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MATERIA PENAL - PROFESSOR CAPANO

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CALÚNIA 
Art. 138 – Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: 
Pena – detenção de 06 meses a 02 anos, e multa. 
Noção: A calúnia é a falsa imputação a alguém de fato tipificado como crime. 
Sujeito ativo: qualquer pessoa, nada impedindo a coautoria ou participação. 
Objeto jurídico: A honra objetiva. 
Sujeito passivo: qualquer pessoa. Também serão ofendidos os loucos ou menores; os mortos podem ser 
caluniados (artigo 138, §2º) e seus parentes serão o sujeito passivo. Com relação à pessoa jurídica, há 
grande controvérsia na doutrina. 
Elemento objetivo: atribuir falsamente a alguém a prática de um crime. Trata-se de crime de ação livre que 
pode ser cometido por meio de palavra escrita ou oral, gestos e símbolos. Pode ser explícita (inequívoca), 
implícita (equívoca) ou reflexa (atingindo também terceiros). Essa falsidade em relação a imputação pode 
ser concernente à existência do fato criminoso como também à autoria do crime. Duas são as figuras: 1. 
imputar falsamente e 2. propalar ou divulgar, bastando que uma só pessoa tome conhecimento. 
Elemento subjetivo: dolo. A certeza ou suspeita fundada, mesmo errôneas, do agente quanto à ocorrência 
de crime praticado pelo sujeito passivo, é erro de tipo, que exclui o dolo. Exige-se o dolo específico (animus 
injuriandi vel diffamandi), ou seja, o agente tem consciência e vontade de atingir a honra da vítima. Exclui-se 
o crime se praticado em momento de exaltação emocional ou em discussão. 
Consumação: quando chega ao conhecimento de terceira pessoa. 
Tentativa: não é admitida se a calúnia for proferida verbalmente, mas se praticada por escrito e não chegar 
ao conhecimento de terceiro por qualquer razão, poderá ser admitida. 
Propalação e divulgação: 
§1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo ser falsa a imputação, a propala (relata verbalmente) ou 
divulga (relata por qualquer outro meio). 
§2º - É punível a calúnia contra os mortos. 
É necessário o dolo direto. Havendo erro ou mesmo dúvida quanto à referida falsidade, não se caracteriza o 
crime. 
Exceção da verdade: 
§3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: 
I – se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença 
irrecorrível; 
II – se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no inciso I do art. 141; 
III – se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. 
Como regra, admite exceção da verdade, ou seja, admite que o "Réu" prove que a "Vítima" realmente 
praticou o crime que lhe foi imputado. No entanto, nos casos do §3º, há uma presunção juris et de jure de 
que a imputação é falsa, respondendo o agente por ela. Mas se o "Réu" conseguir provar que o fato que 
imputou à "Vítima" é verdadeiro ele será absolvido. 
Ação penal: privada – queixa-crime (art.145/CP). 
Concurso de crimes: tem-se admitido a continuidade delitiva com outros delitos contra a honra. A calúnia é 
absorvida pelo crime de denunciação caluniosa (art. 339/CP). Neste último crime, o agente tem a intenção 
de prejudicar a vítima perante as autoridades constituídas e, fazendo com isso, que se inicie uma 
investigação policial ou até mesmo uma ação penal. 
 
2. DIFAMAÇÃO 
Art. 139 – Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: 
Pena – detenção de 03 meses a 01 ano, e multa. 
Noção: Difamação é a imputação a alguém de fato ofensivo à sua reputação. 
Sujeito ativo: qualquer pessoa. 
Objeto jurídico: A honra objetiva. 
Sujeito passivo: qualquer pessoa, incluindo menores e doentes mentais. Há crime de difamação contra 
pessoas jurídicas, já que tem imagem a preservar e o que este crime visa proteger é a honra objetiva, ou 
seja, o que terceiros pensam a respeito de determinada pessoa, sendo esta jurídica ou física. Não é 
possível difamação impessoal, contra as instituições. 
Elemento objetivo: atribuir a alguém um fato desonroso, mas que não seja crime. O fato deve ser 
determinado. A imputação não precisa ser falsa, pois ainda que verdadeira, constituirá crime. Como a 
calúnia, a difamação pode ser explícita, implícita e reflexa. 
Elemento Subjetivo: dolo de imputar a alguém fato desonroso. É indispensável o animus diffamandi. Não é 
exigido que o agente tenha consciência da falsidade da imputação, porque mesmo que verdadeiro, constitui 
crime. 
Consumação: com o conhecimento, por terceiro, da imputação. 
Tentativa: admissível se a imputação (escrita ou gravada) não chegar ao conhecimento de terceiro. Se 
praticada verbalmente, não admite a tentativa. 
Exceção da verdade: a regra é que não cabe a exceção de verdade para o crime de difamação, pois 
independe ser o fato verdadeiro ou não. 
Parágrafo único: A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é 
relativa ao exercício de suas funções. 
Assim sendo, se o agente provar que o fato que imputou à vítima é verdadeiro, será absolvido do crime. 
Concurso de crimes: pode haver crime continuado de difamação e com outros crimes contra a honra. 
Havendo várias ofensas no mesmo contexto fático ocorre concurso formal. 
INJÚRIA 
Art. 140 – Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: 
Pena – detenção de 01 a 06 meses, ou multa. 
Noção: A injúria é a ofensa ao decoro ou dignidade de alguém. 
Sujeito ativo: qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: qualquer pessoa, excluídas aquelas que não possuem capacidade de entender. A ofensa 
deve se dirigir a pessoas determinadas. 
Elemento objetivo: ofender a honra subjetiva de alguém, atingindo atributos morais, físicos, intelectuais, 
sociais. Quando se diz honra subjetiva, trata-se do que a própria pessoa estima de si mesmo, ou seja, o que 
ela própria pensa a seu respeito. A dignidade, disposta no caput do artigo, é atingida quando se atenta 
contra os atributos morais da pessoa, já o decoro, por sua vez, é ferido quando atinge os atributos físicos ou 
intelectuais da vítima. 
Elemento subjetivo: dolo – animus infamandi ou injuriandi (dolo específico). 
Consumação: quando a vítima toma conhecimento. 
Tentativa: não admitida se real ou verbal, entretanto, se escrita sim, ou seja, depende do meio empregado. 
Distinção: difere da calúnia e da difamação, por não conter a imputação de fato preciso e determinado. A 
ofensa contra funcionário público é desacato (art. 331/CP), e a morto é vilipêndio a cadáver (art. 212/CP). 
Concurso de crimes: nada impede que o pratique dois ou mais crimes contra a honra de uma ou várias 
pessoas, com a mesma conduta, ocorrendo concurso formal. É possível crime continuado. 
Perdão judicial na injúria: provocação e retorsão 
§1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: 
I – quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria. Quando o artigo estabelece que 
tenha sido a ofensa provocada diretamente, está implicando que deve estar as partes presentes, frente a 
frente. 
II – no caso, de retorsão imediata, que consista em outra injúria. 
Tem-se entendido que o provocador não pode, depois de injuriado, pleitear o reconhecimento do benefício. 
Injúria real: 
§2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se 
considerem aviltantes: 
Pena – detenção, de 03 meses a 01 ano, e multa, além da pena correspondente à violência. 
A contravenção de vias de fato fica absorvida pela injúria real. Para que se caracterize a injúria real, é 
necessário que a agressão seja aviltante, isto é, que possa esta causar vergonha ou desonra à vítima. 
Injúria qualificada pelo preconceito: 
§3º - Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem: 
Pena – reclusão, de 01 a 03 anos e multa. 
Diferentemente, a lei 7.716/89 prevê os delitos de racismo, por meio de manifestações preconceituosasgeneralizadas ou pela segregação racial. 
DISPOSIÇÕES COMUNS 
Art. 141 – As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de 1/3, se qualquer dos crimes é cometido: 
I – contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; 
II – contra funcionário público, em razão de suas funções; 
III – na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da 
injúria; 
IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. 
Parágrafo único: Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em 
dobro. 
Formas Qualificadas: I – Chefe de Estado compreende não só o soberano, como o primeiro-ministro. II – é 
indispensável que a ofensa seja cometida por motivo da função pública do ofendido. Se praticada na 
presença do funcionário, pode configurar desacato. III – por meio que facilite: site, muros, outdoors, 
imprensa etc. IV – para a sua incidência é indispensável que o autor da ofensa saiba ser o ofendido idoso 
ou portador de deficiência. 
EXCLUSÃO DO CRIME 
 
Art. 142 – Não constituem injúria ou difamação punível: 
I – a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; 
II – a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de 
injuriar ou difamar; 
III – o conceito desaprovável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no 
cumprimento de dever do ofício. 
Parágrafo único: Nos casos dos incisos I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá 
publicidade. 
Imunidade judiciária: intuito de assegurar às partes e aos seus procuradores em juízo a maior liberdade na 
defesa judicial. Não está incluído o Juiz, que não é parte, nem as autoridades policiais e auxiliares. 
Imunidade da crítica: tutela interesse da cultura, estando o autor da obra exposto a risco de crítica. Há 
crime se há a intenção de ofender. 
Imunidade pelo conceito desfavorável de funcionário: quando a manifestação é necessária ao interesse 
público. Pode haver crime se houver excesso ou abuso. 
Imunidade parlamentar(inviolabilidade): arts. 53, caput, 27, 1º e 29, VIII/CF. 
RETRATAÇÃO 
Art. 143 – O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica 
isento de pena. 
O agente procurando reparar o dano se desdiz, declara que errou. É possível somente nos crimes de 
calúnia e difamação. Não é possível quando o crime se refere a funcionário público no exercício de suas 
funções. Funciona como uma causa extintiva de punibilidade. 
A reparação deve ser completa, irrestrita, definitiva, expressa, cabal e proferida antes da sentença de 
primeiro grau. Não exige formalidades, podendo ser manifestada por meio de petição nos autos, no 
interrogatório, etc. Não depende da aceitação do ofendido, nem exige-se publicação ou divulgação. 
Pedido de explicações 
Art. 144 – Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga 
ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do Juiz, não as dá 
satisfatórias, responde pela ofensa. 
Pedido de explicações: quando há dúvida se há ofensa ou não, ou a quem se dirige tal ofensa, cabe 
pedido de explicações, onde o ofendido é titular. 
O pedido de explicações é medida preparatória para a ação penal. Não interrompe nem suspende o prazo 
da decadência, por falta de previsão legal. Por ser medida cautelar preparatória da ação penal, deve ser 
formulado perante o Tribunal competente quando se tratar de agente que detém o foro por prerrogativa de 
função. 
 
8. Ação penal 
Art. 145 – Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso 
do art. 140, §2º, da violência resulta lesão corporal. 
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do 
art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem 
como no caso do § 3o do art. 140 deste Código (Redação dada pela Lei 12.033/09). 
 
Furto 
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. 
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de 
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. 
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. 
Furto qualificado 
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: 
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; 
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; 
III - com emprego de chave falsa; 
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
§ 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a 
ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) 
1. Classificação Doutrinária 
Crime comum, material, doloso, de dano, de forma livre, comissivo em regra, instantâneo ou permanente, 
unissubjetivo, plurrisubsistente, não transeunte e admite tentativa. Entendemos exequível o cometimento de 
furto por omissão. 
2. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, salvo o proprietário ou possuidor da coisa. 
3. Sujeito Passivo: É a pessoa física ou jurídica que detenha a posse ou propriedade da coisa. 
4. Objeto Material 
A conduta criminosa recai sobre a coisa alheia móvel, que são considerados os animais, aeronaves, os 
navios, os títulos de crédito, os talões de cheques, os frutos, as árvores, etc. O furto de gado é conhecido 
como abigeato. As coisas de uso comum também podem ser objeto de furto como a água e luz. A coisa 
abandonada (rês derelicta) e a coisa de ninguém (rês nullius) não podem ser objeto material de furto, pois 
não são coisas alheias. Se o agente pensou que se tratava de coisa abandonada e dela se apoderou haverá 
erro de tipo que excluirá o dolo. 
Quanto a cadáver, se a subtração for com intuito de lucro haverá caso de furto, caso contrário, o crime será 
de subtração de cadáver, previsto no art. 211 do CP. Quem subtrair cadáver de faculdade de medicina com o 
fim de retirar o ouro existente na arcada dentaria incorrerá em crime de furto. 
5. Objeto Jurídico: Tutela-se a posse e a propriedade. 
6. Tipo objetivo 
Subtrair significa retirar, pegar coisa alheia móvel, ou seja, qualquer objeto ou substância corpórea que tenha 
valor econômico e que possa ser removida, destacada ou deslocada de um lugar para o outro. 
Coisa alheia para os juristas não é só a pertencente a outrem, mas também a que se acha legitimamente na 
posse de terceiro. 
O tipo exige o ânimo do agente em assenhorar-se da coisa alheia. Doutrina e jurisprudência admitem o furto 
cometido por ladrão contra outro ladrão, reconhecendo, contudo, como sujeito passivo, o proprietário original 
da coisa. 
7. Tipo Subjetivo 
O tipo requer dois elementos subjetivos: o primeiro dolo do agente é genérico, a vontade li vre e consciente de 
subtrair coisa alheia móvel. O segundo exige uma finalidade especial, o dolo específico, o fim de assenhorar-
se da coisa em definitivo, contido na expressão "para si ou para outrem" (animus furandi) 
O furto de uso, ou seja, a fruição da coisa momentaneamente sem efetivo prejuízo ao ofendido, com 
restituição da coisa no estado em que antes se encontrava não é contemplado pela norma penal em estudo. 
O furto de uso somente será reconhecido se não era exigível outra conduta do agente a não ser sacrificar 
direito alheio, como subtrair o veículo da vítima para socorrero filho ao hospital, por exemplo. 
Será excluído o dolo e, consequentemente, o fato será considerado atípico se o agente subtrair coisa alheia 
pensando ser própria (erro de tipo). 
É pacifico na jurisprudência o reconhecimento do estado de necessidade em caso de furto famélico. É 
imperativo que a conduta do agente se realize com o único objetivo de saciar a fome, num estado de extrema 
penúria, não podendo esperar mais, por ser a situação insuportável e que somente por meio do ato ilícito 
consiga resolver o problema de falta de alimentação. 
8. Consumação 
Ocorre no momento em que o agente tem a posse tranquila da coisa, ainda que por pouco tempo. Consuma -
se quando a coisa sai da esfera de disponibilidade e de proteção da vítima e ingressa na disponibilidade do 
sujeito ativo. 
Para a jurisprudência do STF, para a consumação dos crimes de furto e de roubo basta a posse do bem em 
poder do agente, independentemente de vigilância da vítima ou posse tranquila, de modo que a fuga logo 
após o furto caracteriza a inversão da posse, e o furto está consumado mesmo havendo perseguição imediata 
e consequente retomada do objeto (teoria do amotio). 
Sendo crime instantâneo, a consumação se verifica no exato instante em que o delito é cometido. O crime 
também restará consumado quando a coisa estiver ocultada, mesmo encontrando-se perto da vítima. 
9. Tentativa 
Crime material, exigindo assim o resultado naturalístico, a tentativa é perfeitamente admissível n a hipótese de 
o agente não conseguir subtrair a coisa por circunstâncias alheias à sua vontade. Também caracteriza a 
tentativa na hipótese de ser perseguido pela polícia e preso logo após a subtração, pois a coisa não saiu da 
esfera de proteção e disponibilidade da vítima. 
10. Furto e a desistência voluntária, arrependimento eficaz, arrependimento posterior e crime impossível 
Diferentemente da tentativa em que a não consumação ocorre por circunstâncias alheias à vontade do 
agente, na desistência voluntária e no arrependimento eficaz (art. 15), a execução é interrompida pela própria 
vontade do agente (medo, remorso, baixa qualidade do objeto material, dor de barriga). Ocorre desistência 
voluntária, por exemplo, se A ingressa na residência de B, mas por qualquer motivo, desde que voluntário, 
desiste de prosseguir e foge sem nada levar. Responde por invasão de domicílio. Arrependimento é 
considerado eficaz se A subtrai um livro de B e antes de ter sua posse tranquila devolve o objeto. Sua 
conduta foi de encontro com à continuidade do processo de execução de uma típica iniciada. 
Desistência voluntária e arrependimento eficaz 
Art. 15. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se 
produza, só responde pelos atos já praticados. 
Arrependimento posterior 
Art. 16. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a 
coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um 
a dois terços. 
O arrependimento posterior é uma causa especial de diminuição de pena e só tem aplicação nos crimes 
materiais, pois seu reconhecimento se verifica com a reparação do dano ou a restituição da coisa. O indivíduo 
que, voluntariamente, decorrido de alguns dias após o furto de um veículo, arrepende-se e comunica à vítima 
o local onde o mesmo se encontra será beneficiado por esta entidade criminal. 
11. Repouso Noturno 
É o período em que as pessoas descansam de acordo com os costumes de cada região do País, a vítima 
encontra-se mais vulnerável e por isso a pena será aumentada de um terço. Doutrina e jurisprudência são 
pacíficas ao admitirem sua aplicação apenas ao furto simples. 
12. Furto de Pequeno Valor e Criminoso Primário 
Se o criminoso é primário e é de pequeno valor a coisa furtada o juiz pode substituir a pena de reclusão pela 
de detenção, diminuí-la de um a dois terços ou aplicar somente a pena de multa. Primário é o sujeito que não 
é reincidente, isto é, aquele que mesmo cometendo outros crimes ainda não foi definitivamente condenando. 
Pequeno valor é aquele em que a coisa furtada não ultrapassa o valor equivalente ao salário mínimo vigente 
à época do fato criminoso. 
13. O Privilégio e o Furto Qualificado 
Segundo reiterada jurisprudência do STJ, não se aplica ao crime de furto qualificado o beneficio previsto 
no parágrafo 2º do art. 155 do CP, uma vez que a existência da qualificadora inibe a aplicação do privilégio, 
não obstante a primariedade e o pequeno valor ou pequeno prejuízo, em razão da flagrante 
incompatibilidade. 
14. Furto de Energia Elétrica 
Equipara-se a coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. 
Captar energia antes de sua passagem pelo aparelho medidor configura o delito, considerado permanente, 
possibilitando, assim, a prisão em flagrante do agente enquanto perdurar seu efeito. Se o agente, porém, 
alegrar o relógio de luz e passar a pagar metade da energia elétrica consumida, o crime será de estelionato. 
A ligação clandestina para a utilização de TV por assinatura, conhecida como "gato", para nós, não pode se 
equiparada a furto de energia elétrica. O fato é ilícito, mas não chega a ser típico. A conduta deve ser 
apurada na esfera cível. A energia elétrica quando subtraída depois e armazenada, causa perda patrimonial, 
diferentemente do sinal de TV a cabo, em que sua utilização não gera dano, isto é, não há perda de energia 
de valor econômico, mas ausência de ganho por parte da empresa. 
15. Furto Qualificado 
A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: 
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; 
A violência aqui é empregada contra obstáculo que está impedindo a subtração da coisa. 
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; 
Abuso de confiança é a quebra da fidelidade, do vínculo de amizade existente entre algumas pessoas. 
Emerge de uma condição particular de lealdade. É preciso gozar absolutamente de confiança para incidir na 
qualificadora. 
Fraude é o ardil na prática do crime, o engodo, a mentira, o embuste, utilizados para facilitar a subtração da 
coisa. A conduta do agente nesta espécie de furto é no sentido de subtrair os bens da vítima iludindo -a 
momentaneamente, o delito é cometido sempre sobre a vigilância da vítima. A qualificadora também se aplica 
quando a vítima não tem capacidade de entender o caráter ilícito do fato, como o doente mental ou uma 
criança. 
Difere do estelionato, pois neste a vítima é enganada, seu consentimento é viciado pelo erro. A própria vítima 
faz a entrega da vantagem ilícita ao agente. O sujeito, mediante fraude, cria no espírito da vítima um 
sentimento distorcido da realidade. No furto com fraude haverá sempre subtração como a ladra profissional 
que se finge de doméstica para furtar a casa que se empregou. 
Escalada é a qualificadora que se caracteriza pelo ingresso no local pretendido por via anormal demandando 
um esforço incomum do agente para vencer o obstáculo existente, como numa residência subindo uma árvore 
ou um muro alto, ou ainda escavando um túnel etc. 
Destreza é a habilidade manual do agente, por exemplo, o batedor de carteira. 
III - com emprego de chave falsa; 
Considera-se chave falsa todo e qualquer instrumento, com ou sem forma de chave como a gazua, moca, 
alfinete, arame etc. Capaz de abrir fechadura ou dispositivo análogo. Se a verdadeira chave encontra -se na 
fechadura haverá o furto simples, pois "porta fechada com chave na fechadura é porta aberta", mas se for 
conseguida ardilosamente para o cometimento do delito, como, por exemplo, subtraí -la da bolsa da vítima 
para depois adentrar sua residência, qualificadora será fraude. 
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
A norma buscaimpedir a somatória de forças para o cometimento do crime, enfraquecendo, assim, a 
resistência do ofendido. Basta que apenas um dos agentes seja culpável. Desse modo, nada impede para a 
sua configuração a participação de inimputáveis. 
16. Furto e o Concurso de Crimes: Ao furto nos demais crimes contra o patrimônio aplicam-se as regras do 
concurso material, formal e do crime continuado. 
17. Parágrafo 5º do art. 155 
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser 
transportado para outro Estado ou para o exterior. 
Requer o tipo penal o elemento subjetivo especial (dolo específico), ou seja, deve o agente ter consciência de 
que está ultrapassando os limites de um Estado ou país com o objeto material. É necessário, portanto, para a 
consumação do delito, que o veículo tenha transportado as fronteiras do Estado ou do território nacional. 
O crime de subtração de veículo que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior só se 
consuma após o seu exaurimento. 
18. Concurso de Qualificadoras 
Incidindo duas ou mais qualificadoras no furto o entendimento prevalente é de que apenas uma será aplicada, 
servindo aos demais como agravantes genéricas. Há, todavia, quem entenda que a pluralidade de 
qualificadoras interfere na dosagem da pena como circunstância judicial. 
FURTO DE COISA COMUM 
Art. 156. Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a 
coisa comum: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
§ 1º - Somente se procede mediante representação. 
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o 
agente. 
1. Classificação Doutrinária 
Crime próprio, de dano, material, não transeunte, instantâneo, comissivo ou omissão impróprio, unissubjetivo, 
plurissubsistente, de forma livre e admite tentativa. 
2. Sujeito Ativo: É somente o condômino, coerdeiro ou sócio. Trata-se de crime próprio que se comunica em 
caso de concurso de pessoas. 
3. Sujeito Passivo: Pode ser o condômino, o coerdeiro, o sócio, ou ainda um terceiro quem detém 
legitimamente a coisa 
4. Objeto Material: 
A conduta recai sobre a coisa subtraída. É o que incide, por exemplo, o proprietário de um apartamento que 
subtrai da área comum de um prédio um relógio de parede. 
5. Objeto Jurídico: Tutela-se a propriedade ou a posse legítima. 
6. Tipo Objetivo 
A conduta consiste em subtrair, que tem o significado de retirar, pegar coisa comum de quem legitimamente a 
detém, isto é, a coisa que pertence não apenas ao agente, mas também a outras pessoas. Condômino é o 
proprietário que divide o domínio da mesma coisa com outras pessoas. Herdeiro é o sucessor que concorre a 
uma herança (patrimônio falecido que transmite aos herdeiros) deixada pelo de cujus. Sócio é o membro de 
uma sociedade (reunião de duas ou mais pessoas que mediante contrato se obriga, a combinar seus esforços 
ou bens para a consecução de fins comuns). 
7. Tipo Subjetivo 
É o elemento específico do tipo, dolo específico dos clássicos, consubstanciado na expressão para si ou para 
outrem, qual seja, a finalidade de assenhoraremos da coisa comum. 
8. Consumação 
Ocorre quando a coisa comum sai da esfera de proteção do sujeito passivo. Passa o agente a ter posse 
tranquila da coisa comum, ainda que por pouco tempo. 
9. Tentativa 
Quando a coisa comum não sai da esfera de disponibilidade do ofendido por circunstâncias alheias à vontade 
do condômino, herdeiro ou sócio. 
10. Coisa Fungível 
Não é punível a subtração de coisa fungível, cujo valor não excede a quota que tem direito o agente, coisa 
fungível é aquela que pode ser substituída por outra da mesma espécie, qualidade e quantidade. Trata -se de 
causa excludente de ilicitude. Por outro lado, haverá o delito em estudo se a coisa foi infungível, qual seja, a 
que não por ser substituída por outra. 
11. Ação Penal 
O crime é de ação pública condicionada. Somente se procede mediante representação do ofendido. Infração 
de menor potencial ofensivo sujeita as normas da Lei nº 9.099/1995. 
ROUBO 
Art. 157. 
Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois 
de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou 
grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. 
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: 
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; 
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; 
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. 
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o 
exterior; 
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. 
§ 3º - Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além de 
multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. 
1. Classificação Doutrinária 
Crime comum, material, instantâneo, de forma livre, de dano, unissubjetivo, comissivo ou omissivo impróprio, 
plurissubsistente, complexo e admite tentativa. 
2. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. 
3. Sujeito Passivo 
Pode ser qualquer pessoa, mas sendo crime que tem tutelados vários objetos jurídicos, nada impede o 
surgimento de dois ou mais ofendidos, como ocorre, por exemplo, com aquele que sofre violência e o outro 
que tem o bem subtraído durante a ação criminosa. 
Em regra, porém, sujeito passivo é o titular do direito da propriedade ou da posse. 
4. Objeto Material: A conduta criminosa recai sobre a pessoa e coisa alheia móvel. 
5. Objeto Jurídico 
A lei tutela o patrimônio (posse e propriedade), a vida, a integridade física, a saúde e a li berdade pessoal, daí 
ser considerado crime complexo em que são conjugados emprego de violência ou ameaça e a subtração 
patrimonial. 
6. Tipo Objetivo 
O tipo refere-se à subtração de coisa móvel alheia, mas é acrescido pelo emprego de violência, grave 
ameaça ou qualquer outro meio que reduza a possibilidade de resistência da vítima. A violência pode ser: 
A) física (vis absoluta) que compreende as vias de fato, lesão corporal leve, grave ou morte (essas duas 
últimas qualificam o delito); 
B) moral (vis compulsiva) que se constata em atemorizar ou amedrontar a vítima com ameaças, gestos ou 
simulações, como a de portar arma, por exemplo. A ameaça pode ser dirigida à vítima ou a terceiro; 
C) imprópria é a que reduz a capacidade de resistir, como a superioridade física do agente, colocar droga na 
bebida da vítima, jogar areia nos seus olhos, hipnotizá-la, induzi-la a ingerir bebida alcoólica até a embriaguez 
etc. 
O roubo difere do furto qualificado pelo rompimento de obstáculo porque neste a violência é exerc ida contra a 
coisa, naquele, contra a pessoa. Em outras palavras, roubo nada mais é que um furto cometido com violência 
ou grave ameaça contra a pessoa. 
Objetos que estão presos ao corpo como brinco, corrente, relógio, pulseira etc., e que são arrancados pelo 
ladrão caracterizam o roubo. Quando soltos como boné, óculos, bolsa, celular etc., o crime é de furto. 
Não se aplica no furto o princípio da insignificância, haja vista que a conduta do agente revela maior 
periculosidade e atinge não apenas o patrimônio do ofendido, mas também a sua integridade física, sua 
saúde e até sua vida em caso de latrocínio. 
Institutos como o crime impossível, o roubo de uso, o pequeno valor da coisa, o estado de necessidade etc., 
que podem ser admitidos no furto não o são no roubo por tutelaroutros bem jurídicos e não apenas o 
patrimônio do ofendido. 
7. Tipo Subjetivo 
O tipo requer dolo duplo: o primeiro, genérico, consistente na vontade livre e consciente de subtrair coisa 
móvel alheia mediante violência ou grave ameaça; o segundo, elemento subjetivo especial do tipo, exige que 
a subtração seja para o agente ou para terceiro. É o dolo específico dos clássicos contido na expressão "para 
si ou para outrem". 
8. Consumação do roubo impróprio 
Predomina na doutrina o entendimento de que o crime consuma-se quando o agente tem a posse tranquila da 
coisa, ainda que por pouco tempo ou quando a coisa subtraída sai da esfera de proteção, de disponibilidade 
da vítima. Também se diz consumado o delito quando a vítima não recupera os objetos subtraídos, mesmo 
em casos de prisão em flagrante. Restará consumado ainda quando a vítima permanece dominada pelo autor 
do roubo no interior do veículo, perdendo a disponibilidade do bem. 
Na jurisprudência, porém, tem-se entendido como consumado o delito quando ocorre a subtração dos bens 
da vítima, mediante violência ou grave ameaça, ainda que, em seguida, o próprio ofendido detenha o agente 
e recupere a res. 
9. Tentativa 
No roubo próprio o entendimento é pacífico no sentido de sua admissibilidade. Ocorre quando o agente após 
o emprego de violência ou grave ameaça não consegue efetivar a subtração da coisa por circunstâncias 
alheias à sua vontade nem tem a posse tranquila da coisa, ainda que por breve tempo. 
10. Roubo impróprio 
É aquele em que o agente logo depois de subtraída a coisa emprega violência contra a pessoa ou grave 
ameaça a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. 
No roubo próprio a violência ou grave ameaça é praticada antes ou durante a subtração da coisa. No 
impróprio ela é cometida logo depois de subtraída a coisa para assegurar a impunidade do crime ou a 
detenção da coisa. 
Na hipótese de o agente ser surpreendido pela vítima em sua residência e abandonar o objeto material 
empregando violência para a fuga, o crime a ser reconhecido é o de tentativa de furto em concurso material 
com lesão corporal. 
11. Tentativa de roubo impróprio 
Entendemos não ser possível a tentativa de roubo impróprio. Ou o agente emprega a violência ou a grave 
ameaça, logo depois de subtraída a coisa e o crime se consuma, ou não subtrai a coisa, mas emprega 
violência para fugir e, então, o crime será de tentativa de furto em concurso material de lesão corporal. 
E outra partem deve-se reconhecer o furto e não o roubo impróprio na ação do agente que após a subtração 
se desvencilha do ofendido que o agarra, sem contudo, ameaçá-lo ou agredi-lo e foge com a res. 
12. Causas de aumento de pena 
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; 
O fundamento da agravante reside no maior perigo que o emprego da arma envolve motivo pelo qual é 
indispensável que o instrumento usado pelo agente (arma própria ou imprópria), tenha idoneidade para 
ofender a incolumidade física. 
Com o cancelamento da Súmula 174 do STJ que autorizava o aumento de pena quando o agente utilizava 
arma de brinquedo para cometer o crime, esta conduta passou a ser considerada uma grave ameaça 
relacionada ao roubo simples. 
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; 
A doutrina prevalente assevera que não há necessidade de estarem todos os agentes presentes no local do 
crime, basta haver o concurso de duas ou mais pessoas. 
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. 
A norma tutela aqueles que transportam valores. Qualquer tipo de valor como ouro, dinheiro, pedras 
preciosas etc. O agente deve saber que a vítima está a transportar valores, dolo direto, portanto. 
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o 
exterior; 
Para a consumação do delito é necessário que o veículo seja levado para outro Estado ou país, não havendo, 
assim, possibilidade de ocorrer tentativa. Ou leva e ingressa com o veículo em outro Estado ou país e o crime 
está consumado, ou não ingressa e o crime será de furto ou roubo conforme a circunstância. 
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. 
objeto do agente, após o emprego da violência ou grave ameaça, é manter a vítima em seu poder e assim 
facilitar a subtração. A restrição de liberdade da vítima deve ser por tempo razoável, suficiente para que o 
agente consuma o delito sem ser descoberto pela polícia. 
13. Pluralidade de causas de aumento de pena 
Muito comum na prática a incidência de mais de uma majorante no roubo. Diverge a doutrina quanto à 
aplicação da pena. A primeira corrente entende que o juiz aplicará apenas uma majorante e a outra 
funcionará como circunstância judicial na fixação da pena-base. A segunda assevera que o número de 
majorantes deve ser proporcional ao número de causas presentes. Duas ou mais permitem ao juiz aumento a 
pena de dois quintos até a metade. 
14. Qualificadoras do roubo 
Se a violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de 7 a 15 anos, além de multa; se resulta 
morte, a reclusão é de 20 a 30 anos, sem prejuízo de multa. Trata-se de crime considerado qualificado pelo 
resultado em que as lesões graves ou morte podem advir de dolo ou culpa. 
O tipo fala em violência que deve ser entendida como física e não moral, logo se a vítima num roubo, 
mediante grave ameaça, vier a morrer em virtude de uma parada cardíaca, o crime será de roubo em 
concurso material com homicídio e não de latrocínio. 
15. Homicídio consumado e roubo consumado: Haverá latrocínio. 
16. Homicídio tentado e roubo tentado: Haverá tentativa de latrocínio. 
17. Tentativa de homicídio e roubo consumado: Haverá tentativa de latrocínio. 
18. Homicídio consumado e roubo tentado 
Haverá latrocínio. Doutrina e jurisprudência têm considerado consumado o latrocínio quando ocorre a morte 
da vítima, ainda que o agente não tenha logrado apossar-se da coisa que pretendia subtrair. 
19. Roubo com pluralidade de vítimas 
Doutrina e jurisprudência são unanimes em reconhecer o concurso formal quando o delito é cometido contra 
várias vítimas num mesmo contexto. Assim, lesionou o patrimônio de duas vítimas, aplica-se o concurso 
formal. 
De outra parte, quando o agente mediante mais de uma ação ou omissão, praticar vários roubos (crimes 
considerados da mesma espécie) e pelas condições de tempo (nao pode ultrapassar 30 dias), lugar (devem 
ser próximos), maneira de execução (modus operandi) e outras semelhantes, devem os subsequentes ser 
havidos como continuação do primeiro, poderá se reconhecer o crime continuado. Isto é uma ficção jurídica, 
pois há uma pluralidade de delitos, mãos legislador presume que eles constituem um só crime, apenas para 
efeito de sanção penal. Nesses casos, aplica-se a regra do art. 71, ou seja, dependendo das circunstâncias 
jurídicas, a pena de um só dos crimes poderá ser aumentada até o triplo. 
EXTORSÃO 
Art. 158. 
Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem 
indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um 
terço até metade. 
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. 
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a 
obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se 
resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, 
respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923,de 2009) 
1. Classificação doutrinária 
Crime comum, formal ou material, de forma livre, instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente, comissivo, 
doloso, de dano, complexo e admite tentativa. 
2. Sujeito ativo: Qualquer pessoa 
3. Sujeito passivo 
Qualquer pessoa. É possível a existência de dois sujeitos passivos ao mesmo tempo; o que sofre a lesão 
patrimonial e o que sofre o constrangimento. A pessoa jurídica tambem pode ser sujeito passivo do crime. 
4. Objeto material: A condita delitiva recai sobre a pessoa humana e a coisa móvel ou imóvel. 
5. Objeto jurídico 
Tutela-se não apenas a inviolabilidade do patrimônio, mas também a vida, a liberdade pessoal e a integridade 
física e psíquica da pessoa humana. 
6. Tipo objetivo 
A conduta consiste em constranger (obrigar, forcar, coagir), mediante violência (física: vias de fato ou lesão 
corporal) ou grave ameaça (moral: intimidação idônea explicita ou explicita que incute medo no ofendido) com 
o objetivo de obter para si ou para outrem indevida (injusta, ilícita) vantagem econômica (qualquer vantagem 
seja de coisa móvel ou imóvel). 
Haverá constrangimento ilegal se a vantagem não for econômica e exercício arbitrário das próprias razoes se 
a vantagem for devida. 
7. Tipo subjetivo 
O tipo é composto de dolo duplo: o primeiro constituído pela vontade livre e consciente de constranger 
alguém mediante violência ou grave ameaça, dolo genérico; o segundo exige o elemento subjetivo do tipo 
específico na expressão "com intuito de". 
8. Consumação 
Discute-se na doutrina se o crime de extorsão é formal ou material. Para os que o consideram formal, a 
consumação ocorre independentemente do resultado. Basta ser idôneo ao constrangimento imposto à vítima, 
sendo irrelevante a enfeitava obtenção da vantagem econômica indevida. 
O comportamento da vítima nesse caso é fundamental para a consumação do delito. É a indispensabilidade 
da conduta do sujeito passivo para a consumação do crime, se o constrangimento for sério, idôneo o 
suficiente para ensejar a ação ou omissão da vítima em detrimento do seu patrimônio, perfaz-se o tipo penal 
do art. 168 do CP. 
Da outra parte, se entendido como crime material, a consumação se dará com obtenção de indevida 
vantagem econômica. Seguimos esse entendimento, para nós o crime de extorsão é material consumando-se 
com a efetiva obtenção indevida vantagem econômica. 
9. Tentativa 
Admite-se quer considerando o crime formal ou material. Surge quando a vítima mesmo constrangida, 
mediante violência ou grave ameaça, não realiza a condita por circunstâncias alheias à vontade do agente. A 
vítima, então não se intimida, vence o medo e denuncia o fato a polícia. 
A tentativa, portanto, ocorrerá quando praticada a violência ou grave ameaça com o intuito de obter vantagem 
econômica indevida e a vítima não cumpre o exigido pelo agente. 
10. Diferença entre extorsão e roubo 
Para os clássicos a distinção infalível é a de que no roubo o agente toma a coisa por sim mesmo; na extorsão 
faz com que lhe seja entregue. Embora a extorsão se assemelhe ao roubo em face da pena, dos meios de 
execução, da natureza e da objetividade jurídica, com ele não se confunde. Ademais, não são considerados 
crimes da mesma espécie. No roubo o agente subtrai a coisa e na extorsão a vítima é quem lhe entrega; no 
roubam o comportamento da vítima não é imprescindível para a sua realização (nao é necessário que 
colabore com o agente); na extorsão, ele é fundamental (há a necessidade de colaboração da vítima); no 
roubo o mal é iminente; na extorsão o roubo é futuro. 
11. Causas de aumento de pena 
Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta -se a pena de um terço 
até a metade. Há necessidade das duas pessoas estarem presentes no local dos fatos para incidir na 
majorante, assim como o emprego efetivo da arma quando da realização do delito. 
No caso de ocorrer morte ou lesão corporal grave, o fato de o coautor não haver disparado a arma, não 
afasta a sua responsabilidade pela extorsão qualificada. 
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (SEQUESTRO RELÂMPAGO) 
Art. 159. Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição 
ou preço do resgate: 
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. 
§ 1º Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou 
maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha. 
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. 
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. 
§ 3º - Se resulta a morte: 
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. 
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a 
libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. 
1. Classificação doutrinaria 
Crime comum, doloso, formal, permanente, de dano, plurisubsistente, de forma livre, comissivo, não 
transeunte, unissubjetivo, hediondo e admite tentativa. 
2. Sujeito ativo 
Qualquer pessoa. Sujeito ativo do crime é todo aquele que pratica qualquer conduta necessária para a 
obtenção do resultado almejado durante o período consumativo do crime, exemplo, o vigia do cativeiro, o 
mensageiro, o seqüestrador, o mentor do plano. 
3. Sujeito passivo 
Qualquer pessoa, consignando que, na maioria das vezes, figuram no polo passivo o sequestrado e quem 
sofre a lesão patrimônios, geralmente membro da família. A pessoa jurídica pode ser sujeito passivo quando 
compelida a pagar o valor do resgate. 
 
4. Objeto material 
A conduta criminosa recai sobre a pessoa humana privada de liberdade bem como aquele que tem diminuído 
o seu patrimônio. 
5. Objeto jurídico 
Tutela-se, pelo rigor falena cominada, não apenas o patrimônio e a liberdade de locomoção do ofendido, mas 
também a sua vida e a integridade física. 
6. Tipo objetivo 
A conduta gira em torno de sequestrar pessoa, isto é, privá-la de liberdade de locomoção, arrebatá-la, com o 
fim de obter vantagem de natureza econômica ou patrimonial. A posição dominante da doutrina crê a 
vantagem econômica deve ser indevida, pois do contrário haveria sequestro em concurso formal com 
exercício arbitrário das próprias razoes. 
7. Tipo subjetivo 
O tipo requer além do dolo genérico, definido como a vontade livre e consciente de seqüestrar pessoa, o 
elemento específico do tipo, o denominado dolo específico, contido na expressão "com o fim de obter para si 
ou para outrem", qualquer vantagem como condição ou preço do resgate. 
8. Consumação 
Por tratar-se de crime formal, consuma-se com o sequestro independentemente da vantagem patrimonial, isto 
é, a consumação opera-se no momento em que ocorre a privação da liberdade da vítima independentemente 
do efetivo recebimento do resgate. Suprimida a liberdade de locomoção da vítima por um período relevante, 
além do intuito de obter, por esse meio, qualquer vantagem econômica, o crime está consumado. 
Na jurisprudência predominante o entendimento de que o crime se configura mesmo quando os criminosos 
não conseguem obter o resgate e ainda que não tenham tido tempo pedi -lo. 
9. Tentativa 
Possível somente se o item criminis for interrompido no início da execução do delito por circunstâncias 
alheias à vontade do agente, bem como se comprovar a real intenção dos delinquentes, qual seja, a de 
sequestrar com a finalidade de obter vantagem como condição ou preço do resgate. 
Assim, pode-se reconhecer, na prática, a extorsão mediante sequestro tentada nos seguintes casos: 
A) Prisão em flagrante; 
B) Fuga dos sequestradores quando interceptados pela polícia; 
C) Conseguir a vítima desvencilhar-se do sequestrador. 
10. Extorsão mediante sequestro qualificada 
Se o sequestro dura mais de 24h, se o sequestradoé menor de 18 e maior que 60 anos, ou se o crime é 
cometido por bando ou quadrilha a pena será de reclusão de 12 a 20 anos. Quanto maior o tempo em que a 
vítima estiver em poder do criminoso, maior será o dano à saúde e integridade física. 
Quanto ao crime cometido por bando ou quadrilha, entende-se como a reunião permanente de mais de três 
pessoas para cometer e não uma reunião ocasional para cometer o sequestro. 
Predomina na doutrina e jurisprudência o entendimento de que se o crime for praticado por mais de três 
pessoas que se reuniram especificamente para tal desiderato, sem associarem-se de forma estável e 
permanente, haverá concurso de pessoas, não incidindo a qualificadora. 
11. Extorsão mediante sequestro com lesão corporal grave 
Se o fato resulta lesão corporal de natureza grave a pena será de reclusão de 16 a 24 anos; se resulta a 
morte a pena será de reclusão de 24 a 30 anos. Observa-se de imediato a diferença deste delito com o de 
roubo qualificado pelo resultado. No art. 157 do CP a lei diz: "se da violência resultar lesão grave ou morte"; 
logo, num roubo em que vítima cardíaca diante de uma ameaça vem a falecer, haverá roubo em concurso 
material com homicídio e não latrocínio. O tipo exige o emprego da violência. Na extorsão mediante sequestro 
a lei menciona: "se dos ato resultar lesão grave ou morte", pouco importando para qualificar o delito que a 
lesão grave seja culposa ou dolosa.. Evidentemente, se a lesão grave ou morte resultar de caso fortuito ou 
força maior, o resultado agravados não poderá ser imputado ao agente. 
A qualificadora somente atinge o sequestrado e não terceira pessoa. 
12. Extorsão mediante sequestro e tortura 
Entendemos que os institutos possuem objetividades jurídicas distintas e autônomas. Na extorsão são 
mediante sequestro ofende-se o patrimônio, a liberdade de ir e vir e a vida. Na tortura atinge-se a dignidade 
humana, consubstanciada na integridade física e mental. Cm efeito, a nosso, juízo, nada impede o 
reconhecimento do concurso material de infrações. 
13. Delação premiada 
O benefício somente se aplica quando o crime for cometido em concurso de pessoas, devendo o acusado 
fornecer às autoridades elementos capazes de facilitar a resolução do crime. Causa obrigatória de diminuição 
de pena se preenchidos os requisitos estabelecidos pelo parágrafo 4º do art. 159, qual seja, denúncia à 
autoridade (juiz, delegado ou promotor) feita por um dos concorrentes, e esta facilitar a libertação da vítima. 
Faz-se mister salientar que, se não houver a libertação do seqüestrado, mesmo havendo delação do coautor, 
não haverá diminuição de pena. 
Não se confunde com a confissão espontânea, pois nesta o agente garante confessa sua participação no 
crime, sem incriminar outrem. 
EXTORSÃO INDIRETA 
Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode 
dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro: 
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
1. Classificação doutrinária 
Crime comum, doloso, de dano, formal (exigir) e material (receber), instantâneo, comissivo, de forma 
vinculada, unissubjetivo, unissubsistente (exigir) ou plurissubsistente (receber) e admite tentativa. 
2. Sujeito ativo 
Qualquer pessoa. 
3. Sujeito passivo 
Qualquer pessoa. Em regra é o devedor que entrega o documento ao extorcionário e que pode lhe dar causa 
a um procedimento criminal. Nada impede, todavia, o surgimento de dois sujeitos passivos: o que entrega o 
documento e aquele contra quem pode ser iniciado o processo. 
4. Objeto material 
A conduta recai sobre o documento que pode dar causa a um procedimento criminal contra o devedor, como 
a confissão de um crime, a falsificação de um título de crédito, uma duplicata fria etc. 
5. Objeto jurídico 
Tutela-se o patrimônio e a liberdade individual do ofendido. 
6. Tipo objetivo 
A conduta consiste em exigir (obrigar, ordenar) ou receber (aceitar) um documento que pode dar causa a 
procedimento criminal contra a vítima ou terceiro. É abusar da situação daquele que necessita urgentemente 
de auxílio financeiro. Necessário para a configuração do delito que o documento exigido ou recebido pelo 
agente, que pode ser público ou particular, se preste a instauração de inquérito policial contra o ofendido. Não 
se exige a instauração do procedimento criminal, basta que o documento em poder do credor seja 
potencialmente apto a iniciar o processo. 
7. Tipo subjetivo 
O tipo requer não apenas o dolo genérico, vontade livre e consciente de exigir ou receber como garantia de 
dívida determinado documento, mas também o dolo específico constituído pela finalidade de abusar da aflitiva 
situação de alguém. É o que a doutrina de denomina dolo de aproveitamento. 
8. Consumação 
Na ação de exigir, crime formal, a consumação ocorre com a simples exigência do documento pelo 
extorcionário. A iniciativa aqui é do agente, na conduta de receber, crime material, a consumação ocorre com 
o efetivo recebimento do documento. Nesse caso a iniciativas provém da vítima. 
9. Tentativa 
Na modalidade exigir, entendemos não ser possível sua configuração, embora uma parcela da doutrina a 
admita com o sovado exemplo, também oferecido nos crimes contra a honra, de a exigência ser reduzida por 
escrito, mas não chegar ao conhecimento do ofendido. Na de receber, no entanto, é perfeitamente possível, 
podendo o iter criminis ser interrompido por circunstâncias alheias à vontade do agente.

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