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Capitalismo parasitário - Resumo - Bauman

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Resumo da obra de Bauman – “Capitalismo Parasitário” 
Ananda Moraes 
 
Bauman usa o parasita como metáfora ao capitalismo, explica que assim como um 
parasita, o capitalismo explora e pode prejudicar o hospedeiro, prosperando por um certo 
período, porém destruindo as condições de sua prosperidade. A sobrevivência do sistema 
está na dinâmica de busca rápida de condições para garantir o seu sustento, “novas terras 
virgens”, onde seu anúncio é feito de forma que as pessoas pensem que esse é seu desejo, 
necessidade e sonho. 
O cartão de crédito é um exemplo, não precisamos mais esperar para realizar os 
“sonhos”, promessa do realize “agora” mas pague “depois”, faz com que cada vez mais 
pessoas mergulhem nos juros e na dívida, enriquecendo mais ainda os bancos. O crédito 
e o endividamento pelo endividamento se tornou fonte de lucro. 
As pessoas que não gastam o dinheiro que ainda não receberam, são inúteis aos 
credores. Acionistas, bancos, empresas de cartões de crédito, instituições de empréstimo, 
se beneficiam do “serviço” de dívidas, os devedores “ideais” são os que nunca pagam 
integralmente suas dívidas. As pessoas que não possuem cartão de crédito e possuem 
caderneta de poupança, são vistos como o desafio ao mundo do marketing. Bauman 
compara o viver do crédito às drogas, viciante e tranquilizante. 
Bauman sinaliza o que Habermas recordava em sua obra “A crise de legitimação do 
capitalismo tardio” de 1980, sobre a “substancia do capitalismo” em que o Estado é 
necessário ao andamento do capital e do trabalho, primeiramente “subvencionar o capital 
caso ele não tenha o dinheiro necessário para adquirir a força produtiva do trabalho. 
Segundo, garantir que valha a pena comprar o trabalho, isto é, que a mão de obra seja 
capaz de suportar o esforço do trabalho numa fábrica. ”, ou seja, “o Estado é "capitalista" 
quando garante a disponibilidade contínua de crédito e a habilitação contínua dos 
consumidores para obtê-lo”. 
O Estado seja ele ditatorial seja ele democrático sempre irá agir de acordo com o 
interesse do mercado. Bauman explana que a "remercadorização do trabalho" também é 
construída quando o “Estado assistencial” se encontra despreparado é porque “as fontes 
de lucro do capitalismo se deslocaram ou foram deslocadas da exploração da mão de obra 
operária para a exploração dos consumidores. ” Os pobres não desfrutam das produções 
do mercado, porém precisam de dinheiro para se tornarem “úteis segundo a concepção 
capitalista de "utilidade”. ” 
No capítulo “A cultura da oferta”, Bauman expressa o que seria a transformação da 
cultura de uma inspiração iluminista até a atual sociedade líquido-moderna. Atualmente 
a cultura é fabricada por liberdades de escolhas individuais, é uma cultura feita de ofertas 
e não mais de normas, para a criação de novos desejos para uma sociedade de 
consumidores, como observou Bourdieu. Existe um “jogo de apego/desapego e uma 
infinita sucessão de conexões e desconexões substituem a atividade de “determinar” e 
“fixar”.” 
Na sua fase liquído-moderna vemos um esforço para emancipar os interesses do 
mercado de pensamentos de vínculos sociais, políticos e éticos. A economia do excesso 
de ofertas e de pouca durabilidade dos produtos, se transforma na economia do 
desperdício. A substituição dos produtos por novos produtos “melhorados” evidencia o 
acúmulo e desperdício, reascendendo um desejo de substitui-los por novos evitando a 
insatisfação dos clientes com o produto evidenciando relação com o estilo de vida 
consumista. As “pessoas” agora são “clientes”. 
A solidez dos vínculos humanos é ameaçadora na sociedade líquido-moderna. 
Bauman argumenta que a obrigação limita a “liberdade” e a capacidade “de perceber 
novas oportunidades”. O jogar as coisas fora se tornou prazeroso, livrar-se de algo agora 
faz parte de uma alegria, para dar lugar a novas coisas. 
O autor assinala sobre a crise que afeta a educação. A ideia de educação como 
produto, que pode ser vendido, o “pacote de conhecimentos”. As imprevisíveis 
transformações contemporâneas são comparadas a observação de Ralph Waldo Emerson 
dizendo “quando se patina sobre gelo fino, a salvação está na rapidez.” Ressalta sobre 
memória, visto que a acessibilidade a informações faz com que as pessoas entendam a 
saída e entrada (detritos e produtos) de mercadorias da moda. As relações virtuais 
passageiras que vinculadas as teclas “delete” manifesta na vida online o que também 
acontece na real life. Katie Baldo, orientadora pedagógica da Cooperstown Middle 
School no estado de Nova York observou a dificuldade dos jovens de estabelecer contato 
visual, a aproximação física de um outro ser humano é sinônimo de desperdício. 
Em “A sociedade do medo” nos é mostrado algumas “ameaças” atuais da sociedade, 
como “ficar para trás, ser substituído, não acompanhar o ritmo das mudanças.” Vemos 
nesses pontos, que o medo em si é de ser produto, de ser feito com – pessoas – o mesmo 
que é feito com mercadorias, coisas, objetos. 
A modernidade líquida agora reflete medos difusos, difíceis de serem localizados, 
porém esses mesmos medos, complexos de serem identificados, são extremamente fortes 
e complicados de amenizar. As mudanças da vida, as instabilidades da vida, ameaças 
tóxicas, reconhecimento social dado só "até segunda ordem" e sujeito a ser retirado sem 
aviso prévio, comida venenosa ou com possíveis elementos cancerígenos, o perigo nas 
ruas, são algumas problemáticas evidenciadas por Bauman. 
O medo, se torna material fácil de exploração política e comercialmente. As 
“soluções” dadas pela comercialização ameniza, mas não erradica esses medos. “Adquirir 
bens para obter segurança só alivia uma parte da tensão e mesmo assim, por um breve 
tempo.” Destaca Bauman. Os medos líquidos contemporâneos servem de munição aos 
interesses políticos e econômicos. 
A natureza puramente negativa da globalização mostra a negligência quanto ao olhar 
das questões problemáticas numa visão local, afim de solucionar as questões de acordo 
com a necessidade de cada povo. A competição está cada vez mais individualizada, tal 
competição é guiada principalmente pela satisfação de necessidades primárias como a 
sobrevivência, e também por poder de escolhas individuais simples como decidir quais 
são os seus objetivos e que tipo de vida cada qual quer viver. 
Bauman explica que para que as pessoas tenham mais interesse na sociologia, a 
ciência deve apontar sobre as causas da desigualdade, já que a exclusão, a dificuldade de 
aceitação social, que gera conflito e revolta está tão entranhado em nossa sociedade 
individualista, mesmo que tenha sido assim desde que os homens convivem, atualmente 
a configuração social é outra. A sociologia também deve “urgentemente de novos 
conceitos, para acomodar e organizar nossas experiências de uma forma que nos permita 
perceber sua lógica e ler as mensagens escondidas ou propensas demais às leituras 
enganosas”. 
Em “O corpo em contradição” Bauman fala sobre reações patológicas do corpo, são 
contradições do nosso modo de vida, originários de aspectos egocêntricos e consumistas. 
A bulimia e a anorexia são exemplos nascidos da natureza individualizante, egocêntrica 
e consumista da sociedade contemporânea. A contradição cultural está internalizada, 
“para desfrutar é preciso ser adequado; mas desfrutar certamente reduzirá a capacidade 
de adequação física.” 
Em “Um homem com esperanças” Bauman relata que falhou na obrigação de tomar 
posição entre ser ou não um otimista. Ele acredita que há possibilidade da existência de 
um mundo melhor ao que vivemos hoje, se mantendo na categoria de homem com 
esperanças. Bauman cita que Marx acreditava que “os homens constroem suas históriasde acordo com suas condições e não com suas escolhas”, quando pensamos no que se 
caracteriza como destino ou sorte, excluímos circunstâncias externas que influenciam em 
nossas escolhas. 
Algumas decisões mais custosas e arriscadas que outras, "relações materiais" 
manipulam essas escolhas, mas não as determinam, apesar de algumas opções, não podem 
suprimi-Ias. Bauman constata que “de "laços densos" como bote salva-vidas para velejar 
seguros nas águas turbulentas de cenários dados a mudanças rápidas e sem aviso prévio.” 
Porém esse “bote salva-vidas” limita os movimentos e reduz a gama de opções. Tanto a 
ausência quanto a densidade de laços estão propensas a riscos. 
A arte da vida, seguindo Lévi-Strauss, encontra-se em modelos da sua cabeça, que 
montam e colam, ligam "estruturas" com os materiais que estão a seu alcance. Somos 
todos bricoleurs, variando de tempo e lugar. Porém, a vida inquestionavelmente e 
perfeitamente boa, sem necessidade de correções e melhoras, é algo inatingível. 
 
 
 
Graduada em Licenciatura em Geografia – UPE 
Graduanda em Bacharelado em Ciências Sociais - UFRPE

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