em conjunto, não gastam a totalidade da renda percebida, mas procuram guardar uma parcela da mesma, a fim de formar economias; é verdade que, se encararmos os consumidores isoladamente, pode acontecer que alguns, com rendas insuficientes, gastem mais do que perceberam por sua contribuição ao processo produtivo, lançando mão de economias anteriores ou recorrendo a empréstimos. Mas, encarando o grupo social como um todo, constatamos que uma parcela á despendida em consumo e outra – geralmente bem menor – é guardada e poupada, como medida de previdência e precaução. A situação descrita pode ser apresentada na seguinte igualdade: Y = C + S isto é, a renda de um período (Y) recebe duas destinações: uma parcela maior é gasta em consumo (C) e outra menor (S)1, é poupada; a igualdadeacima é uma primeira aproximação do fluxo monetário da renda nacional. A parte que se retirou para fins de poupança vem a ser um vazamento no fluxo monetário, pois ela de imediato não retorna ao circuito econômico; normalmente ela é recolhida por instituições financeiras – bancos, de modo geral – que põem tais economias à disposição de interessados em obtê-las de empréstimo. Se estes empréstimos forem feitos a indivíduos, eles serão provavelmente gastos em consumo, mas se forem concedidos a empresas, estas os investirão para fins reprodutivos; e assim as poupanças retornam, numa segunda etapa, ao circuito econômico, para então serem gastas em consumo ou aplicadas em investimentos. Convém notar que também as empresas, quando retêm parte dos lucros líquidos obtidos, realizam poupanças para posteriores aplicações; estas economias, via de regra, são confiadas à guarda das mesmas instituições financeiras que, por sua vez, se encarregam de emprestá-las a solicitantes de créditos. Assim, as poupanças são os vazamentos que ocorrem no fluxo monetário; geralmente recolhidas por organismos financeiros específicos, tais poupanças são em seguida postas à disposição de indivíduos e 20 20 empresas para os diversos fins de consumo e, sobretudo de investimento2. Na medida em que as poupanças retornam ao fluxo monetário, ficam compensados os vazamentos e o equilíbrio da atividade econômica se mantém. UNIDADE III- AGREGADOS MACROECONOMICOS 3.1- PIB Exprime a estimativa do valor da produção, a preços de mercado, realizados dentro do “território econômico” do país. Este “território econômico” trata-se de território terrestre, o espaço aéreo e as águas territoriais do país dentro dos limites. Todos os bens e serviços finais produzidos dentro do território econômico, depurados das transações intermediárias, incluem-se no valor agregado do PIB, independente de os recursos mobilizados serem ou não de propriedade de residentes no país. xxxxxxxxxxxxxxxxxx O PIB a preço de mercado trata-se do agregado que incorpora todas as remunerações de fatores de produção pagas a residentes no país, mais os impostos indiretos deduzidos dos subsídios. É, portanto, a agregação de salários, aluguéis, juros, lucros, depreciações e impostos indiretos líquidos. Assim, o PIB é um agregado que independe do país onde residam os proprietários dos recursos de produção que foram mobilizados em sua geração. Desde que a atividade produtora seja situada dentro do território econômico do país, é computada na avaliação do PIB, sendo esta, a razão de ser o designativo interno. Portanto, Produto Interno Bruto (PIB) é o valor da produção global de bens e serviços ocorrida dentro dos limites territoriais do país considerado, em determinado período de tempo – um ano, geralmente. Na produção global somente são computados os bens finais. É que o valor do produto final já inclui o valor dos produtos intermediários consumidos no processo de produção. A medida do valor é o preço. O PIB – que é um valor – costuma ser medido a preços de mercado (são os preços pagos no mercado, pelos adquirentes de bens e serviços). O Produto Interno Bruto (PIB) tem em vista – por força da própria conceituação – estimar o valor da produção de bens e serviços gerados 21 21 internamente no período de um ano. Na sua totalização não entra o valor dos estoques existentes no início do período. São produções de anos anteriores. Sendo já, obviamente, computados nos valores do PIB dos anos a que se referem. Nem toda a produção gerada internamente é de propriedade do país considerado, sendo que, nem toda a produção interna é produção nacional. Produto Interno Bruto (PIB) = CF+CG+IAF+ESTOQUE+(X-M) −Rendimentos Enviados ao Exterior +Rendimentos Recebidos do Exterior =Produto Nacional Bruto (PNB) CF: CONSUMO DAS FAMILIAS CG: CONSUMO DO GOVERNO IAF: INVESTIMENTOS DAS EMPRESAS E DOS GOVERNOS (X-M): SALDO COMERCIAL - EXPORTAÇÃO (-) IMPORTAÇÕES 3.2- Renda Nacional O grande problema para medir o produto de uma nação, é por causa da soma total do montante de renda ganha por cada um dos fatores de produção durante um ano de produção de bens e serviços. Sendo que, cada um desses fatores receberá um tipo diferente de recompensa monetária. No entanto, ao que se refere ao trabalho, trata-se de salários e ordenados; para terra, é aluguel; para capital, juro (remuneração do capital); e o lucro que resulta para o empresário, quando os produtos são vendidos. Se somarmos tudo isso, teremos a Renda Nacional: Salários e ordenados + Aluguel + Juros + Lucro = RENDA NACIONAL Sistema Setor público → Produção de → Renda Econômico Setor privado → Bens e Serviços → Nacional 22 22 Quando um artigo qualquer é vendido e há um lucro, definido como o que restou após os custos terem sido pagos, for tratado como a renda de alguém, então a Renda Ganha da venda de um bem é igual ao preço de mercado a que o bem é vendido. Quando este exemplo é repetido no que se refere a todos os bens e serviços produzidos numa economia, então, torna-se claro que o valor do produto total de um ano é exatamente igual à renda gerada por essa produção. Portanto, se a Renda Nacional resulta da produção de bens, conforme no exemplo dado, devemos ter o cuidado de não incluir os fluxos monetários que não resultem da produção efetiva. Um desses itens é o constituído por pagamentos de transferência. As transferências do governo, incluindo, por exemplo, auxílios para indigentes, benefícios para veteranos e despesas de previdência social, são todas necessárias, sem dúvida, mas não representam produção corrente de quaisquer bens e serviços e, assim, não devem ser computados ou totalizados na Renda Nacional. A Renda Nacional (RN), tem também outras denominações: - Rendimento Nacional - Dividendo Nacional - Ingresso Social - Ingresso Nacional A Renda Nacional pode ser assim conceituada: “Renda Nacional é o valor líquido (medido em dinheiro) dos bens e serviços produzidos em determinado período de tempo”. Então, concluímos que PNL é igual à RN. Produto Nacional Líquido = Renda Nacional PNL = RN 23 23 UNIDADE IV – CONSUMO, POUPANÇA E INVESTIMENTO. J. Maynard Keynes, economista Inglês, desenvolve sua teoria econômica baseada no pressuposto de que é necessária a intervenção do estado na economia, pois o mercado, devido a vazamentos como a formação de estoques e redução de produção, não seria capaz de coordena-las. Sua primeira suposição permite à existência de desemprego. Os antigos economistas acreditavam apenas no desemprego voluntário. Keynes ao contrário, acreditava que a economia estaria funcionando abaixo de seu potencial, deixando assim uma capacidade ociosa no sistema. A demanda agregada seria o somatório do consumo total da economia (famílias) com os investimentos empresariais, os gastos governamentais e seus investimentos em Capital Social Básico, as exportações subtraindo-se as importações. Identidade Básica do Sistema Y = Renda C = Consumo S = Poupança I = Investimento Y = C + S > Y = C + I PARA S = I A relação entre consumo e renda é descrita pela Função Consumo. 4.1 – FUNÇÃO CONSUMO: 24 24 Função Consumo: Em macroeconomia, refere-se ao gasto total realizado pelos indivíduos ou pela nação em bens de consumo num período determinado. A Renda é sem dúvida o fator que mais tem influência na determinação do consumo. Apresentemos alguns fatores que determinam o consumo: A - Taxa deJuros: Quanto maior for a taxa de juros, menor será o consumo . B - Expectativas Futuras de Preços e Renda: É racional o fato de o consumidor aumentar seu nível de consumo se sua renda ou o nível geral de preços venha a elevar-se no futuro. C - Crédito ao Consumidor: Condições fáceis de crédito ao consumidor estimulam o consumo, principalmente de bens duráveis. D - Distribuição de Renda: Uma redistribuição de renda das pessoas ricas para as mais pobres pode estimular o consumo. E - Estoque de Bens financeiros: Variações no valor do estoque dos ativos financeiros (ações, títulos do governo, moeda, etc.....) podem levar seus possuidores a mudar seus níveis de consumo . Pôr exemplo, ao elevar o valor do estoque desses ativos, seus possuidores poderão sentir-se mais ricos e aumentar seus dispêndios de consumo. GRÁFICO - 1: (COMPARATIVO). 25 25 Composição percentual do consumo privado na cidade de São Paulo – 1.951 Fonte : FIPE USP . Composição percentual do consumo privado na cidade de São Paulo – 1.990 Fonte : FIPE USP . Como pode ser observado, durante as últimas décadas, ocorreu uma profunda mudança na estrutura de consumo da cidade de São Paulo. Basta dizer que a porcentagem do gasto com habitação passou de 32 %, em 1.951, a 18 % em 1.990. 44% 32% 8% 8% 4%4% Alimentação Habitação Despesas Pessoais Vestuário Transporte Saúde 39% 18% 20% 8% 11% 4% Alimentação Habitação Despesas Pessoais Vestuário Transporte Saúde 26 26 A relação entre consumo e renda é descrita pela função consumo, didaticamente considerado como função linear. A renda é o fator que isoladamente, maior influência tem na determinação do consumo, isto é, a despesa em consumo programada dependerá basicamente do nível de renda da economia. Supomos que a demanda por consumo aumente com o nível da renda: C = a + by O nível de consumo é proporcional à renda (linear no caso didático); para cada aumento na renda, o consumo aumentará de acordo com a inclinação (by) da reta, representando o coeficiente angular da equação. Ao longo da função consumo o nível de consumo aumenta com a renda. A equação acima é especial porque o consumo varia de forma linear à renda, implicando que a um nível zero de renda o consumo seria zero. Porém, freqüentemente vê-se a especificação da função consumo incluir uma constante (a), autônoma que não depende da renda. Propenção Média a Consumir – PMC = C / Y Propenção Marginal a Consumir (by) PMGC = ΛC/ΛY Exercícios de demonstração de método serão aplicados em sala e como trabalhos individuais. 4.2 – FUNÇÃO POUPANÇA. Poupança: É o ato de não consumir no período, deixando para consumo futuro, dado pela fórmula: S = RN – C, sendo S a poupança, RN a renda nacional e C o consumo . Como no consumo, a renda é o fator que mais influência tem na determinação do nível de poupança. A função poupança pode ser obtida a partir da renda menos a função consumo. Os indivíduos podem poupar pôr diversas razões : aumentar ou manter o patrimônio familiar, deixar uma herança aos sucessores, constituir um fundo para a aposentadoria . Mesmo assim, os indivíduos podem poupar para cobrir gastos significativos com relação à renda familiar, como a compra de uma casa ou para fazer frente a possíveis contingências inesperadas. 27 27 4.2.1 – OS DETERMINANTES DO CONSUMO E DA POUPANÇA O consumo e a poupança de uma família estão fortemente condicionados pôr sua renda. Quanto maior for a renda da família, maior será o percentual de renda destinado à poupança. As famílias de baixa renda são obrigadas a destinar a maior partes de sua renda ao consumo de necessidades básicas e dificilmente podem poupar. Além disso, as famílias de renda média e baixa vêem-se induzidas a consumir pelo efeito “demonstração”, que as impulsiona a imitar o estilo de vida dos indivíduos com nível de vida mais elevado, e isso constitui um obstáculo para a poupança. De qualquer modo, pode-se dizer que as famílias tomam suas decisões em função de sua renda disponível. Derivando-se da equação base, a função poupança será definida por: S = Y – C S = Y – (a + by) Desta forma, quando a renda for zero, o consumo será positivo (ou independente) utilizando poupanças de outros períodos que será negativa. 4.3 – FUNÇÃO INVESTIMENTO. Investimento: É o gasto com bens que foram consumidos no período, e que aumentam a capacidade produtiva da economia para os períodos seguintes. 4.3.1- INVESTIMENTO AUTONOMO – Ia Definido pela própria empresa, de forma autônoma e independente da renda, por este motivo provocando uma variação multiplicadora na renda de valor maior do que o investido. 28 28 4.3.2 – MULTIPLICADOPR DE INVESTIMENTOS - K K = 1/PMGS > K = 1/ (ΛC/ΛY) 4.3.3 – PONTO DE EQUILIBRIO; Y = C > Y = a + by Após Ia > Y = a + by + Ia (DEMANDA AGREGADA= CONSUMO+INVESTIMENTO PRIVADO); Incluindo o Governo: Y (-) T = a + by + Ia + G ΛY = Y X K O investimento vê-se condicionado pôr um conjunto de variáveis, entre as quais cabe destacar as seguintes: • As expectativas empresariais sobre o futuro da atividade econômica. • A taxa de juros (O rendimento tem que superar o custo do dinheiro). • O nível da capacidade instalada utilizada pelas empresas (ociosidade). 4.3.2 – INVESTIMENTO DE REPOSIÇÃO: O investimento de reposição (depreciação) não aumenta o volume de produção, mantendo atualizado o parque fabril da empresa e impedindo sua transformação em sucata; 4.3.3 – INVESTIMENTO INDUZIDO – Ii O investimento induzido é resultado dos acréscimos da renda (Y), quando aumenta acima dos valores do investimento autônomo, fato 29 29 provocado pelo Efeito Multiplicador (K). Como o investimento induzido e provocado por um acréscimo da renda, não provoca novo efeito multiplicador, servindo como um Efeito Acelerador dos Investimentos para que alcancem o novo valor da renda de equilíbrio do sistema. MICROECONOMIA - TEORIA DA EMPRESA UNIDADE V – COEFICIENTES DE ELASTICIDADE (Alfred Marshall) É o estudo econômico da sensibilidade. É a expressão numérica quantitativa da elasticidade. É utilizado para que a empresa possa dosar o mercado ou qualifica-lo, permitindo assim o estudo do produto (s) no mercado. Expressam uma relação entre duas variáveis funcionalmente inter-relacionadas, com aplicação nos campos de Micro e Macroeconomia. A relação acima poderá ser positiva, unitária e ou negativa, assumindo valores superiores, iguais ou inferiores à unidade, em casos extremos, bens inferiores, poderá igualar-se a zero ou tender ao infinito. Pode também ser entendida como a medida das alterações (sensibilidade) da quantidade comprada em função das mudanças nos preços, taxas de lucro e na renda dos consumidores. Os coeficientes podem estar em 3 (três) campos diferentes: PROCURA OU OFERTA TOTALMENTE INELÁSTICAS A quantidade ofertada ou procurada não se altera, apesar das variações no preço do produto.No limite das variações normais do preço é provável que não haja modificações nas compras, no entanto, um determinado produtor terá que vender seu produto a qualquer preço dentro dos limites da razão. PROCURA OU OFERTA INELÁSTICA A quantidade ofertada ou procurada varia proporcionalmente menos do que o preço. Ex. Provavelmente não compraremos o dobro de pão caso seu preço caia a metade, nem o fazendeiro oferecerá o dobro do trigo a venda caso seu preço dobre. ELÁSTICIDADE UNITÁRIA É um caso especial em queas quantidades procuradas ou ofertadas respondem na mesma proporção (exata) das variações de preços. PROCURA OU OFERTA ELÁSTICA Variações nos preços provocam variações proporcionalmente maiores nas quantidades. Ex. Os bens de luxo aumentam dramaticamente o volume de vendas quando seu preço diminui. Do lado da oferta, a procura elástica normalmente afeta 30 30 bens de fácil produção, de modo que uma pequena elevação dos preços leva a um incremento muito maior de produção. PROCURA OU OFERTA TOTALMENTE ELÁSTICAS A quantidade ofertada ou procurada ao preço corrente é infinita (este caso aparentemente estranho é de grande importância na descrição do mercado da empresa competitiva típica). Para um fazendeiro a curva de procura por sua produção ao preço corrente é horizontal, porque ele pode vender todo o cereal que plantar àquele preço. Um comprador de cereais também poderá comprar a quantidade que desejar pelo preço corrente. Campo Elástico Coeficiente >1 Bens de Luxo Supérfluos = 1 Campo Unitário Campo Rígido ou Inelástico Coeficiente < 1 Bens de Primeira Necessidade 5.1 - Elasticidade Renda - Ei , Eai É a sensibilidade econômica na procura de um bem, em função da modificação ou variação na renda do consumidor. É a variação percentual na quantidade procurada de um bem resultante da renda disponível pelos consumidores, ou seja, é a média da quantidade da mercadoria comprada por unidade de tempo e a média percentual da renda do consumidor. A tendência é a de que as quantidades procuradas e a renda variarem no mesmo sentido, diretamente proporcional. Pode ser medido de duas formas: • Pelo coeficiente de elasticidade renda (de um ponto à outro) - Ei Ei = Vq / qi X Ri / VR 31 31 * Vq = Variação da Quantidade * qi = Quantidade Inicial * VR =Variação da Renda * Ri = Renda Inicial • Pelo coeficiente de elasticidade arco da renda (ponto médio entre dois pontos) - Eai Eai = Qi - Qf / Qi + Qf X Ri + Rf / Ri – Rf * Qi = Quantidade Inicial * Qf = Quantidade Final * Ri = Renda Inicial * Rf = Renda Final 5.2 - Coeficiente de Elasticidade Cruzada - EC É a relação da variedade proporcional da quantidade comprada de X, com o preço de Y (Produtos ou Empresas). É a variação percentual da quantidade procurada de um produto em relação a uma certa variação percentual ocorrida nos preços dos bens que lhes sejam SUBSTITUTOS E OU CONCORRENTES. No fundo é a substituição de um produto por outro de preço menor com a mesma função. • Hipóteses: * Ec = 0 * Ec = 1 * Ec > 1 A) Se a elasticidade cruzada for = 0, os bens são distantes, diferentes, não são bens substitutos. B) Se a elasticidade cruzada for = 1, os bens são normais, mas já concorrentes ou substitutos. C) Se a elasticidade cruzada for > 1, os bens são mais perfeitos e substitutos. EC = Vqa / qa X Pb / VPb * Vqa = Variação da Quantidade do Produto ou Empresa * qa = Quantidade Inicial do Produto ou Empresa * Pb = Preço Inicial do Produto ou Empresa • VPb = Variação do Preço do Produto ou Empresa 32 32 5.3 - Coeficiente de Elasticidade Lucro nas Vendas - ELV É a expressão numérica quantitativa das modificações havida nas vendas, em função da variação das taxas de lucro. ELV = Vv / vi X Tf / VT * Vv = Variação nas vendas * vi = Venda Inicial * Tf = Taxa Final * VT = Variação das Taxas OBS: Negativo 5.4 - Coeficiente de Elasticidade Preço da Procura - EP É a expressão numérica quantitativa das modificações na procura de certo produto, em função da variedade do preço. É a razão entre a variação relativa da quantidade procurada de um produto e sua variação relativa de preços, ou seja, é a variação percentual da quantidade de produto procurada por unidade de tempo, resultante de uma variação percentual do preço do produto. A procura de um produto depende da variação da renda do consumidor e da alteração do preço do produto. Uma redução no preço aumentará a procura e um aumento do preço reduzirá a procura - variações inversamente proporcionais. No caso da oferta é a relação percentual da quantidade ofertada de um produto por unidade de tempo resultante de uma dada variação no preço do produto. Uma redução da quantidade ofertada, implicará em um aumento dos preços, enquanto que um aumento da quantidade ofertada resultará numa redução dos preços. ESTUDO PRÁTICO O mercado em concorrência tende a alocar os recursos com o propósito de produzir bens de acordo com o padrão de demanda dos consumidores. Estes possuem desejos com pesos relativos, em função da renda disponível e a utilidade de cada produto. A utilidade é a satisfação, o prazer que recebemos em virtude do consumo de um determinado bem. 33 33 Determina quanto o consumidor deseja pagar em troca desse bem ou a quantidade que estaria disposto a adquirir aos seus diversos preços. Os produtores estão interessados em saber o total de dinheiro que as pessoas estão dispostas a gastar em um produto a diferentes níveis de preços. Um produtor ao resolver alterar seu preço desejará saber o reflexo em sua Receita Total, que poderá aumentar, permanecer constante ou diminuir. OBS: Normalmente negativo com exceção aos bens inferiores (Paradoxo de Giffen) cuja procura não é sensível a alteração no preço. As variações são contrárias, uma redução no preço aumenta a procura e, um aumento do preço reduz a procura. Fórmulas de Cálculo • Dados dois (2) pontos ou tabela de preço e quantidade. Ep = Vq / qi X Pi / VP * Vq = Variação da quantidade * qi = Quantidade Inicial * Pi = Preço Inicial * VP = Variação do Preço • Dada a equação da procura Ep = f (q) / q.f’ (q) * f = Função *q = Quantidade *f’= Função Derivada 34 34 VI – PONTO DE EQUILIBRIO – PE CONCEITO: PARA A DEFINIÇÃO DE PONTO DE EQUILIBRIO, OU SEJA, O PONTO NEUTRO, A PARTIR DO QUAL A EMPRESA PASSA A OPERAR COM LUCRO E, ANTES DO QUAL OPERA COM PREJUIZO, É NECESSÁRIO PRIMEIRO, DEFINIR CUSTOS, RECEITAS, FATURAMENTO E MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO. 6.1 - RECEITAS / FATURAMENTO Como Receita entende-se o valor apurado pela Produção da Empresa em um dado período de tempo a nível bruto (Com Impostos) ou Liquido já deduzidos os valores de Impostos e Devoluções e, como faturamento o valor das vendas efetivas no período considerado, também a nível bruto ou liquido. Desta forma podemos obter o Ponto de Equilíbrio de Produção (Receita Prevista) e o Ponto de Equilíbrio de Vendas pelo Faturamento admitindo-se a existência de estoques. 6.2 - Custos A primeira definição necessária é a de Custo Explicito ou Incorrido com Desembolso (Regime De Caixa), exceto a Depreciação, Exaustão Mineral e Amortização Financeira, que são Custos, mas não existe Desembolso. As Despesas Antecipadas também são pagas pelo Regime de Caixa, mas lançadas em custos pelo Regime de Competência, rateadas para o período em que são Constituídas (Ex do Alvará, Iptu E Ipva que são anuais e levados ao custo como 1/12 avos). Estas observações são importantes para deixar clara as diferenças entre Custo Contábil – Fisco – e Custo Gerencial – Gestão. Exemplos de Custos que não existem, mas podem ser considerados Gerencialmente,Aluguéis como custo para empresas que operam em Residências Próprias ao mesmo tempo em que seus titulares moram no local, caracterizando o conceito de Custo Imputado, ou Econômico. 35 35 6.2.1 - CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS A) CUSTOS FIXOS - CF São aqueles que, determinados por Contratos Legais, por Costume ou Pelo Uso Inalterado de um Fator de Produção, independentemente do volume de vendas ou de Produção, Não Variando em função das Variações das Vendas/Produção como aluguéis, telefone, energia da administração, seguro; CF = CT - CV B) CUSTOS VARIÁVEIS - CV São todos os Custos que Variam de Acordo com o Volume de Produção e ou Vendas, como os Insumos que se integram ao Produto, mão-de-obra direta, energia, entre outros. CV = CT - CF C) CUSTO MARGINAL –Cmg É a relação entre a Variação do Custo Total e a Variação Unitária da Quantidade Produzida; Cmg = VCT / V Q D) CUSTO MÉDIO – CM É a Relação entre o Custo Total e a Quantidade Produzida. CM = CT / Q E) MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO – MC É a diferença entre a Receita Total e o Custo Variável, sendo responsável pela Composição do Custo Fixo e do Lucro. MC = RT - CV 36 36 Para obtenção dos dados necessários ao calculo do Ponto de Equilíbrio utiliza-se o Orçamento de Custos e Receitas ou Fluxo de Caixa. 1 RECEITA TOTAL (100%) 2.769,00 1.1 PRODUTO 1.829,00 1.2 SUB-PRODUTO 940,00 1.2.1 567,00 1.2.2 373,00 2 CUSTOS TOTAIS 2.396,00 86.50 % 2.1 CUSTOS FIXOS 261,00 FINANCEIROS 88,00 SALÁRIOS 67,00 ENCARGOS SOCIAIS 20,00 DEPRECIAÇÃO 24,00 MANUTENÇÃO GERAL 28,00 SEGUROS 9,00 IMPOSTOS E TAXAS 2,00 OUTROS 11,00 EVENTUAIS 5% S/249,00 12,00 2.2 CUSTOS VARIÁVEIS 2.135,00 MATERIA PRIMA 1.624,00 MATERIAIS 129,00 IMPOSTOS 168,00 SALARIOS ENCARGOS 33,00 ENERGIA 24,00 COMBUSTIVEIS 25,00 OUTROS 30,00 EVENTUAIS 5%S/2033,00 102,00 3. LUCRO BRUTO (1 – 2) 373,00 13,50% PE = CFX100 / RT (-) CV PE = 261,00X100 / 2.769,00 – 2.135,00 PE = 26100,00 / 634,00 PE = 41,17% PE uf = PRODUÇÃO FISICA X 41,17% 37 37 PE um = RECEITA TOTAL X 41,17% OU PE um = PE uf X PREÇO UNITÁRIO PREÇO MÍNIMO VENDA RECEITA TOTAL = CUSTO TOTAL PRODUÇÃO FISICA . X = CUSTO FIXO + CUSTO VARIÁVEL MARGEM DE LUCRO = PREÇO UNITÁRIO / PREÇO MINIMO (1) X 100 38 38 UNIDADE VII – TEORIA DA PRODUÇÃO 8.1. CONCEITOS BÁSICOS DA TEORIA DE PRODUÇÃO 8.1.1. PRODUÇÃO E FATORES DE PRODUÇÃO Denomina-se produção a transformação intencional de bens serviços em outros bens e serviços. Os bens ou serviços transformados denominam-se de “Fatores de Produção” (Insumos ou INPUT). Os resultantes da transformação denominam de produtos (OUTPUT). A definição é suficientemente ampla para não exigir, necessariamente, a mudança física ou química dos bens transformados; assim, o deslocamento de bens ou serviços no espaço ou no tempo, pelo comércio ou pelos transportes, enquadra-se no conceito geral de Produção. A produção é dita simples quando da origem a um único produto final (Cultura do Café); múltipla, quando da origem a vários produtos finais (Cultura da Soja: grão, farelo, óleo, lecitina). a) Fixos 1- Segundo a Variabilidade b) Variáveis a) Limitados 2- Segundo a Disponibilidade b) Ilimitados FATORES DE → a) Divisíveis PRODUÇÃO 3- Segundo a Divisibilidade b) Indivisíveis a) Duráveis 4- Segundo a Durabilidade b) Não duráveis A classificação acima depende menos das propriedades intrínsecas dos fatores do que do ângulo de análise sob o qual se encara o problema. Um automóvel é um fator durável para um taxista e não durável para um revendedor de automóveis. Na análise de longo prazo, todos os fatores são considerados variáveis; na análise de curto prazo alguns fatores são tomados como fixos (Equipamentos, instalações) e outros como variáveis (Matérias-primas, mão-de-obra). 39 39 8.3 - PROCESSOS DE PRODUÇÃO O Processo de Produção é uma técnica por intermédio da qual um ou mais produtos são obtidos a partir de determinadas quantidades de fatores empregados. Um processo é dito simples, quando dá origem a um único produto; múltiplo, quando dá origem a mais de um produto. 8.4 - FUNÇÃO PRODUÇÃO (PRODUTO TOTAL, MÉDIO E MARGINAL) A - PRODUÇÃO COM UM INSUMO VARIÁVEL (PT PME PMG) A função da produção para qualquer mercadoria é uma equação, tabela ou gráfico mostrando a quantidade (máxima) da mercadoria que pode ser produzida num dado período de tempo para cada conjunto de insumos alternativos, quando se utiliza a melhor técnica de produção disponível. Ex: Produção agrícola simples é obtida combinando-se quantidades alternativas de mão-de-obra por uma unidade tempo para cultivar uma quantidade fixa de terra, registrando as produções alternativas por unidade de tempo. (terra é fixo), definidas como Produto Total – PT. O produto médio do trabalho (Pmel) é definido como o produto total (PT) dividido pelo numero de unidades de trabalho utilizados (L) L PMel = PT / L O produto marginal do trabalho (PMgl) é definido como a variação no produto total (∆ PT) devida á variação de uma unidade na quantidade de trabalho utilizada ∆L. PMG1 = ∆ PT ou ∆ PT para L unitário ∆ L 8.5 - Os estágios de produção delimitam graficamente as áreas em que a empresa deverá ou não produzir em função das produtividades marginais do trabalho e da terra. → Estágio 1- Vai da origem do eixo (y) até o ponto em que a produtividade média for mais alta. Nesse estágio corresponde PMGT negativo. → Estágio 2 –Vai do estágio 1 até o ponto em que a produtividade marginal do trabalho for zero. Nesse estágio PMGT e PMGL são positivos. → Estágio 3 – Vai do estágio 2 e acompanha a produtividademarginal do trabalho PMGL negativa. 40 40 EXEMPLO (TERRA FIXA (CURTO PRAZO) Terra (ha) Trabalho (homens/Ano) PT PMel PMgl 01 0 0 0 - 01 1 3 3 3 01 2 8 4 5 01 3 12 4 4 01 4 15 3.75 3 01 5 17 3.40 2 01 6 17 2.83 0 01 7 16 2.28 -1 01 8 13 1.62 -3 OBS: Gráfico em anexo; 41 41 9 - FUNÇÃO DA PRODUÇÃO COM DOIS INSUMOS VARIÁVEIS – 9.1 - ISOQUANTAS Uma isoquanta mostra as diferentes combinações de trabalho (L) e capital (K), com as quais uma empresa pode produzir uma quantidade específica do produto, por unidade de tempo, considerando-se que emprega a melhor técnica de produção disponível. (Para exemplificar, continuamos utilizando uma produção agrícola simples com dois insumos). Uma alta isoquanta refere-se a uma maior quantidade de produção, uma mais baixa isoquanta refere-se a uma menor quantidade de produção. Isoquanta 1 Isoquanta 2 Isoquanta 3 L K L K L K 2 11 4 13 6 15 1 8 3 10 5 12 OBS: GRÁFICO ANEXO 2 5 4 7 6 9 3 3 5 5 7 7 4 2.3 6 4.2 8 6.2 5 1.8 7 3.5 9 5.5 6 1.6 8 3.2 10 5.3 7 1.8 9 3.5 11 5.5 9.2 - TAXA MARGINAL DE SUBSTITUIÇÃO TÉCNICA = TMSL/K A TSL/K refere-se a quantidade (K) capital que a empresa pode desistir aumentando uma unidade adicional de (L) trabalho para continuar produzindo a mesma quantidade portanto, permanecer na mesma isoquanta. A TMSL/K somente deve ser calculada dentro da faixa relevante, conforme definição abaixo. Fórmula: TMSL = - ( ∆K ) ∆L 42 42 9.3 - LINHAS DE FRONTEIRA As linhas de fronteiras eliminam, das isoquantas colocadas no mapa, suas declividades positivas, também chamadas de faixas irrelevantes. A parcela das isoquantas com inclinação negativa, portanto dentro das linhas de fronteiras, representa sua parcela relevante, o estágio 2 de produção da empresa na qual a produtividade marginal (PMG) é positiva. 9.4 - CARACTERÍSTICAS DA ISOQUANTAS a) Na faixa relevante (compreendida dentro das linhas de fronteira), as isoquantas tem inclinação negativa, o que significa que se a empresa desejar diminuir a quantidade utilizada do insumo K deverá utilizar uma maior quantidade do insumo L para permanecer na mesma isoquanta; a empresa não produz na faixa irrelevante (Fora das linhas de fronteira) porque estaria utilizando uma maior quantidade K e de L para produzir o mesmo volume. b) As isoquantas são convexas em relação a origem dos eixos tendo em vista, ser a TMSK/L descendente para cada isoquanta. c) Duas ou mais isoquantas nunca se cruzam. Se duas se cruzarem significa que a mesma combinação de uso de insumos alternativos, seria possível obter-se dois volumes diferentes de produção, o que contraria o pressuposto teórico de que a empresa sempre utiliza a melhor técnica de produção em cada situação dada. 9.5 - ISOCUSTO Uma isocusto mostra todas as informações possíveis de insumos alternativos (K) capitais, (L) trabalho que a uma empresa pode comprar, sendo conhecido o seu dispêndio total máximo em função da receita (DT) e os preços dos insumos considerados (PL e PK). EQUAÇÃO = PK X K + PL X L Exemplo: Utilizando o gráfico de demonstrativo das isoquantas e sabendo-se que o dispêndio total da empresa é igual a 10 um, o preço de K = 1um e o preço de L = 1 um. Traçar a isocusto (coordenadas L = 10, K = 10); R: (coordenada isoquanta 2 = L5, K5) DT = PK x K + PL x L 43 43 10 = 1K + 1L K = 0 L = 0 L = 10/1 = 10 K = 10/1 = 10 Ponto equilíbrio = 5; 5 9.6 - PONTO DE EQUILÍBRIO – TRAJETÓRIA DE EXPRESSÃO O ponto de equilíbrio da empresa é determinado pela tangência da isocusto com a mais alta isoquanta possível. Considerando-se o preço dos insumos constantes, a empresa poderá alterar seu ponto de equilíbrio desde que consiga aumentar sua possibilidade de dispêndio total passando para uma isoquanta mais alta ou mais baixa, alternando desta forma sua capacidade produtiva. 9.7 – TEORIA DOS RENDIMENTOS CONSTANTES CRESCENTES E DECRESCENTES DE ESCALA a) Rendimentos Constantes: Verifica-se quando, o aumento dos insumos utilizados e o aumento de produção são de igual proporção. b) Rendimentos Crescentes: Verifica-se quando a proporção dos aumentos dos insumos utilizados é menor do que a proporção do aumento da produção. c) Rendimentos Decrescentes: Verifica-se quando, a proporção dos aumentos dos insumos utilizados é maior do que a proporção do aumento da produção. OBS: O CAPITULO X SERÁ COMPOSTO PELO FICHAMENTO DO LIVRO “O SEGREDO DE LUIZA” E PESQUISA BIBLIOGRÁFICA SOBRE PLANO DE NEGÓCIO (VIABILIDADES) A SER DISCUTIDA EM MESA REDONDA. 44 44 BIBLIOGRAFIA BÁSICA DO TEXTO - ROSSETI, José Paschoal Introdução à Economia – São Paulo; Atlas 1997, 922 págs. - ROSSETI, José Paschoal Introdução à Economia – São Paulo; Atlas 1994, 810 págs. - PINDYCK, Robert S., RUBINFELD, Daniel L., - Microeconomia Prentice Hall 5ª Ed. 2002 – SP; - CHING, Hong Yuh, MARQUES, Fernando, Prado, Lucilene, - Contabilidade e Finanças Para Não Especialistas – Prentice Hall, 1ª Ed. – 2003 – SP; - BACHA, Edmar. Introdução à Macroeconomia. Rio de Janeiro, Campus, 1987. - BARAN, P. & SWEEZY, P. Capitalismo Monopolista. Rio de Janeiro, Zahar, 1966. - DORNBUSCH, R. & FISCHER, S. Macroeconomia. São Paulo, McGraw-Hill, 1990. - EQUIPE DE PROFESSORES USP. Manual de Economia. São Paulo, Saraiva, 1997. - FERGUSON, C. E. Microeconômia. Rio de Janeiro, Forense-Universitária, 1987. - GALBRATIH, J. K. O Novo Estado Industrial. São Paulo, Nova
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