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Tema 4 Políticas Públicas e a organização da Educação Básica Brasileira

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Políticas Públicas e a organização da Educação Básica Brasileira
Na contemporaneidade, há uma diversidade de definições sobre políticas públicas. Essas definições trazem elementos para a composição de respostas acerca de indagações, tais como: O que são políticas públicas? Quem é o responsável por sua implementação? 
Nessa perspectiva, a reflexão apresentada está ancorada nas elaborações de Azevedo (2003, p. 38), quando afirma que política pública é “tudo o que um governo faz e deixa de fazer, com todos os impactos de suas ações e de suas omissões”. Se políticas públicas é tudo aquilo que um governo faz ou deixa de fazer, políticas públicas educacionais é tudo aquilo que um governo faz ou deixa de fazer em educação. Pode-se dizer que políticas públicas educacionais dizem respeito às decisões do governo que têm incidência no ambiente escolar enquanto ambiente de ensino-aprendizagem. Tais decisões envolvem questões como: construção do prédio, contratação de profissionais, formação docente, carreira, valorização profissional, matriz curricular, gestão escolar, etc.
Para Höfling (2001) políticas públicas são o Estado em ação, implantando um projeto de governo, através de programas, de ações voltadas para setores específicos da sociedade a partir de um processo de decisões que envolve órgãos públicos e diferentes organismos. 
Dessa forma, é comum que as políticas educacionais para o ensino básico sejam elaboradas sem a participação dos profissionais da educação básica, cujo trabalho é impactado diretamente por essas políticas. Nesses termos, a educação é uma política pública social de responsabilidade do estado – mas não pensada somente por seus organismos.
Assim, a educação se reproduz conforme as concepções e ideologias do estado. Por sua vez, como predominam os interesses capitalistas nos direcionamentos das ações estatais, as políticas educacionais não estão imunes a este processo. Dessa forma, as diferentes feições que as políticas educacionais assumem está em plena sintonia com a ideologia do estado com sua vertente capitalista. Nestes termos, cabe refletir sobre a organização da educação básica brasileira e suas políticas.
A atual configuração da educação básica brasileira reflete, em grande medida, as mudanças desencadeadas pelas reformas dos anos de 1990. A partir da aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB 9.394/96 (BRASIL, 1996), uma série de alterações aconteceu. Novas propostas de gestão da educação, de financiamento, de programas de avaliação educacional, de políticas de formação de professores, dentre outras medidas, foram implementadas com o objetivo de melhorar a qualidade da educação básica.
Com a promulgação da LDB, observou-se a ampliação da obrigatoriedade da educação básica, composta pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, e a maior responsabilização do Estado pela educação pública. Após mais de duas década da aprovação desta Lei, verifica-se a quase universalização deste nível de ensino, porém com qualidade duvidosa.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) é a principal legislação educacional brasileira, considerada a Carta Magna da Educação. Ela organiza e regulamenta a estrutura e o funcionamento do sistema educacional – público e privado – em todo o país com base nos princípios e direitos presentes na Constituição Federal de 1988.
A primeira LDB foi criada em 1961, tendo sido reformulada em 1971 e 1996. Apesar da versão de 1996 ainda estar em vigor (lei n° 9.394/1996), esta já sofreu diversas alterações ao longo dos anos.
Entre os avanços e novidades da atual LDB estão a implementação do conceito de educação básica, nível de ensino que corresponde aos primeiros anos de educação escolar, e a introdução, em 2013, da educação infantil como primeira etapa desse nível, que também inclui o ensino fundamental e o ensino médio. Como a educação básica é obrigatória, a educação infantil também passou a ser e, portanto, os pais ficaram obrigados a matricular seus filhos na escola a partir dos 4 anos. 
A LDB também determinou que os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio tenham uma base nacional comum, porém, respeitando as diversidades de cada região, dividiu melhor as competências entre as esferas governamentais, pôs fim à obrigatoriedade do vestibular como única forma de ingresso à universidade, trouxe as creches para o sistema educacional, estimulou novas modalidades como a educação a distância e determinou a elaboração de um novo Plano Nacional de Educação.
A educação infantil, primeira etapa da educação básica, é realizada em creches, para crianças com até três anos de idade, e nas pré-escolas, para crianças de 4 a 5 anos. A carga horária é de 800 horas com 200 dias letivos. O atendimento mínimo é de 4 horas diárias e 7 horas para jornada integral. A frequência obrigatória é de 60%. Avaliação é mediante acompanhamento e registro, sem objetivo de promoção para o ensino fundamental.
O ensino fundamental, com duração mínima de nove anos, (Conforme a LEI 11.274 DE 06/02/2006), é obrigatório e gratuito na escola pública, devendo o Poder Público garantir sua oferta para todos, inclusive aos que não tiveram acesso na idade própria para o mesmo. Inicia aos 6 anos e sua conclusão deve ser aos 14 anos. O aluno que conclui o ensino fundamental tem que ser capaz de ler, escrever e fazer cálculo, compreender ciências naturais, sociais e política.
Aos sistemas de ensino é facultativo desdobrar o ensino fundamental em ciclos. Também os sistemas de ensino podem utilizar progressão regular e continuada desde que seja o ensino seriado.
O ensino fundamental presencial pode ser à distância em caso emergencial ou para complementação. O currículo deverá incluir conteúdos da lei 8.069/90 ECA para que os discentes conheçam seus direitos. A jornada de 4 horas de trabalho em sala de aula com progressiva ampliação para a jornada integral. O ensino noturno é ressalvado para o cumprimento de horas, podendo ser menos de 4 horas semanais.
O ensino médio, etapa que finaliza a educação básica, tem duração mínima de três anos e oferece uma formação geral ao educando, podendo incluir programas de preparação geral para o trabalho e, de forma facultativa, a habilitação profissional. Essa etapa tem como princípios consolidar os conhecimentos adquiridos no ensino fundamental e preparação para o trabalho, aprendendo a se adaptar com flexibilidade as novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento.
O ensino médio pode se organizar em módulos e adotar sistema de créditos com terminalidade específica. Durante os 3 anos do ensino médio será obrigatório as disciplinas de língua portuguesa e matemática, além de educação física, arte, sociologia e filosofia que são componentes obrigatórios do ensino médio. A língua inglesa é obrigatória, sendo outros idiomas optativos.
A carga horária total não pode ser mais de 1800 horas para a base comum curricular (BNCC) no decorrer dos 3 anos do ensino médio. A avaliação deve ser processual. A certificação com validade para prosseguir os estudos.
Além do ensino regular, a educação formal possui as seguintes modalidades específicas: a educação especial,; a educação de jovens e adultos, educação profissional e tecnológica que ocorre na oferta de cursos de formação inicial e continuada ou qualificação profissional e nos de Educação Profissional Técnica de nível médio. Educação Básica do Campo para a população rural com adequações necessárias às peculiaridades da vida no campo e de cada região, educação Escolar Indígena – essa modalidade ocorre em unidades educacionais inscritas em terras indígenas, educação escolar Quilombola é desenvolvida em unidades educacionais inscritas em suas terras e cultura, requerendo pedagogia própria em respeito à especificidade étnico-cultural de cada comunidade e formação específica de seu quadro docente. Educação a Distância – é a modalidade educacional na qual alunos e professores estão separados, física ou temporalmente e, por isso, faz-se necessária
a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação.
Educação Infantil não retém as crianças. A avaliação é por meio do acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças. 
O Ensino Fundamental tem retenção que pode ser por ciclos, dependendo do Estado, tem avaliações nacionais como Prova Brasil e Ideb. As crianças têm o direito de no mínimo 800 hrs/200 dias letivos. Frequência mínima de 60% nas aulas. 
Ainda em relação à organização da educação básica brasileira, vale ressaltar que há duas categorias administrativas para as instituições e ensino:
Públicas: criadas ou incorporadas, mantidas e administradas pelo Poder Público;
Privadas: mantidas e administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado.
Além disso, vale enfatizar as responsabilidades sobre a educação básica brasileira:
União (Federal): é responsável pelas instituições de educação superior criadas e mantidas pelos órgãos federais de educação e também pela iniciativa privada.
Estados: cuidam das instituições estaduais de nível fundamental e médio dos órgãos públicos ou privados.
Distrito Federal - DF: instituições de ensino fundamental, médio e de educação infantil criadas e mantidas pelo poder público do DF e também privadas.
Municípios: são responsáveis, principalmente, pelas instituições de ensino infantil e fundamental, porém, cuidam também de instituições de ensino médio mantidas pelo poder público municipal. Pode optar por se integrar ao sistema estadual de ensino ou compor com ele um sistema único de educação básica.
Sobre a Educação e a Escola no Brasil, Saviani (1987) identifica quatro importantes concepções utilizadas na organização e funcionamento da escola: a concepção humanista tradicional, a moderna, a analítica e a dialética.
Nota-se, então, que a escola brasileira, pensada segundo os moldes liberais, tem a missão de redimir os homens do seu duplo pecado histórico: a ignorância (miséria moral) e a opressão (miséria política) (ZANOTTI, 1972).
Portanto, a articulação das concepções de educação com a sociedade brasileira possui um aspecto estrutural e é sustentada pelas práticas e projetos sociais, por meio dos quais os interesses, os princípios e os pressupostos do grupo social dominante tornam-se propósitos e valores do senso comum, ideologia compartilhada pelo conjunto de sociedade e é essa lógica que torna o pensamento liberal hegemônico e a burguesia além de classe dominante, também dirigente.
REFERÊNCIAS
Sergio de Azevedo. Políticas Públicas: discutindo modelos e alguns problemas de implementação, 2003
BARBOSA, M. As crianças devem ingressar no Ensino Fundamental aos seis anos? 2003. 
BATISTA, A. Ensino Fundamental de nove anos: um importante passo à frente. 2006. 
MAINARDES, J. Abordagem do ciclo de políticas: uma contribuição para a análise de políticas educacionais. 2006. 
SAVIANI, D. Pedagogia: o espaço da educação na universidade. 2007. 
Elma Júlia Gonçalves Carvalho. Políticas Públicas e Gestão da Educação no Brasil. 2012.
Potyara Pereira. Discussões conceituais sobre política social como política pública e direito de cidadania. 2008.
Carlos Alberto Torres. Democracia, educação e multiculturalismo: dilemas da cidadania em um mundo globalizado. 2001. 
ELOISA DE MATTOS HÖFLING. ESTADO E POLÍTICAS (PÚBLICAS) SOCIAIS, 2001.

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